Capítulo II

Karen estava a ponto de ter um ataque de asma. Queria fechar a porta e fingir que não estava em casa, depois caçar a velha que lhe dera aquele maldito livro e força-la a engoli-lo.

– Karen?! – o homem exclamou surpreso – é você mesma?

–... – Karen não respondeu verbalmente

– Wow! Que coincidência – o rapaz riu – não se lembra de mim, sou eu o..

– Christian... – interrompeu-o com a voz carregada de ironia – sim, me lembro de você – O cara que despedaçou meu coração! – O que você faz aqui?

– Acabei de me mudar para o apartamento da frente. –

Ótimo, era só que faltava. Obrigada mãe Terra!

– E veio pedir um copo de açúcar ou a senha do Wii-fi? – Karen desdenhou

– Nada disso, - Christian respondeu sorrindo galante – vim dizer olá para meu novo vizinho... ou melhor vizinha... – Christian analisou minuciosamente a mulher a sua frente – Mas, bem que a senha do Wii-fi cairia bem

Karen segurou a vontade de bufar. Como pode alguém não ter mudado nenhum pouco depois de tanto tempo? Christian continuava o mesmo cara arrogante de ego inflado ao limite e isso a irritava profundamente.

– Não vai me convidar para entrar?

– Porque eu faria isso? – Karen arqueou uma sobrancelha – Seu apartamento e igualzinho ao meu

– Não sei - deu de ombros – talvez um gesto de boas vindas?

Karen suspirou descontente.

– Entra... – disse abrindo espaço para Christian – Não toque em nada! – Christian soltou uma risada rouca ao entrar – Vou pegar algo para beber, o que você vai querer?

– café, por favor – respondeu distraído com a decoração da sala.

A sala de Karen era bem simples, mas luxuosa. As paredes eram pintadas de branco creme e havia uma grande janela com cortinas de tecido laranja, ao lado da janela havia um vaso de plantas que possuía uma pequena arvore, havia um sofá grande e branco na parede oposta com almofadas da cor laranja, a sala também possuía um tapete branco liso e uma mesa de centro feita de vidro fosco. Para completar havia um raque de madeira branca e lustrosa com uma grande televisão de tela plana. Além é claro de varias fotografias e quadros feitos pela própria Karen.

A cozinha era separada da sala por um balcão de mármore lustroso. Bem simples de paredes pintadas de laranja, com armários de madeira branca, um fogão e pia de aço inox faziam conjunto com os utensílios e uma mesa de vidro redonda com quatro cadeiras.

– Você fez um ótimo trabalho aqui – Christian elogiou – Voce gosta mesmo de laranja

– Obrigada – Karen se aproximou de Christian para lhe entregar a xicara de café. – E uma bela cor, se quer saber...

– Vejo, - riu - Se eu pedisse para me ajudar, você ajudaria?

– Não, estou ocupada – A mulher apontou para o notebook em cima da mesa de centro.

[...]

Depois que finalmente Christian se foi, Karen correu pelo apartamento procurando seu celular. Precisava de Stella, e pediria a ela que tudo isso não passasse de um maldito pesadelo.

Entrou que nem um furacão em seu escritório/Atelier/Biblioteca, e discou o numero da salvação!

– Código Rosa!

[...]

Christian sorriu ao entrar em seu apartamento planejado. Não precisava que Karen lhe ajudasse a decorar, mas admitiu que a ruiva tivesse bom gosto para cores e decoração.

Bem... Sempre foi assim de qualquer jeito.

Sorriu. Sempre quisera morar em um condomínio como aquele, e agora tinha tudo o que queria. Uma carreira de sucesso, um belo apartamento e era solteiro acima de tudo.

O que mais poderia querer?

Uma esposa e filhos? Não!

Queria curtir um pouco mais a vida sem se amarrar a ninguém.

Pegou o celular e discou o numero de telefone de seu parceiro de noitadas

– Samuel! – chamou o melhor amigo ao telefone – Não quer ir a um bar hoje? – esperou – hãa, mas isso e tão chato cara – riu – Eu tenho uma novidade pra contar, você nem vai acreditar... Por isso mesmo... Fala serio cara! Eu passo ai as sete e não quero ouvir desculpas!

Suspirou ao desligar seu celular.

Samuel era seu melhor amigo desde sempre, seu parceiro de noitadas... Mas o cara tinha um pequeno problema... Apesar de gostar das festas muitas vezes ele preferia ficar em casa, e Christian tinha que praticamente arrastar seu amigo para fora de casa.

