The Sages escrita por Maya


Capítulo 6
06 - Começo


Notas iniciais do capítulo

Hey people, how are you? Aqui está o sexto, o ponto de partida, a linha de largada. Espero que gostem do que vão ler ^^
E boas vindas aos novos leitores! Estarei tentando agradá-los também. Have fun!



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– Faxina? De novo?

Desde que assumiu o controle da casa, Sophie nos manda limpar nossos quartos pelo menos uma vez por mês, assim como nossos pais costumavam fazer. Isso até fazia sentido quando éramos pequenas e fazíamos bagunça enquanto brincávamos, mas agora até Liz já não bagunça tanto assim o quarto dela. No período letivo a gente praticamente só entra nossos quartos para dormir.

Mas Sophie continua insistindo nisso.

– Não custa nada fazer uma limpeza de vez em quando – diz ela.

– De vem em quando? Nós limpamos nossos quartos com tanta frequência que a poeira nem tem tempo de se tocar que saiu do lugar – defende Liz.

Seguro uma risada.

– O que quer dizer que vai ser rápido e que não custa nada. – Sophie dá uma vassoura, um balde com água, um pano e um espanador para cada uma. – Vamos meninas, eu vou fazer a mesma coisa no meu quarto e ainda vou dar uma arrumada no resto da casa. Vocês só vão gastar alguns minutos.

Ah, não pensem que ela fica com a arrumação do resto da casa para nos poupar. Na verdade é porque Sophie tem um quê de perfeccionismo. Uma vez nós três tentamos arrumar a sala juntas, e Sophie ficou o tempo todo dizendo que eu ou Liz tínhamos colocado tal coisa no lugar errado, que estava torto, que tinha que ser colocado mais três centímetros para a direita, esse tipo de coisa. Ela prefere fazer tudo sozinha desde então.

Muito a contragosto, eu e Liz pegamos nossas coisas e subimos para nossos respectivos quartos.

O meu não está tão ruim assim. A última grande bagunça que teve aqui foi a causada por aquele monstrinho intruso, e eu já dei um jeito nisso. O máximo que pode ter aqui, além da cama desarrumada, é um pouco de poeira em cima da cômoda ou algum livro fora da estante.

Mas, bem, lá vou eu. Começo arrumando a cama. Ok. Organizo os livros, mais para matar tempo do que qualquer coisa. Ok. Dou uma varrida no chão. Ok. Por fim, passo um pano e o espanador na cabeceira da cama, na estante e nos outros móveis só para garantir caso Sophie queira dar uma olhada. Deixo a cômoda por último.

Tiro os retratos de cima dela – depois de passar-lhes o pano, claro – para correr o espanador sobre sua superfície. O pano vem em seguida. O passo no meio da parte superior e sigo para a borda. Paro quando vejo uma mancha negra que não tinha notado antes e tento me lembrar de onde ela pode ter surgido.

Passo o pano nela várias vezes, com mais e mais força, o mergulho mais uma vez na água e repito o movimento, e nada acontece. A mancha permanece ali, tão resistente que qualquer um de fora poderia pensar que ela faz parte da pintura da cômoda.

Bem, enfim uma novidade na faxina mensal.

Meu celular toca e largo o pano para pegá-lo. Nem preciso olhar no identificador para saber que é Dustin. Enquanto Chase me liga praticamente toda a noite, Dustin criou o hábito de me ligar durante o dia. Na maior parte das vezes Paco está com ele; parece que ele tem ido com mais frequência à casa do Collins desde aquela vez em que foi lá para se encher de porcarias e ver um filme, uma semana atrás.

– Pode falar.

Hailey! Você não vai acreditar no que aconteceu!

– Vamos ver – respondo.

Certo, segura essa: a Sábia da Terra está chegando!

A Terra. Eu e ela somos as únicas que sempre reencarnam como garotas entre os Sábios. Confesso que estava um pouco ansiosa para ela chegar; estava me sentindo meio desconfortável sendo a única figura feminina entre dois garotos que costumam ser muito... Bem, garotos.

– Como você sabe disso?

Recebi um recado da Mackenzie. Essa é a vantagem de viver só com uma tia que não liga muito para sua vida. Ela nunca me questiona sobre nada – responde Dustin. – Parece que ela vai chegar ao aeroporto com a Terra daqui a uma hora, mais ou menos. Eu e Paco vamos. Você vai, né?

– Bem... Você sabe como as coisas estão por aqui.

