School Days escrita por Isa


Capítulo 118
Capítulo 118: Percepção




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Verdade seja dita: Josh mal podia esperar pela a formatura. Por mais que amasse o colegial e ser um adolescente, tinha grandes planos para o futuro e nenhuma dúvida de que conseguiria realiza-los. Era uma das vantagens de vir de uma família tão rica: conseguir entrar em qualquer faculdade que sonhasse. Claro que preferia, assim como Matt, ganhar uma bolsa por mérito. O que não seria muito complicado, considerando as boas notas que mantinha. Obviamente, não pretendia ser um atleta como irmão ou o namorado, mas sim um ator. Seria um futuro ganhador do Oscar e nada o impediria. Entendia perfeitamente que uma carreira artística jamais seria fácil, porém o simples fato de ser gay já lhe dava um “gostinho” de como era ter pessoas querendo tomar conta de sua vida, então sem problemas.

Depois dos pais e de Rony, Gwen era quem mais o apoiava na decisão. Por razões óbvias, afinal, a baixinha planejava se tornar uma premiada diretora / roteirista. Os dois já até tinham combinado de trabalharem juntos em um filme que entraria para a história do cinema. Lógico que essa última parte não dependia apenas dos dois, mas certamente conseguiriam, pois nesse quesito formavam uma dupla quase imbatível. Na verdade, seriam um trio se Sebastian não tivesse pirado de vez... É, não podia mentir, mesmo o odiando profundamente o sentimento mais forte dentro de si sobre aquela situação era a tristeza. Pelo menos, a amiga estava superando o trauma. Agradecia mentalmente a Liz e Noah por isso. Se os dois não chegassem a tempo, a situação estaria mil vezes pior.

— Josh! – Ouviu Rony chamar. O loiro vinha em sua direção, ignorando o apito do treinador Walker, que também berrava coisas como: “Crutcher, de volta ao campo imediatamente!”. – Hey... – Ele retirou o capacete que usava e deixou um suspiro cansado escapar. De fato, os treinos andavam sendo duplamente exaustivos nos últimos dias. Todos queriam arrasar no último jogo da temporada, principalmente os formandos. – Você não deveria estar na aula da senhora Salling?

— Não, só no próximo horário. Esse é livre. – Explicou, dando-lhe um sorriso.

— Ah, é mesmo... – Pareceu recordar-se. Brincando, lançou a bola “especial” – para o treinador, no caso – do jogo anterior contra o mais baixo, que continuava sentado nas arquibancadas, vendo se ele pegaria ou não. Por sorte, Josh a apanhou antes que ela o acertasse. – Olha só, dessa vez você conseguiu.

— Bom, após vinte e três tentativas eu precisava ser capaz de pegar essa coisa. – Riu.

— É, tem razão. – Saltou uma das placas que o separavam das arquibancadas e foi até o namorado, deixando o capacete em algum canto. – Seria meio vergonhoso se não conseguisse.

— Só deixando claro, das outras vezes vocês me pegaram desprevenido.

— Com certeza... – Debochou, inclinando um pouco o corpo para beijá-lo, apoiando as mãos na coxa do outro, que correspondeu ao beijo de imediato.

Pararam apenas quando Cooper apareceu, dizendo que não tinha o dia todo para esperar que “as bichinhas” parassem de se pegar e mandando Rony voltar o campo. Como não queria confusão, o loiro “obedeceu”. Sabia que estaria ferrado se fosse mandado novamente para a diretora por conta de outra briga. Por mais que Clarington o irritasse muito, ele não merecia muita atenção. Era apenas mais um dentre os muitos imbecis com os quais seria forçado a conviver durante a vida.

(...)

Becky não sabia dizer a quanto tempo estavam se beijando, mas tinha quase 100% de certeza que haviam perdido boa parte da aula de Física que deveriam estar assistindo. Em geral, até que gostava da matéria e a professora era uma das poucas que não desejava afogar em um lago toda vez que via, mas sem dúvida nenhuma estar com Ashley lhe parecia bem mais interessante que qualquer explicação sobre eletroestática.

