School Days escrita por Isa


Capítulo 119
Capítulo 119: Conclusão




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Britt não sabia ao certo como explicar, mas sempre que Claire a visitava todas as preocupações e inseguranças desapareciam. Haviam conversado sobre tudo e agora a situação parecia estar definitivamente resolvida. Sabia que se não fosse por Becky, jamais teria tido coragem suficiente para “colocar as cartas sobre a mesa” e agir com maturidade diante daquilo. Por isso – e por várias outras razões – seria eternamente grata à melhor amiga. Simplesmente não conseguia mais se imaginar não namorando a ruiva, que embora não fosse seu primeiro amor, era a pessoa com quem atualmente se imaginava no futuro, após se formar e quem sabe até quando completasse a faculdade, talvez até mesmo quando fosse uma velhinha com dores nas costas e viciada em cadeiras de balanço.

Tinha planos bastante simples, na verdade. Nada grandioso como a própria Claire, que sonhava em tornar-se atriz. Queria ser veterinária. Amava animais e adorava a ideia de dedicar a vida a cuidar deles. Ainda pensando sobre isso, avistou Elliot e Misty. Os dois gatos brincavam – ou brigavam? – com um novelo de lã. Derreteu-se com a imagem. Sério, aqueles dois eram seus pontos fracos por razões de fofura excessiva.

— Own... – Ouviu Claire murmurar, vindo da cozinha com dois copos de suco de uva em mãos. – Sabe, olhando assim, de longe, eles não parecem tão ruins.

— Eles não têm culpa se você é alérgica, babe. – Respondeu, sorrindo para ela, encantada. Algo naquela expressão sempre meiga e carinhosa a fazia sentir uma paz de espírito singular. Apenas de olhá-la, sentia-se como a melhor e mais especial garota do mundo.

— Não, mas têm culpa por eu ter achado uma bola de pelos bem em cima do meu vestido favorito. – Apesar da reclamação, Claire não parecia realmente incomodada com a lembrança.

— Ah, qual é, admita logo que também ama essas coisinhas fofas. – Pediu, fazendo biquinho, enquanto pegava um dos copos e levava-o à boca, tomando um gole do delicioso suco.

— Okay, eu admito! – Claire ergueu ambas as mãos em sinal de rendição, sentando-se ao lado dela no sofá da sala e dando-lhe um selinho demorado.

E não era mentira. Mesmo não podendo ficar perto dos dois animaizinhos por muito tempo, graças à sua alergia, a ruiva tinha sim certo carinho pelos dois. Em parte porque faziam Britt sorrir, mas também por serem extremamente adoráveis.

(...)

Eles tomavam sorvete, sentados no banco que ficava localizado ao centro da praça, e contavam piadas e brincavam um com o outro. Momentos como aquele não eram raros, aconteciam praticamente todos os dias, mas sempre tinham um significado especial. Frannie estava feliz como nunca e não duvidava que o quarterback também estivesse. Para ela, seus melhores momentos aconteciam sempre na presença de Matt, sem exceção.  Claro, o relacionamento não era perfeito. Às vezes, discutiam ou por causa de sua teimosia exagerada ou pela “lerdeza” dele, que raramente desconfiava das pessoas e acabava muitas vezes se decepcionando. Porém, apesar dos pesares, eram felizes juntos e se amavam em primeiro lugar. Perto do que sentiam, as pequenas brigas se tornavam irrelevantes.

— Já decidiu em qual faculdade irá se inscrever? – Ele questionou, saindo repentinamente do assunto “filmes”.

Fran murmurou um “não”, seguido de um longo suspiro. Queria tanto estudar direito, mas já não sabia mais se conseguiria.

— Ei, o que foi? – Vendo a expressão de tristeza no rosto dela, Matt não pôde deixar de perguntar. Não imaginava que tocar no assunto fosse chateá-la de alguma forma. – Eu falei algo errado?

— Não, claro que não. – Ela afirmou, fazendo-o ter uma sensação de alívio. – É só que não consigo me decidir entre Stanford e Columbia.

— Por que não se inscreve nas duas? – Ele sugeriu e imediatamente o rosto dela se iluminou. – Sabe, tenho certeza que conseguirá passar em ambas, mas assim terá mais tempo para se decidir.

— Caramba, como não pensei nisso? Meu Deus, Mattie... Você é um gênio! – Animada, Frannie exclamou, arrancando uma gostosa gargalhada do jogador.

— Eu te amo, sabia? – A puxou para sentar-se em seu colo.

