School Days escrita por Isa


Capítulo 39
Capítulo 39: Volta às aulas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/626197/chapter/39

2 semanas depois:

– ... e também precisamos pegar o Rony, porque a moto está quebrada. - Explicava Josh, falando um pouco rápido. Estava animado com a volta às aulas, principalmente porque no dia anterior o namorado havia dito que não tinha a menor intenção de ficar no armário em Roosevelt e esconder o relacionamento.

– Certo, mas você dirige. - Respondeu o irmão. - O trânsito perto da casa dele deve estar péssimo uma hora dessas e estou meio ansioso demais hoje.

– Sem problemas. - Concordou. - Mas posso saber o motivo da sua ansiedade?

– Hoje... Eu vou chamar a Fran para sair... Não como sempre fazemos, mas como um encontro. - Sorriu.

– Mesmo? - Uma expressão de desconfiança surgiu no rosto de Joshua. - Porque você diz isso quase todos os dias e sempre acaba travando.

– Ei! - Exclamou. - Você é meu irmão, deveria me incentivar e não me deixar ainda mais nervoso...

– Foi mal! - Ergueu as mãos. - Mas precisa mesmo trabalhar sua timidez...

– Não sou tímido. - Discordou, enquanto vestia sua jaqueta dos WildTigers e observava o irmão chegar algo no celular. - A Liz foi minha única namorada e ela é completamente diferente da Fran... Fico sem saber o que dizer e fazer... É confuso!

– Não se preocupe, Mattie. Ela gosta de você também, eu já disse. - Colocou as mãos sobre os ombros do quarterback. - É só ser você.

(...)

Buzinou novamente, mesmo sabendo que não adiantaria de nada. Becky dormindo era como uma pedra. Pegou o telefone outra vez. Discou o número da melhor amiga e esperou pacientemente - ou quase - ser atendida.

– Hey, Lizzie... Que horas são? - A voz do outro lado da linha era sonolenta. Sim, definitivamente tinha acabado de acordá-la.

– 6h45. Temos exatos quinze minutos para chegarmos a tempo para a primeira aula. Levanta!

– Liz Harrison, por que você tem sempre que ser tão irritante com essa chatice de pontualidade?

– Eu preciso mesmo te lembrar que foi a senhorita que bateu o próprio e ficou sem transporte, e eu sou a alma caridosa que concordou em te dar carona?

– Cinco minutos! - Becky pediu, antes de encerrar a ligação.

Liz passou então a tamborilar impacientemente os dedos no volante. Vendo que com certeza a melhor amiga demoraria mais do que cinco minutos, sua mente viajou. Realmente, seu atual nível de "apaixonamento" a havia feito chegar ao ponto de não conseguir mais se convencer de que não tinha sentimentos por Gwen. Sabia que gostava da baixinha e até que estava lidando bem com aquilo... Ainda não fazia ideia se iria ou não tentar alguma coisa, mas com certeza queria... Ou precisava, já que Sebastian provavelmente acabaria conseguindo em algum momento. Quer dizer, McKean era assustadoramente alto, desajeitado e não conseguia andar por muito tempo sem que sua postura ficasse pateticamente torta, mas também entendia de quadrinhos, cinema, sabia patinar e por alguma razão a presença dele parecia agradar Gwen.

– Liz! - Becky berrou, enquanto batia na janela do carro. - Abre a porra da porta!

– Desculpa, me distraí. - Disse destravando a porta.
Depois de Rebecca entrar no carro, Liz dirigiu a toda velocidade até o colégio.

Não demorou muito para que chegassem. Considerando sua pouca experiência como motorista, não matar ninguém ou bater em algo no processo foi uma grande vantagem. Correu ao ouvir o sinal que indicava o início da primeira aula.

Se perdesse sua frequência perfeita por culpa de Becky, seu humor definitivamente não ficaria nada bom...

(...)

Gwen não sabia ao certo o que tinha acontecido. Não sabia o porquê de estar ali, naquele lugar com aquela pessoa. Aliás, estava chocada demais para saber qualquer coisa. O que diabos significava aquele olhar? E as mãos trêmulas? As palavras desconexas?

– Gwendy, eu... - Os olhos castanhos esverdeados mudaram de foco por um tempo, voltando-se para ela logo em seguida.

Ele engoliu em seco segurando os ombros dela com uma força desnecessária.

"Posso conversar com você a sós?" Ele havia perguntado, após aparecer repentinamente no colégio. "Claro." Ela respondeu. Mas agora, realmente não sabia o que pensar.

