School Days escrita por Isa


Capítulo 114
Capítulo 114: Ação inesperada




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Sem a menor vontade de prestar atenção no sermão dado pelo pai, Sebastian arrancou uma folha do caderno e a amassou, formando uma bolinha de papel. A jogava para cima e rebatia para o alto com a mão, enquanto o McKean mais velho insistia para que abrisse a porta do quarto. Parando de prestar atenção no que ele dizia, continuou com o “jogo” de fazer a bola improvisada quicar o máximo de vezes, sem encostar em nada. Quando finalmente se cansou da “brincadeira”, resolveu acertar a bolinha na lixeira que ficava próxima à porta. De alguma forma, conseguiu acertar. Porém, assim que o fez, o tédio retornou, levando-o a ser obrigado a ouvir o discurso sobre o quão suja e desprezível fora sua atitude.

“Como se eu já não soubesse.” Teve que se esforçar muito para não rir diante do próprio pensamento. “Por que não me dizem logo qual será a minha punição, afinal?” Questionou-se, realmente não compreendendo o objetivo por trás de todo o “mistério”.

A única coisa da qual se arrependia era não ter pensado antes de tentar realizar aquela droga de vingança. Inicialmente, a possibilidade de se ferrar parecia insignificante perto de conseguir criar um trauma que perseguiria Gwen pelo resto da vida, entretanto, após algumas pesquisas relacionadas às leis do estado, acabou por descobrir que podia sim ser preso, mesmo sendo tecnicamente menor de idade.

Sem mais paciência para esperar, levantou-se da cama em um “pulo” e rumou até a porta, a qual abriu com certa... Brutalidade. Por razões óbvias, o pai foi pego desprevenido pela ação. Ignorando isso completamente, decidiu ir direto ao ponto:

– Eu vou para a cadeia?

Aquela era, basicamente, a única punição que o preocupava. Simplesmente por ter visto filmes e séries suficientes para saber que caras como eles nunca se davam bem naquele tipo de ambiente.

– Não exatamente. – Ao contrário do que imaginava, não foi o pai quem lhe deu a resposta, mas sim a mãe, que “surgiu” repentinamente, provavelmente vindo de algum outro cômodo.

– Como assim? – Perguntou, obviamente perturbado pela declaração. – O que quer dizer com “não exatamente”, mãe? Ou serei preso ou não, não existe um meio termo!

– Sebastian, sente-se. – O pai ordenou, apontando para a cama ao mesmo tempo em que entrava no quarto.

Sem nenhuma motivação aparente, obedeceu. Talvez tivesse um pouco de medo da própria reação ao receber a “notícia”, fosse qual fosse. Não sabia o que esperar, mas tinha um péssimo pressentimento sobre o que aconteceria. O que não era muito surpreendente, considerando que havia tentando estuprar alguém!

– Como não queremos causar ainda mais dor de cabeça para a garota e a família dela, o diretor Kemmer sugeriu que mandássemos você para outro colégio. – A senhora McKean começou com as explicações. “Só isso?” Sebastian pensou, começando a sentir um enorme alívio, que não durou muito: – Após muita discussão, decidimos que precisaria ser um local que pudesse corrigir essa sua atitude.

Okay, ele definitivamente não gostava do rumo que aquela conversa estava tomando...

– Então, Kemmer nos sugeriu um colégio interno para adolescentes... Problemáticos. – O pai acrescentou, dando um suspiro antes de prosseguir: – Basicamente, estamos falando de um reformatório, no qual você ficará até completar dezoito anos, ou no caso de arrumar alguma confusão, até quando os professores e psiquiatras julgarem ser o momento ideal.

– Vocês não podem estar falando sério! – Exclamou, não conseguindo se conter e se levantando. Aquilo era, resumidamente, uma prisão para menores de idade! – Tirando isso, eu nunca causei nenhum tipo de problema! E não podem me culpar por algo que fiz estando bêbado... – Mesmo duvidando da eficácia da “tática”, precisou apelar. Não podia ir para um maldito reformatório! – Pai, mãe... Eu me arrependo do que fiz, é sério! Por favor, não precisam me mandar para um lugar como esse e...

– Sebastian, chega! – A mãe cortou, impaciente. – O que você fez é inaceitável, não importa o quão arrependido esteja nesse momento, nós precisamos te mandar para lá. E, só para que fique claro, também não estamos felizes com isso.

