Visionária escrita por Jafs


Capítulo 17
Extra


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo especial contém cenas que não foram colocadas na história. A quantidade é menor que o da obra anterior, pois ‘Visionária’ foi mais bem planejada. A maioria das edições envolveram apenas a redução da violência em algumas partes para não parecer gratuita. Então... Vamos começar, sim?



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Um mundo de concreto e água.

Entre túneis e galerias subterrâneas interligadas, o som de uma arma de fogo ecoou.

Quando o silêncio parecia voltar a reinar, um grito desesperado de uma garota também se propagou.

“YUMAAAAAHHH!”

Jafs: Mas já? Bem... Esse minúsculo trecho seria como a fanfic daria início no capítulo 1. O intuito era apresentar uma cena futura da história para instigar o leitor a descobrir como ela chegaria aquele ponto, considerando que não era difícil ligar o som de arma de fogo a Mami. Como revelado no capítulo 8, a reviravolta está no fato que essa fora uma das visões da Oriko.

Isso já foi usado em tantas obras que decidi abdicar desse clichê por uma luta entre Sayaka e Tart. C'est la vie.

/人 ‿‿ 人\

O céu era como um límpido mar azul. A gentil brisa soprava o gramado verdejante da pradaria. Em meio a esse cenário de tranqüilidade, uma disputa ocorria.

A noz deixava uma mão de cera branca e voava veloz até onde estava uma menina de longos cabelos brancos, com uma camisa e calça cor de rosa, assim como seu capacete. Suas mãos seguravam um grande alfinete negro.

Nagisa brandiu seu alfinete, mas não conseguiu acertar a noz, que acabou nas mãos da boneca que estava agachada logo atrás.

Strike, Madoka.” Homura estava próxima também, com um uniforme similar, mas roxo.

Nagisa ajeitou seu capacete, que saiu do lugar com o giro desajeitado que fizera. “Eu sei! São três, não é? Então posso errar mais duas.”

“Só pode errar mais uma.” Corrigiu a garota de cabelos negros, para logo depois se aproximar e segurar Nagisa.

“H-Homura... -chan?!”

“Abre um pouco mais essas pernas e flexione os joelhos. Deixe seus cotovelos sempre próximos ao corpo e as mãos abaixo da linha da cabeça.” Disse Homura enquanto ajustava a postura dela.

“Certo...” Nagisa estava pronta para a próxima rebatida.

“Não se esqueça de girar o corpo.” Homura se afastou e acenou para a arremessadora.

Wagamama abaixou a ponta de seu grande chapéu negro e revelou seus dentes afiados em seu sorriso de cera. Ela brincou um pouco com a noz entre seus dedos, antes de segurá-la firme para o arremesso.

A noz veio até Nagisa com mais força que a última. Mesmo com um movimento mais preciso por parte da garota, a fruta parou novamente nas mãos Warukuchi, que bateu os dentes em deboche.

“Ah... Não dá para jogar basebol com isso.” Nagisa examinou seu alfinete, mas então abaixou a cabeça. “Ou será que sou eu?”

Homura cruzou os braços e disse com firmeza. “Não se abata, Madoka. Você ainda tem mais uma chance.”

Wagamama estava dançando em comemoração, até que o olhar penetrante de sua mestra chegasse até ela. Ela parou, com certo descontentamento, e conjurou uma nova noz para lançar.

Nagisa golpeou o ar algumas vezes para sentir o alfinete e respirou fundo ao se posicionar. “Ok, eu estou pronta!” Disse mais confiante.

A boneca jogou seu corpo para frente ao fazer o arremesso, sem oferecer nenhuma piedade.

Os olhos de Homura acompanharam.

A trajetória da noz foi interrompida quando um pássaro negro cruzou o seu caminho em um vôo rasante. Ela atingiu o lacaio e subiu, agora indo em direção a rebatedora em um arco.

“Hã?!” Porém, Nagisa abaixou o alfinete em confusão com o ocorrido.

“O jogo está valendo!” Homura chamou a atenção. “Rebata!”

“Ah!” Afobada, Nagisa obedeceu. “Tóóh!” O movimento não foi dos melhores, mas a noz estava lenta o suficiente para ela acertar de raspão e começar a correr até a primeira base.

A fruta quicou e rolou no solo gramado até chegar aos pés de Namake. A boneca olhou para aquilo e depois para sua colega Noroma que estava próxima. Ela então apontou para o objeto.

