A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 30
Bionda


Notas iniciais do capítulo

Olá divosas!
Então, ansiosas para presenciar o encontro mais esperado da fic? Pois eu também! Então, não vou fazer com que vocês percam tempo, vão ser felizes tendo ataques epiléticos com o reencontro Niley. Beijos da tia Wondy e ejoyyyyyy!!!!



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Percy Jackson

Por mais que Hayley seja uma das melhores estrategistas que eu conhecia, ela não era lá grande coisa na espada. Pelo contrário, seu ponto forte era a luta corporal, porém não achei que ela fosse tão louca ao ponto de cogitar a ideia de lutar contra um gigante.

Pois é, eu estava errado. Bem, ela não saiu na porrada com um dos gigantes, se é isso que você está pensando (ela pode ser meio maluca, mas não tanto assim). A idéia inicial era que eu e Piper distraíssemos os gigantes, enquanto Hay e Jason escalavam uma das pilhas de bugigangas que iam até o teto e tentavam soltar uma das gaiolas vazias. Hayley fez um cálculo estranho com a pressão das correntes ou algo assim, e determinou que as gaiolas eram bem pesadas, do tipo que poderia matar uma górgona com seu peso – como ela determinou isso? Não tenho nem ideia, eu costumo dormir nas aulas de matemática -, então, já que é tão pesado assim, estávamos torcendo para que a pancada fosse forte o suficiente para deixá-los inconscientes, ou pelo menos atordoados por um tempo para pensarmos em como invocar um deus para, então, mata-los. 

Como sempre, o plano de Hayley era brilhante.

Como sempre, eu consegui estragar tudo.

Piper estava convencendo os irmãos gigantes (que estavam ridiculamente vestidos um com um collant de balé e tutu rosa, e o outro com uma camisa florida muito chamativa) de que os barulhos de coisas caindo no chão que Hay e Jason estavam derrubando não eram nada. Até que eu vi uma espécie de pano roxo gigante no chão, e, como não tenho nenhum tipo de curiosidade no meu corpo e eu com certeza penso muito antes de fazer algo, resolvi tentar levantar o tal tecido com Contracorrente para descobrir do que se tratava. Grande erro. O tecido rasgou na hora em que toquei-o com o bronze celestial, emitindo um ruído tão baixo que tenho certeza que até o pessoal do Alasca ouviu.

Otto – o gigante vestido de bailarina – olhou para mim por alguns segundos antes de correr em minha direção e berrar:

— VOCÊ RASGOU MEU COLLANT DE SEDA ROXO!!! 

Então, eu tenho um conselho para você: se um gigante vestido de bailarina está correndo em sua direção bravíssimo por você ter rasgado o collant de ballet favorito dele, corra. Corra como se sua loja preferida estivesse em uma liquidação por apenas cinco minutos, corra como se você estivesse atrasado para um jogo dos Yankees, corra como se estivessem vendendo ingressos grátis para assistir Star Wars – O Despertar da Força antes de sua estreia. 

Pois é, esse é o meu conselho, mas nem deu tempo de isso acontecer, pois Otto de repente caiu sentado antes de conseguir chegar até mim. Consegui ver e entender de relance que Jason havia pulado nas costas do gigante, enrolado uma corrente pelo seu pescoço e puxou-a com força, fazendo com que Otto perdesse o equilíbrio. Foi tão rápido que precisei de alguns segundos para processar o que havia acontecido, mas nem deu tempo o suficiente, pois Efialtes resolveu me perseguir também.

Sinceramente, por que eu sempre estrago tudo?

— Piper, pegue o Nico! – gritei, tentando correr o máximo que eu conseguia.

Quando passei ao lado de um dos montes de bugigangas, sinto alguém puxar fazendo com que eu sumisse atrás da montanha de coisas aleatórias. É, digamos que enfrentar o gigante seria menos mortífero do que me esperava.

Cosa diavolo stavi pensando, stonzo?— Hayley perguntou com raiva em italiano. Mesmo não fazendo ideia do que ela havia falado, eu consegui entender apenas pelo seu tom que ela estava brigando comigo.

— Desculpe, você me conhece, eu não penso antes de fazer as coisas – sussurrei.