Segundo Liz – que não surpreendentemente era experiente no assunto “amassos” naquele lugar específico – ninguém apareceria ali para interrompê-las. Afinal, a única líder de torcida teoricamente digna da confiança da treinadora era a própria loira, que detinha as chaves sob sua responsabilidade. Felizmente, Harrison estava com um ótimo humor naquela manhã, ou seja, concordou em emprestá-las para a amiga de vez em quando. Agradeceria à Hobbit por isso algum dia. É... Não. Mas ainda sim sabia da influência dela na alegria da “Barbie”, como Cooper insistia em defini-la.

Voltando ao “assunto principal”, mal podia acreditar no quão bem se sentia ao lado de Ashley. A conhecia oficialmente há pouquíssimo tempo e o namoro era super recente, porém, às vezes tinha a impressão de que seus sentimentos por ela evoluíam de forma incontrolável. Sequer conseguia ver Britt com outros olhos mais. As “borboletas no estômago” agora eram exclusivamente causadas por sua nova e incrível garota.

Obviamente, ainda não a amava, seria até meio bizarro se o fizesse, no entanto o que sentia era forte o suficiente para impedi-la de amar Brittney como algo mais que uma amiga, o que era indescritivelmente maravilhoso. Estava finalmente livre daquela sensação desagradável de que nunca mais se apaixonaria por mais ninguém...

 - Por que demorou tanto para vir falar comigo? – Se viu perguntando, assim que encerraram o longo e extraordinário beijo.

— Bom, primeiro eu achei que você fosse hétero. – Ashley respondeu, como se aquela realmente pudesse ser em algum universo paralelo uma possibilidade. – Depois, percebi o que acontecia entre você e a Britt, então faria ainda menos sentido me declarar. Quando ela se assumiu para o colégio e apareceu nos corredores com aquela Claire, aí não sei o que me impediu. Medo de uma possível rejeição, talvez.

— Eu não seria burra de rejeitar uma garota assim tão bonita. E agora que eu sei como você é, sabe, falando de personalidade, posso dizer que o nível de burrice seria ainda maior. – Afirmou sorrindo, sendo então puxada para mais um beijo, prontamente correspondendo.

(...)

Caleb era obrigado a admitir – não que fosse algum segredo – que Sue e a criança que ela esperava eram seus maiores pontos fracos. Aguentava ser arremessado contra o chão por um brutamontes de 150kg em uma partida de futebol, mas ficava completamente acabado toda vez que via qualquer indício, por mínimo que fosse, de tristeza nos olhos da namorada. A amava demais e odiava todos os imbecis de Boehner que ousavam trata-la mal por estar grávida. 

A linda menina – não precisava tê-la visto para saber que assim seria – não deveria ser motivo de gozação, mas sim de orgulho. Sempre. Quem se importava se tinham apenas dezessete ou se aquilo não estava em seus planos originais? Seriam sim ótimos pais. Lógico, precisariam do apoio dos avós da garota e do dinheiro mandado pelos pais dele por algum tempo, mas logo se adaptariam. E quando isso acontecesse, faria questão de mostrar a todos o quão felizes estavam! Então, os idiotas calariam a boca de uma vez por todas.

 Aliás, não apenas os “amigos” de Sue tiravam sarro da situação, como aqueles dois palhaços chamados Jefferson e Charles também. Recusava-se a aceitar comentários como: “Você não devia assumir isso cara”. Como podiam ser tão canalhas? Caramba, o pior era saber que o “velho” Caleb também pensava daquela forma.

— Ei! – Uma voz feminina o chamou, tirando-o do estado dispersivo em que se encontrava desde o final da aula de biologia.

Virou-se, murmurando um “sim?”, mas a expressão simpática desapareceu completamente ao ver de quem se tratava. Kelly Watson! Logo, supôs que novamente – após quase um ano – ela o estava procurando para ele “substituísse” o namorado durante uma fase difícil do relacionamento. E não pensou errado:

— Sabe, Danny e eu temos brigado muito ultimamente...

— Não. – Cortou, recebendo um olhar confuso. – Não estou interessado. – Deixou o mais claro possível, fazendo com que a expressão dela mudasse para incredulidade.