— Uhum... – Confirmou, antes de beijá-lo ternamente. – E eu também te amo, Mattie.

Então, voltaram a se beijar. Assim ficaram, naquela posição, por um longo tempo, até o momento em que um senhor de aproximadamente setenta anos passou por ali, resmungando sobre a, nas palavras dele, “pouca vergonha dos jovens de hoje em dia”.

(...)

Terry encarava o envelope em suas mãos, incerta se deveria ou não abri-lo. Suava frio e sentia – exagerando a situação, obviamente – como se a ansiedade pudesse matá-la a qualquer instante. Naquele mísero pedaço de papel, estava uma das respostas mais importantes de sua vida. Poderia ser positiva, dando a ela a oportunidade para um futuro promissor, ou negativa, empurrando-a para uma faculdade local. Deus, deveria mesmo ter esperado mais antes de se inscrever. Como Frannie, por exemplo. Tudo bem, a amiga tinha dúvidas sobre qual universidade escolher, mas também mais tempo para se preparar. E tudo ficava ainda mais complicado com os olhos azuis de Isaac a encarando, cheios de curiosidade. Como olharia para ele, se fracassasse?

— Vamos, Terr... – Disse ele, querendo incentivá-la. – Suas notas sempre foram ótimas e você estudou demais para a avaliação... A rejeição não é nem uma possibilidade, acredite em mim!

O gamer queria passar o máximo de confiança e apoio que podia. Sabia melhor que qualquer um o quanto ela merecia uma vaga em Columbia. Tinha a ajudado a revisar a matéria por dias, além de ser capaz de enxergar a paixão dela pela profissão.

— Okay... – Terry respirou fundo e fechou os olhos, contando de 0 a 5 mentalmente. – Lá vou eu...

Assistiu-a abrir lentamente o envelope e sorriu consigo mesmo ao vê-la começar a ler a carta. Ter a chance de estar ao lado dela em um momento tão importante significava muito. Juntos, estavam crescendo, amadurecendo, se tornando adultos. Juntos como um casal! Evoluíam como pessoas um ao lado do outro. Sequer conseguia pensar em uma palavra para descrever o quão incrível isso era. Igualmente, valia para os amigos. A irmã, não precisava nem mencionar, pois ela sim tinha 100% de certeza que estaria ao seu lado por toda a vida, mesmo o irritando com piadinhas sem graça e o atrapalhando enquanto jogava...

— I-Isaac... – O murmúrio da namorada o tirou daquela dispersão, fazendo com que olhasse imediatamente na direção dela. Terry tinha lágrimas ameaçando brotar em seus olhos e uma expressão indecifrável. Preocupado, preparou-se para dizer algo para ajudá-la, como “Haverá outras oportunidades” ou “Se não reconhecem o quanto merece isso, são eles que saem perdendo”, mas sequer teve tempo: – Eu passei!

Terry proferiu tais palavras ao ponto de entrar em combustão, tamanha era sua felicidade. Queria gritar, sair correndo e pulando, qualquer coisa que a ajudasse a expressar toda aquela empolgação. Porém, permaneceu parada, com um enorme e iluminado sorriso no rosto. Quem diria, hã? Após passar quase todo o ensino médio sendo tratada como uma “perdedora”, agora seria uma das primeiras a deixar a cidadezinha em que viviam e realizar seus sonhos. Se pudesse, iria até as casas de todas as líderes de torcida que a tinham tratado mal – exceto por Liz e Becky, que eram meio que suas amigas atualmente – e mostraria aquela carta magnífica a todas.

De repente, notou Isaac se aproximar sorrindo, com orgulho. Então, sentiu os braços deles envolverem sua cintura e erguê-la do chão, em um abraço forte.

— Sempre soube que você conseguiria. – Ele alegou, ao colocá-la no chão novamente. – Não tem ninguém que mereça mais que você, meu amor.

Ao ouvi-lo, sua primeira reação foi beijá-lo. De alguma forma, Isaac sempre parecia saber a coisa certa a se dizer...

(...)

— Oh meu Deus! – Jennifer exclamou, ao abrir a porta do próprio quarto. – Mas o que...?

Sequer conseguiu finalizar a frase. Estava chocada demais para pensar direito. Após o jantar ultrarromântico, sabia que ele “aprontaria” algo, afinal, havia dito – sendo 100% sincera – que estava pronta para ter sua primeira vez, porém, não imaginava que seria algo tão... Aquilo.

— Não se preocupe. Eu tenho um extintor de incêndio no caso de algo dar errado. – Disse Noah, tentando tranquilizá-la. – E aí, gostou?