Hayley bufa, afundando a cabeça nas mãos.

— Tudo bem, não temos tempo para isso – constata ela. – Precisamos improvisar.  

— Improvisar um plano? – pergunto.

— Improvisar uma prece! – exclama ela, dando uma série de tapas em meu braço. Eu deixo, sei que mereço muito mais do que isso.

— Que os deuses nos ajudem! – exclama ela, encostando-se pesadamente no monte de coisas, fazendo com que algumas caem em nossas cabeças.

— Droga! – exclama ela.

Algo cai próximo à mim. Era uma espécie de um fio extenso prateado. Uma das pontas terminava em uma escultura de cabeça de cobra e a outra ponta ia ficando mais fina apartir de certo ponto. Parecia uma cobra de brinquedo, a única diferença era que ela era feita de prata. Nos olhos da cobra brilhavam duas esmeraldas.

— O que é isso? – pergunto, pegando a cobra de prata. Hayley pega da minha mão, examinando por algum tempo.

— Não pode ser – murmurou ela, arregalando os olhos. Então olhou para cima. - Vocês estão brincando comigo, não estão?

— Hayley – chamei, fazendo-a olhar para mim. – O que é isso?

— Isso, meu querido irmão que só sabe fazer merda – começou ela. -, é um chicote de prata, que quando eu falo Aes— a cobra de repente assumiu o mesmo tom de bronze de minha espada e começou a brilhar, como bronze celestial. -, ela vira de bronze celestial, já quando eu falo Argentum – a cobra voltou à cor normal. – ela volta a ser prata. – explicou ela e logo depois sussurrou: – Anguis.

Tive que me controlar para não soltar um grito. O chicote começou a se mexer, enrolando-se no pulso direito de Hayley como uma pulseira. As esmeraldas em seus olhos perderam o brilho vivo que tinham antes, como se a cobra tivesse adormecido.

— Como você sabe disso? – pergunto, impedindo-a de passar quando ela faz a tentativa.

— Por que é um Anguis Verberaque — explicou ela. – Só foram feitos cinco no mundo inteiro no século XIX. Foram criados pelo filho de Hefesto mais habilidoso, encomendados por Mary Jane Bennet.

— Bennet? – perguntei, confuso.

— Sim, Percy, Bennet – falou ela. – O que significa que essas são Armas Bennet. Agora, com licença, eu preciso chutar o traseiro de alguns gigantes.

*****

Hayley Bennet

Eu já havia percebido há algum tempo que os deuses não gostavam muito de mim – até aí tudo bem, não é como se eu gostasse deles também -, mas fazerem uma Anguis Verberaque cair sobre a minha cabeça já era um pouco demais.

Eu conhecia muito bem aqueles chicotes. Sarah tinha dois deles, os únicos que era herdou de sua avó, Anastácia – outra maluca, pra variar -, e se eu não me engano, os outros foram perdidos, em exceção ao que estava na posse do meu tio Leonel. Ao contrário da minha mãe, ele continuou em Nova Iorque depois que minha bisavó foi acusada de ter cometido mais de quinze assassinatos no intervalo de vinte anos. Pelo que Sarah me contava, Anastácia não os criou, ela e o irmão viviam em uma espécie de colégio interno da região, mas visitavam a avó todos os fins de semana e era quando ela levava Sarah ao seu bunker onde cometia os assassinatos. Meu tio conseguiu se salvar, fugiu do colégio interno quando tinha quatorze anos e passou a viver na casa de um colega da escola, mas a avó mal notou sua ausência, afinal Sarah sempre foi a favorita.

Quando eu não obedecia o suficiente, Sarah ameaçava pegá-los para usar no lugar da faca. Fazia com que eu me lembrasse de não sair da linha. É claro que foi um choque ao descobrir que eles eram minha Arma Ideal quando fiz o teste na Resistência, mas até que fazia um pouco de sentido. A arma da minha família sempre foi o chicote, era a nossa assinatura. E, modéstia à parte, eu era excelente no uso da arma. Era legal, mas um saco ao mesmo tempo.

Olho para meu cinto dourado, finalmente podendo encará-lo do jeito que eu vejo espadas. Desprezíveis.

