Johnny tinha uma arma. escrita por Fehliz


Capítulo 4
Erros


Notas iniciais do capítulo

Viu, não descarto personagens kkkkkkk



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– Sai da frente, Leo. – Disse Johnny com os braços cruzados e voz cansada.

– Não! – Gritou o rapaz que abraçava Ana e tentava cobrir os pontos vitais desta com os braços. Johnny fechou os olhos e contou mentalmente até 10. Quando os abriu, deparou-se com os olhos obstinados de Leonardo. Ele arriscou um passo em direção ao casal, mas foi interrompido por mais um grito de Leonardo, que não proferia nada além de desespero.

– Sai da frente, Leo! – Berrou Johnny. Ele tremia levemente, o que deixava sua imagem ainda mais assustadora. – Você sabe que eu não vou te poupar! – Gritou em seguida e apontou a pistola em sua direção, a garota alternava o olhar entre os rapazes.

Diante da ameaça, Leonardo hesitou por algumas frações de segundo. O aperto tornou-se menos intenso, e os braços deixavam buracos, talvez grandes o suficiente, na armadura que formava em torno de Ana. Apesar de pequena, algumas poucas pessoas notaram a hesitação: Ana, que sentiu a proteção diminuir; o rapaz sentado atrás dela, recém-transferido, que tentava se esconder atrás do casal; uma garota impassível no fundo da sala; e Johnny. Este sabia que conseguiria atirar no tempo que durou a pequena brecha, mas por um momento sentiu-se hipnotizado pela fraqueza do colega, que sempre fora um poço de integridade.

Johnny, dessa vez mais do que em outras, se impressionava com as atitudes dos companheiros. Todavia, este não era um sinal positivo.

Ele olhou para o canto da sala, para a menina que também percebera a hesitação e para quem já havia olhado quando o professor admitiu derrota, ela o olhou de volta e assentiu com a cabeça. Johnny olhou para baixo e suspirou pesadamente antes de retomar o contato visual com Leonardo.

– Você não precisa ser um herói todas as vezes, Leo. – disse Johnny cansado. – Sai daí.
Leonardo não sabia o que ele queria dizer com todas as vezes – E você não precisa corresponder às expectativas de todos todas as vezes, Vicente.

Vicente... O nome pegou Johnny de surpresa, já estava tão acostumado com o apelido que frequentemente esquecia seu próprio nome.

Era chamado de Johnny desde que começara a frequentar uma academia, seus braços ficaram musculosos, mas suas canelas continuavam finas. Isso somado a sua fenomenal capacidade de se meter em situações incomuns rendeu-lhe o apelido. Sim, Johnny Bravo. A crueldade adolescente é digna de admiração.

Poucas pessoas chamavam Johnny de Vicente, entre elas seus parentes e alguns professores mais caxias. Leonardo não era uma delas, ele nunca perderia a oportunidade de fazer uma piada. Johnny já apreciou essa capacidade dele de fazer os outros rirem, porém isso foi a muito, muito tempo.

O rapaz pigarreou e sorriu levemente.

– Você me chamou assim para tentar apelar para o meu lado emocional? – Falou entre dentes, aquilo não era uma pergunta. Johnny fechou o punho que não segurava a arma com força – Atitude esperta, Leo. – Ele apontou para o rapaz demonstrando mais raiva do que de fato sentia – Mas você não tem mais o direito de me chamar pelo nome. – Ele riu sarcástico.

– Johnny... – chamou Ana timidamente. Claramente aquela situação estava a afetando em silêncio – Ele não tem nada a ver com isso – disse entre soluços e depois olhou nervosamente para Leonardo. O rapaz assentiu.

Johnny franziu a testa enquanto via a cena. Não se lembrava de qualquer tipo de indício de relação amorosa entre Ana e Leonardo. Eles não se tocavam, eles não se falavam, eles mal-mal olhavam um para o outro no dia-a-dia escolar. Ana era focada demais para um namorado largado como Leonardo, e Leonardo era brincalhão demais para aturar uma menina tão correta. Algo naquela história parecia muito errado.

Ele tencionou mais o rosto e Ana engoliu seco, tentou conter seu impulso de olhar o rapaz ao seu lado. Ele continuou imóvel.
Johnny apontou a arma para Ana. Ela começou a tremer enquanto Leonardo a abraçava mais forte enquanto abria e fecha a boca, procurando palavras para formar algum argumento.

Johnny apontou a arma para Leonardo. Ele fechou os lábios, olhou-a rapidamente e diminuiu o aperto levemente, Ana continuava tensa porém uma sombra de alívio era parcamente visível em seus olhos.

O atirador olhou para a menina no fundo da sala perguntando-se ela também havia notado. Ela olhava para os dois e tinha uma expressão de comiseração no rosto. Ele concluiu que o sentimento foi direcionado a ambos já que ela não podia ver as reações de Ana, e soube que não poderia contar com os julgamentos de sua cúmplice naquele momento.

– Tentando proteger o namorado? – disse a última palavra com escárnio. Ele sabia que Ana era orgulhosa o suficiente para corrigi-lo, apesar de toda a situação em que se encontravam. Ela abriu a boca, mas Leonardo foi mais rápido. Ele também conhecia o orgulho de Ana. – Vicente! – mas não sabia mais o que dizer. Então apenas fitou Johnny num pedido mudo de misericórdia. A feição de Johnny endureceu.

– Vocês estão fingindo. – Disse com dureza o que já imaginava. A reação de Ana confirmou suas suspeitas – Estão tentando ganhar tempo com joguinhos.

Ou pelo menos ela está fingindo, pensou Johnny. A sala ficou em silêncio.

– Mas não era isso que você queria? – disse Ana firme, porém sem toda aquela confiança que ostentava no começo. Johnny gargalhou numa miscelânea de ironia, raiva e satisfação. E antes que todos pudessem dizer algo ouviu-se um disparo.

Entre as reações de choque, que eram predominantes na sala, estavam presentes o choro nervoso de Ana, suja de sangue, o grito da menina no fundo da sala, a respiração pesada de Leonardo e o eco que soava apenas nos ouvidos de Johnny. Ele olhava atônito para a situação e recusava-se a crer no ocorrido. Em sua mente, apenas uma frase: Você errou, Johnny.


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Notas finais do capítulo

Que o massacre comece! bwuhauhaua
Espero que tenham gostado.



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