A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 29
Bem-vindo ao inferno


Notas iniciais do capítulo

Hey divosas! Então, acho que muitas pessoas estavam esperando muito por esse cap, por que, bem... Nico aparece! Sim, Niquito rei das trevas finalmente entrou na história de vez! Então não vou ficar segurando vocês aqui, não, por que sei que devem estar loucos para ler, entãããão: enjoyyyy!!!!!



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Hayley Bennet

Enquanto estávamos no navio, Jason, Percy, Piper, Hazel e o Treinador G. foram ao refeitório discutir algumas coisas.

Eu fiquei encostada contra a amurada, sentindo o vento batendo contra meu rosto. Não conseguia esquecer do encontro com Sarah.

— Vou lhe oferecer algo. Para provar à você que não sou sua inimiga. – Falara ela, após me derrubar. Eu não conseguia me mexer direito. Onde ela havia aprendido a lutar daquela maneira?

 Eu não quero nada de você! – exclamo com raiva.

— Nada? Nem a vida dos seus amiguinhos? – indagou ela. – Nem a vida do seu namoradinho? Eu vou matar todos, a não ser que você aceite a oferta.

— O que você quer? – pergunto.

— O que eu quero? Acho que você sabe o que eu quero.

Não acredito que aceitei. Não acredito. Não acredito.

Mas foi o que era preciso para garantir a segurança de todos os meus amigos. Além disso, o grande dia está próximo. Muito próximo. Mais do que eu gostaria.  Os quinze anos é uma época de alegria para muitas garotas normais. Bem, elas não vão enlouquecer e começar a matar todo mundo que veem pela frente como eu irei.

Olho para minhas mãos entrelaçadas uma na outra. Elas tremem, as peles se chocando por causa do nervosismo misturado com o medo. Fecho os olhos com força. Um cano estoura. Leo solta um palavrão.

— Desculpe – murmurei, enterrando a cabeça entre as mãos. Eu sentia como se em minha barriga houvesse um furacão. Eu sou um furacão.

— Você está bem? – perguntou Leo, debruçando-se ao meu lado e olhando fixamente para os prédios de Nova Roma.

Balancei a cabeça.

— Sim, completamente – minto descaradamente.

— Você não parece bem.

­- Então pare de olhar.

Ele suspira.

— Eu sei – confessa ele depois de alguns segundos em silencio. – Sei que você conhece o irmão da Hazel, Nico.

Olho para ele com a testa franzida. Como ele poderia saber disso? A única pessoa no navio que sabe é Hazel! E ele também não poderia ter ouvido a conversa, ele estava pilotando o navio naquela hora!

— Como...?

— Ouvi você e Freddie-Me-Acho-O-Máximo conversando sobre isso – diz ele de uma vez só, como se as palavras fossem ar e ele estivesse sufocando.

— Você bisbilhotou? – indaguei, acusadoramente.

Ele começa a gaguejar e falar rapidamente em espanhol.

— Leo, calma – pedi, colocando a mão em seu ombro. Ele para de falar e suspira pesadamente. – Não estou zangada, apenas surpresa. Por que não me contou antes?

Ele dá de ombros.

— Não sei – revela. – Acho que estava com um pouco de medo depois de ver você lutando. – brincou logo depois, fazendo-me soltar uma risada.

Ficamos um tempo em silencio, apenas observando as crianças correrem pelo terreno em que o Argo II estava estacionado.

Subitamente comecei a rir. Gargalhar na verdade, do tipo de doer a barriga de tanta risada.

— O que foi? – Leo pergunta, sorrindo estranhamente.

— Freddie-Me-Acho-O-Máximo – consegui falar entre risadas. Leo começou a rir também. Nico iria adorar esse apelido.

— Ora, mas não é verdade? – pergunta ele, fazendo-me rir ainda mais. 

Encaro Leo por alguns segundos. Os olhos dele eram castanhos assim como os cabelos e a pele morena, o sorriso era torto e sacana, como se ele estivesse acabado de colocar um alfinete na cadeira da professora e esperava o estrago.

— Você me lembra muito o meu irmão – comento.

Ele franze a testa.

— Percy..?

— Não – interrompo-o. – Arthur.  