Sempre odiei qualquer tipo de lâmina, os últimos meses usando essa espada foram excruciantes – sem falar que eu sou péssima na espada -, passei a maior parte desses meses repetindo para mim mesma que eu precisava daquela espada para minha própria sobrevivência. Não consigo nem descrever o alívio que senti ao perceber que não teria que usa-la.

Muito bem, foco, Hayley.

Estratégia. Preciso bolar uma, e rápido. Observo cada canto daquela maldita caverna, mas não tenho sucesso nenhum em formar um plano executável. Começo a girar meu anel nervosamente. Isso nunca havia acontecido antes. Não importava a situação, eu sempre conseguia formar um plano, porque não consigo agora? Giro meu anel tão rápido que uma das pontas do tridente corta a pele do meu dedo, fazendo-me olhar para minha mão com raiva.

O anel.

Se estiver em perigo, use-o para me chamar. Falara Netuno. É isso!

Fecho os olhos e faço a última coisa que eu poderia pensar me fazer: rezo.

Oi pai. Eu estou rezando, ou seja, estou desesperada. Você me prometeu que me ajudaria caso precisasse, e, bem, eu estou precisando agora. Não posso matar os gêmeos sem a sua ajuda. Por favor— rezo, sentindo-me completamente idiota por isso. – É o único jeito de salvá-lo.

Então espero. E espero. E espero mais um pouquinho também. Quando estava quase me convencendo de que netuno estava tirando uma com a minha cara, o anel começou a emitir uma luz verde-mar que me fazia lembrar muito do reflexo que a água tinha quando estava refletindo a luz.

Muito bem, vocês têm minha ajuda. A voz grave de Netuno preenche minha mente. Me orgulhe.

Um sorriso aliviado se abre em rosto.

— Eu vou – asseguro. – Anguis. Aes. – O chicote desliza pelo meu pulso, transformando-se em bronze celestial.

Pelo canto do olho, consigo ver Piper puxando Nico para trás de uma espécie de cilindro gigante que eu não tenho idéia para que serve, Jason distraindo Otto o mais que pode e Efialtes verificando cada peça grande o suficiente para esconder um semideus.

Quando Efialtes passa onde eu estou, lanço o Anguis em sua perna. O chicote brilha com as ondas de eletricidade passando rapidamente pelo bronze, transformando sua perna em pó dourado, fazendo o gigante cair, tremendo o chão da caverna. Abro um sorriso ao ver que era o Anguis Eletrificado. Cada um era diferente, embora todos pudessem mudar de ferro para bronze e terem a capacidade de se estenderem infinitamente.

Lanço o Anguis em uma das gaiolas presas no teto e tomo impulso para cima, aterrissando pesadamente em uma das gaiolas que estavam logo abaixo de Otto. Pego minha espada e salto, enterrando-a na cabeça do gigante ao aterrissar em seu couro cabeludo. Ele berra quando a cabeça se desintegra. Assombrosamente, não acontece a mesma coisa com seu corpo, fazendo com que o gigante comece a cambalear sem rumo e sem cabeça pela caverna. Pulo do seu ombro, aterrissando ao lado de Jason.

— Eu não vou perguntar nada, apenas me diga qual é o plano – pede ele.

Abro um sorriso.

— Meu pai é demais! – exclamo. Ele entende no mesmo instante. – Vá acabar com aquele aspirante à bailarina! – instruo. – Eu cuido do Efialtes.

Jason assente e alça voo, atormentando Otto como uma mosquinha, enquanto eu volto até Efialtes que está tentando se equilibrar em apenas uma perna, mas cai novamente. Porém dessa vez ele se desequilibrou por causa da investida de Percy contra sua outra perna, desintegrando-a também.

— Uma ajudinha? – pede ele quando o gigante tenta agarra-lo, mas meu irmão desvia por pouco.

— A prioridade é manter ele no chão! – sussurro ao chegar ao seu lado.

Ele assente, enquanto eu enlaço um dos braços de Efialtes com o Anguis, decepando-o e fazendo-o virar poeira dourada.

— Isso deve ajudar – digo. Percy apenas crava Contracorrente em meio as costas do gigante, desintegrando-o completamente, apenas sobrando a cabeça, quando o teto da caverna explode.

