3.

Tinha sido um dia cansativo.

A maga carregava grandes sacolas pesadas com suas mãos. Hoje era dia de gastar o seu precioso dinheiro que ganhara no último trabalho. Comprou comida — já que um certo cara de cabelo rosa e seu gato viviam em sua casa, esvaziando sua dispensa —, algumas roupas e, também, pagou o aluguel do mês. Pelo menos, tivera companhia durante todo esse dia chato. Lisanna tinha se oferecido para a ajuda-la nas compras e Lucy quase chorou de felicidade.

Admitia que, ao invés de ter caminhado o dia inteiro por Magnólia, o que realmente queria era sair para trabalhar com Natsu. Seria mais divertido. Talvez ele até tivesse ido sem ela para alguma missão na cidade mais próxima.

Resmungou.

“Malditos trabalhos de casa”.

Estava do lado de fora do prédio, e tentava abrir a porta com dificuldade — ninguém é educado o suficiente para ao menos abrir a maldita porta —, olhou para cima, e notou que sua janela estava aberta.

Será que...?

Entrou e, com dificuldade, subiu as escadas. Usou sua chave para abrir a porta de seu apartamento, todavia, escutou vozes. Jogou suas sacolas no chão e sentiu o cheiro de algo queimando. Com sutileza, andou até sua cozinha.

— Natsu, acho que isso não está certo. — O gato sobrevoava o cômodo, com a pata em seu queixo.

— Tem certeza? Acho que está perfeito! — O mago respondeu, animado.

— Wendy falou que a massa ficaria branca, e... — pausou. — Bem, está preto.

Ficaram em silêncio por alguns instantes.

— Não podemos dizer que é de chocolate?

— Boa ideia!

A loira arregalou seus olhos e gritou:

— Vocês querem se matar?!

Os dois olharam para trás e viram Lucy pouco próxima deles. Sorriram e estenderam algo que deveria ser um bolo para ela.

— Feliz aniversário! — Gritaram. O dragon slayer deixou o doce sobre a mesa e correu para abraçar sua parceira.

Ela ainda tentava processar o que estava acontecendo. Eles tinham realmente se lembrado de seu aniversário — mesmo que fosse dia primeiro de Julho, não dia dois. Respirou fundo, sentindo o cheiro de seu melhor amigo, que, aliás, era muito melhor que o bolo queimado. Natsu inalava coisas boas, calor, era como um dia de verão. Retribuiu o abraço, e riu com a expressão maliciosa estampada no rosto de Happy.

Se separou do rosado e beijou-lhe na bochecha. Viu o rosto dele se avermelhar, mesmo que pouco. Em seguida, ele sorriu.

— Obrigada, Natsu — agradeceu, melancólica. Uma voz fina, ao fundo, gritou: “E Happy!”. Todos riram.

Lucy tinha, definitivamente, os melhores aniversários. E agradecia eternamente por isso.