Christian olhou para cima pensando em Karen... Ela tinha mudado, mas continuava a mesma... Será que ela ficaria vermelha se ele tentasse alguma coisa? No passado era frequente isso acontecer, agora não tinha certeza.

Humm... Será que pegaria mal se ele tentasse flertar com sua vizinha e conhecida dos tempos de escola?

Você deve estar pensando que Christian e um típico cafajeste que quebra corações de mulheres desavisadas. Você pode estar certo sobre isso, mas também pode estar errado. Christian só não acredita em amor.

Solteiro sim, Sozinho nunca!

[...]

– Desabafa amiga, - Stella dizia a Karen.

– Ele voltou! – Dizia sem parar – E tudo por culpa daquele feitiço idiota!

– Pera aí! – Stella pediu confusa – Eu entendi que o Christian apareceu, mas que feitiço?

Karen suspirou e se jogou no sofá e contou tudo o que aconteceu na sexta-feira. Stella era uma bela mulher de 24 anos que sabia o que queria da vida e era a melhor amiga de Karen. As eram inseparáveis desde que se conheceram no primário. Enquanto Karen era uma ruiva de 1,63, Stella era uma loira alta e esbelta como uma modelo, só muito mais bonita do que uma por possuir o corpo cheio de lindas curvas.

– E você acreditou nisso?

– Achei que não aconteceria nada – argumentou tristemente

– Bem, se o Christian apareceu é porque a mãe terra acha que ele é perfeito para você então.

– Não brinque com uma coisa dessas Stella! – Karen suplicou enfática – Eu odeio aquele homem!

– Você diz isso agora, - Stella suspirou – mas não era bem assim...

– Pare agora! – Karen pediu – é passado, e passado fica no passado – disse seriamente – Christian e um mulherengo que quebrou meu coração, e eu não quero saber dele!

– OK ruiva. Compreendo, não vamos mais falar disso.

Karen suspirou.

– Obrigada.

[...]

Karen era uma bela mulher de 23 anos, ruiva de poderosos olhos verdes e 1,63 de altura, muito bem sucedia em sua carreira. Sempre se considerou uma mulher forte. Desde que sua mãe morreu, seu pai criou ela e suas irmãs sozinho, trabalhando duro para que suas amadas filhas recebessem o melhor sem faltar nada. Karen tentava ajudar como podia tocando violino e vendendo suas pinturas para que quisesse, já que suas irmãs estavam mais interessas em curtir sua adolescência, e mesmo assim foi capaz de se divertir com Stella.

Agora Elle e Ella trabalhavam como secretarias de um advogado e Sophia terminava seus estudos, e seu pai agora pelo menos podia descansar.

Karen se sentia orgulhosa de si mesma, por ter conquistado tudo o que queria com esforço e trabalho duro.

Bom até encontrar Christian na segunda-feira.

Vestida com um simples, mas elegante vestido Karen saiu de casa para uma reunião com alguns empresários do ramo de arquitetura, esperava tudo menos encontrar o belo moreno de olhos verdes escuros e penetrantes na mesa de reunião.

Quase saiu correndo dali quando soube que teria que trabalhar com Christian, só não fez isso porque os ganhos eram bons e não valia pena mostrar-se fraca para aquele homem.

– Queremos um prédio com um designer incrível – Marco um dos sócios informou alegremente – Senhorita Stuart sabemos do seu talento e queremos que se junte a um dos nossos melhores arquitetos para o trabalho.

– Bem, obrigada – Karen sorriu tentando esconder o nervosismo – vou tentar o meu melhor para concluir o projeto

– Ótimo! Ótimo!...

Depois de discutir mais algumas coisas importantes, Karen finalmente pode sair daquela sala de reuniões. Esperava chegar em casa e tomar um relaxante banho de banheira e esquecer que tinha um vizinho chamado Christian.

Infelizmente não foi bem assim que aconteceu.

Quando entrou no elevador, Christian entrou junto.

– Então vamos trabalhar juntos einh?! – Christian comentou como quem fala do tempo

– É, parece que sim... Infelizmente – murmurou massageando a cabeça

– Eu não sabia que trabalhava como design

– Trabalho com arte em geral – Karen suspirou – Design é um tipo de arte, então eu faço quando me solicitam.

– Interessante – Christian ponderou pensativo – Esta indo para casa? Quer uma carona?

– Não, eu tenho meu próprio carro obrigado – Karen dispensou saindo do elevador.

Christian riu revirando os olhos.

Karen havia se tornado uma mulher muito interessante.