All My Life escrita por Araimi


Capítulo 8
She Won’t Be Ok




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Julie não ficou bem depois da queda de bicicleta. Ela bateu a cabeça forte e o baque fez com os médicos fizessem alguns exames que diagnosticaram seu câncer no cérebro.

Todd não sabia exatamente o que era um câncer, mas Megan sabia e eles passaram uma tarde inteira no seu quarto, lendo livros a respeito da doença. Eles ficaram aterrorizados, mas a mãe de Julie disse que o caso dela não era tão grave e que ela ficaria bem.

Apenas anos mais tarde, Todd perceberia que o que a senhora Cooper disse para eles era o que ela na verdade queria ouvir.

Ele nunca chegaria a entender direito a doença de Julie, ela estava bem antes do acidente e, depois da queda, seu estado só piorou. Todd e Megan iam visita-la sempre que podiam e, quando ela estava em casa, os três passavam quase todo o tempo que podiam juntos.

Ela ainda era a doce e sorridente Julie que todos amavam e cuidavam, mas, a cada dia, a cada mês, Todd percebia o quanto ela se esforçava para dar um sorriso, para brincar com eles, para ficar de pé ou até mesmo para ficar acordada. Aquela sensação era a pior do mundo, ver sua melhor amiga definhando aos poucos sem poder fazer nada.

Todd odiava o câncer.

Megan odiava os médicos.

Ele lembrava o modo como ela ficava irada, falando sobre a incompetência deles e vez ou outra, ele conseguia ouvir um murmúrio:

– Meu pai salvaria ela.

Ela estava com medo. Ele podia ver em seus olhos verdes, a raiva era apenas uma máscara, para tentar disfarçar o medo absurdo que Megan sentia. Todd compreendia, ela já havia perdido o pai, não queria perder mais ninguém.

Megan e Julie eram tão próximas, elas eram irmãs de pais diferentes. Várias vezes durante suas visitas a menina loira, ele se sentiu um intruso quando via as duas deitadas na cama juntas, o vermelho e o amarelo juntando-se com suas cabeças encostadas.

Quando eles falavam sobre Julie, a conversa não demorava em cair no:

– Ela vai ficar bem.

Sempre respondido por:

– Eu sei.

Até o dia em que Julie piorou.

Todd e Megan iam para casa da loira, ele carregava um jogo de tabuleiro para os três se divertirem durante a tarde. Ninguém atendeu.

Megan começou a olhar pelas janelas, mas a casa estava toda vazia. Todd teve um mau pressentimento sobre isso. Eles correram para a casa de Todd, a mãe de Megan estava trabalhando, e o pai dele levou-os para o hospital onde Julie normalmente ficava.

Ela estava lá, mas não podia receber visitas. Seu estado era crítico e, Todd ouviu aos sussurros da enfermeira, não sobreviveria por muito tempo.

Megan estava arrasada quando voltaram para casa. Eles ficaram sentados na varanda da casa de Todd, em silêncio, o jogo aberto entre eles, mas nenhum dos dois jogava. Megan suspirou, olhando para o outro lado da rua, para uma árvore.

– Não quero que ela vá sem eu me despedir. – Ela disse, sua voz estava baixa.

Todd não disse nada, não conseguiu pensar em nada para falar naquele momento.

Uma semana depois, Julie estava melhor e foi transferida para um apartamento onde eles poderiam visitá-la.

Eles chegaram ao hospital alegres, mas também tristes. Quando a porta do quarto de Julie abriu, revelando a menina magra e cheia de fios presos a ela, Todd parou e sorriu. Julie sorriu de volta, um sorriso largo e verdadeiro que não precisava de esforço nenhum. Apesar das mudanças físicas, naquele momento, ela parecia a menina que ele havia conhecido anos atrás.

Megan correu, subindo na cama com cuidado e abraçando a amiga. Todd observou-as por um momento, enquanto elas falavam em sussurros, os rostos próximos. Julie olhou para ele e estendeu uma mão em sua direção. Ele caminhou até ela, sentando-se ao seu lado e dando um beijo rápido no alto de sua testa, onde seus fios loiros começavam.

Talvez Julie fosse a única garota na Terra que Megan não tinha ciúmes.

Eles passaram um bom tempo juntos, rindo e conversando sobre idiotices da escola. Fizeram Julie gargalhar e se sentir bem e eles se sentiram melhores ainda com isso. Em seus corações uma chama de esperança voltou a brilhar. Aquele foi um dos melhores momentos da vida de Todd, rindo com suas duas melhores amigas, um trio, como haviam sido por um bom tempo.

Após algumas horas, a mãe de Julie apareceu na porta e disse que eles precisavam ir para casa. Eles pararam de rir, Todd saltou da cama e esperou que Megan o seguisse, mas ela ficou lá, ao lado de Julie, que sorria para ela.

– Não é justo. – Megan disse após alguns segundos. Seus olhos verdes ergueram-se para os mais claros ainda de Julie. – Você é tão boa. Coisas assim não deveriam acontecer para pessoas como você.

Uma lágrima escorreu pelo rosto sardento de Megan e Julie a limpou com a delicadeza que lhe era característica.

– Coisas ruins acontecem. – Ela disse, simples assim.

Todd jamais se esqueceria daquelas palavras. Mas não deveria acontecer com você, ele teve vontade de dizer. Mas não disse. Apenas ficou lá, observando as duas se despedirem. Megan desceu da cama, limpando o rosto molhado, e Julie virou-se para ele, estendendo os braços em sua direção.

Todd a abraçou com força, tendo cuidado para não machuca-la. Ele respirou seu perfume e sentiu a textura de seu cabelo, aproveitando apenas a existência de Julie.

Quando ela o soltou, ele e Megan saíram, acenando e dizendo tchau. Os dois estavam bastante satisfeitos. No caminho do quarto de Julie até o carro, Todd pegou a mão de Megan e ela deixou seus dedos descansarem entre os deles. Ambos tinham sorrisos nos rostos e estavam em paz.

No dia seguinte, Julie morreu.


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