School Days escrita por Isa


Capítulo 109
Capítulo 109: Baile – Parte 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/626197/chapter/109

Caleb tamborilava os dedos sobre a mesa acompanhando o ritmo da péssima – pelo menos, para ele – música que tocava, em uma inútil tentativa de se distrair naquele baile entediante. Assistir todos aqueles casais felizes – alguns nem tanto assim – e solteiros se torturando definitivamente não era algo que pudesse ser minimamente interessante. Estava mortalmente arrependido de sua decisão de comparecer ao “evento”. Ah, ao menos se Sue não tivesse escolhido ficar em casa, poderiam estar se divertindo.

Deixou um suspiro escapar. Droga, seria bem melhor ter ficado com a ruiva na casa dos avós dela, assistindo a uma maratona de How I Met Your Mother – embora nem de longe gostasse tanto assim da série – do que ali, sem absolutamente nada para fazer e ninguém com quem conversar.

Avistou, não muito longe de onde estava sentado, Josh e Rony dançando juntos. É, vendo daquele jeito – lê-se sem os preconceitos que costumava ter – os dois até que formavam um casal bonito. E feliz. Mais uma vez, se sentiu meio culpado pelas idiotices que costumava fazer. Bem ao lado dos dois, estavam Liz e Gwen, que também dançavam. Para ele, de todos os casais do colégio, as duas eram o mais improvável. Primeiro porque a loira sempre lhe parecera 100% heterossexual. Em parte, é claro, por tê-la namorado por um curto período de tempo. Mas acima de tudo, por causa da inimizade que as duas mantiveram por quase três anos. Igualmente próximos, porém apenas conversando no momento, estavam Noah e Jennifer. Outros dois que não imaginava que fossem dar certo. Conhecia Jenn desde o primário e sabia que ela sempre “fugia” de caras como o running back. Não que pudesse falar muita coisa, considerando como costumava ser até o momento em que se viu apaixonado por Sue.

Cansado daquilo – afinal, ficar observando casais aleatórios e refletindo sobre eles não era lá algo muito divertido de se fazer –, se levantou e andou até o estacionamento de Roosevelt. “Que se dane esse baile!” Foi o que pensou, ao ligar o carro.

Menos de vinte minutos depois, já estava parado em frente à porta da frente da casa dos avós da namorada, tocando a campainha. Não demorou muito para que ela fosse aberta.

– Caleb? O que está fazendo aqui? – Obviamente, Sue estranhou.

– Bom, resumindo: o baile não tem graça sem você. – Respondeu, simplesmente, dando um passo a frente e entrando. Sem pedir permissão – até porque, já não precisava mais – seguiu até a sala de estar e se sentou no sofá.

Sorriu de canto ao notar que a expressão dela havia mudado de confusa para alegre. E permitiu que o sorriso se alargasse quando ela se aconchegou nos braços dele e começaram a assistir um novo episódio.

(...)

Oh, então parece que ele é gay mesmo. – A voz de Rony soou divertida, com uma “pitada” de surpresa.

Josh não respondeu. Apenas ficou encarando o novo “casal” de Roosevelt totalmente perplexo. Definitivamente, não esperava se deparar com aquilo. Certo que seu gaydar realmente apontava para o tal Rick, mas vê-lo do nada com David era surpreendente. Ao mesmo tempo que um alívio, é claro. Ver seus dois maiores “concorrentes” – embora não tivesse nenhuma prova, sabia que os olhares desejosos que ambos lançavam para o seu loiro significavam algo – envolvidos de alguma forma ajudava e muito em sua missão praticamente impossível de controlar as crises bobas de ciúmes.

– Vai mesmo ficar aí encarando os dois ou prefere voltar à pista de dança? – Rony questionou, retoricamente.

A “resposta” do mais baixo foi puxá-lo novamente até onde os outros dançavam.

– Eu já falei que amo você hoje? – Quis saber o loiro, com um sorriso tão lindo que quase fez com que Josh perdesse o fôlego. De modo automático, sorriu de volta. Às vezes se perguntava como o namorado conseguia ser tão perfeito sem precisar de qualquer esforço.

– Hoje? Acho que só umas dez mil vezes... – Brincou, arrancando do outro uma risada alegre. – No entanto, não me incomodaria se você dissesse novamente.

Mais um sorriso que, surpreendentemente, conseguiu superar o anterior em nível de perfeição.

– Bom, sendo assim... Eu amo você.

– E eu amo você. – Saiu mais como um murmúrio, enquanto apoiava a cabeça no ombro de Rony.