— Pensei que ele fosse loiro como você. – diz ele, mais confuso que nunca.

Reviro os olhos.

— Deuses, estou falando de personalidade, Leo! – exclamo, fingindo estar irritada.

Ele murmura um “ahhhh, entendi” e começa a rir.

— Ele também era filho de Hefesto? – pergunta Leo.

Balanço a cabeça.

— Não, ele era normal – falo, lembrando-me. – Mas era muito bom com ferimentos. Se fosse semideus, com certeza seria filho de Apolo.

— Ele deve ter sido um irmão bem maneiro. – comenta Leo.

— É, ele era bem... isso aí que você falou – concordei mesmo sem saber o que “maneiro” significava.

— Hayley – ouço Percy me chamar. – Está na hora.

****

A Ninfa mumificada me encarava com um olhar faminto porém interessado ao mesmo tempo.

Suponho que você seja Sarah Bennet, não é? – perguntou ela. – Efialtes e Otto nos avisaram que viria buscar o garoto e leva-lo até a Mãe Terra para o sacrifício de sangue.

Fiz o máximo possível para continuar séria. Ela achava que eu era Sarah? Sacrifício de sangue? O que ela queria dizer com isso? E porque minha mãe deveria vir buscar Nico? Eram muitas perguntas, mas talvez... talvez eu pudesse usar tudo isso ao meu favor. Finalmente encontrei uma vantagem em ser tão parecida com Sarah.

— Sim, sou eu – confirmei, fingindo indiferença ao cruzar os braços e fazer uma cara de entediada como Sarah costuma fazer. – E você é?

A ninfa sorriu. Os dentes que ainda restavam em sua boca eram pretos e cheios de algas.

Eu sou Hagno, a Primeira das Nove! – informou, orgulhosa. -  E essa é a sua tripulação? – indagou, olhando para Percy, Pipes e Jason.

Dou de ombros.

— Parte dela. – informei. – O navio é grande, precisa de defensores.

— Está coberta de razão.

Abro um sorriso frio.

— Então? – indaguei. – Podemos passar? A Mãe Terra quer o garoto o mais rápido possível.  

 Por um momento achei que ela deixaria, mas subitamente Hagno franziu a testa olhando-me desconfiadamente.

Por que sinto cheiro de uma criança de Poseidon? – Perguntou duramente.

Penso em uma desculpa rápida.

— Acredito que seja do meu imediato – informei, olhando para Percy. Meu olhar gritava: Fique sério, pelo amor de Júpiter!— Ele é um filho de Poseidon.

Percy apenas ficou parado olhando fixamente para Hagno. Notei que ele estava nervoso, mas conseguia disfarçar muito bem.

Depois de um tempo, a primeira das nove pareceu relaxar, convencida de que não éramos impostores (humpf, ingênua).

Desculpe por isso. Fiquei sabendo que os Sete estavam em Roma, preciso ter certeza de que nenhum intruso arruíne os planos da Mãe Terra.

— Aprecio sua preocupação – comento, usufruindo de uma das armas mais potentes de Sarah. O puxa-saquismo. – Pode ter certeza que irei mencionar isso à Ela.

Os olhos roxos de Hagno brilharam.

Ora, eu lhe ofereço meus sinceros agradecimentos. – agradeceu ela, fazendo uma reverencia mínima.

Apenas retribui seu gesto com a cabeça e me conduzi até o cano de drenagem que Hagno havia apontado como a passagem para a Caverna de Otto e Efialtes. Os outros três semideuses me seguiram e continuamos andando em silencio até que, depois de quase dez metros, o cano se abria em um túnel mais amplo.

Eu me sentia diferente. Não conseguiria explicar direito, mas era como se eu não ligasse mais para como Annabeth estava, eu não ligava mais para como Nico estava, eu não ligava mais para ninguém. Eu só me importava com a Sarah e as milhares formas divertidas de matá-la. Eu não podia simplesmente atravessar uma faca pelo seu peito cinco vezes, ah não, teria de ser especial. Uma morte lenta e muito dolorosa.

— Muito bem, o que Hades aconteceu lá? – perguntou Percy, despertando-me de meu devaneio.

Dou de ombros.

