Sebastian estava, no mínimo, aborrecido com a ideia de que Susan escondia algo. Odiava segredos e por mais que ele e a ex namorada não mantivessem uma relação amigável, aquilo o tirava do sério. Qual era afinal o maldito segredo?

O rapaz de 1, 85 tentava se manter discreto ao "espionar" Sue conversando com Caleb Grayson na entrada de Boehner High. A preocupação do ex jogador de Roosevelt era evidente e isso apenas deixava McKean mais curioso.

Quando Susan se despediu de Caleb e este caminhou até o carro, Sebastian fez questão de se virar na direção oposta, com o intuito de disfarçar que estava tentando descobrir o que os dois conversavam.

– Bisbilhotou muito? - Questionou Susan em tom irritado, enquanto passava por ele.

Os olhos castanhos esverdeados se arregalaram. "Como ela percebeu?" Fez uma nota mental para tomar ainda mais cuidado da próxima vez. Queria descobrir o segredo que os dois guardavam, não fazer com que a ex o odiasse ainda mais.

(...)

Josh guiava seu mais novo amigo e colega de classe até o refeitório. Aparentemente, Rony não conhecia quase ninguém naquela escola. O que era estranho, já que normalmente pessoas com boa aparência eram mais do que bem recebidas em Roosevelt.

Ainda estava tentando descobrir a sexualidade do loiro, embora duvidasse que ele pudesse ser gay, considerando que sua longa lista de paixonites era composta, basicamente, por heterossexuais, com Wally e Billy - seu primeiro namorado - sendo as únicas exceções.

– Aqueles são os seus amigos, certo? - Questionou Rony, apontando para uma mesa onde estavam sentados Isaac, Frannie, Gwen, Noah, Rebecca e Brittney.

– A maioria sim... - Confirmou. - As duas líderes de torcida estão mais para... Colegas, ou algo assim.

Continuaram a andar em passos rápidos, até finalmente alcançarem a mesa. Os amigos estavam tão distraídos em suas próprias conversas, que nem notaram a aproximação. Josh quase teve que gritar para fazê-los prestarem atenção.

– Esse é o Rony. - Apresentou. Gwen era a única dos que estavam ali sentados que sabiam da existência do loiro, já que também tinha aulas com a senhorita Pillsbury. - Rony, esses são Isaac, Frannie, Gwen, Noah, Rebecca e Brittney... - Apontava para cada um dos amigos.

– É o seu novo namorado, Josh? - Perguntou Gwen, com o objetivo exclusivo de provocá-lo.

– Não, Gwen. Ele não é. - Revirou os olhos.

Rony sorriu discretamente. Então os boatos que ouvia nos corredores sobre a sexualidade do amigo eram verdadeiros? Isso significava que ele tinha uma chance, afinal.

(...)

Matt estava no terraço, conversando com Frannie sobre as férias, que começariam na próxima semana. Sebastian e Josh já tinham todo um planejamento do que o "grupo" faria durante todo o mês.

O quarterback curvou seu tronco, apoiou os braços no muro de segurança e passou a observar o pátio, atentamente. Frannie seguiu o olhar no rapaz e percebeu que ele olhava para Terry e Isaac conversando, com um sorriso satisfeito no rosto.

– É bom finalmente ver alguém gostando dela. - Comentou. - Toda aquela insegurança me deixa preocupado, às vezes. Eu até tentei ajudá-la nisso, mas ela se recusa a me falar de quem é o cara pelo qual ela está apaixonada...

"Então ele realmente não sabe?" Frannie estava mais do que surpresa. A amiga era sempre tão... Óbvia. "Bom, não serei eu quem vai contar." Decidiu. A última coisa que queria era Terry com raiva dela.

– Minha única preocupação é o Isaac fazer alguma idiotice... - Enunciou, se lembrando do motivo pelo qual o irmão decidiu terminar com Gwen. Um "eu te amo" não respondido. Aquilo sim ela considerava uma decisão estúpida.

– Isaac é esperto, não vai cometer o mesmo erro duas vezes. - Matt deu de ombros, despreocupado.

(...)

– O que vai fazer hoje à tarde? - Questionou Sebastian.

– Hoje à tarde? - Uma expressão pensativa surgiu no rosto de Gwen. A baixinha tentava se lembrar se havia marcado algo com algum dos amigos naquele dia. Não. Nenhum compromisso. - Além de terminar de ler Dom Quixote, nada...

– Sendo assim... - Um sorriso enorme surgiu nos lábios do rapaz. - O que acha de ir na minha casa assistir uma maratona de Star Wars? - Sugeriu.

– Posso chamar o Josh? - Perguntou Gwen, de forma um tanto inocente.