Honestamente? Fazia muito tempo que não tinha sentimentos tão fortes por alguém. Parando para pensar, o único outro capaz de fazê-lo dizer essas três palavras fora Wally e já haviam se passado – provavelmente – quase dois anos desde o término. A diferença crucial entre os dois era que quando estava com o irmão de Jane não chegava a se ver ainda o namorando em um futuro distante. O que acontecia basicamente todas as vezes que olhava para Rony.

(...)

Sebastian assistia atentamente cada movimento do casal de garotas. As duas dançavam conforme a música e exibiam aqueles sorrisos apaixonados e idiotas, quase como se quisessem esfregar na cara dele o quão felizes estavam. Mal sabia que, na verdade, elas não davam a mínima para ele e seu “sofrimento”.

Àquela altura do campeonato, já nem pensava mais em voltar atrás, por mais suja e cruel fosse a vingança que tinha planejado. Mesmo sendo meio sádico, acreditava realmente que merecia aquilo, pelo menos uma vez. E também, ensinaria de uma vez por todas para aquelas vadias que elas não deveriam subestimar sua raiva.

O problema era que Gwen não se desgrudava da loira nunca. E bem, não podia fazer algo como aquilo em público, mesmo que de forma ou outra fosse acabar se ferrando.

Precisava fazer com que a baixinha deixasse o ginásio, mas... Como?

Era extremamente difícil raciocinar naquele estado de embriaguez, mas até que algumas ideias minimamente inteligentes – pelo menos, na cabeça dele – acabaram surgindo. Só não sabia qual escolher...

É, realmente não deveria ter bebido tanto...

(...)

Becky assistia a interação entre todos os casais – obviamente, um em especial – sentindo um pouco de, precisava admitir, inveja. Vir para o baile sozinha, após ter aquele surto repentino de “não preciso de ninguém, posso me divertir por conta própria nessa merda” tinha sido, de longe, sua pior ideia em anos.

Talvez fosse a carência falando, mas do nada ver Brittney com Claire voltou a ser algo extremamente desagradável. Ah, quem queria enganar? Ainda tinha sim sentimentos por Britt e odiava a si mesma por isso. Caramba, mesmo após tantos esforços, por que precisava continuar gostando a loira de uma forma indevida?

Já nem sabia mais como chamar aquilo. Provavelmente continua se sentindo daquele jeito por... Que diferença fazia? Nunca voltariam a ficar juntas menos. Tudo o que conseguia com aquilo era se machucar...

– Becky? – Uma voz feminina relativamente conhecida a chamou.

Estranhando, virou-se para ver de quem se tratava. Mas foi ao se deparar com a bela morena de olhos verdes que se surpreendeu. Ashley Bennet, líder de torcida e uma das principais concorrentes ao posto de rainha do baile naquele ano. Por que a surpresa? Bem, mesmo as duas estando na torcida há exatamente dois anos nunca haviam chegado a conversar.

– Sim?

– E-Eu... – Ashley gaguejou, parecendo nervosa. – Bem, sabe, eu só queria te dizer que você está linda.

“Espera... O quê?”

Oh, obrigada. Eu acho... – Sorriu, tímida. Não sabia ao certo como deveria ver aquela situação, mas também tinha plena consciência de que não era algo muito hétero chegar para uma quase desconhecida em um baile apenas para elogiá-la. – Uh, você também está incrível. – Foi sincera.

– Quer dançar? – Ashley perguntou, parecendo mais confiante.

Abriu seu melhor sorriso e assentiu. Que mal poderia fazer, afinal?

(...)

– Atenção alunos, atenção. – Pediu o diretor Kemmer, falando ao microfone que ficava em cima do palco improvisado. Nesse momento, a música parou de tocar e a maioria olhou em direção ao homem. – Candidatos a rei e rainha, reúnam-se no palco.

Kelly e Danny subiram, sendo seguidas por Ashley, Cooper e Jefferson. Nenhum dos cinco aparentava muita confiança quanto à competição, e a garota que havia convidado Becky para dançar era de todos a que acreditava ter as menores chances, já que tinha assinado seu “atestado de gayzice” ao tomar aquela atitude. Pelo menos, finalmente tivera coragem para tomar alguma iniciativa quanto aos sentimentos que guardava desde seu primeiro dia em Roosevelt.

– Esse é o momento que todos estavam esperando... – Continuou Kemmer, com um desânimo notável.

Na “platéia” Matt e Frannie trocavam olhares suspeitos e Becky olhava para Ashley, que sorria para ela. Certo, definitivamente aquela garota não estava apenas tentando ser legal. A conclusão a fez sorrir. Quem sabe pudesse acabar dando certo?