– Eu gosto de você! - Ele admitiu tão alto que, se não estivessem sozinhos, seriam o centro das atenções. - E não falo de gostar como amiga, eu... Eu realmente gosto de você.

– Sebastian... - Murmurou, claramente surpresa.

Por essa ela não esperava. Então seus amigos estavam mesmo certos em todas as insinuações e brincadeiras...

– E então? - Piscou algumas vezes, ao sentir seu corpo sendo balançado por ele.

– E-Então? - Gaguejou. Droga, Sebastian era um de seus melhores amigos. Não queria magoá-lo, mas precisava ser honesta. - Seb, eu... Eu não sinto o mesmo, me desculpe.

Sentiu os dedos longos soltarem seus braços.

– Eu... Eu pensei que... - Ele se sentiu um completo idiota. Então toda a intimidade, todos os sinais... Era tudo coisa da cabeça dele. - É melhor eu ir. Nos falamos depois.

Sebastian então deu as costas, rumando em direção às escadas. Gwen decidiu que não seria boa ideia seguí-lo. Precisava processar o que havia acabado de acontecer antes de sair daquele terraço. Por sorte, estavam bem na hora do almoço...

(...)

Chegando no refeitório, Matt viu Frannie sentada na mesa de sempre. Seus amigos ainda não estavam ali, então viu sua oportunidade perfeita. Se sentou ao lado dela.

– Oi Fran.

– Matt... Oi! - Ela então olhou para ele e não pôde deixar de notar sua expressão. - Está tudo bem? Você parece nervoso...

– Como sabe disso? - Se surpreendeu por ela ter percebido.

– Você está coçando a cabeça. Geralmente só faz isso quando está nervoso. - Explicou.

– Você reparou nisso? - Riu. As únicas pessoas que já tinham notado esse "tique" eram seus pais, Josh e Terry.

– Sim, é meio... Fofo. - Deu de ombros.

Matt sorriu e continuou coçando a cabeça, tentando esconder a face rosada. Se sentia tão idiota! Com Liz aquilo havia sido bem mais fácil, porque não eram amigos antes de começar a sair e também, não existia tanto medo de ser rejeitado...

– Eu queria saber se você... Se você gostaria de... - Começou, mas não sabia ao certo o que dizer. - De... Talvez...

Frannie então abriu um lindo sorriso.

– Cinema. Essa sexta às oito da noite.

(...)

Caleb caminhava pelos corredores de Roosevelt, atrasado para o treino do time de futebol. Ou melhor, para assistir o treino, porque continuava fora. Sentia muita falta de jogar, precisava admitir... E com todo aquele estresse da gravidez de Susan e a ideia dela de querer entregar a criança para a adoção, seria ótimo derrubar alguns jogadores.

Quando chegou ao campo, viu uma cena bastante inesperada: Josh Carter beijando Rony Crutcher. Não era algo desrespeitoso, mas ainda sim sentiu um impulso de ir até lá e chamá-los por algum nome ofensivo. Mas logo a voz de Susan apareceu em sua cabeça. "E se nosso filho for gay? Você vai achar que é uma aberração?" Essas exatas palavras se repetiam em sua cabeça toda vez que agia como um idiota. Na verdade, aquela criança que ainda nem tinha nascido estava fazendo dele uma pessoa melhor...

(...)

Terry estava realmente chateada, por mais que tivesse se esforçado para não demonstrar quando Frannie veio lhe pedir "permissão" para sair com Matt na sexta à noite. Claro que não conseguiu ser egoísta o bastante para pedir que ela não o fizesse, até deu certo apoio e afirmou que ficaria bem. O problema, é que não estava nada bem.

Pelo menos, enquanto caminhava pelo shopping e comprava algumas coisas conseguia se distrair, pensar em outras coisas. Fez uma nota mental para agradecer Josh pelo conselho depois. Quer dizer, o objetivo dele ao dizer aquilo não era que ela cabulasse as aulas, mas estava valendo.

Passou em ao parque eletrônico do shopping e voltou alguns passos ao notar uma figura familiar dentro de um fliperama. Ergueu as sobrancelhas. Isaac estava cabulando as aulas para jogar. Não bastava fazer isso durante elas?

Entrou no parque, ouvindo os efeitos sonoros vindo de todas as partes. Seguiu até o amigo. Ele parecia tão concentrado que não notou sua aproximação. Ficou em silêncio observando-o jogar por alguns instantes até se lembrar que, se fosse esperar ele acabar, isso poderia levar muito tempo sem que ele nem a notasse.

– Isaac. - Chamou, colocando uma das mãos em seu ombro.