O Argo II entra pelo buraco enorme feito pela balista. O Treinador G está rindo e gritando “MORRA” lá em cima. Acho que nunca o vi se divertir tanto. Leo estava berrando xingamentos em espanhol e mexendo nos controles furiosamente. Uma águia gigante plana até que chegue onde Piper e Nico estão, levando-os de volta ao navio e logo depois pegando Jason, que já havia acabado completamente com Otto.

A cabeça de Efialtes gritava xingamentos em latim antigo.

Eu e Percy trocamos um olhar.

— Quer fazer as honras, amado irmão? – pergunto, fazendo uma pequena mensura.

— Eu adoraria, adorável irmã. – responde ele, entrando na brincadeira e então apunhalando o nariz do gigante, desintegrando-o completamente.

No mesmo instante, Frank-águia nos pega e nos leva até o navio.

O pior já passou.

~*~

Jason me ajuda a carregar Nico até a enfermaria. Ele estava inconsciente, o que deixou nosso trabalho um pouco mais difícil. O resto dos semideuses estavam no convés, Percy estava quase tendo um ataque cardíaco por causa de Annabeth.

Eu e Jason conseguimos deitar Nico na cama improvisada da enfermaria – que não passava de um colchão que foi colocado encima de oito caixotes de madeira.

— Pode ir – falo à Jason. – Estão precisando de você lá encima. Eu cuido dele.

Jason apenas assente e suspira aliviado.

— Graças aos deuses, eu sou péssimo com essas coisas – diz ele, apontando com a cabeça para o corpo inerte de Nico.

Abro um sorriso e ele vai embora.

Nico está pior do que eu pensei que estaria. Sua pele está mais branca do que o habitual, há um grande hematoma arroxeado em seu olho e um corte em seu lábio. Ele parecia estar mais magro do que na última vez que o vi. Sua camiseta estava toda ensanguentada e os nós dos seus dedos machucados. Ele havia apanhado, e eu espero que não tenha sido dos gigantes, se não haveriam mais ferimentos internos ainda.

Qualquer raiva que eu pudesse ter dele, se dissolveu ao ver seu estado.

Ele levará no mínimo dias para se recompor dos danos causados pelos gigantes, e isso é um grande problema. Com o tanto de coisas que acontecerão até chegarmos à Grécia, Nico precisaria estar em condições, pelo menos, de dar um golpe com sua espada.

Oh, não. Onde estava sua espada? Logo comecei a me desesperar imaginando se não a teríamos esquecido na caverna dos gigantes, mas ao pairar os olhos na corrente de ferro negro que estava presa em seus jeans escuros, permiti me acalmar. Chris havia descoberto acidentalmente que a espada de ferro estígio de Nico poderia se transformar em uma corrente quando pronunciada a palavra tenebris. Os gigantes não devem ter notado que a corrente era, na verdade, a espada dele. Tenho a impressão de que se Nico não tivesse descoberto como fazer essa transformação, os gigantes teriam tirado-a dele, o que resultaria em talvez um grande problema.

Estava tão perdida em pensamentos que só notei que Nico havia acordado quando ele resmungou algo. Se eu não estivesse tão perto, não teria ouvido.

Bionda? — ele parecia estar surpreso. Seus olhos negros me encaravam num misto de surpresa e incompreensão.

Consegui abrir um pequeno sorriso ao ouvi-lo me chamar pelo apelido.

— E aí, bela adormecida? – retruquei, fazendo com que sua expressão de choque esmorecesse um pouco.

Ele me estuda por um tempo antes de perguntar:

— Eu morri, não é?

Não sei por que, mas a pergunta me faz rir.

— Não, mas não foi por falta de esforço – informo, para depois completar um pouco mais séria. – O que Hades você estava fazendo dentro de um jarro de bronze celestial, Nico?

Ele tenta se sentar, mas acaba desistindo fazendo uma careta de dor. Eu o ajudo na segunda tentativa.

— Eu acho que eu estava tentando fechar as Portas da Morte – explica ele, meio grogue. – Espera aí – diz ele, lançando-me um olhar interrogante. – Se eu não morri, como você...?