– O rei do baile desse ano é... – O diretor fez uma “pausa dramática”, abrindo o envelope que tinha em mãos. Todos – com exceção de Matt e Frannie, que eram os “causadores” daquilo – estranharam quando Kemmer esboçou uma expressão confusa. – Isaac Clark? – Soou mais como um questionamento.

Nesse momento, todo mundo olhou para o gamer, que tinha os olhos arregalados.

– O quê? – Olhou ao redor, sem entender. – Isso é alguma brincadeira de mau gosto? – Sussurrou para Terry, que o respondeu com um “não sei”. – É para eu subir lá?

Uhum... – A namorada murmurou. – Mas antes, quero deixar uma coisa clara: nem pense em dançar com qualquer uma das vadias que ganhem como rainha, me ouviu? – A “intimação” o fez rir, antes de seguir até o palco, ainda sem entender absolutamente nada. Até, é claro, o momento em que notou os sorrisinhos de “fomos nós” de Matt e Frannie.

O diretor Kemmer colocou a coroa sobre a sua cabeça e lhe entregou uma espécie de... Cajado? Ugh! Terry que o perdoasse, mas aquela era uma tradição extremamente ridícula!

– E agora... – Kemmer voltou ao microfone. Naquele momento, sem pedir permissão, Ashley já tinha descido do palco, resmungando um “foda-se”. – A rainha do baile é... – Ele abriu o envelope. Isaac olhou-o, impaciente. Queria descer daquela porcaria de palco logo. – Theresa Harris.

Nesse instante, todos olharam para Terry, que estava boquiaberta. Como aquilo poderia ter acontecido? Primeiro, ela e Isaac nem competindo estavam! Segundo, eram perdedores! Não fazia o menor sentido...

Apesar disso, quando os outros alunos começaram a aplaudir, uma alegria repentina a fez sorrir e caminhar com uma confiança até então inexistente e parar ao lado do namorado. Mesmo sendo, teoricamente, a maior bobagem do mundo, ganhar aquilo tinha um significado meio especial.

Fora uma excluída por toda a vida e por mais que em 90% do tempo já não se importasse mais, às vezes ainda se sentia um pouco triste. E ser coroada como rainha mudava tudo. Não era como se fosse, repentinamente, se tornar popular, mas significava que ao contrário do que pensava as pessoas do colégio não a odiavam completamente.

Isaac sorriu para ela. É, apesar daquela tradição ser sim idiota em seu ponto de vista, ver a namorada tão alegre tornava tudo muito melhor.

(...)

Estava na metade da música – que justamente por ser a do rei e da rainha era uma das mais “melosas” e românticas da noite – e quase todos os casais de Roosevelt dançavam em algum canto, enquanto Isaac e Terry faziam isso no centro da “pista de dança”. Normalmente seria meio estranho para os dois ser o centro das atenções, mas estavam tão imersos no momento que sequer deram-se conta do fato.

– É impressionante como deixei de me importar com isso. – Comentou Liz, desviando pela primeira vez sua atenção dos olhos castanhos da namorada para observar Isaac e Terry. – A “antiga eu”, que no caso estaria competindo, teria surtado se passasse um ano sem ganhar essa coroa. Se bem que a “antiga eu” nunca se permitiria sequer cogitar a hipótese de estar com uma garota, então...

Gwen riu, antes de beijá-la carinhosamente.

– Não acho que a “antiga você” fosse realmente você.

– Considerando que ela dizia te odiar, não devia ser mesmo... – Concordou Liz, seu sorriso se alargando ainda mais. Nunca estivera tão feliz, disso tinha certeza.

– Droga... – Gwen resmungou, fazendo a loira a olhar, confusa. – Meu celular, tem alguém me ligando. Preciso ir lá fora para atender... Ah, foda-se, vou esperar a música acabar.

Liz não pôde deixar de rir da “discussão” consigo mesma que a garota tinha acabado de ter.

– Eu te amo tanto... – Ela simplesmente sentiu a necessidade de dizer, recendo um selinho de Gwen como “resposta”.

– Eu também te amo...

E continuaram dançando, até a música chegar ao fim e o toque do celular da baixinha se fazer presente de forma mais audível. Retirando o aparelho da bolsa, viu que se tratava de um número desconhecido. Estranhou. Beijou a bochecha da namorada rapidamente, murmurando um “vou atender” e seguiu até o pátio, um dos poucos lugares do colégio em que o barulho do baile não atrapalharia.

– Alô?

– Oi, Gwendy... – A voz arrastada de Sebastian respondeu. Não do outro lado da linha, mas bem atrás dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "School Days" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.