— Qual é, Caleb... Desde quando você recusa sexo?

— Estou namorando. – Falou, simplesmente.

— É, ouvi o Charlie comentar com o Coop esses dias. – Tocou-lhe o ombro. – Mas... Isso nunca foi um empecilho para você, foi?

— Lamento te desapontar Kelly, mas não sou mais esse tipo de cara. – Esquivou-se. – Então, por favor, me deixe em paz, beleza? Eu amo a minha namorada.

Uau! Então quer dizer que tudo que tenho que fazer para segurar um carinha é engravidar? – Ela zombou, enquanto se virava para caminhar na direção oposta.

Limitou-se a revirar os olhos, ignorante a raiva que o comentário o fizera sentir. A futilidade de certas pessoas o impressionava! Se perguntava se algum dia pessoas como Kelly se dariam conta dos próprios níveis de imbecilidade. Sério, não conseguia imaginá-la trabalhando como algo além de atendente em um supermercado. Ou stripper.

— Minha nossa, Caleb. O que foi isso? – Jeff “surgiu” ao lado dele, parecendo frustrado. – Faz ideia do quão difícil foi convencê-la de que você ainda valia a pena?

“Então é coisa sua?” Pensou em indagar, mas aquilo não o surpreendia. Claro que toda a insistência resultaria em uma tentativa prática de convencê-lo a voltar a ser o maior idiota de Roosevelt!

— Desista, Jeff. – Pediu. – Já cansei de dizer que não sou mais assim.

Dizendo isso, voltou a andar, seguindo seu caminho rumo à sala de Astronomia. Precisava ter boas notas para sair logo do colégio se quisesse ter algum futuro e ser um bom pai.

(...)

Sebastian estava sentado em frente ao bar em que Ally trabalhava, com uma lata de cerveja em mãos. Sabia que não deveria sair de casa e que sua situação pioraria ainda mais se os pais o descobrissem, mas precisava conversar com alguém que achava que fosse entendê-lo. Porém, contrariando todas as expectativas, Allison o expulsou do estabelecimento, ficando realmente irritada com ele ao ouvir o relato.

Não conseguia entender. A amiga também odiava Gwen, certo? Então por que ela o tinha tratado daquela maneira, bancando a feminista? Na verdade, sabia exatamente a razão, apenas tentava negar isso para que se sentisse menos mal consigo mesmo: estupro era a coisa mais cruel, desumana e nojenta que poderia usar como vingança.

Pela primeira vez desde o maldito baile, começava a culpar a si mesmo em vez dos outros. Como tinha chegado àquele ponto? Como podia ser assim tão babaca? Caramba, seguindo o “conselho” de Allison – que perguntara como se sentiria se os papéis fossem inversos – estava realmente se sentindo um verdadeiro lixo.

Sua obsessão por Gwen o tinha levado longe demais. Agora, em dois dias, iria para a porra de um reformatório até completar dezoito – ou mais, em caso de mau-comportamento – anos.

Não mentiria, ainda odiava a baixinha por tê-lo rejeitado e odiava mais ainda Liz Harrison por conquistá-la, mas pela primeira vez em meses conseguia enxergar o quão fora de controle estava.

(...)

Estavam no auditório, aproveitando o horário vago na companhia uma da outra. Era estranho como ninguém jamais aparecia lá quando não havia nenhuma cerimônia ou palestra obrigatória. Gwen tinha Liz deitada sobre suas pernas e acariciava os cabelos loiros conforme iam conversando sobre assuntos aleatórios. Chegava a ser meio estranha em alguns momentos a forma como Sebastian se tornara completamente irrelevante em poucos dias. Claro, a baixinha ainda sentia certo medo e às vezes durante a noite sonhava com o acontecimento da noite do baile, mas não ser obrigada a vê-lo no colégio tornava o processo de superação bem mais fácil. Raramente pensava no ocorrido, na verdade. Preferia ocupar sua mente com coisas boas, como o fato da namorada e Noah terem chegado a tempo de impedi-lo. Teria uma inevitável dívida com ambos pelo resto da vida...