A outra boneca entendeu e pegou a noz e a ficou admirando. Parecia boa para mastigar. Contudo, ela sentiu uma cutucada atrás da cabeça.

Era Yakimochi, que também apontou, mas para Nagisa, que já estava chegando na segunda base. Ela arrancou a noz de Noroma e arremessou para Wagamama.

“Fique na base, Ch-... Madoka!” Gritou Homura.

Namake viu Nagisa chegar em segurança e deu de ombros, mas sua atitude despreocupada não durou muito, pois Okubyou veio por trás e a estrangulou com um alfinete.

“Muito bom, Madoka, agora é a minha vez...” Homura foi até a posição de batedor com um alfinete em mãos.

Wagamama arremessou um alfinete até onde as duas bonecas estavam brigando, a explosão jogou as duas para longe. Com a situação resolvida, ela voltou sua atenção para a sua mestra.

Homura sorriu levemente, a postura de seu corpo estava estática, como se bastasse puxar um gatilho para executar o movimento.

A boneca ergueu a mão, conjurando uma noz. A arremessadora ficou jogando algumas vezes a fruta para alto antes de atacar.

Ela vinha muito rápido, até mais do que fora com Nagisa, mas Homura estava preparada e não haveria erro. Sem tirar os olhos da fruta, ela moveu o alfinete para a rebatida. Contudo, notou que a noz estava vermelha demais... para uma noz.

O tomate, ao ser atingido pelo alfinete, estourou e sua polpa respingou pelo corpo inteiro da garota.

Nagisa levou a mão à boca.

Homura passou a língua pelos lábios, sentindo o sabor daquela massa suculenta vermelha. Suspirou e recompôs sua postura. “Certo, mas isso não conta como um...”

A noz passou voando, caindo direto nas mãos da Warukuchi.

“...strike ...” Com desgosto, Homura olhou para arremessadora.

Wagamama estava fazendo malabarismo com vários tomates e nozes, sorridente com o seu feito. Contudo, sua distração lhe custou caro, pois percebeu tarde demais um alfinete rodopiando em direção a ela.

Na verdade, não nela, mas em uma das nozes, que voou longe ao ser atingida.

“Bola em jogo.” Homura saiu correndo. “Madoka!”

“Hã?! Ah!” Nagisa realmente queria perguntar se aquilo estava dentro das regras, mas pelo jeito não era a hora.

Manuke olhava para o céu, um pequeno ponto marrom ganhava tamanho. Ela ergueu ambas as mãos, pronta para pegar objeto. Infelizmente, estava focada demais para ver a voadora que Ibari aplicou nela.

Depois de derrubá-la, a orgulhosa boneca ergueu as mãos em direção a glória, mas a noz já havia caído.

A fruta quicou até chegar em Mie e Ganko. As duas se abaixaram e pegaram aquilo ao mesmo tempo. Ao se entreolharem, Mie tentou puxar a noz, mas Ganko não deixou que ela arrancasse de suas mãos.

O que se seguiu foi uma ferrenha luta, que só terminou quando Reiketsu, portando dois alfinetes, desferiu precisos golpes que desconectaram as cabeças de seus respectivos orifícios. Fincando ambas as armas no solo, ela tomou posse da noz e averiguou a situação.

Nagisa estava prestes a completar o trajeto, enquanto Homura estava chegando na terceira base. Lá se encontrava Usotsuki, pulando com as mãos erguidas.

Reiketsu jogou seu longo cabelo loiro antes de fazer o mesmo com a noz.

O passe tinha sido perfeito, mas quando faltavam poucos centímetros, Usotsuki recolheu as mãos com um sorriso sardônico em sua face. Tanto a noz quanto a garota passaram por ela.

Nem tudo estava perdido, pois Higami estava atenta e saltou, esticando-se toda e usando seu chapéu para recuperar a fruta. Ainda caída no chão, ela arremessou a noz para a receptora Warukuchi.

Esse seria o fim, Homura não conseguiria marcar um home run. Seria, se a noz não tivesse caído dentro da boca de um dente voador que apareceu no caminho.

Com o mastigar do lacaio, a garota assegurou sua chegada até a última base. “Boa tentativa, minhas crianças.”

Nagisa a estava aguardando, mas não comemorava. “É... hmmm... Homura-chan, isso não foi uma falta?”

“Absolutamente não.” Respondeu Homura. “Elas concordam com isso.”

