O Choro dos Corvos escrita por The Dark One


Capítulo 13
Epifânia


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo bem?



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        Encostado em uma árvore, estava Pássaro Negro. Seu corpo coberto por faixas e trapos, sua boca seca e olhar perdido. Estava com sede, muita sede, não de água nem de vinho, mas de sangue. Tocando o solo com suas mãos ele se impulsiona para cima, estava sozinho? Sim, sozinho, de novo sozinho.

        Observa então a sua volta, um lugar comum, árvores por todos os lados bem espalhadas e sem folhas, uma floresta morta. Sua memória estava fragmentada dos eventos que aconteceram até agora, suas pernas não se movimentavam direito, passos largos e corpo fraco. Não estava frio, nem quente, ele não sentia o ar tocar a sua pele, nem mesmo poderia decifrar o tempo passando.

        Enfim ele havia se lembrado, ele estava se sentindo tão sozinho, que seu sofrimento se tornou piedade, como piedade? Como sofrimento? Por que sofrer? Sua mente cheia de dúvidas não o deixava ver direito o que acontecia em seus arredores. Pesava... Como pesava, este era o peso da espada em sua bainha, aquilo ele sentia. O peso de incontáveis almas que ele mesmo enviou para a morte, esse era o peso que ele sempre sentiu, mas por que estava tão pesado agora? Preso em seus próprios pensamentos, rostos pedindo por clemência, faces sofrendo, choro, e medo. Medo? O que era Medo? O que é Medo?

— O que é medo...? - Deixando essas palavras escaparem de sua boca, ele olha para frente.

        Era o fim da floresta, iniciava uma estrada de barro socada e cheia de água, lama do pior tipo. Uma placa de madeira  caída em meio a Lama, pisoteada e quebrada. Ela dizia nada mais, estava ilegível. Ele decide tomar o caminho para o norte, e continuar andando em meio a toda essa lama. Seu coração pesava a cada passo, ele não agüentava mais, não mais. As vozes, o choro, os gritos, o sangue... Tudo!

        Sua sede aumentava, conforme sua mente se fechava, seus olhos mudavam a cada instante, pareciam ganhar vida e perde-la ao mesmo tempo, ele não podia controlar nem seu próprio corpo, por que conseguiria controlar sua espada? Uma Kensakebi tem sua própria vontade, essa era realmente a vontade de Pássaro Negro, ou era a vontade de Choro dos Corvos?

        - Quem eu sou? - Ele diz, caindo de joelhos na lama, seus cabelos se desprendem das faixas.

        Algo interrompe seus pensamentos, Gritos... clamores... não, não eram frutos de sua imaginação, eram gritos reais. Gritos vindos de mais a frente. Pareciam gritos pedindo ajuda, ou era o contrário? Ele se levanta, suas forças voltam, como se ele tivesse descobrido algo. Sua mente confusa, e seu corpo de volta, a única coisa a fazer: Ver o que está acontecendo.

        Era uma encruzilhada, uma carroça espedaçada. Três homens cercavam alguém em meio aos destroços. Eles vestiam armaduras pesadas, eram feitas de aço e bem detalhadas. Símbolos exuberantes e dourados em seguida por panos verdes dando um detalhe a mais.

        Um deles era grande e carregava um imenso martelo, este estava a esquerda dos destroços, os outros dois eram do mesmo tamanho e portavam espadas e escudos. A pessoa nos destroços estava vestindo roupas normais, parecia ser uma garota. Não era de certeza.

— Ye? Então, vai responder ? - Dizia um dos menores, sua voz era irritante e fina, ele chutava quem estava ao chão

— Se não vai responder, vou arrancar sua Língua! - Ameaçava o segundo, colocando a espada no pescoço da vítima

— Vamos! Arranque logo! - O Primeiro indagava, com olhar de nojo.

— Mercenários Amahoaki, como sempre dando trabalho - Dizia em tom sarcástico Pássaro Negro, chamando atenção dos três.

— Han? Se você não ir embora em dois segundos, eu irei mata-lo! - O de voz irritante ameaçava, se virando para Pássaro Negro. - DOIS!

        Ele partia com sua espada levantada, sangue espirra aos lados. Ele estava caído ao chão, partido em duas metades. Pássaro Negro se mantinha calado, ele havia sacado sua espada muito rápido e cortado o mercenário ao meio? Ele era capaz disso, sua espada escorria sangue e estava em sua mão direita. Uma aura negra encobre-o.

— Como? Como? COMO? - Incrédulo, o outro espadachim recuava, o medo havia coberto seu coração.

— Vamos lá seu covarde! - O Gigante dizia, olhando para o espadachim, os dois se encaravam e partiam para cima de Pássaro Negro.

        O Martelo iria por cima, e a espada por baixo, não havia como desviar agora, Pássaro Negro desliza sua espada em meio a batalha, ela se choca contra o martelo, fatiava-o como se fosse manteiga, e neste simples golpe desarmou os dois e arrancou a perna do espadachim que caiu ao chão aos gritos.

        Calado o gigante cai ao chão se arrastando, Pássaro Negro estava ali, ele assistia a cena com desprezo no olhar, mesmo que pouco o desprezo era um sinal de emoção, e ele não iria executar alguém assim, não mais. Em vez de cuidar de mais um cadáver, ele procura a pessoa que havia gritado, ela estava se levantando, era uma mulher. Uma camponesa? Vestia um longo vestido de pano, com cores que talvez um dia foram vibrantes, sua pele era morena,  olhos esverdeados e cabelos castanhos mal penteados, seu olhar assustado e tremia de medo.

— Você... Você... - Ela tremia, recuando alguns passos - Quem é você?

        Pássaro Negro sabia responder, tinha como responder, mas deveria? Ele sentia agora que não era mais Pássaro Negro, nem o corvo, e nem uma marionete qualquer, agora ele decidiria como iria resolver seus problemas, e agora ele iria atrás daquilo que perdeu.

— Eu? Eu sou Tsukoyo Blacko. – pronunciava, seus olhos mudavam, tomando um tom castanho.

        Após tantos anos, Tsukoyo encontrou o que precisava, não procurava mais se livrar da maldição, nem conviver com ela. Procurava agora, controlá-la para seus próprios objetivos.

        A Garota corria para os destroços procurando uma pequena caixa, ela consegue achá-la.

— Eu não sei, quem você é e nem concordo com o que fez, mas precisa me ajudar! – Dizia ela, abraçando a caixa com força, lágrimas escorriam de seus olhos, e uma pequena chuva começava.


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Notas finais do capítulo

Se leu até aqui, me responda...
Você se conhece?



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