Depois do meu estranhamento com Sophie, causado pela brincadeira importuna de Dustin durante o jantar, nós ficamos um dia inteiro sem nos falar direito. No dia seguinte voltamos a nos falar normalmente, ambas concordando mentalmente em deixar aquilo para trás. Porém Sophie não ficou completamente relaxada. Desde aquele dia, sempre que anuncio que vou sair minha irmã faz mais perguntas que o normal e já a vi me vigiando pela janela até eu virar a esquina. É desconfortável. Todas as vezes eu sinto que Sophie perdeu a confiança que tinha em mim. Creio que eu esteja certa.

Você vai ter que sair de casa uma hora ou outra, por vontade própria ou não. E Sophie vai descobrir mais cedo ou mais tarde. Temos que estar lá quando nossa irmã chegar, Hailey.

Suspiro e paro para pensar.

– De onde ela está vindo?

Brasil. América do Sul. Uma longa viagem, uma menina ansiosa para conhecer os novos corpos dos irmãos...

Fecho os olhos e resmungo baixinho. Esse garoto tem o dom de convencer qualquer um a fazer qualquer coisa. Gostaria que começasse a usar isso em, sei lá, alguém que não seja eu.

– Tudo bem, eu dou um jeito. Mas não fique com muitas esperanças, ouviu?

Ótimo! Te vejo no aeroporto!

Ele não ouviu.

. . .

Já se passou meia hora. Eu e minha irmãzinha já declaramos nossas faxinas por encerradas, mas Sophie continua ocupada com a cozinha. Liz está lendo algo na varanda que fica nos fundos da casa, uma vez que Sophie ainda não liberou a sala para o nosso uso, e eu estou aqui, parada no alto da escada, procurando algum jeito de sair de casa sem ser alvo da desconfiança de minha irmã mais velha pela milésima vez.

Estou chegando à conclusão de que não tem muito jeito.

Fico parada aqui até Sophie passar por mim a caminho da sala, onde vai terminar seu trabalho. Ela me vê e para.

– O que deu em você? – Indaga com um sorrisinho no rosto.

Suspiro. Começo a descer os degraus lentamente.

– Bem... Eu recebi uma ligação. Muito importante. E essa pessoa me pediu para encontrá-la em meia hora.

O sorriso de Sophie desapareceu na hora.

– Onde?

– No aeroporto.

– Quem é essa pessoa?

Desvio o olhar.

– Dustin. E Paco.

– Ah... Quem mais? – Minha irmã cruza os braços e me encara. – Vocês estão bem unidos ultimamente, não?

– Claro que estamos. Eles são meus amigos.

– Eu só acho um pouco... Estranho como vocês ficaram amigos tão de pressa.

Meu coração está batendo mais rápido. Droga, Sophie.

– Bem, eu e Dustin nos conhecemos na escola, só que vocês não o conheciam antes. E nós já falamos que Paco é primo dele – defendo-me.

– Quanto a Paco, tudo bem. Mas que Dustin já era seu amigo... Eu não acredito nisso.

– Por que não?

Sophie troca a feição séria e dura por uma mais serena, consoladora. Fico ainda mais nervosa.

– Lembra daquela vez em que Chase veio te buscar para um encontro e você disse que não estava pronta e o mandou esperar na sala? – Ela pergunta, falando lenta e calmamente. Sophie só fala assim quando está prestes a dar uma má notícia.

– Lembro. – É fácil me lembrar desse dia. Foi a única vez em que demorei pra descer para um encontro. – O que tem esse dia?

– Eu fiquei com Chase na sala e nós ficamos conversando. Sobre você. – Ela faz uma pausa. Acho que está que está esperando que eu reaja de alguma forma. Mas eu apenas espero até ela continuar. – Em certo momento, Chase me disse que você não falava muito com as pessoas na escola além dele. Basicamente ele disse que você não tinha amigos.

Como culpá-lo? É a mais pura verdade. Quando se é um Sábio, você tem que fazer uma escolha: ou você faz amizade com humanos e aceita o risco de ver eles sendo destruídos pelos monstros caso não consiga protegê-los – já houve um caso – ou evita isso e sente menos tristeza com sua possível morte. Sei que é um pensamento um tanto frio, mas a experiência faz a gente ver as coisas de outras formas. Eu já tinha assumido esse risco com Chase. Não queria, e ainda não quero, assumi-lo com outro humano.

– Se você não tinha amigos, de onde saiu Dustin? – Pergunta Sophie. Ela está séria de novo.

