Bem vindos jovens amigos a mais um capítulo desta aventura. Hoje teremos coisas diferentes a fazer, sim teremos coisas diferentes. Ibuki se mantinha como corvo ao ombro da Dama, ela observava lentamente Pássaro Negro sendo arrastado por Zaib. Ela ousa se aproximar alguns passos, suspeitando de algo, O mestre de marionetes se vira em direção da floresta, ele arremessa  uma de suas agulhas em direção de onde suspeitava, mas não parece ter acertado nada.

         A dama surge de meio a floresta, segurando a agulha com apenas dois dedos.

— O que está fazendo? Atacando senhoritas indefesas? – Ela indaga, avançando.

— Talvez. – Responde Zaib, gargalhando.

— Pássaro Negro deveria andar com pessoas mais expressivas. – Ela diz ao chegar à frente de Zaib, encarando sua máscara.

— Você deve ser Choro dos Corvos, certo? – Questiona Zaib, observando-a dos pés a cabeça. – Tem certa beleza, mas não parece com uma espada.

— Eu não sou uma espada. – Responde Choro dos Corvos. – Sou uma parte de Choro dos Corvos, não ela completamente.

— Sim, sim... Lembro-me agora da Lenda da Espada de duas lâminas, é Choro dos Corvos afinal. – Indaga Zaib, olhando para Pássaro Negro caído.

— O levarei comigo, se quiser vir junto iremos atrás de Presa da Neve. – Diz Choro dos Corvos, ficando próxima a Pássaro Negro

— Não, não irei. – Responde Zaib – Irei continuar para o Leste.

— Não há nada no leste, tolo. – Fala Choro dos Corvos com um tom sarcástico – Apenas morte.

— Sim, eu sei o que há mais para o Leste. Zanadia, a cidade natal de Tsukoyo Blacko e de Ann Blacko. – Gargalha Zaib em meio as suas palavras.

— Ann Blacko, a Dança da Lua. – Pronuncia Choro dos Corvos. – Sangue do sangue dele.

— Por que o Corvo e a Dançarina fantasma escolheram irmãos? – Investiga Zaib.

—  Dançarina Fantasma tinha uma certa paixão por Corvo, Ann Blacko e Tsukoyo Blacko foram as marionetes perfeitas. – Responde Choro dos Corvos.

— Então, após a traição do Corvo, as espadas criaram vida e foram parar em corpos escolhidos por seus mestres. – Diz Zaib num tom sarcastico. – Fico feliz de não ter sido escolhido.

         Ambos se encaram, um Corvo surje no ombro de Choro dos Corvos e avança até o corpo de Pássaro Negro, ele se torna Ibuki no ar. Ibuki pega Pássaro Negro no colo, e o leva junto com Choro dos Corvos ao Norte. Zaib encara ao Leste, e continua sua jornada.

         Durante quatro dias, Zaib anda para o Leste sem descanso, suas juntas eram feitas de aço, sua pele era como madeira, ele mesmo era uma carapaça viva de seu ser lá dentro, havia feito seu próprio corpo para agüentar combates. Era a Marionete perfeita, sempre controlada pelas agulhas e linhas invisíveis por dentro. Substituiu seus órgãos por peças indestrutíveis de aço e sobrevivia com uma técnica antiga dos portadores das linhas do destino.

         Ele para próximo a um rio, no rio havia uma ponte, o chão estava coberto por neve ainda, porém não estava frio. O Rio não estava congelado, mas a madeira da ponte parecia duvidosa. Ele se senta a margem do Rio, observando sua máscara no reflexo da água. Aquela água parecia pura, muito pura. Por ali ele fica durante aquela noite.

         Ao amanhecer, ele percebe alguém enchendo uma vasilha ao seu lado, usava trapos escuros, roupas fatiadas e falhadas, lembravam-se as vestes de Pássaro Negro. Um chapéu de palha cobria o rosto, mas longos cabelos negros caiam pelos ombros. Ele observa ali, seu novo visitante preencher a vasilha. Ao fim, Zaib se levanta.

— Você tem muita ousadia para um humano. – Indaga Zaib, observando atentamente.

         A vasilha cai ao chão, e logo a ponta de uma espada estava ao peito de Zaib, o seu novo visitante estava em pé, sua cabeça estava baixa, e observava entre os cabelos.

— Você deve ser Ann Blacko, Dança da Lua? – Questiona Zaib.

— Ninguém me chama de Ann faz muitos anos. – A garota levanta seu rosto, o chapéu revela um rosto branco, tão branco quanto a própria neve ao chão, grandes olhos negros. – Você é um praticante do fio do destino, mas quem é?

— Zaib Borr, senhor de Yang, o último mensageiro. – Responde Zaib, tocando a lâmina da espada. – Poderia abaixar?

         Ann abaixava a espada, então embainhava-a de volta dentre os trapos. Ela recua alguns passos.

— Eu estava vindo para cá junto ao seu irmão, Tsukuyo Blacko. – Indaga Zaib, coçando parcialmente seu ombro esquerdo.

— Onde está Tsukoyo então? – Interroga Ann, com um olhar sério.

— Ele teve um pequeno problema com Mamoru Kouji, e Choro dos Corvos o levou para o Norte. – Ele Replica, e por fim tende a se virar ao Norte. – Venha comigo, sua ajuda será necessária.

— E se eu me recusar? – Ela Questiona, colocando a mão ao ombro de Zaib.

— Então ficará aqui, não sou um homem de ameaças. – Zaib encerra por ai, saindo em direção ao Norte.

         Enquanto eles caminhavam atrás de Pássaro Negro. Nas profundezas da prisão de Choro dos Corvos. Ela se mantinha sentada num canto, em sua volta as coisas pareciam se formarem. Mesas enormes e cheias de comida, sofás aconchegantes, o próprio chão era acolchoado. Uma imensa cama que parecia chamá-la para dormir, e um Garoto, esperando-a no que parece ser uma porta, o garoto lembrava muito Pássaro Negro, porém parecia muito mais jovem.

— Chega disso, você tem que se alimentar Choro dos Corvos. – Diz o Garoto, andando até a mesa.

— Não preciso de alimento! A força do meu mestre é minha força! – Responde Choro dos Corvos em meio de gritos.

— Ora, eu estou tentando lhe ajudar. – Ele se aproxima dela, e senta-se ao seu lado – Sou seu amigo agora.

         Ele quebra a inquietação da sala, então o silencio se instaura. Choro dos Corvos perdida em lágrimas, finalmente deixa-o chegar perto, e deita sua cabeça ao ombro do garoto, lágrimas escorriam seguidas de consolos. Uma armadilha talvez, mas ela estava triste de mais para perceber algo. Parecia que seu tormento nunca mais haveria um fim.