– Qual é, eu juro que nunca mais me aproximo da Gwen ou dos amigos dela... Peço transferência de volta para Boehner hoje mesmo!

– Acho que você não entendeu. – Disse ela, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Ir para esse reformatório é sua única opção. É isso ou ser preso, você escolhe.

“Merda.” Seria obrigado a ceder.

(...)

Josh estava realmente perturbado. Pelo que Noah dissera para ele e Rony, os pais de Gwen já haviam tido “a conversa” com os de Sebastian, mas não queriam encher a cabeça da filha falando ainda mais sobre o assunto. Logo, ficava ser saber o que aconteceria com o ex amigo, o que o deixava mais que preocupado. E se, de alguma forma, aquele babaca conseguisse se livrar? Aquilo não podia acontecer, principalmente após ele ter a ousadia de ameaçar sua melhor amiga daquele jeito tão nojento... Podia até não estar presente no momento, mas somente o relato de Liz já fora suficiente para fazer seu ódio crescer ainda mais.

E ele não era o único. Frannie e Noah também já estavam praticamente indo até a casa de McKean questionar os pais dele sobre o assunto. Sem falar em Terry e Jennifer que não paravam de fazer perguntas como: “Já sabe de alguma coisa?” ou “E aí? Alguma notícia?”. Isaac, Matt e Rony eram os mais “tranquilos”, porém também ficava evidente que também se preocupavam.

Todos queriam que as coisas voltassem a ser como antes, sem aquela neurose insuportável e sentimentos negativos – literalmente todos direcionados ao Sebastian – que não os deixavam em paz. Queriam ver o imbecil se ferrando definitivamente, de forma que pudessem ter certeza de que ele não perturbaria Gwen novamente.

Claro que não passavam todo o tempo pensando sobre aquilo, mas bastava o assunto surgir ou se lembrarem de alguma outra forma para toda a ansiedade retornar.

(...)

Você precisava ver, ele se declarou na frente de todo mundo! – Contava Claire, animada, do outro lado da linha. – Foi super fofo... E também, muito gay.

– Eu imagino. – Brittney sorriu consigo mesma, contente em saber que a namorada estava se divertindo. – O que foi que o Jack disse?

– É Ted, Britt. – Claire corrigiu, rindo. – Bom, ele o rejeitou, mas a declaração continua sendo fofa.

Brittney ouviu uma voz masculina chorosa do outro lado da linha, mandando a ruiva “parar de fofocar sobre a vida dele”. Então, Claire disse:

Desculpa amor, vou ter que desligar agora. Tenho um gay deprimido para animar.

– Tudo bem. – Riu. – Até mais tarde!

Sobre isso, acho que não poderei te ligar à noite. Só amanhã de manhã. – O tom de Claire indicava certa chateação. – Tenho um trabalho de Filosofia enorme para terminar...

– Não tem problema. – Britt não foi 100% sincera ao dizer isso, estava sim um pouco decepcionada, mas não queria preocupar a outra com suas bobagens. – Tchau...

Então a chamada foi encerrada. Suspirou, em chateação. Tinha muitas saudades de Claire e em alguns momentos se sentia um tanto quanto deixada de lado, o que não fazia muito sentindo, considerando que as visitas eram frequentes. Apenas não se acostumava com a ideia de não poder ver a garota que amava todos os dias, na verdade. Pelo menos, quando se encontravam as coisas eram nada menos que perfeitas... Em todos os sentidos.

Bom, precisava pensar em algo para fazer naquela tarde, se não quisesse morrer de tédio. Talvez pudesse ir ao cinema, ver algum filme aleatório... Ou quem sabe, chamar as amigas para assistirem A Hora do Pesadelo pela milésima vez. Nesse caso, apenas uma delas, já que Liz com certeza não teria ânimo. Justificadamente, após toda a confusão com o imbecil do Sebastian.

Pegou o celular, buscando pelo número da melhor amiga.

“Hey!” – B

Aguardou alguns minutos, mas nada de Becky responder. Decidiu continuar tentando:

“Tudo bem?” – B

“O que você está fazendo?” – B

Esperou mais um tempo e continuou sem nenhuma resposta. Estranhou. A morena nunca largava o celular, então por que ela não a estava respondendo? Será que havia dito algo errado que a pudesse ter magoado? Não, não conseguia se lembrar de nada.

