School Days escrita por Isa


Capítulo 122
Capítulo 122: Some resolutions




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— É claro que estou com ciúmes!

Ao ouvi-la Isaac não pôde deixar de revirar os olhos. Tantas pessoas – e personagens – para reclamar e ela escolhia justamente a única da qual tentava constantemente se livrar. Claro, “cortava” qualquer garota que – raramente acontecia – tentasse dar em cima dele, mas aquela em especial o irritava profundamente.

— Qual é Terr, sabe muito bem o quanto eu a acho insuportável.

— Sei? – Ergueu ambas as sobrancelhas, com cinismo. – Então, por favor, me explique a razão de ter ido a casa dela?

— Tecnicamente, você já sabe. O senhor Hale não nos deixou escolher as duplas dessa vez, colocou bons alunos com os... “Idiotas”. – Fez aspas com os dedos, usando exatamente as palavras do professor.

— Mas podia ao menos ter me avisado...

— Eu avisei! – Mostrou o celular. – A culpa não é minha se você não respondeu a mensagem, já que estava ocupada demais chantageando emocionalmente minha irmã para que ela escolha Columbia. Não que eu esteja reclamando, realmente a quero em Nova York com a gente.

— Não era chantagem emocional! – “Defendeu-se”. – Eu apenas liguei e disse o quão importante a amizade dela é e que nada me faria mais feliz que tê-la por perto, pois ela é uma das pessoas mais especiais na minha vida.

— Certo, e isso não tem nada de chantagem emocional. – Ironizou, rindo em seguida. – Voltando ao assunto principal, não precisa ter ciúmes daquela... Garota. Ela flerta basicamente com todo mundo, na semana passada mesmo levou um fora do Caleb, pelo que o Matt me contou. E só está fazendo isso comigo porque ganhamos como rei e rainha do baile. É meio que nosso curto e insuportável período de popularidade.

Ugh, nem me lembre! É legal ser finalmente aceita e tudo mais, mas toda essa atenção incomoda.

— Viu? É o que estou tentando dizer. Não quero nada com a Watson ou qualquer outra garota. Tanto que saí de lá assim que ela começou com as insinuações. Sou um cara comprometido e 100% apaixonado, não precisa ter ciúmes.

— Eu sei. Só que não é exatamente algo controlável. – Afirmou. – E sabe muito bem que não costumo ser ciumenta, mas... Ver uma garota como ela dando em cima de você, foi tão... Argh!

— “Como ela?”

Terry suspirou. Sério que ele a faria dizer aquilo em voz alta?

Bonita.

— Verdade, ela é. – Olhou-o indignada, o que inesperadamente o fez rir. Ele envolveu os braços ao redor de sua cintura, com aquele típico sorriso de quando estava prestes a dizer algo mais que certo. – Mas você é perfeita. Sério. Não é nem mesmo uma comparação justa. Pobre Kelly, realmente pensou que eu seria burro de sequer cogitar a hipótese de ficar com ela, quando tenho a garota mais linda e incrível que existe. E, ah, incrivelmente inteligente, que terá um futuro brilhante e com a qual consigo me ver passando o resto da minha vida!

Porra, como consegue sempre saber o que dizer? – Ela questionou, porém, não esperou a resposta: puxou-o pela nuca para um beijo caloroso.

Chegava a ser loucura a maneira como, por mais que não seguisse o “estereótipo” – jogador de futebol, popular, inalcançável – com o qual costumava “sonhar”, Isaac era capaz de ser o namorado perfeito. O “príncipe encantado” ideal. A sua – se é que essas coisas existiam – alma-gêmea com a qual desejava um dia se casar, ter filhos, essas coisas. Até sentia-se um tanto estúpida por ter perdido tanto tempo com a quedinha boba que costumava ter por Matt. Se bem que naquela época Isaac ainda gostava de Gwen, então de nada adiantaria perceber antes a maneira como eram feitos um para o outro. “Tanto faz.” Pensou. Estavam juntos, afinal. Que diferença fazia?

(...)

Gwen respirou fundo pela enésima vez, fechando os olhos por alguns segundos. Apesar da leve brisa que entrava pela janela conforme Liz dirigia, a pequena sentia-se um tanto quanto sufocada dentro do Porsche e a outra obviamente o tinha notado. Só não era bombardeada com palavras de conforto ou algo parecido porque a loira também estava nervosa demais para sequer abrir a boca.

Além de saírem no meio de uma terrível discussão entre seus pais, havia o fator “Sebastian” na equação. O que diabos aquele filho da puta poderia querer conversar? E como Gwen podia, após tudo, concordar? Senhor, como aquela tarde lhe estava sendo complicada!

— Eu vou com você. – Disse em um tom autoritário, ao estacionar em frente à casa. A menor revirou os olhos.

— Claro que vem! Não conseguiria me sentir à vontade sozinha com ele, em qualquer circunstância.

— Então por que concordou em vir aqui? – Bufou, em desaprovação.

— Ele está indo para um reformatório e pediu para conversar comigo. Não é grande coisa, com você ao meu lado.

Liz suspirou profundamente e Gwen colocou a mão direita sobre a dela, baixando o olhar até elas.