Nagisa viu Wagamama jogar seu chapéu no chão e pular sobre ele com raiva. Nekura, que nem sequer havia participado, havia caído em desespero.

“Elas irão concordar...” Homura estendeu o braço e um pássaro pousou nele, trazendo consigo uma noz.

Nagisa notou que mais dentes voadores haviam aparecido, tomando o lugar das bonecas no campo.

“É a nossa vez de defender.” Novos pássaros vieram até Homura, agora trazendo luvas. “Eu serei a arremessadora e você a receptadora. Está bom para você?”

“Isso é bem diferente da escola, ehihi...” Nagisa riu timidamente. “Mas eu acho que dou conta.”

Homura removeu o capacete da menina, revelando os laços vermelhos que prendiam o seu cabelo. “Excelente, Madoka.” Sorrindo, ela removeu o seu próprio e se virou, jogando seu longo cabelo para trás. “Vamos lá. Não se esqueça de vestir a armadura, meus arremessos não serão fracos.”

Enquanto os pássaros levavam os capacetes embora, Homura se encaminhava para a sua posição, vestindo a luva.

No caminho, algumas de suas crianças olhavam para ela com certo anseio.

O sorriso deixou a face de Homura e ela acenou com a cabeça.

As bonecas abriram largos sorrisos e começaram a cochichar uma com as outras.

Jafs: Essa poderia ser a cena no começo do capítulo 5. Eu acabei escolhendo o golfe porque há uma forte referência relacionada com Homura, já basebol estaria mais relacionado com a Sayaka(?), apesar de existir o termo ‘Homu run’ na Internet (tive que resistir para não usá-lo). Eu poderia ter usado as duas cenas, mas apenas uma bastava para o enredo e eu não sou adepto a encher lingüiça. Se há algo que eu possa me arrepender, é que perdi uma oportunidade onde eu podia focar mais nas bonecas.

/人 ‿‿ 人\

Havia mais nuvens do que estrelas naquela noite em Mitakihara, felizmente não havia indícios de que uma chuva estava por vir.

No alto de um edifício, três garotas mágicas estavam envolta de um grande mapa estendido no chão.

Com um mosquete, Mami apontou para um desenho nele. “Aqui fica o Hospital de Mitakihara. As UTIs ficam nessa ala do prédio, onde se concentram a maioria dos demônios. Eu e Kyouko conhecemos bem o lugar, então ficaremos responsáveis com essa parte.”

“Então ficarei com o resto.” Kirika sorriu. “Legal.”

“Você não vai agir sozinha!” Disse Mami, com ênfase. “Oriko-san e Yuma-san devem acompanhá-la de perto, não somente para a sua segurança, mas para as delas também.”

“Eu discordo do seu plano, Mami-san.”

A loira se virou para Oriko.

“Nós devemos fazer isso todas juntas.” A garota guiou cinco esferas até onde estava o hospital no mapa. “Eu preciso verificar todos os lugares.”

“Ah sim... eu entendo...” Mami recolheu sua arma e ponderou. “Mas isso vai nos custar mais tempo.”

Um pouco afastada das três, Yuma ouvia o desenrolar da discussão, até sua curiosidade atraí-la para garota que estava sentada na beirada do topo do prédio.

Kyouko observava o movimento da cidade, tanto da rua quanto na janela das outras construções, enquanto consumia um pacote de biscoitos.

Demorou para ela notar que a menina estava de pé ao lado dela.

Ainda olhando de relance, Kyouko ofereceu seu pacote. “Quer um?”

Yuma pegou um biscoito e o comeu.

A ruiva voltou a prestar a atenção na paisagem urbana, porém o som do lento mastigar era tão inesperado quanto incômodo.

Yuma não tirava os olhos dela.

Kyouko suspirou. “Fala...”

“Sakura-san.” A garota de cabelos verdes abaixou tanto a voz quanto a cabeça. “Você é uma garota mágica do mal?”

Kyouko se virou e exasperou. “Como é?!”

A menina deu um passo para trás.

“Foi sua... ‘mama’ que botou isso na sua cabeça, não foi?” Kyouko perguntou ainda furiosa.

Yuma desviou o olhar e ficou encolhida, balançando a cabeça timidamente em sinal negação.

Vendo o quanto ela ficara assustada, Kyouko abaixou o olhar e deixou a raiva passar. “Olha, é melhor que você aprenda isso o quanto antes.” Ela levou a mão até sua gema da alma. “Não existe nada de bom em ser uma garota mágica.”

