Todd, Megan e Julie estavam brincando no quintal quando ouviram o grito estridente de Joan Hunt. Logo em seguida, o nome de Megan foi gritado a plenos pulmões. Os três correram para a cozinha da casa de Megan, deparando-se com a mãe dela parada em frente ao congelador da geladeira aberto, olhando lá para dentro como se fosse desmaiar ou vomitar, o que viesse primeiro.

Logo após a chegada das crianças, o pai de Megan também apareceu na porta da cozinha.

– O que houve? – Ele perguntou preocupado.

Joan tirou uma de suas vasilhas de dentro do congelador e estendeu para o marido. David soltou um suspiro e deixou seus olhos caírem na filha. Joan mostrou a vasilha para eles e Todd sentiu seu estômago embrulhar. Tinha um passarinho congelado lá dentro, mas esse não era o problema.

O problema era que a maioria de seus órgãos estava do lado de fora do corpo.

Julie colocou uma mão sobre a boca e, pela falta de reação de Megan, ele soube que ela fizera aquilo.

– O que significa isso? – Joan perguntou, as cores de seu rosto recuperadas e a severidade de volta a sua voz. – Megan?

Megan tinha um problema e tanto em mãos. Sua mãe estava furiosa. Todd, aparentemente, não fora o único a perceber isso, pois logo David pulou ao seu socorro.

– Megan, leve seus amiguinhos para o seu quarto.

Ela assentiu, sem dizer nada. Começou a caminhar em direção ao seu quarto e Todd e Julie a seguiram. Todd estava pronto para pular os degraus, mas Megan parou, encostou-se a parede como uma ninja e ficou escutando a conversa dos pais. Julie a imitou e Todd acabou fazendo o mesmo.

– Isso é tão nojento. – Eles escutaram a mãe dela exclamar, ouvindo o barulho da lixeira se fechando. – Qual o problema dela, David?

Todd fitou seus olhos azuis em Megan e viu enquanto a mágoa passava rapidamente pelos olhos de sua amiga.

– Ela não tem nenhum problema. – A voz de David ressoou. – Ela tem curiosidades...

– Pra saber como um bicho é por dentro? A gente nem sabe se o pássaro já estava morto quando ela o achou.

David soltou um barulho irritado.

– Joan, ela não faria isso.

– Não mesmo?

Suas vozes estavam ficando alteradas.

– Claro que não. Ela é uma pequena médica. Quer saber como as coisas funcionam.

– Que bom que você tem certeza. Porque, sinceramente, eu não tenho certeza se eu estou criando uma médica ou um serial killer.

Megan esticou sua cabeça para enxergar a cozinha quando sua mãe continuou falando sem parar, Todd e Julie fizeram o mesmo. David pegou seu olhar, sorriu para a filha e piscou um olho para ela.

Megan sorriu, voltou-se para os amigos.

– Vamos.

Ela correu nas pontas dos pés escada a cima. Julie riu e Todd também, enquanto subiam as escadas falando sobre sua amiga louca.