Não faço a menor ideia de como responder isso. Então só digo a primeira coisa que aparece em minha cabeça:

– Se eu prometer que vou te contar tudo quando chegar em casa, você me deixa sair? É muito importante mesmo.

Tá, não foi uma boa coisa a se dizer. É uma promessa que não posso cumprir, pelo menos não agora. Droga, por que eu simplesmente não prometi que lavaria a louça por um mês?

– Certo – ela concorda, para meu azar. – É uma promessa. Se você não cumpri-la assim que chegar em casa, vou cobrar até que você explique tudo. Agora, corra. O aeroporto não é tão perto daqui.

Ela se afasta. Eu ainda fico paralisada por um tempo, pensando no que acabei de fazer, até me dar conta de que a Terra e a L.C já devem estar chegando de viagem. Abro a porta e me apresso.

. . .

Estou correndo agora. Falta pouco tempo para a hora prevista para a chegada de Terra e Lady Crystal e o já posso ver a silhueta do aeroporto, mas ainda tem um bom caminho até lá.

Meu celular vibra em meu bolso. Desacelero e o pego para atender, novamente sem olhar no identificador.

– Estou quase chegando no aeroporto, Dustin – digo de imediato. – Me dê cinco minutos.

Hailey?

Paro. Não, congelo. Pensei que tinha conseguido esquecer a voz dele, mas está comprovado que não consegui essa façanha.

– Chase?

Estava esperando outra pessoa, não? Bem, não importa. Pelo menos você me atendeu.

Fico muda.

Eu quero te ver, Hailey. Sinto saudades.

– Você não pode – consigo dizer.

Não me venha com esse papo. Você sabe que sei lutar e me defender. Se algum monstro vier para cima de mim, eu o soco até que ele evapore.

– Na última vez que um monstro partiu pra cima de você, quase o fez perder a perna – recordo.

Não conta. Fui pego de surpresa.

– Chase, alguns socos e pontapés não vão adiantar em absolutamente nada. Esses monstros só podem ser detidos por nós, Sábios. Pode fazer o favor de entender isso?

Ele fica em silêncio. Recomeço a andar enquanto isso.

Aeroporto em cinco minutos, certo? Tudo bem.

– O quê? Chase! Não faça isso!

Tenho como resposta apenas o bip-bip do telefone desligado.

Ótimo. Mais um problema. Penso em ligar de volta, mas vejo as horas no celular: tenho realmente cinco minutos. Guardo o aparelho de volta no bolso e corro ainda mais rápido.

. . .

Não preciso procurar muito para encontrar meus irmãos e minha chefa. Lady Crystal está brilhando como sempre. Essa mulher devia tentar conter essa luz porque, caramba, isso não chega nem perto do normal.

No caminho até o portão de desembarque correto, vejo pessoas passando por Mackenzie e não deixando de dar uma segunda olhadinha. Não posso culpá-las. É inevitável.

Terra e L.C estão de costas para mim. A primeira pessoa que me vê é Paco, que cutuca Dustin. Este sorri.

– Mana, tenho certeza de que disse uma hora, e não cinco.

Faço uma careta e mostro a língua para ele. Aí minha chefa e minha irmã também se viram para me ver.

O novo corpo da Terra é de uma garota morena de estatura baixa, de olhos castanhos e cabelos um pouco mais escuros amarrados numa trança caindo em suas costas. Seus olhos são meio puxados; dá a entender que Mackenzie queria que ela tivesse uma suposta origem indígena. E sua aura... É provavelmente a mais gentil que já vinda de um Sábio.

Nem tenho tempo de dar boas vindas. Ela vem correndo para me abraçar.

– É um prazer, irmã. – Ela se afasta e abre um grande sorriso para mim. – Você é Hailey Miller agora, né? Meu novo nome é Michele de Oliveira Carvalho. Engraçado como o nome se encaixa, né? – Michele ri. Aponta para os garotos e sussurra para mim: – O Água e o Fogo caíram em corpos legais. Eles parecem até irmãos. Percebeu como estão unidos nesse século.

– Você nem imagina – digo em tom de confidência. Pisco e ela ri.

– É um prazer enorme revê-la, Hailey – fala Mackenzie. Ela está do mesmo jeito que a vi pela última vez, no hospital. Aliás, ela está assim sempre. – Como tem passado? Já está consertando seu erro?

– Já consertei. Chase está no passado e em segurança.

– Que bom. É ótimo que esteja finalmente assumindo a pose de uma líder.