— Hagno achou que eu fosse Sarah e eu tirei vantagem disso. – expliquei como se fosse óbvio.

— Não foi só isso, sua voz mudou Hayley. – disse Piper, fazendo-me parar de andar.

Franzi a testa.

— Como assim?

— Quando você fingiu ser a Sarah, sua voz se tornou mais rouca e fria e sua postura também. – explicou Jason. – Como a Sarah. Você fez mais do que só “entrar na personagem”, você praticamente se transformou na nela.

— Eu não tinha percebido. – murmurei. Por alguma razão isso não me incomodava. E porque deveria? 

— Seus olhos mudaram de cor. – exclamou Percy, assumindo uma expressão assustada. – Eles estão azuis!

Apenas revirei os olhos dando de ombros e continuei andando. Aquilo não importava mais.

— Hayley, o que deu em você? – indagou Percy, segurando meus ombros.

  - Eu estou completamente bem. – afirmei com firmeza. – Eu só... estou cansada de me importar com cada pessoa ao meu redor sendo que nenhuma delas já realmente fizeram algo por mim!

Percy me encara por alguns segundos antes de indagar:

— O que aconteceu com o Arthur? – Sua voz estava firme e sua expressão dura.

Arthur. Então eu lembro, os gritos, os sibilos das chamas, a dor. Toda a preocupação que antes desaparecera havia voltado me acertando como um soco direto em meu rosto. O Medo de parecer com minha mãe me faz apertar os olhos com força. Não, não, não, não posso parecer com ela. Não posso não posso não posso não posso não posso.

— Hayley – chama Percy olhando para mim com os olhos arregalados. – Que dia é o seu aniversário?

Antes que eu pudesse responder, uma risada alta e escandalosa ecoa pelas paredes do túnel.

— Vamos – falo e começo a andar em direção à entrada da caverna. Não queria falar sobre aquilo. Aquele era um péssimo momento para ter um colapso.

Depois de alguns metros, o túnel fazia uma curva. Percy levantou a mão para nos parar e espiou pela esquina.

— Santo Poseidon – ofegou ele. – Vocês vão querer ver isso.

A sala ampla era igualzinha a que eu havia sonhado, porém ao vivo era ainda mais aterrorizante. Gaiolas cheias de animais estavam penduradas no teto, uma máquina que faria Leo surtar devido a visível falta de manutenção estava encostada contra à parede da caverna. Bem essas foram as coisas que eu consegui identificar, pois a caverna estava completamente cheia de coisas das quais eu não tinha conhecimento algum do que era.

— Olhem. – sussurrou Percy.

À alguns metros da máquina estava um jarro de bronze, grande o suficiente para abrigar uma pessoa.

— Está fácil demais. – constatei.

— Sim – disse Percy.

— Mas não temos escolha – falei.

— Não – disse Percy.

— Precisamos salvar Nico.

— Sim. – disse Percy.

— Você tem noção do quanto isso irrita? – pergunto à Percy, com raiva.

— Sim. – disse ele.

Suspiro exasperada.

— Então, algum plano? – perguntei.

Jason ergueu as sobrancelhas.

— Nós? – perguntou ele, olhando-me estranhamente. – Você é o gênio!

— É – concordou Percy. – Alguma ideia?

Dou de ombros.

— Bem, eu tenho uma, mas precisamos torcer para que gigantes possam ficar inconscientes. – falei, olhando para todos.

— Tudo bem, mas nós precisamos mata-los, senão eles destruirão Roma – lembrou Piper. – E não temos a ajuda de nenhum deus.

— Agora é tarde – diz Jason. – O tempo está acabando. Ou atacamos agora, ou Nico morre.

*****

Nico di Angelo (*gritos enlouquecidos de todos os leitores*)

Há alguns anos atrás, quando eu costumava ter sérias crises de insônia, eu dizia que invejava as pessoas em coma. Bem, agora não mais.

Claro que dormir o dia inteiro não é um problema (na verdade, é uma benção), mas precisar alucinar o dia inteiro com ela é o problema. Há alguns meses atrás isso não seria de todo ruim, porém não agora. Estou tentando esquece-la há meses, mas tudo piora. Eu sei que ela deve me odiar, eu sei o que ela pode estar pensando, eu sei de tudo. E é exatamente essa a pior parte.