Okay, vamos logo com isso. – A líder de torcida cedeu, retirando a chave da ignição e em questão de segundos estavam frente à porta, esperando que viesse abri-la.

Não precisaram esperar muito. Logo, Sebastian apareceu, fazendo com que Gwen instintivamente desse um passo para traz. Ato que, aparentemente, passou despercebido por ele.

— Você veio... – Os olhos daquele esquisito brilharam em surpresa ao vê-la ali. Liz quis, honestamente, ligar para Noah apenas para que o amigo o socasse um pouquinho mais. – E a trouxe. – Soou monótono, porém, não incomodado. – Entendo totalmente.

— Seria ainda mais burro se não entendesse. – Liz alfinetou, recebendo apenas um revirar de olhos impaciente.

— Podemos pular a parte em que distribuí seu ódio totalmente compreensível por mim desta vez, Liz? O que tenho a dizer é realmente importante.

— Apenas diga logo, Sebastian. – Solicitou Gwen, tentando ao máximo manter-se – ao contrário da namorada – calma e educada.

Ele encarou o chão e respirou fundo. Assim que tomou coragem, começou:

— Olha, eu queria pedir desculpas. Por tudo. Tenho agido como um babaca por meses, desde que descobri sobre o relacionamento de vocês e... Não sei, acho que simplesmente perdi o controle. Andei pensando muito sobre isso nos últimos dias e percebi que não faz sentido culpá-las por se gostarem. Além disso, não queria ir para o reformatório me sentindo um lixo.

Okay. – Foi a resposta de Gwen, simples e direta.

— Então... Você me perdoa? – Um sorriso mínimo surgiu em seus lábios. Mas ele logo sumiu:

— Não. – Ambos – Sebastian e Liz – olharam-na, confusos. – Eu disse “okay”, no sentido de aceitar seu pedido de desculpas e escolher acreditar que realmente esteja arrependido, mas não posso te perdoar pelo que fez, sinto muito. E antes que pergunte, não há nada que possa dizer ou fazer para mudar isso.

— Eu entendo. – Ele murmurou decepcionado. – Acho que terei de conviver com a culpa pelo resto da minha vida, então.

— É, acho que sim. – Ela deu de ombros, simplesmente. – Ainda é melhor do que não se sentir culpado.

— De certo ponto de vista...

Ficaram em silêncio, os três. Sebastian, mais uma vez, encarava o chão. Gwen evitava olhar para ele, pois sempre que o fazia – mesmo tendo “aceitado” o pedido de desculpas – sentia uma repulsa indescritível. Liz, por sua vez, tinha um quase imperceptível sorriso. Estava orgulhosa da namorada, por conseguir lidar com tudo de forma tão... Madura. Não sabia se conseguiria tal feito, se os papéis fossem inversos.

— Acho melhor nós irmos, então. – Pronunciou-se, vendo que nenhum dos dois o faria.

— Sim... – A morena concordou e, sem razões para se despedir, apenas caminhou até o carro, meio que lentamente.

Ao adentrarem outra vez o Porsche, trocaram um olhar significativo. Em situações como aquela, palavras não se faziam necessárias.

Quando estavam prestes a irem embora, viram o pai de Sebastian aparecer, com duas malas que foram colocadas em uma caminhonete. Logo, o rapaz entrou, assim como o McKean mais velho e o outro veículo desapareceu de suas vistas. Chegaram a conclusão óbvia de que o pai o estava levando para o tal reformatório.

Suspiraram, simultaneamente. De certo modo, aquela era a primeira amostra de como o “mundo real” podia ser duro.

(...)

Deitado no sofá da sala, Josh assistia O Lobo de Wall Street, uma recomendação feita por Sebastian anos atrás, quando ainda eram amigos. Havia enrolado bastante para vê-lo, por não ser exatamente o tipo de filme que lhe atraía, embora Scorsese fosse um dos maiores diretores de todos os tempos e tudo mais.

Estava um pouco entediado, precisava admitir. Não que a história não fosse interessante – ou algo assim –, ele simplesmente não se sentia muito disposto naquele dia em questão. Por quê? Bem, Rony tinha uma festa – torcia para que estivesse chata – de família, na casa de um tio homofóbico que não sabia sobre sua orientação sexual. Logo, em situações assim preferia ficar em casa a ser apresentado como um amigo.

Entendia perfeitamente as razões do loiro. Também tinha alguns parentes “complicados” com os quais era obrigado – justamente por serem parentes – a lidar. Até tentaria esconder deles, se isso fosse possível. A culpa não era dele, mas sim dos muitos homens maravilhosos que existiam no planeta. Às vezes disfarçar se tornava uma missão realmente impossível...

De qualquer forma, apenas não tinha paciência para tentar – e fracassar – em tentativas de “bancar o hétero”. Podia até ser, modéstia a parte – ou não, já que era o mínimo que alguém que sonhasse em seguir tal caminho precisava –, fosse um bom ator, aquilo era demais. Óbvio, se tudo desse certo teria de interpretar personagens que se relacionassem com o sexo oposto, mas havia uma diferença entre conseguir passar realismo em um filme – ou série – e fazer isso na vida real.