— Você diz que sou nerd, mas tem as melhores notas do colégio e é uma leitora obsessiva. – Fez questão de comentar, quando o assunto “livros” surgiu.

— “Obsessiva” não é a palavra que eu usaria. – Contestou Liz, abrindo um enorme e estonteante sorriso. – E minhas notas são apenas um reflexo da minha descomunal inteligência.

— Às vezes sua humildade me impressiona. – A morena ironizou, rindo.

— Só estou reconhecendo os fatos, amor. – Ergueu o tronco e virou-se, ficando de frente para ela. – É como quando digo que você é perfeita. Nada além da verdade.

— Com todos esses elogios diários, meu ego está ficando quase tão inflado quanto o seu. – “Advertiu” Gwen, sorrindo, e em seguida a trazendo para mais perto, iniciando um beijo carinhoso e apaixonado.

Enquanto se beijavam, vez ou outra Liz acabava sorrindo. Amava tanto sua baixinha... E, por mais impossível que pudesse parecer, o sentimento crescia mais a cada dia. Para ela, não existia nada no universo mais perfeito que aquela morena. Mesmo que acabasse soando meio patética, sentia como se ela fosse “a” pessoa. Não precisava ficar com outras garotas para saber que Gwen era a única. Fazia de tudo, se entregava ao máximo àquele relacionamento, pois desejava mais que qualquer coisa que seu primeiro amor fosse também o último. Clichê? Completamente. Mas não deixava de ser a verdade.

Deus, sou tão estúpida por ter te tratado mal... – Disse, quando encerraram o beijo.  – Poderíamos estar juntas há muito mais tempo.

— Isso não importa. – Asseverou Gwen, ainda com os braços envolvidos ao redor de seu pescoço. – Estamos juntas agora e graças a isso o meu último ano está sendo o melhor possível.

— Eu te amo... – Murmurou, antes de colar os lábios nos dela em um rápido selinho.

— Eu sei. – Um sorrisinho convencido tomou conta da expressão da baixinha, e estranhamente Liz entendeu a referência.

— Han Solo, em O Império Contra-Ataca, pouco antes de ser congelado em carbonita. Ou, a princesa Leia em O Retorno de Jedi, durante a batalha de Endor.

— Sim! – Gwen exclamou animada e a abraçou. – Não acredito nisso! Sempre achei que não prestasse atenção...

— Bom, eu presto. – Sorriu. – Claro que com você por perto é extremamente difícil, mas presto sim.

— Você nunca perde a oportunidade, não é? – A morena questionou, rindo e empurrando de leve seu ombro.

— Desculpa, é que você é muito linda, não consigo me controlar. – Piscou. – Okay, agora eu parei. Mas não deixa de ser verdade...

— E depois fala do Noah. – Ela comentou, fazendo com que desse de ombros.

— Bom, eu só faço com você, já ele deve flertar até com as árvores da praça.

Ainda bem que é só comigo, senhorita Harrison. – Gwen não pôde deixar de dizer. – Senão, estaria encrencada.

— Hey, eu sou a ciumenta da relação, lembra? – Brincou. – Você é a que saí por aí chamando o Jackson de gostoso e dizendo que se casaria com a Lydia.

Gwen gargalhou, sabendo que a outra não esqueceria o não tão inocente comentário rapidamente.

— Já falei, você é bem mais. – Lembrou, mordendo o lábio inferior. – E sobre a Lydia, foi só uma forma de dizer que ela é a minha favorita na série, então relaxa.

— Sua “favorita”? – Liz arqueou uma sobrancelha.

— É, juntamente do Stiles. Sabe, personagem favorita. – Frisou “personagem”.

— Okay... – A loira fez um biquinho meio fofo, quase como se dissesse: “Me convenceu, por enquanto.”. E bem, Gwen não resistiu e acabou plantando ali um curto beijo.

— Não precisa se preocupar, sunshine. Personagem ou pessoa real, ninguém pode competir com você.

A declaração fez com que um largo e esplêndido sorriso iluminasse a expressão de Liz que, mais uma vez, a beijou.


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