— Hã...

— Se não, a ideia não foi minha. – A interrompeu. – Vi em um seriado, então culpe os roteiristas.

— Eu amei, Noah. – Assegurou, dando-lhe um sorriso meigo.

— Sério? Nesse caso, eu pensei em tudo sozinho! – O comentário a fez rir. – Okay, foi no seriado, mas ainda está valendo, certo?

— Claro que sim.

— Isso! – Noah comemorou consigo mesmo, dando um “soquinho” no ar e sorrindo. – Bom... – A pegou pela mão direita e guiou até a cama, fazendo sinal para que se sentasse. Ela o fez e ele a olhou com toda a seriedade do mundo: – Olha, eu... Na verdade nunca fiz essa pergunta antes da vida, porque geralmente eu não me importo o suficiente com a garota para me preocupar se ela vai ou não se arrepender depois, mas... Droga, soei como um babaca outra vez... O que estou tentando dizer é...

— Sim, amor, eu tenho certeza. – Disse ela, o cortando. – E não irei me arrepender, okay? Eu te amo e quero que minha primeira vez seja com você. Certo?

Ele se limitou a assentir. Estava muito nervoso. Após tantas piadas por parte de Gwen sobre seu desempenho sexual – embora soubesse que havia melhorado muito – temia a possibilidade de acabar estragando a experiência de Jenn. Além disso, após toda a confusão causada por Sebastian, não queria fazer com que a namorada se sentisse, de alguma forma, pressionada...

Foi quando ela o puxou pela gola da camisa, selando os lábios macios nos dele. Nesse momento, todas as dúvidas e preocupações desapareceram e ele apenas se deixou levar...

(...)

Culpa.

Após tempo demais alternando entre os sentimentos de raiva e negação – às vezes, ambos – Sebastian finalmente conseguia enxergar a verdade por trás da situação: ele era o grande e único culpado. Não o casal de garotas. Ele.

Mas... A culpa deveria ser da baixinha, certo? Afinal, ela quem aparecera com aquele sorriso, a doçura, com o jeito alegre e amigável, gostando das mesmas coisas que ele. Fora ela quem lhe dera todos os sinais e depois o rejeitara, para menos de um mês depois começar a se atracar com a pessoa que ele mais odiava no mundo.

Não. Gwen Collins não tinha culpa. Ele no fundo sabia que jamais houvera qualquer sinal. Ela o tratava como um amigo, enquanto ele desejava mais. Talvez se tivesse deixado as coisas claras desde o início, expondo seus verdadeiros sentimentos antes que eles evoluíssem demais, não estaria naquela situação. Além do mais, assim como Allison – justo ela, que odiava a morena mais que qualquer pessoa no mundo – dissera, não existia nenhuma justificativa para tentar abusar sexualmente de outra pessoa. Aquilo era desumano, nojento, cruel... E, até pouco tempo atrás, ele não costumava ser assim. O “velho” Sebastian, embora pateticamente iludido, não chegaria nem mesmo a tentar destruir um relacionamento, quanto mais se vingar de alguém de uma forma tão... Terrível.

Talvez, pudesse atribuir a culpa à Liz... Não. Como podia culpá-la, por fazer bem à Gwen? Por amá-la? Todo aquele papo de “ela não a merece” era besteira, porque Harrison, mesmo a tendo tratado mal no passado, gostava da menor tanto quanto ele. Ou melhor, muito mais, pois ela não chegaria àquele ponto, de pirar totalmente, não se isso significasse machucar a outra de alguma forma. Droga, saber de tudo aquilo estava acabando com ele.

Honestamente? Preferia continuar como antes, sendo inconsequente e bolando ainda mais planos. Pelo menos assim não estaria se sentindo um ser tão desprezível, como naquele momento, trancado no quarto, com uma maldita garrafa de vodca, que precisaria dar um jeito de esconder antes que os pais a encontrassem.

Chorava compulsivamente, morrendo de medo do que enfrentaria no reformatório, para o qual iria naquele final de semana. Apenas um dia de liberdade e, não surpreendentemente, o desperdiçava bebendo!

Não pediria desculpas, nem pensar. Não somente por saber que seria inútil – Gwen nunca o perdoaria, e com razão – mas também por não estar disposto a se humilhar de tal forma. Já se sentia um lixo, imagina depois de implorar por perdão!

Todavia, ao menos agora entendia que não podia culpá-las, embora continuasse as odiando visceralmente.

 


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