– O que está acontecendo?

A cena que eu estava vendo ainda era meio que surreal para mim. Estavam todos reunidos na sala, próximos de dad rindo e sorrindo de algo que ele estava mostrando no computador.

– Oh- dad disse, olhando para seu computador. – Aqui está mais uma. – ele sorriu, mostrando a tela.

– Awww... – Rita, Danusa e Luene disseram juntas.

– Megan, você era tão lindinha quando bebê. – Luene disse sorrindo.

Me aproximei para ver, e me lembrei da image. Eu tinha uns oito meses de idade e estava sentada sobre um monte de dinheiro com um pijama com a seguinte frase “Daddy’s girl” nele.

– Olhe para esse rosto. – Pâmela brincou, mostrando uma foto no seu laptop. – Levou algumas horas para chegar nesse rosto... tão selvagem. – ela disse apontando para meus lábios e olhos. – Olhe para isso. – disse puxando outra foto. – Este é um dos anúncios que Megan fez enquanto estava na escola. – ela mostrou a família. – Perfeita!

Era um anúncio da Chanel. Tinha um estilo vintage. Eu estava usando uma saia de renda branca com um blazer branco aberto mostrando um pouco da blusa rosa que estava por baixo, eu estava sentada em uma penteadeira, as pernas cruzadas com uma bolsa cinza da marca no colo, meu cabelo estava todo para o lado direito e eu olhava para a câmera segurando a aba do chapéu que usava.

– Você não nos disse que era modelo. – Luene disse,olhando para foto.

– Ela não gosta de se gabar. – Davi respondeu por mim.

– Excelente escolha irmão. – Matias disse, se aproximando de Davi e dando uns tapinhas nas costas dele.

O celular de dad tocou naquele momento e eu já previa o que iria acontecer. Ele saiu para atender a ligação e Pâmela enquanto isso continuou a mostrar algumas fotos de quando eu modelava.

Rita se aproximou de mim.

– Está tudo bem Megan? – viu? Era assim que uma mãe tinha que tratar um filho, era essa preocupação genuína.

– Está sim. – dei um pequeno sorriso. Afinal estava tudo bem entre eu e o Davi e isso no momento era o que me importava.

– Peanut. – dad disse voltando para sala. - Eu vou precisar ir embora...

– Mas dad...

– Sinto muito, peanut. Eu tenho que pegar um voo para o Japão. – ele se desculpou.

– Mas você disse...

– Eu sei. – ele olhou para mim com tristeza. – Infelizmente tenho que estar lá. Se isso faz você se sentir melhor, eu estou prestes a demitir um monte de gente. – ele sorriu, eu não sorri de volta. – Sinto muito!

Ele olhou em volta e se despediu do pessoal, pegando suas coisas, Plínio o acompanhou até a porta. Suspirei resignada, levando em conta tudo ele chegou a ficar por muito tempo.

Olhei ao redor depois da saída de dad, Ernesto estava lendo o que parecia ser um roteiro, Arthur e Matias estavam assistindo TV, Luene estava brincando com Belle e Danusa em um canto, Rita tinha saído da sala indo na direção da cozinha.

Mom estava mexendo em seu tablet, provavelmente mexendo com algo da revista.

Era hora da nossa conversa, eu sabia que ela não tinha vindo até aqui apenas porque descobriu que eu estou namorado. Não, Pâmela sempre tem uma motivação particular.

– Plínio. – chamei a atenção dele. – Será que você poderia me emprestar o seu escritório, para que eu possa ter uma conversa com a minha mãe.

– Claro Megan. Sinta-se a vontade.

– Vamos mom. – segui para um escritório dele. Abri a porta e permiti que ela entrasse. – Diga o que realmente veio fazer aqui?

Ela olhou para mim arqueando uma sobrancelha.

– O que você esta vestindo? – ela perguntou avaliando a minha roupa.

– Uma roupa.

– Cadê as que eu mandei para você mês passado?

– Eu doei.

– Todas? – ela fervilhou. – Essas roupas valiam milhares de dólares e você as doou? – questionou repleta de desgosto.

– Você sabe que eu não sou amante de roupas de grife.

