School Days escrita por Isa


Capítulo 51
Capítulo 51: Conversa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/626197/chapter/51

– Por que perde seu tempo assistindo isso? - Perguntou Sebastian, sentando-se ao lado de Susan nas arquibancadas.

– Eu gosto de vê-las jogando. - A ruiva deu de ombros. - E é divertido ver como Cindy não serve para me substituir como capitã.

– Não é a coisa mais egocêntrica que você já disse, mas com certeza é uma delas. - A viu revirar os olhos de sua tentativa de piada. - Bem, o que quero dizer é: você ama jogar, todo mundo sabe disso. Agora não pode, por causa da sua... Situação... E mesmo assim, aqui está você, se torturando. Por quê?

– Me torturando? - Sequer desviou os olhos da partida. - Olha, eu não sei ao certo qual é o seu conceito de tortura, mas eu gosto do esporte e simplesmente estou assistindo minhas colegas jogarem. Não é nada com um significado grandioso ou minimamente deprimente.

– Você quem sabe. Só estou cumprindo o que prometi ao seu... Namorado? - Juntou as sobrancelhas, obviamente confuso. - Vocês são um casal de verdade ou...?

– Às vezes parece que sim, às vezes parece que não. - Respondeu, vagamente. Sebastian não tinha absolutamente nada haver com seu relacionamento com Caleb. - E eu não preciso de uma babá. Ele deveria saber disso.

– Não estou sendo sua "babá". - Fez aspas com os dedos, mesmo que ela não olhasse em sua direção. - Estou garantindo que não faça nenhuma bobagem. Voltar ao time, por exemplo.

– Voltar ao time? - Realmente tentou se segurar, mas não conseguiu conter sua risada. - Acha mesmo que eu tenha sequer cogitado a possibilidade de voltar ao time estando grávida?

– Bom... Sim, mas...

– Sério, Sebastian? Você acha que eu sou idiota ou só é burro mesmo? - Bufou, sem acreditar que tinha realmente ouvido algo do tipo.

Sabia que o ex não era exatamente a pessoa mais inteligente do planeta - apenas quando o assunto envolvia cinema e quadrinhos - mas para ela aquilo simplesmente ultrapassava qualquer limite de falta de noção.

(...)

Existiam certas vantagens de se estar no time de futebol em Roosevelt. Junto das líderes de torcida os jogadores praticamente comandavam aquele lugar. Estavam no topo da "cadeia alimentar" do colégio. Mas Matt nunca havia se importado muito com aquilo. Talvez justamente por ser assim, as pessoas não pensavam duas vezes antes de provocar Josh. No entanto, em seu primeiro dia no time Rony se mostrou o exato oposto do irmão do namorado.

Cooper - um dos jogadores da defesa - havia se mostrado um grande babaca.

"O vestiário feminino fica aqui do lado", foram as palavras de Coop. E como quase todos eram imbecis, a maior parte do time começou a rir da cara dele e chamá-lo de "garotinha". Isso irritou o loiro profundamente e ele acabou partindo para cima do colega.

Cooper acabou se saindo melhor na "briga" e Matt precisou intervir para que Rony não acabasse machucado.

E lá estava ele, levando uma bronca do namorado por causa disso.

– ... e além disso, você já deveria estar acostumado com a ideia de que nem todas as pessoas aceitam o fato de sermos gays. - Finalizou o rapaz, enquanto olhava bem para o rosto dele. - Isso vai ficar roxo por um tempo. - Avisou.

– Eu sei disso. Eu só me irritei na hora. - Abriu o armário, tirando os livros que precisaria para a aula de Biologia e guardando o de História. - Acho que porque achei que as coisas tinham melhorado depois que a Brittney se assumiu lésbica.

– Achei que fosse bissexual. - Disse. - Bom, não faz diferença. A questão é: não pode ficar se metendo em brigas toda vez que alguém te ofender. Como se já não bastasse o Matt ter feito isso no começo do ano... - Fez uma pausa. - Agora, sério que "garotinha" foi o suficiente para te tirar do sério? Já me jogaram em uma caçamba!

– Mesmo? - Arregalou os olhos verdes, surpreso. - Estou me sentindo ainda mais imbecil agora. - Suspirou profundamente. - A pior parte vai ser esse olho roxo... - Apontou para o próprio rosto. - Devo estar ridículo desse jeito... - Usou a câmera frontal do celular para conferir. - É, eu estou ridículo.

– Ah, não está tão ruim. - Afirmou Josh, fazendo Rony lançar-lhe um olhar que dizia "aham, sei".

(...)

Becky caminhava distraidamente pelos corredores, mexendo em seu celular. Quando finalmente chegou ao seu armário, se deparou com Brittney a esperando.

– Podemos conversar? - Inquiriu a loira, parecendo preocupada.

– Claro, agora você quer conversar. - Respondeu, ríspida.

– Becky, não começa com isso. - Pediu. - Sei que está chateada, mas...