“Não...” Yuma ficou boquiaberta para logo depois elevar a voz. “Não é verdade!”

Surpreendendo Kyouko. Agora mais curiosa, ela mordeu o lábio com ponta do seu dente. “Heh... Então há força por detrás desse rostinho bonito, me faz lembrar alguém que eu conheço.”

Yuma franziu a testa.

“Ela sofreu muito por causa disso.” Kyouko afirmou com seriedade. “Aceita o que eu tô dizendo ou vai doer mais depois.”

“Mas o que você diz não tem como ser verdade.” Disse Yuma. “Nós caçamos demônios e protegemos as pessoas.”

“Tch... Que besteira...” Kyouko balançou a cabeça. “Uma coisa não tem nada ver com a outra. Eu, você, sua ‘família’... nós todas lutamos contra os demônios para podermos limpar nossas gemas. É uma questão de sobrevivência.” Então ela deu um sorrisinho. “Mas se vocês se sentem melhor com essas fantasias, não tô nem aí.”

“Você está enganada.” A menina afirmou sem hesitar.

“Jura?!” Kyouko ergueu uma sobrancelha. “Então por que não me dá uma aula sobre isso? Heh.”

Yuma olhou para o seu próprio uniforme. “Me tornar uma garota mágica foi como uma chance de ter uma nova vida.” Ela cerrou suas luvas branca. “Mas se eu precisasse machucar as pessoas para continuar sendo uma, eu preferiria morrer.”

A expressão sarcástica de Kyouko se desfez.

“Eu posso até fazer mais, eu posso curar!” Uma luz verde surgiu atrás do pescoço da menina. “Mama não me deixa fazer isso porque vai usar muita magia, mas quando eu crescer eu vou ajudar mais papa e vamos ter um montão de cubos. Aí eu vou poder ajudar muita gente.”

“Vamos ver se duramos até lá, né?” Kyouko acenou com a cabeça. “Pelo menos você sabe pensar por conta própria, coisa miúda.”

“Não me chama disso, meu nome é Yuma! Yuuuuma.”

“Quer que eu te chame assim? Ok, então faça o seguinte.” Kyouko veio com a proposta. “Não me chame mais de Sakura, sacou?”

Yuma ficou confusa. “Mas... é assim que mama te chama.”

“Eu não importo como aquela lá me chama!” A ruiva exclamou com certa impaciência. “E então?”

“Por que não gosta de ser chamada de Sakura?” Os olhos azuis não escondiam a curiosidade.

“Ah...” Kyouko ergueu cabeça, fechou os olhos e suspirou. “Porque eu gosto de ser chamada de outras formas. Mas eu acho que estou quase mudando de idéia, coisa miúda.”

Yuma pressionou os lábios e ficou balançando o corpo, pensativa. “Hmmm... Posso chamá-la pelo primeiro nome?”

“Ótimo!” Kyouko voltou a olhar para outra com olhos arregalados. “Eu não teria idéia melhor!”

“Yuma.”

Kyouko olhou para onde havia vindo a voz e depois se virou para a cidade. “Parece que sua mama tá te chamando... Yuma.”

“Sim...” A menina hesitou por um momento antes de partir. “Até logo, Kyouko-neechan.”

“Até.” A garota mágica vermelha pode finalmente voltar aos seus biscoitos. Porém, foi logo no primeiro que ela engasgou. “Agh... Cof! Cof! O que foi que ela disse?!”

Jafs: Entre os capítulos 4, 5 e 6 houve saltos no tempo. Havia ficado claro que as garotas estavam atuando juntas contra os demônios, além de estarem ‘procurando’ por Kyuubey, e não havia muito a acrescentar. Era possível tentar criar uma tensão envolvendo a desconfiança de Mami e Kyouko em relação as novas garotas, mas seria mais do mesmo do que já fora visto no capítulo 4. Além do mais, isso faria com que os capítulos posteriores teriam menos sentido e impacto para as personagens.

Contudo, eu estava ciente que alguns leitores iriam ficar curiosos com o estreitamento da relação entre as garotas, especialmente Yuma e Kyouko. Eu gostaria de ter colocado essa cena na história, mas eu não achei espaço para ela.


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Notas finais do capítulo

Sobre futuros trabalhos... Como o meu próximo seria um Oneshot, eu devo dar continuidade. A fanfic se chamará ‘Queda’ e se passará na cidade de Hoozuki. Ela deve ser publicada no meio do ano. Até lá!



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