Droga, havia, mais uma vez, perdido a concentração. Desse jeito, jamais terminaria de assistir e continuaria não entendendo o porquê de considerarem injusta a vitória de Matthew McConaughey por Clube de Compras Dallas. Sem falar que era vergonhoso se considerar um entusiasta da sétima arte— por mais que não fosse nem de longe tão obcecado quanto Gwen – e ainda não ter visto um dos filmes mais comentados de quase três – ou seriam dois? – anos atrás.

— Ei...

Ao ouvir o irmão, imediatamente apertou o pause. Era especialista em notar desânimo na voz dele, já que o conhecia melhor que qualquer um.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não. – Previsivelmente Matt negou. Logo, o menor pressupôs que o problema envolvia Frannie. Como sempre, bastou usar o olhar de “qual é, sou seu irmão, não pode esconder nada de mim” para que o outro desembuchasse: – Sei que não tenho esse direito, mas não quero que a Fran escolha Columbia.

— Por que não? – Josh franziu o cenho, não compreendendo. – É uma ótima universidade... – Só então se lembrou de um detalhe crucial: – Que fica em Nova York... – Complementou, abaixando o tom de voz e encarando o “mais velho”, que assentiu.

— Me sinto tão imbecil por isso. – Disse o quarterback, que literalmente jogou-se ao lado dele no sofá. – Mas não sei mesmo se consigo manter um relacionamento à distância. Quanto mais penso, mais inseguro fico.

Ah, não fique sofrendo por antecipação...

— Diz isso porque não passou horas a vendo falar ao telefone para depois descobrir que a Terry havia dito um milhão de coisas tentando convencê-la a escolher Columbia! – Cruzou os braços, emburrado. – Além do mais, você é a prova viva de que namorar estando em lugares diferentes não funciona. O Wally te deu um pé na bunda assim que foi para a faculdade.

— Não foi um “pé na bunda”. – Revirou os olhos. – Queríamos coisas diferentes.

— É, você queria casar e ter filhos enquanto ele queria sair pegando todos os caras gays que encontrasse em Nova Jersey.

— Essa não é a questão! – Exclamou, cortando o assunto. Preferia não pensar naquilo, considerando que ainda era amigo de Wally e não queria voltar a vê-lo como o “vilão da história”. Embora ele fosse, um pouco... – Nós dois gostávamos um do outro. Vocês se amam. Mesmo se estiverem em longe um do outro, com certeza podem fazer dar certo. E é bom que façam, porque é a única namorada sua que eu já gostei.

— Só tive duas...

— Exato! Ainda trabalhando na ideia de considerar Liz minha amiga, agora que ela está com a Gwendy e é menos insuportável. – Deu de ombros. – Enfim, o que estou tentando dizer é: vocês se amam, vai dar tudo certo.

— Seus conselhos são tão não realistas. – Bufou. – Não é assim que as coisas funcionam.

Argh! Não tenho nenhum conselho melhor, okay? – Se irritou um pouco, mas passou quase que imediatamente. – Vamos, Mattie, seja um pouco mais positivo, vai...

— Estou tentando. Mas com você falando como se a vida fosse uma comédia romântica fica difícil.

— Seria bem melhor se fosse. Assim eu não teria que te ouvir reclamar...

— Não esqueça que foi você quem me perguntou se algo estava errado. – O quarterback fez questão de lembrar, notando a frustração do irmão por não conseguir fazê-lo enxergar a situação como se vivessem na “terra encantada dos unicórnios e arco-íris” onde tudo sempre dava certo. – Além do mais, o que aconteceu com o rei do drama que você costumava ser, hein?

— Está guardado bem lá no fundo da minha pessoa, porque minha vida está per-fei-ta. – Abriu um largo sorriso. – Em menos de um mês, estarei na Califórnia, morando com certo loiro perfeito que me ama tanto quanto eu o amo!

— Espera aí... Morando?! – Os olhos castanhos se arregalaram. – Como assim? Pensei que só fossem... Meu Deus! Nossos pais estão okay com isso?

— Claro que estão, Mattie. – Fez bico. – Assim que nos formarmos, seremos meio que adultos, lembra? Ou seja, a decisão é minha e do Ron...

Ah...

— O que foi?

— Nada. – Causando em Josh ainda mais estranhamento, riu. “É só que tudo parece estar dando tão mais certo para você...” Decidiu não compartilhar o pensamento, pois ele o faria soar egoísta e invejoso, o que não era o caso. – Vou para o meu quarto, ver alguma coisa...

— Por que não fica aqui?

— New York Giants e Philadelphia Eagles vão jogar hoje. – Informou. – Mais precisamente, agora. E bem, não posso perder de jeito nenhum!

Foi a vez de Josh rir. Achava impressionante o quão empolgado Matt ficava com essas coisas. Até gostava do esporte, mas não o considerava “tudo isso”.

“Como se eu pudesse falar alguma coisa.” Pensou, lembrando-se de que era igualmente – até mais, na verdade – obcecado com suas séries favoritas. Dando de ombros, deu “play” e voltou a assistir o filme.  


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