Ela fica me encarando, com esse sorriso calmo e postura elegante que tanto me deixam nervosa. Parece que L.C pode me dar uma punição a qualquer momento e está só esperando a mínima gafe para fazer isso.

– Agora só falta o Vento – diz Paco. – Tomara que seu corpo de agora seja bem diferente do corpo anterior.

– Eu espero que todos nós sejamos diferentes daquele corpo – fala Dustin. – Para sempre.

É verdade. Nosso irmão Vento cometeu um erro terrível no século XX parece que cada um teve sua cota de erros naquele século. Mas o estranho é que, pensando agora no que ele fez, tenho uma sensação ruim. Um péssimo pressentimento.

Melhor não pensar nisso.

– Pode nos dizer onde ele está? – Pergunto a nossa chefa.

– Vocês saberão em breve. – Mackenzie sorri e pisca para mim. – Agora, como tenho certeza de que vocês são grandinhos o bastante para se virarem, eu vou indo. E Hailey? – Ela faz um gesto para eu me aproximo. Eu o faço e L.C sussurra em meu ouvido: – Espero que esteja certa sobre ter consertado tudo.

Então ela se afasta, ainda com o sorriso no rosto. Estou confusa. Lady Crystal não é do tipo que fala essas coisas assim, só por dizer.

A mulher brilhante cumprimenta a todos nós com um aceno de cabeça e sai andando, se infiltrando na multidão. Em um piscar de olhos ela some. Devia parar com isso também.

– Ufa – Paco suspira. – Ela não devorou meus órgãos. Isso é motivo de comemoração. O que acham de uma pizza?

– Acho que o Fogo ganhou um corpo com lombriga – brinca Dustin.

– Não acham estranho pensar que ela é como nossa mãe? – Diz Michele. – Até porque, ela nos criou.

Sei que ela tem sua razão, mas nunca consegui ver Mackenzie como mãe. Isso porque ela sempre fez questão de se parecer o máximo possível com uma chefa mafiosa. Cometa um erro e morra: esse é o lema que passamos mentalmente quando L.C está por perto. É tão inevitável quanto olhar para ela duas vezes em seu estado brilhante.

– Então, vamos indo? – Propõe o Água. – Estou certo de que Michele precisa guardar suas coisas.

Entendo logo que esse “coisas” significa “espada”.

– E onde você vai ficar? – Pergunto a Terra.

– Na casa de Dustin, por enquanto. – Michele dá de ombros. – Meus pais acham que ganhei uma bolsa para vir pra cá e ficaram super contentes porque não eles não têm dinheiro para pagar um bom colégio pra mim. E nem um apartamento em outro país. Na verdade, eles já ficam apertados para pagar os impostos da casa, em Manaus.

– Ah é, eu também presenciei isso – comenta Paco. – Meus pais adotivos enfrentaram certa dificuldade uma vez e quase perdemos nosso casarão em Barcelona. Sorte que...

– Quieto, senhor “uma das famílias mais ricas de Barcelona” – interrompe Dustin. – Devia ter contado essa história antes me dizer a quantidade de dinheiro que sua família tinha na Espanha.

– Milhares de euros – resmunga Paco. – Tenho mais ou menos dois meses na Terra e devia usar esse tempo aproveitando minha fortuna, mas não. Tive que vir pra América.

– Ei, você gosta da nossa pizza – rebato.

– Mas a pizza veio da Itália – retruca ele. – Quer saber? Essa discussão tá me deixando com fome. Vamos embora daqui.

Ele toma a frente, se encaminhando para a saída. Rindo, nós o acompanhamos.

Quando me viro, esbarro com alguém. Peço desculpas sem ao menos olhar para seu rosto e continuo seguindo grupo. Mas ele me segura e me puxa pelo braço, me assustando. Já estou começo a imaginar que se trata de um desses seqüestradores e meu coração fica a mil. Então, ouço sua voz.

– Espere. Por favor.

É Chase.

Sua voz é ainda mais impactante ao vivo, e olhar para seu rosto agora é muito difícil. Sabia que estava falando sério quando disse que viria até aqui, mas tinha esperanças de que não conseguisse me encontrar. Só que eu tinha esquecido que ele tem carro e que não precisa ficar correndo até os lugares.

Chase não está mais com as muletas, mas vejo que manqueja um pouco quando se aproxima mais de mim. Se aproxima demais, na verdade. Chase continua segurando meu braço e instintivamente inclina mais o seu rosto de maneira que nossos narizes quase se tocam. Olhamos bem para os olhos um do outro. Uma parte de mim diz que eu devia empurrá-lo agora mesmo e mandá-lo embora, enquanto outra parte – uma parte muito mais humana – deseja que ele chegue mais perto. Que tudo seja como antes.