Quando já estava quase desistindo, três novas mensagens chegaram:

“Oi, Britt! ^_^” – R

“Tudo ótimo, na verdade. E com você?” – R

“Eu estava no banho, desculpe pela demora.” – R

Ao ler as mensagens, suspirou aliviada. É, tinha mesmo que parar com toda aquela “cisma”. Primeiro Claire, depois Becky? Todas aquelas preocupações bestas eram totalmente desnecessárias.

“Também estou bem. :D” – B

“Ah, sim...” – B

“Enfim, eu estava pensando se você não gostaria de vir aqui ver A Hora do Pesadelo outra vez. O que me diz?” – B

Ao contrário do que imaginava, a amiga não aceitou, como fez em todas as outras vezes.

“Não vai dar.” – R

“O quê? Por que não?” – B

“Tenho um encontro com a Ashley, vou buscá-la agora mesmo. :)” – R

“Jura? Que legal...” – B

“Muito. Ela é incrível!” – R

Outro suspiro. Dessa vez, um insatisfeito. Realmente estava feliz em ver Becky finalmente seguir em frente, mas assistir ao filme sozinha não seria a mesma coisa... E também, com as duas melhores amigas namorando – ou quase isso, no caso da ex namorada – ficaria mais difícil as duas saírem juntas. Exceto quando Claire estivesse na cidade, porque aí poderiam sair sem que ninguém ficasse de vela...

“O que vocês vão fazer?” – B

“Eu não sei, ela quem planejou tudo. Só vou buscá-la porque sou a única que sabe dirigir.” – R

“Entendi...” – B

“Bom, tenho que ir agora se não quiser me atrasar. Beijos!” – R

“Ótimo.” Ironizou, mentalmente. Agora sabia como a amiga se sentia todas as vezes que a “dispensava” para sair com Claire...

(...)

Liz realmente se esforçava, mas não conseguia entender o objetivo por trás de assistirem um filme mudo de 1927. Sentia-se meio burra por não estar entendendo absolutamente nada da história, mas não conseguia prestar atenção naquilo. Toda vez que sua mente viajava, os pensamentos eram direcionados ao ocorrido do dia anterior. Finalmente, as coisas pareciam estar se ajeitando, após a tentativa nojenta de vingança que na mente problemática de Sebastian deveria fazer total sentido. Isso, de certo modo, a fazia se sentir feliz.

– Você não está prestando atenção, está?

A pergunta de Gwen a tirou de seus devaneios. Será que ela ficaria brava se dissesse que não? Preferia não arriscar.

– É claro que eu estou!

– Mesmo? – A voz da baixinha estava cheia de ironia. – Então o que está acontecendo?

– Hã... – “Eles se parecem com um casal, certo? Deve ser alguma cena romântica...” – É uma cena romântica, obviamente.

Nesse momento, Gwen gargalhou. Vê-la daquele jeito, tão descontraída, a fez abrir um sorrisinho discreto. Tudo estava mesmo melhorando...

– É uma ficção científica, sunshine.

– Okay, eu não estava prestando atenção... – Só lhe restou admitir, em um tom de voz divertido.

– Que bom... – O comentário a fez franzir o cenho, confusa. A situação piorando ainda mais ao ver o sorrisinho da namorada. Antes que pudesse questioná-la, sentiu seus lábios serem tomados por ela. Sem precisar pensar duas vezes, correspondeu. – Já estava com saudades de nos beijarmos assim. – A confissão fez com que abrisse um largo sorriso, antes de iniciar um novo beijo e “puxar” Gwen, para que ela se sentasse em seu colo.

A mão esquerda da loira mergulhou sob a blusa da morena e seguiu diretamente para o seio direito, apertando-o, abrindo o sutiã que tinha fecho frontal. Gwen ouviu um sonoro gemido “escapar” dos lábios perfeitos de Liz. E ela gemeu junto, sentindo a blusa ser erguida e os beijos da líder de torcida mudarem de direção, passando pelo pescoço, colo... De repente, eles simplesmente pararam. Assim como Liz, que se afastou murmurando um “desculpa” quase inaudível.

Sem entender absolutamente nada, a baixinha abriu os olhos, vendo-a sair do quarto enquanto resmungava algo que não conseguiu compreender no momento. Já Gwen, permaneceu ali, encarando o nada em uma frustrante tentativa de tentar entender o que tinha acabado de acontecer.


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