Todd acordou com o barulho da janela de seu quarto sendo aberta. Seu coração estava acelerado e ele estava pronto para gritar por socorro quando viu que era apenas Megan.

Ela não disse nada, apenas sentou na beirada da sua cama e ficou lá.

– Oi. – Ele disse, confuso.

– Oi. – Ela respondeu.

Sem dizer nada, Megan levantou suas cobertas e enfiou-se lá embaixo, deitando de frente para ele. Com aquela proximidade, Todd percebeu que ela estava chorando. Ele levou um dedo até suas bochechas, sentindo a humidade ali. Ele sabia por que ela estava chorando, ele mesmo havia chorado até dormir.

Perder Julie não havia sido nada fácil.

Megan remexeu o rosto, uma maneira clara de dizer que queria que ele se afastasse. Todd puxou a mão para perto de si e os dois caíram no silêncio. Eles ficaram tanto tempo assim, que Todd começou a imaginar que Megan havia dormido.

Então ela falou de repente:

– Todo mundo está morrendo. Meu pai. Julie.

Todd pensou no que falar por um momento.

– Acho que é assim que as coisas são. – Ele disse. – Algumas pessoas morrem para dar espaço para outras nascerem.

Megan bufou.

– Não quero outras pessoas. Quero meu pai e Julie. – Ela ficou em silêncio por um instante. – Vou ser a melhor médica que já existiu. – Disse, com uma convicção assustadora. – Vou salvar as pessoas, Todd. Vou manter elas vivas até que elas estejam bem velhinhas. É assim que as pessoas tem que morrer. Bem velhas. Vou ser neurologista. – Era uma palavra difícil, mas Megan nem ao menos gaguejou. – Vou cuidar de pessoas com a doença da Julie e vou curá-las. Não vou deixar elas morrerem como os médicos dela deixaram.

Todd não sabia o que dizer. Ele achava o sonho de Megan lindo, mas não tinha certeza se seu desejo de querer driblar a morte daria certo.

Algumas pessoas morrem cedo. Coisas ruins acontecem.