– Oh, eu não estou só chateada. - Interrompeu. - Estou com raiva de você, estou com raiva de mim mesma por não ser boa o bastante e estou com raiva da sua namoradinha ruiva por conseguir fazer isso.

– Becky, por favor... - Olhou-a suplicante. - Não quero que fique com raiva de mim por ter escolhido a Claire. Eu já disse, quero que sejamos amigas apesar de tudo.

– Amigas? - Riu irônica. - Eu nunca quis ser só sua amiga, Britt. Nem por um segundo. Eu amo você e esse sentimento não vai mudar se eu não me afastar.

– Certo... - Cruzou os braços. - Mas antes... Que tal me contar por que aceitou sair com James Hawthorne?

– Ciúmes? - Ergueu uma sobrancelha.

– Decepção, na verdade. - Corrigiu. - Quando foi até a minha casa naquele dia, você disse que estava disposta a sair do armário por mim. E agora, decide sair com um garoto? Sabe que nunca vai conseguir seguir em frente desse jeito...

– Talvez eu seja bissexual. - Mentiu, antes de sair dali sem nem mesmo pegar seu livro de Química.

(...)

– Oh meu Deus! - Gwen levou a mão ao coração, se assustando.

– Desculpa, não queria te assustar. - Disse Liz, o mais calma que conseguiu. - É só que... Deveríamos conversar, e bem, já estamos no quarto horário e você não me procurou, então...

– Eu não estava te evitando dessa vez, eu juro. É só que precisava de um tempo para pensar sobre o que aconteceu. - Explicou-se.

– Não, tudo bem. - Abriu um pequeno sorriso. - Só que... Precisamos mesmo conversar sobre isso, você sabe não é?

– Sim, eu sei. - Confirmou. - Mas acho que você não vai querer ter essa conversa no meio do corredor, estou certa? - A loira assentiu. - Vem. - Pegou na mão dela e a guiou até uma portinha perto de onde ficava a diretoria.

– Armário do zelador, que criativo. - Brincou Liz, assim que entraram.

– Então... - Fechou a porta. - Não tenho ideia de como começar essa conversa.

– Eu também não. - Afirmou, suspirando.

Um silêncio desconfortável emanou entre elas por alguns minutos, até que Gwen decidiu quebrá-lo:

– Por que você me beijou?

Liz franziu o cenho, em uma mistura de surpresa e confusão.

– Não é óbvio?

– Na verdade não. - Encostou-se à parede, perto de um balde e algumas vassouras. - Se fosse outra garota, talvez. Mas você é Liz Harrison. A pessoa mais hétero que eu conheço.

– Bom... Eu definitivamente não sou hétero. - Riu. - Não sei ao certo se sou bissexual ou lésbica, mas... Eu... - Parou de falar por um instante. "Talvez não seja o melhor momento..." Pensou, no entanto, conseguiu reunir coragem para terminar aquilo. - Eu gosto de você.

Gwen arregalou os olhos. Sim, tinha considerado aquilo após o beijo, mas apenas em uma versão utópica das coisas, nunca como uma possibilidade real. Por quê? Bem, porque era bem mais provável que Liz estivesse curiosa sobre como seria beijar outra garota do que interessada nela.

Mas ainda sim, mesmo ouvindo as palavras, não conseguia acreditar naquilo. Em que universo a garota mais bonita e popular de Roosevelt, que também havia crescido em um ambiente familiar fervorosamente cristão e tido dois namorados quarterbacks se interessaria por ela? Não que ela se achasse feia, longe disso, gostava da própria aparência, mas Liz costumava usá-lo como seu "alvo" predileto. As ofensas, os apelidos... Tudo dava a entender que a opnião da loira sobre ela era bastante... Negativa. E bem, mesmo que tivessem se tornado meio amigas nos últimos meses, continuava sendo estranho.

Entretanto, ao mesmo tempo que parecia estranhamente confusa, a notícia a deixava... Feliz? Sim, essa era a palavra. Feliz.

Verdade seja dita, tinha uma queda pela ex "rival". Desde sempre. Ninguém que gostasse de garotas conseguiria não sentir algo pela líder de torcida. Mesmo que fosse apenas atração, como no caso de Noah e sua mente pervertida.

Só que esse não era exatamente o caso de Gwen. Diferente do melhor amigo, seus sentimentos iam um pouco além daquilo. Não, não era amor, tinha certeza. Mas sentia alguma coisa. A palavra usada por Liz era a que melhor se encaixava. "Gostar".

– Gwen? - Ouvir seu nome a tirou de seus pensamentos. Só então se lembrou que precisava responder alguma coisa. - Esse seu silêncio está começando a me assustar...

– Eu gosto de você também. - Disse em um fôlego só, olhando para o outro lado e corando levemente.

Liz sorriu largamente, se aproximando da baixinha e a puxando repentinamente para um beijo. Gwen correspondem sem precisar pensar duas vezes. Os lábios da loira se movimentavam sobre os seus e ela acompanhava os movimentos. As duas queriam aproveitar cada segundo daquele momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "School Days" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.