– Ela não é minha namorada. - Corrigiu Gwen, interrompendo o monólogo do pai.

Entretanto, isso apenas piorou a situação. O homem cruzou os braços, estreitou os olhos e perguntou:

– Então quer dizer que a senhorita anda beijando qualquer um por aí?

– O quê? Não! - Aumentou um pouco o tom de voz, mas logo se recompôs. - Eu conheço ela há dois anos pai, não é como se fosse uma desconhecida. - Revirou os olhos.

– Não importa. Você vai chamar essa garota aqui e terei uma conversinha com ela. - Declarou, fazendo-a arregalar os olhos.

– Você não pode estar falando sério... - Disse, massageando as têmporas e recebendo do pai um olhar de "pareço estar brincando?".

Ouviram então uma risadinha discreta. Gwen olhou para trás e viu sua mãe, Martha, descendo as escadas.

– Pegue leve com ela, John. - Pediu, abrindo um sorriso discreto enquanto se aproximava do marido. - Gwen não é mais uma criança.

– Isso não justifica. - Ele obviamente ainda estava irritado.

– Talvez não, mas nada idade dela fazíamos coisas bem piores. - Lembrou, rindo baixinho, se lembrando de algumas situação constrangedoras. - Quer que eu conte sobre nosso baile de formatura? - Arqueou uma sobrancelha.

– Pode subir Gwen. - Disse, bufando.

Um sorriso satisfeito surgiu nos lábios da mulher e a garota subiu as escadas correndo, agradecendo mentalmente pela mãe estar em casa. Caso contrário, provavelmente acabaria tendo mesmo que trazer Liz no dia seguinte, para a tal "conversinha" que seu pai queria ter.

Chegando no quarto, a primeira coisa que fez foi pegar seu celular e discar o número do melhor amigo.

– Alô? - Ouviu Noah dizer, após alguns segundos de espera.

– Ela me beijou! - Foi logo contando. - Na saída da escola, ela me ofereceu uma carona e para tirar a ideia de que eu a estava evitando, eu decidi aceitar... Começamos a conversar sobre isso e ela não pareceu acreditar em nenhuma das minhas desculpas. Então o assunto mudou para o quase beijo e não tive muitas opções além de admitir que tentei sim beijá-la e que faria isso se o celular dela não tivesse tocado. Adivinha o que ela me disse?

– Não faço ideia.

– "Sabe... Meu celular está desligado agora." - Repetiu, em uma tentando inutilmente imitar a voz da loira. - Eu perguntei se ela estava brincando... - Decidiu ocultar a parte de ter gaguejado, para soar menos patética. - ... E ela me beijou! Noah, foi incrível. Durou pouco, mas foi incrível.

– Como assim durou pouco? - Questionou.

– Meu pai chegou e nos viu... - Disse essa última parte em meio a um suspiro.

Novamente, Noah gargalhou. Dessa vez, ainda mais alto que antes.

(...)

Sebastian simplesmente não conseguia acreditar que estava mesmo ouvindo aquilo dos amigos. Em que universo alguém pode ter tanta certeza de que duas pessoas vão ficar juntas, ao ponto de apostarem em quanto tempo iria levar? Pelo amor de Deus! Era de Gwen e Liz que eles falavam! Como é que conseguiam ser malucos o bastante para achar que algo podia acontecer entre as duas?

– Isso é ridículo! - Debochou, rindo. - Não acredito que estão mesmo levando isso a sério.

– Você só diz isso porque é apaixonadinho pela Gwendy. - Afirmou Frannie, revirando os olhos.

– Não, eu digo isso porque sou realista. - Retrucou. - Há uns dois meses atrás, as duas praticamente se odiavam e agora, nem amigas amigas mesmo elas são. E a Harrison é hétero.

– Tão hétero quanto Rony e eu. - Satirizou Josh.

– O Noah tem evidências bastante convincentes mesmo. - Matt concordou.

– Vocês são muito idiotas. - Revirou os olhos.

(...)

"Ocupada?" - J

Rebecca pensou seriamente em não responder a mensagem de James, mas infelizmente ele havia enviado pelo Whatsapp e perceberia caso ela decidisse ignorá-lo. E bem, se estava mesmo disposta a sair com aquele garoto precisaria se esforçar para ser menos... Ela.

"Um pouco. Por quê?" - R

"Bom, eu vou sair com alguns amigos e queria te chamar para ir junto. Mas se está ocupada, tudo bem." - J

"Minhas notas não estão muito boas, preciso estudar. Por isso só vou poder sair no sábado mesmo, com combinamos." - R

"Sem problemas." - J

"Mas em quais matérias está tendo dificuldade? Posso te ajudar se quiser." - J

"Álgebra II e Filosofia." - R

"Não precisa. Liz já tem me ajudado." - R

"Você quem sabe." - J

"Bom, vou te deixar estudar agora." - J

"Te vejo amanhã." - J

"Até amanhã." - R

É... Até que não havia sido muito grossa.

(...)

– O pai dela? Meu Deus... - Brittney arregalou os olhos. - O que ele disse?

– Eu fui embora antes dele sequer pensar em me chamar. - Liz respondeu, se jogando na cama da amiga e em seguida suspirando longamente. - Sério, por que toda vez alguém precisa interromper?

– Pelo menos dessa vez vocês se beijaram. - Sorriu.

Liz suspirou outra vez e sorriu ao lembrar do momento.

– É... E foi muito bom...

– Foi bom tipo "eu poderia ficar fazendo isso por horas"? - Olhou para a amiga com extrema curiosidade.

– Sim. - Respondeu prontamente. - Com certeza... Definitivamente! - Continuou, sem pensar muito antes de falar. - Eu queria mesmo que não tivesse sido tão rápido...

Cada vez mais começava a se parecer com aquelas garotas do primeiro ano, apaixonadas pela primeira vez. Se sentia extraordinária patética, contuto, por incrível que pudesse parecer, não estava se importando muito com isso.

– A Becky está com raiva, não é? - Indagou Britt, de repente.

– Triste, na verdade. - Foi franca. - Acho que agora quem precisa de um tempo é ela.

– Eu não queria magoá-la. - Jurou, sentindo-se culpada. - Será que fui muito dura?

– Você está com outra pessoa, ela precisaria entender em algum momento. - Desviou o olhar para o pequeno quadro sobre a penteadeira. Na foto estavam Becky e Britt, abraçadas. "Claire não se importa?" foi uma das perguntas que pensou em fazer, mas decidiu que seria melhor não falar nada. - Mas ela só não veio aqui hoje porque precisava estudar. - Esclareceu.