Rolo os olhos e abro um dos armários da bancada fingindo estar procurando algo. Acabo achando o cantil de fogo líquido que Percy havia colocado no bolso quando Annie havia sido “sequestrada” por Gregory Peck e Audrey Hepburn. Ele deve tê-lo guardado aqui quando chegamos ao Argo II.

— Fala sério, Nico. – peço, pegando o cantil e olhando para ele. – O Ponto de Embarque estava aberto. Você realmente pensou que eu não iria ser a primeira a sair?

Ele me encara por alguns instantes antes de afundar a cabeça nas mãos murmurando um “Ah, não”.

— Eu tinha esperanças – responde ele, sua voz sai abafada pelas suas mãos. Depois de alguns segundos, seus braços caem ao lado do seu corpo e Nico abre uma careta de dor.

— Aqui – falo, entregando-lhe o cantil. – Bebe. 

Nico o pega, examinando.

— O que é isso? – pergunta, desconfiado.

Arqueio as sobrancelhas.

Bebe— repito, enfatizando a ordem.

Nico apenas rola os olhos e toma um gole. Faz uma careta e tosse um pouco. Ele já está acostumado com o sabor do Fogo Liquido, pois sempre o tomava na Resistência antes dos treinos. Descobrimos que se você beber o fogo do Rio Flegetonte antes de treinar, não sente dor alguma quando leva um soco ou quebra uma perna. Só não pudemos testar isso quanto à morte por motivos óbvios.

Chris era nosso fornecedor, mas se recusava a contar como o conseguia. Nós não ligávamos de onde vinha ou como ele pegava o fogo liquido, desde que o estoque estivesse cheio estava tudo bem, embora eu tenha quase certeza que é um dos ingredientes do Remindus.    

Assim que Nico tomou o fogo liquido, seus ferimentos fecharam e seu olho voltou à cor normal assim como sua pele. Até suas olheiras sumiram.

— Odeio isso – resmunga ele. – Como conseguiu fogo liquido?

Dou de ombros, encostando-me em uma bancada que há no canto do quarto.

— Chris me deu em Roma – respondo, examinando minhas unhas.

— Ele saiu também? – pergunta ele, porém não parece surpreso.

Balanço a cabeça afirmativamente.

— Assim como metade da Resistência – comento ainda sem olhar para ele.

— Ah, que ótimo – Nico resmunga sarcasticamente. – Mais uma coisa para me preocupar.

Isso me deixa com raiva. Ele poderia muito bem dar as costas à Resistencia como ele havia feito antes, não tinha que se preocupar em nada. Ele nem ao menos ligava para nós, por que ele se preocuparia com isso? Ah, ele acha que vai precisar achar todas as almas fugitivas e manda-las de volta, traindo-nos.

De novo.   

— Não se preocupe, tenho certeza que seu pai irá empregar Tânatos de fazer isso – falo, frisando as palavras “seu pai”.

Nico apenas me encara, sem parecer muito surpreso.

— Eu até iria tentar explicar, mas eu sei que você não vai ouvir – diz ele.

Reviro os olhos ao ouvir seu comentário.

— Explicar o quê? – pergunto sarcasticamente. – Que seu pai, também conhecido como Hades, também conhecido como o maior inimigo da Resistência Asfodeliana, empregou você de se infiltrar na Resistencia para roubar informações sobre o Remindus?

Nico desvia o olhar, claramente desconfortável, até que olha para a bancada onde eu estava encostada. Ele franze o cenho.

— Aquela espada é sua? – pergunta ele, olhando para minha espada de ouro imperial que eu havia jogado de qualquer jeito encima da bancada, pois não dera tempo de transformá-la em cinto.

— É – confirmo, desconcertada com a mudança rápida de assunto.

— Você é péssima na espada, Bionda – comenta ele, a expressão confusa pairava seu rosto. – Sua Arma Ideal é... – começa ele, referindo-se ao teste que fazemos assim que entramos na Resistencia, onde lutamos com vários tipos de armas (desde arco e flecha até faca de manteiga) para descobrirmos qual é a nossa Arma Ideal, a arma que usaríamos sempre desde então. A arma de Chris é arco e flecha, a de Lindy é chakram [Wondy: se você não sabe o que é, pesquisa no google].

— Eu sei qual é a minha Arma Ideal, Nico – interrompo, cortante.