Ele se assustou, soltou o analógico e virou-se rapidamente.

– Não é nada disso que você está pensan... Terry? - Pareceu aliviado. - Eu pensei que fosse...

– Sua mãe? - Completou, rindo.

– Não, a Frannie. - "Ela se esqueceu que não moramos mais com a mamãe?" Se perguntou.

– Exato, sua mãe. - Brincou e foi a vez dele de rir.

– É, tem razão. - Um pequeno barulho veio da máquina em que ele jogava há pouco e ambos voltaram sua atenção para ela. - Oh, droga! - Reclamou ao ler o "game over" escrito na tela.

– Desculpe...

– Sem problemas. Bom... O que está fazendo aqui?

– Matando aula. - Respondeu o óbvio, fazendo com que ele revirasse os olhos azuis. - Sua irmã, ela vai sair com o Matt na sexta.

– Sinto muito... - Disse ele, mas por alguma razão aquela declaração não lhe pareceu muito sincera.

Isaac se apoiou à máquina à sua frente, depositando uma de suas fichas recém-compradas nela. Era uma máquina de bichinhos, daquelas transparentes e cheias de pelúcias dentro, com um gancho de metal controlável preso no teto da parte interna. Não era a primeira vez que via uma, mas nunca havia conseguido ganhar nada.

Observou-o atentamente enquanto "jogava". Movia o analógico lentamente. O gancho desceu, indo de encontro a uma pelúcia amarela e a agarrando logo em seguida. O bichinho, preso à garra de metal, deslizou até o buraco da máquina, onde foi solto de qualquer jeito. Isaac se abaixou, enfiando a mão na abertura frontal da máquina e tirando de lá o bichinho amarelo com detalhes em preto.

Tinha quase certeza era de algum daqueles desenhos japoneses...

– Aqui, espero que te anime um pouco. - Entregou-lhe a pelúcia. - É um Pikachu.

– Obrigada. - Sorriu.

– Quer ver um filme? - Sugeriu.

– É uma ótima ideia... - Sorriu mais uma vez.

(...)

Gwen caminhava desanimadamente em direção ao próprio armário. Sabia que provavelmente estava com uma expressão muito abatida, ainda se sentia muito mal por ter magoado Sebastian...

Quando o sinal tocou, uma multidão surgiu. Alguns trombavam nela, estavam todos muito apressados.

– Gwen! - Ouviu alguém a chamar. Por conta do barulho que os outros alunos faziam, não reconheceu a voz de imediato, então precisou de virar para ver quem era.

– Liz? - Se surpreendeu um pouco. Ela estaria precisando de algum favor logo no primeiro dia? Porque era o único motivo que conseguia pensar para a loira estar falando com ela dentro do colégio.

– O que aconteceu? - Quis saber a líder de torcida.

Franziu o cenho. Sua chateação estava assim tão evidente?

– Não é nada. - Forçou um sorriso.

– É? - Seu tom era irônico. - Porque você me parece bem chateada.

Por um segundo, Gwen pensou ter visto preocupação no olhar da ex "rival", mas logo descartou a hipótese por ser surreal demais. Mesmo assim, alguma coisa naquela expressão a fez decidir contar. Que mal faria, afinal? Elas eram quase que amigas, não é mesmo?

(...)

Brittney procurava seu livro de História no armário. Tinha certeza de que o havia colocado ali no segundo horário...

Escutou uma voz mais do que conhecida murmurar um "oi". Se virou e viu Becky, parecendo surpreendentemente séria.

– Sinto sua falta. - Confessou a morena, antes de deixar escapar um suspiro triste. - Eu sei que fui uma idiota, sei que agora está namorando aquela Claire e sei que gosta dela, mas... - Olhou para os lados, como se para garantir que ninguém a ouviria. - Eu amo você. Não estou pedindo que termine com aquela garota ou que voltemos a ficar juntas mas... Por favor, não se afaste. A última vez que estivemos no mesmo lugar ao mesmo foi naquele boliche e nós nem nos falamos. Eu não quero que seja assim.

– Eu também sinto sua falta... - Um sorriso pequeno surgiu em seus lábios. Sentia tanta falta de Rebecca. - E você está certa. Eu não vou terminar com a Claire. Gosto muito dela e ela não merece isso. Mas quero minha melhor amiga de volta...

– Acho que posso conviver com a ideia de ser só a melhor amiga. - Sorriu fraco.

Por instinto, Britt envolveu os braços ao redor do pescoço de Becky e a abraçou carinhosamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "School Days" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.