– Oh, por favor. – ela zombou.

– Diga logo o que você quer!

– Eu sinceramente não entendo essa sua atitude arrogante. – ela disse brava ainda. – Você é atraente... de boa linhagem...

– Pare! – a interrompi. – Pare agora! Pare de falar sobre linhagem, você faz parecer que eu sou um maldito cavalo.

– Eu tenho um amigo em Milão. – ela mudou de assunto. – Ele está à procura de algumas modelos para trabalhar no verão. Ele viu uma foto sua e achou você impressionante. Ele quer você para fotos em Paris, Milão e Madri. Interessada?

– Não. – disse simplesmente. – Você sabe muito bem, que esse não é o meu negocio e que eu tenho meu próprio escritório.

– Você curtia isso no ensino médio.

– Não. – afirmei a contradizendo. – Você me fez fazer isso naquela época. Que por sinal eu odiava.

– Shit. - apenas dei de ombros, já era pra ela ter aceitado isso. – Se você tivesse me escutado, você estaria em um iate em algum lugar do mediterrâneo having sex Liam Hemsworth. – ela disse olhando para as unhas.

– Eu estou feliz com o namorado que eu tenho! Diga logo o que você quer. – eu só queria que ela fosse embora.

– Pelo ao menos ele é de uma boa família. Você escolheu bem. – ela ‘concedeu’. – Ernesto e eu vamos ter um bebê. – ela anunciou, em sua voz severa.

– O quê?

Apenas quando eu penso que ela não poderia me chocar mais na minha vida....

– Eu tenho tentando dizer a você. Mas você simplesmente se recusa a atender as minhas ligações. Fui saber que está namorando através do meu assistente.

– De quanto tempo?

– Oito semanas. – disse, colocando sua mão na barriga. – Eu não estou ficando mais jovem. – acrescentou.

Eu senti pena pela criança.

– Espero que corra tudo bem. – disse sem qualquer emoção. – Me ligue ou tanto faz, quando nascer. – disse indo para a porta indicando que a nossa conversa tinha terminando ali.

– Sim. É bom ter uma segunda chance. Você sabe? Pra fazer o certo e não cometer tantos erros.

Será que eu ouvi bem? Virei-me lentamente para ver que ela sorria amplamente.

– O quê? – questionei. – O que você quer dizer com ‘fazer o certo’ ou ‘não cometer erros’?

– É só que... a relação entre nós não é realmente ideal.

– Então... você está me substituindo, na esperança de que o segundo filho se saia melhor?

– Não foi isso que eu quis dizer. Só que... talvez este será mais parecido comigo.

– Eu não posso acreditar no que estou ouvindo. – disse voltando para perto dela. – Você não pode programar seus filhos a fazer o que você quer! – eu disse a ela. – Caso você ainda não tenha percebido isso. – gesticulei para mim mesma. – Não funciona assim!

Essa mulher tinha arruinado com a minha infância. Agora, ela estaria sujeitando a outra criança inocente o seu comportamento cruel. Eu realmente tinha pena dessa criança.

– Por favor, não é tudo sobre você. – disse severamente. – Eu lhe dei todas as oportunidades possíveis. Treinos de esportes, aulas de dança, aulas de idiomas, tutores... Hell, eu consegui para você um contrato de modelo quanto você tinha treze anos. – ela se vangloriava. – Foi você que jogou tudo fora repetidamente todas as oportunidade que lhe dei.

– Eu não pedi nada disso! Você me forçou a cada uma dessas coisas, tentando me moldar em sua imagem! Seu fodido prodígio ideal... sua maldita campeã. Você nunca gostou de mim quando eu era simplesmente eu! Demorei anos para finalmente descobrir quem eu sou! Esse foi o preço que tive que pagar por ter sido criada por você! – terminei me virando para sair do escritório.

– Espero que este seja mais grato que você! – Ela disse quando cheguei a porta.

– Saia dessa casa! E de uma vez por todas, saia da minha vida! – disse abrindo a porta.

Ela saiu sem olhar para trás.

Eu precisava relaxar um pouco. Eu precisava me acalmar, eu não conseguiria encarar todos agora fui direto para o quarto.