Nico me estuda, olhando me de cima a baixo.

— Você ainda tem vergonha dela? – perguntou finalmente. Pude reconhecer um pouco de divertimento em sua voz.

Abro uma careta.

— Não é vergonha, eu só.... – começo, porém não sei como completar.

— É vergonha.

— Não é.

— Hayley.

— Não é vergonha, droga! – exclamo, jogando as mãos para cima.

Nico parece se divertir. Ele sabe que é o único capaz de irritar desse jeito.

— Não sei porque – comenta ele. – Você é a única resistente a usar um chicote feito de bronze celestial, você tem noção do quanto isso é legal?

— E você tem noção do quanto isso é um inferno? – retruco com raiva. Eu até que gostava de lutar usando o chicote, na verdade ele é bem útil, o problema são as piadas. Você sabe o quão incomodo é a Resistência inteira fazer piadas sobre dominatrixes quando passam perto de mim? É insuportável!

— Eu tenho noção do quanto isso deve ser legal – responde ele, arqueando as sobrancelhas.

Eu estava prestes a dar uma bela resposta ao mentecapto na minha frente, mas fui interrompida pela porta da enfermaria sendo aberta. Nico sorriu ao ver Hazel entrar. Ela vinha com algo nas mãos que eu reconheci com sendo a jaqueta do irmão. Ao vê-lo, ela pareceu confusa.

— Nossa, como você melhorou tão rápido? – perguntou ela, entregando a jaqueta à Nico.

— Fogo líquido – respondeu ele.

Hazel fez uma cara de compreensão.

— Bem – falo, fazendo com que Hazel olhasse para mim como se apenas tivesse notado minha existência agora. – Eu vou ver como estão as coisas no convés – digo, saindo da enfermaria.

Minha maior preocupação no momento era Annabeth.

*****

Nico di Angelo

Assim que Hayley sai da enfermaria, Hazel me lança um olhar de desculpas.

— Eu interrompi algo? – perguntou ela, parecendo nervosa.

Hazel, embora estivesse um pouco mais alta, continuava do mesmo jeito de antes. Continuava com a mesma jaqueta jeans, e os mesmos tão amados jeans surrados. Havia uma cicatriz acentuada em sua mão, provavelmente de alguma luta, e os olhos pareciam estar mais dourados do que da última vez em que a vi.  

Apenas franzo a testa.

— Como assim?

Ela revira os olhos, sentando-se na beirada da cama.

— Eu sei sobre vocês dois, tá bem? – informou ela, sem muita paciência. – Agora desembucha, eu interrompi algo ou não?

Sim.

— Não – respondo. – Mas espera ai, como você sabe? – pergunto, confuso.

— Hayley me contou – explicou ela. Arqueio as sobrancelhas, porém não fico surpreso. Pelo visto elas eram bem amigas, Hayley não contaria algo assim para qualquer pessoa.

— Ela também te contou o quanto ela me odeia? – pergunto, tentando em vão disfarçar o ressentimento em minha voz.

— Sim – ela respondeu apenas. Hazel me encara por um tempo, seus olhos dourados me estudando, então abre um sorriso sincero. – Você gosta mesmo dela, não é?  

Abro a boca para responder, mas uma voz me interrompe.

Atenção, senhores passageiros, por favor comparecer ao convés para salvarmos a nossa querida tripulante Annabeth Chase. – A voz de um garoto tentando imitar uma aeromoça preenche o quarto saindo de uma caixa de som presa à parede. – Tipo agora!

— Mas o q... – começo, mas Haz me interrompe.

— Esse é o Leo – diz ela. – Você se acostuma com ele. Vamos. – disse, ajudando-me a levantar.

— O que aconteceu com a Annabeth? – pergunto, seguindo Hazel pelo corredor.

— Foi atrás de uma estátua que pode acabar com a rivalidade entre os gregos e romanos – explicou ela. -  E aí, tá com fome?   


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Notas finais do capítulo

Ah, como o reencontro de um casal é lindo, não é? Eu sei o que a maioria está pensando: podemos pular para a parte em que eles se pegam, Tia??? A resposta é: não, pois assim não vai ter graça nenhuma e eu adoro torturar vocês hehehehe ;) Até o próximo cap!!!



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