Ouço passos se aproximando de nós e sei, pelas auras, que são os outros Sábios. Um deles, certamente Dustin, coloca a mão em meu ombro e me puxa enquanto a outra mão solta meu braço da mão de Chase.

– Saia daqui, Chase – Dustin dispara. – Você sabe o suficiente para que eu não precise ficar dando explicações.

– E pra saber que o que você quase fez aí é bem arriscado – aponta Paco. Presumo que Dustin já tenha lhe contado tudo.

– Quem é ele? – Pergunta Michele.

– Só o cara que fez nossa irmã quebrar a Segunda Regra. – Dustin me solta, mas se põe entre mim e Chase.

– A culpa não foi só dele – o defendo sem pensar.

– Eu sei. Mas ele bem que poderia facilitar as coisas se desse o fora logo.

– Não vou fazer isso – retruca meu ex-namorado. – Eu amo a Hailey. Me deixe pelo menos conversar com ela!

– Chase, por favor – peço de novo. – Eu só estou fazendo isso porque quero te proteger.

– Só por isso? Então não se afastou porque me esqueceu. – Chase empurra Dustin para o lado para chegar até mim. – Diga, Hailey. Diga que ainda me ama.

Olho bem nos olhos dele para dizer a coisa mais difícil que já tive que dizer nos últimos tempos:

– Eu não te amo.

– Eu não acredito em você.

– Acreditando ou não – intervém Paco –, acho melhor sair de perto dela.

Chase olha para ele.

– Não vou receber ordens de um baixinho de sete anos.

– Tenho oito! E você ficaria bem surpreso com o que eu posso fazer nesse rostinho bonito.

– Paco, não. Esse não é nosso propósito – Michele fala.

Penso em dizer algo, mas nesse momento meu celular toca. Reconheço o número de Sophie na tela e me afasto para atendê-la.

– Oi.

Hailey... – A ligação está horrível. A voz de Sophie desaparece e volta do nada continuamente. Só isso já me deixa preocupada. –... Volte... Seu quarto... Estranho... Escura... Ah!

A ligação cai e escuto bip-bip mais aterrorizante da história.

Várias imagens desagradáveis do que pode estar acontecendo lá em casa passam num turbilhão pela minha cabeça.

O monstro que invadiu meu quarto. A mancha escura na cômoda. Como não pensei nisso antes?

Guardo o celular no bolso e me viro para meus irmãos e meu ex. Todos me observam cautelosamente e permanecem mudos até Chase perguntar:

– Está tudo bem?

Olho para ele e logo me volto para os outros Sábios. Caminho até eles.

– Água, Terra, Fogo, preciso que vocês achem um jeito de contatar a L.C e pedir que ela traga o Vento imediatamente. Sabemos que ela pode fazer isso num piscar de olhos e ainda deixar um bilhete de despedida. – Me viro para Chase. – E também preciso que você me dê uma carona até minha casa.

– Pelo amor de L.C, Luz, o que houve? – Pergunta um preocupado Dustin.

– O que acontece em todos os séculos – respondo.

Ele arregala os olhos, compreendendo, e faz um gesto para os outros dois irem com ele. Enquanto os três correm para algum lugar no aeroporto, aceno para Chase e nós nos apressamos para chegar ao seu carro.

. . .

Nem precisamos chegar perto de minha casa para entender o que está acontecendo.

Bem no ponto onde deveria estar a casa dos Millers, só o que se pode ver é uma coisa escura mais alta que as diversas casas do bairro. Peço para Chase acelerar e ele assim o faz. Cada pedaço de meu corpo está agitado. Se isso não fosse me atrasar mais ainda, juro que me jogaria desse carro agora e correria até, tamanho é meu desespero. Mas não posso fazer isso. Tenho que esperar e confiar que Chase vai conseguir chegar lá antes que o pior aconteça. Nesse momento, um pensamento se sobrepõe aos demais:

“Começou”.


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Notas finais do capítulo

É isso galera. Sinto muito por terminar o capítulo assim (mentira HAHA. Não, brincadeira povo). Estou bem empolgada quanto ao próximo, mas também quero saber o que acharam desse. Então novamente peço para deixarem seus comentários e para que digam o que gostaram, o que não gostaram, o que pode ser melhorado, alguma crítica construtiva... Coisas que deixam autores sorridentes. Ok? Ok! See you guys later!