"Droga!" Foi o primeiro pensamento que surgiu na mente de Sebastian. Sua intenção era passar algum tempo sozinho com a garota, já que seus pais não estariam em casa. No fundo, ele sabia que provavelmente nada aconteceria, mas não custava tentar.

Ficou alguns segundos em silêncio, se perguntando o que deveria responder. Se dissesse "sim" todas as suas esperanças seriam arruinadas, mas se dissesse "não", Gwen poderia perceber que ele o que ele queria era uma espécie de "encontro". Acabou optando pela primeira opção.

– É claro! - Forçou um sorriso ainda maior que o anterior. - Você prefere esperá-lo aqui ou ir atrás dele?

– Vou mandar uma mensagem, avisando que hoje ele pega carona com a gente e não com o Matt. - Pegou seu telefone, digitando praticamente as mesmas palavras e enviando para o amigo. Não demorou para que recebesse um "okay" como resposta. - Ele já está vindo...

– Certo... - Colocou as mãos nos bolsos, enquanto tentava encontrar uma forma de ficar sozinho com a baixinha. Talvez se conversasse com Josh... Não, péssima ideia. O amigo era quase tão viciado em Star Wars quanto Gwen. Não aceitaria de forma alguma perder alguns minutos de nenhum dos seis filmes, mesmo que já os tivesse visto um bilhão de vezes.

Não muito distantes dali, estavam três líderes de torcida e um jogador de futebol, observando a interação entre os dois.

– O que eles estão conversando? - Perguntou Brittney, curiosa.

– Não consigo ouvir. - Respondeu Noah, juntando as sobrancelhas enquanto tentava fazer leitura labial. - Algo sobre Star Trek, eu acho...

– Eu não consegui entender nada relacionado à Star Trek. Na verdade, tenho certeza absoluta que o Sebastian disse "minha casa". - Afirmou Rebecca, em tom malicioso. - Parece que Britt e eu ganhamos a aposta, Noah.

– Urgh... - Grunhiu Liz, com uma expressão de nojo ao pensar em Sebastian e Gwen como um casal. Ainda não sabia exatamente o porquê daquilo a incomodar, mas a ideia continuava soando completamente inaceitável. - Até a Hobbit merece coisa melhor...

(...)

Gwen sequer piscava. Mesmo que soubesse de cór todos os diálogos dos seis filmes, sempre era como se estivesse vendo pela primeira vez. Haviam terminado de ver a trilogia prequel - que ao contrário dos dois amigos ela não odiava, apesar de ter plena consciência de que não eram exatamente bons filmes - e estavam no episódio IV, o primeiro a ser lançado e quarto na ordem cronológica da série.

A cena da Cantina de Mos Eisley teve início e tanto Gwen quanto Josh ficaram tensos. Sabiam que a versão de Sebastian era mais "atual" e isso significava que a "belíssima" modificação feita por George Lucas estaria ali.
Percebendo o incômodo dos amigos, Sebastian pausou o filme e perguntou:

– Por que é tão importante para vocês que o Han atire primeiro?

– Han Solo é como um anti-herói, que não vive sob as regras de ninguém. - Explicou Josh.

– Certo, certo... Mas George Lucas já disse em várias entrevistas que ele não é um assassino sangue frio, só habilidoso o suficiente para contra-atacar quando Greedo errou. - Sebastian não conseguia entender como algo tão pequeno podia incomodar tanto alguns fãs.

– Okay... O problema que eu tenho com isso é bem simples: Greedo é um caçador de recompensas contratado por Jabba. Logo, foi muito bem treinado. Como ele pode ter errado um tiro tão de perto, com os dois sentados em uma mesa de bar, olhando um para a cara do outro? - Gwen questionou, em tom indignado. Uma das poucas coisas que conseguiam tirar seu bom humor, era quando algum diretor se achava no direito de mudar seus filmes favoritos, mesmo que a mudança fosse, teoricamente, insignificante. - Além disso, todos os diretores deveriam concordar em uma coisa: a história e os personagens passam a pertencer ao público apartir do momento que o filme é lançado.

– Qual é, foi George Lucas quem criou todo esse universo. Ele tem direito de fazer pequenas mudanças, se achar necessário. - Argumentou Sebastian. - Apenas parem de reclamar e aceitem isso de uma vez.

– Você não entende mesmo o quão frustrante isso é? - Josh cruzou os braços e bufou em irritação. Por que era tão difícil para o amigo entender algo tão simples?

– Não, eu não entendo. - Sebastian revirou os olhos. - Nenhum dos argumentos de vocês explica o motivo de acharem quem atira primeiro algo tão relevante.

Gwen então respirou fundo, antes de inciar um longo, complexo e explicativo monólogo sobre a importância daquela cena e o que ela mostrava sobre o personagem de Han Solo. Os dois rapazes suspiraram longamente, sabendo que a baixinha não pararia de falar tão cedo.