Eu havia acabado de comer a última semente. Me pergunto por que eu estava fazendo isso. Não teria saída, não vem ninguém. Por que alguém viria afinal? Devem estar muito mais ocupados tentando deter Gaia, eu seria apenas um atraso. Pelo menos ela estaria bem. Duvido que as almas do mundo inferior sejam afetadas de qualquer maneira pelo despertar da Mãe Terra. Ela está segura.

Estou?— pergunta a voz dela atrás de mim. Mas não é ela de verdade. É uma alucinação. Um fruto da minha mente. – Depois de tanto tempo tentando fugir do Mundo Inferior, você realmente acha que não consegui escapar também?

Suspiro. Estou em casa. Minha casa. A casa de minha tia Agnese em Veneza, onde passei a maior parte de minha vida. Eu estava de frente para a janela da sala, que dava de frente para um dos canais principais da cidade. Minhas memorias de quando eu era criança continuam uma porcaria, ou seja, eu não me lembro de praticamente nada daquela época, apenas o bastante para concluir que eu adorava viver ali. Eu apenas não conseguia lembrar o motivo.

— A esperança é a última que morre – falo, virando-me para vê-la sentada no encosto do sofá branco que mais parecia ser bege devido a sujeira.

Ela continuava a mesma. Os jeans rasgados, a camiseta com a frase “But First, Coffe”, e a jaqueta de couro embaixo dos seus cabelos prateados. Os olhos verde-mar de Hayley Bennet brilham quando ela abre um sorriso sarcástico ao entender a piada interna.

— E a paciência é a primeira – retruca ela, fazendo-me sorrir de canto. – Bem-vindo de volta, Nick – ela me chama pelo apelido irritante que Lindsay inventou apenas para me deixar com raiva. Porém, eu não me irrito mais com ele há muito tempo, sinceramente até gosto. 

— É tão bom voltar – ironizei.

Ela bufa. Desaprovação brilha em seu olhar.  

— Eu só vou falar mais uma vez: use o resto de energia que tem para viajar nas sombras e dar o fora desse jarro – diz ela, cruzando os braços. – A não ser que queira ser conhecido como “o cara que morreu feito florzinha”.

Não consegui segurar a risada. A única que realmente sabia me fazer rir era ela.

— Bem, pelo menos não será tão ruim assim. – comento, voltando meu olhar para a janela. – Ir para o Mundo Inferior de uma vez por todas, quero dizer.

— Você está brincando, não ´w?— ela pergunta, numa mistura de surpresa e raiva.

Franzo a testa.

— Não – nego, olhando para ela novamente. – Estou aceitando o inevitável.

Era verdade. Eu não teria como escapar de qualquer jeito. Para viajar nas sombras eu preciso estar consciente, se eu ficar consciente eu morro. Não adianta, não tenho nenhuma opção.

Quando acordo, sinto como se eu estivesse me afogando. A única coisa que consigo fazer é comer a próxima semente de romã antes de morrer completamente. 

— Sabe que isso não é verdade! – exclama Hayley, lendo meus pensamentos. É claro que ela consegue ler minha mente, afinal ela é parte dela. Ela suspira pesadamente no intuito óbvio de tentar se acalmar e caminha até ficar próxima de mim. – Nico, eu sou a parte racional da sua cabeça dura, Okay? Então me escuta.— diz ela, calmamente. – Você pode simplesmente se focar no primeiro lugar que você conseguir pensar e usar as sombras para ir até lá, antes de que você morra. Você consegue fazer isso. Eu sei que consegue. – Seus olhos brilhavam em súplica.

Antes que eu pudesse pensar em algo para dizer, tudo a minha volta desapareceu. Uma forte sensação de não conseguir respirar bateu em mim como um soco. E aí, parou.

Meu corpo inteiro doía, como se alguém tivesse me jogado contra à parede e depois me atropelado com um caminhão. Consegui com certo esforço abrir os olhos. A única coisa que eu consigo ver é um borrão na minha frente, até que minha vista entra em foco.

Bionda?


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Notas finais do capítulo

Entããããão???? Gostaram? Odiaram? Coementem!



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