Sentado em frente ao seu computador, Sebastian pensava nos recentes acontecimentos. Não conseguia de forma alguma se concentrar no trabalho de Filosofia que deveria estar fazendo. Só de visualizar em sua mente a imagem de Liz indo até Gwen e a beijando na frente de todos, ficava super irritado e aborrecido. Se recusava a aceitar que aquela vadiazinha manipuladora e egoísta o tinha vencido mais uma vez. Aquele deveria ser o plano perfeito! Droga, depois daquele súbito ato de coragem, precisaria se esforçar muito mais para separá-las...

(...)

– Não, é sério... A Liz acaba de ganhar uns mil pontos comigo. – Comentou Frannie, com um sorriso satisfeito.

– Acho que eu a odeio menos agora. – Brincou Isaac. Na verdade, já fazia um tempo considerável que sua antipatia pela loira havia passado. – Já o Sebastian, deve estar odiando bem mais... Ele até foi embora mais cedo...

– Tomara que tenha sido atropelado no caminho... – Resmungou Noah, irritado.

– Que horror, Noah! – Frannie arregalou os olhos.

– Ah, qual é... Ele é um completo babaca! – O running back defendeu-se. – Eu já não ia com a cara dele antes, mas depois dessa história das fotos...

– Fotos? – Matt franziu o cenho.

– Do que você está falando? – Terry também não entendeu.

Estavam os cinco no estacionamento de Roosevelt, conversando antes de irem para casa. Definitivamente, o beijo seria o assunto principal naquele colégio por várias semanas. Até mesmo eles, que já sabiam sobre o namoro das duas garotas, se surpreenderam com a atitude de Liz.

Noah tinha se esquecido que era o único ali que sabia sobre o “planinho” de Sebastian. Aliás, só sabia porque ele e Jennifer se esconderam debaixo das arquibancadas para ouvir a conversa entre Gwen e Liz. E sim, estavam plenamente cientes do quão intrometidos isso os fazia parecer...

– Ele ameaçou a Harrison. – Decidiu informar, afinal, aquilo não era nada que exigisse algum tipo de sigilo. – Ele tirou algumas fotos das duas se beijando e usou isso para ameaçá-la, dizendo que ia mostrar para os pais dela e para todos daqui do colégio se ela não terminasse com a Gwendy.

– Você está falando sério? – Matthew foi o que pareceu ficar mais surpreso e descrente. Justificável, considerando que era amigo de infância de Sebastian.

Noah simplesmente assentiu.

– Isso não me surpreende muito... – Admitiu Isaac.

– É, ele tem andado mesmo meio pirado nos últimos meses... – Concordou Terry. – Só que acho que dessa vez ele ultrapassou todos os limites...

– Ainda bem que a Liz não fez a escolha errada... – Disse Frannie, aliviada. A última coisa no mundo que queria era ver Gwen triste e se a loira cedesse às chantagens do mais alto, com certeza ela ficaria arrasada. Embora nunca tivesse chegado a ouvir da boca da amiga, podia ver pela forma como ela olhava para a namorada o quão apaixonada estava.

– Ainda bem mesmo! – Noah abriu um pequeno sorriso. – Porque eu não responderia por mim se ela magoasse a Gwendy. – Cruzou os braços, com uma expressão de “melhor amigo protetor”.

(...)

– Acho que, pela primeira vez, o Sebastian fez algo que preste. – Afirmou Liz, surpreendentemente contente. – Graças ao planinho dele, agora eu não vou nunca mais precisar ter medo de demonstrar o quanto você significa para mim só por estarmos em público...

Um sorriso suave brotou nos lábios de Gwen e logo suas mãos seguraram o rosto da namorada, para então se aproximar e beijá-la suave e delicadamente. Mas assim que Liz assumiu o controle da situação, o beijo mudou para quente e apaixonado. Deitaram-se na cama da baixinha, a loira ficando – como sempre – por cima.

Mas para a infelicidade das duas, antes que alguma deles pudesse tentar avançar um pouco as coisas, já foram interrompidas pela voz de Martha berrando:

– Meninas, o almoço está pronto!

Separam-se a contragosto.

(...)

Por estranho que pudesse parecer, Becky estava se sentindo mal pela decisão de Liz. Não que quisesse que a melhor amiga escolhesse terminar com Gwen, mas... Se sentia uma idiota por nunca ter tido a mesma coragem. Talvez, se tivesse deixado seus medos de lado, Britt não estivesse com Claire e ela não estaria correndo desesperadamente atrás de alguém que pudesse ajudar a superá-la.

Covarde. Sim, essa palavra definia como se sentia naquele dia. Seus pais não eram, nem de longe, tão homofóbicos quanto Jonathan Harrison. No fundo sabia, que eles a aceitariam. O que tinha medo realmente era do que os outros diriam... Sentia vergonha de si mesma...

Não mais.

Ela estava cansada de ter medo. Cansada de se importar tanto com o que pessoas que nem eram seus amigos achariam dela. Não esperaria encontrar alguém. Se assumiria no colégio no dia seguinte. Era um bom momento, afinal a garota mais popular tinha acabado de fazer isso...