School Days escrita por Isa


Capítulo 110
Capítulo 110: Baile – Parte 3




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No momento em que se virou para encará-lo Gwen soube que algo estava errado. Sebastian tinha um brilho estranho no olhar e um sorriso nada menos que cruel. Isso somado ao fato dele estar notavelmente bêbado fez com que tivesse um péssimo pressentimento sobre a situação. As palavras ditas por ele dias atrás retornaram a sua mente: “Você vai se arrepender, Collins.” O tom do “Oi, Gwendy” era absurdamente semelhante ao da ameaça.

– É falta de educação não responder as pessoas, sabia? – Sebastian interpelou, dando uma risada estranha logo em seguida. Provavelmente, causada pelo álcool.

– O que você quer? – Decidiu ir direto ao ponto, um tanto quanto impaciente e irritada. Porém, se arrependeu da atitude ao enxergar o ódio presente nos olhos dele.

Novamente, Seb gargalhou, dessa vez soando irônico.

– É uma pergunta meio idiota, não acha?

Tentando não se exaltar – de novo –, ela respirou fundo e soltou o ar lentamente, fechando os olhos no processo. Então, o encarou com toda a determinação do mundo, para dizer:

– Se é disso que se trata, acho que realmente não temos nada para conversar, já que deixei bem claro mais de uma vez que seus sentimentos por mim não são correspondidos. Agora, se tiver algo mais a dizer, seja breve, porque não tenho mais tempo para perder com essa sua estupidez.

– E quem foi que disse que eu quero conversar, Gwendy? – O questionamento foi feito de uma forma que, de certo modo, evidenciava sua verdadeira intenção: vingança.

Naquele momento específico, Gwen percebeu com quem lidava. Aquele não era o mesmo Sebastian McKean que achava conhecer. Mesmo sendo um verdadeiro babaca, o ex amigo não a fazia sentir medo.

Sim, ela estava com medo de alguém que há poucos meses costumava considerar como um de seus melhores amigos. Como a situação podia ter chegado àquele ponto?

Engoliu em seco quando o viu avançar em passos mortíferos em sua direção. Conforme ele se aproximava, ia dando passos para trás, temendo pela própria segurança. Afinal, se ele havia sido capaz de machucar Liz fisicamente, por que com ela seria diferente?

Quando sentiu seus pulsos serem agarrados de forma violenta e foi empurrada contra a parede, soube que estava perdida. Apesar de estarem longe do ginásio, ainda conseguia ouvir a música que tocava, embora não conseguisse identificá-la. Ou seja, mesmo se tentasse gritar pedindo por ajuda não seria ouvida.

– Sabe, você não teria que passar por isso se não se recusasse a me dar uma chance... – O olhar dele transbordava de desprezo. – Se não preferisse ficar se agarrando com ela por aí...

– Não é como se eu pudesse simplesmente escolher sentir algo por você... – Resmungou, mais para si mesma do que para ele. “E mesmo se eu pudesse, não o faria.” Acrescentou, mentalmente.

– Poderia ao menos tentar! – Aumentou a força com que a apertava nos pulsos. – Poderíamos estar felizes agora se tivesse me dado uma única chance, ao invés de viver me rejeitando!

– Bom, eu estou feliz! – Em meio à irritação – que por um breve instante conseguiu falar mais alto que o medo – que sentia, soltou. – E você também estaria, se aceitasse de uma vez que eu a amo e tentasse seguir em frente!

– Eu não quero seguir em frente, porra! – Ralhou, fazendo questão de machucá-la ainda mais. – Agora, chega dessa discussãozinha que não nos levará a lugar nenhum e vamos direto ao ponto...

– Faça o que quiser, não conseguirá mudar como eu me sinto mesmo... – Desafiou instintivamente, se arrependendo logo em seguida.

O sorriso sádico voltou a aparecer e, olhando bem no fundo nos olhos castanhos, ele disse:

– Vamos ver se ainda terá toda essa falsa coragem quando eu acabar...

Gwen então fechou os olhos, se preparando para receber algum golpe ou coisa parecida, mas o que aconteceu foi algo completamente diferente: ele colou os lábios nos dela, iniciando um beijo forçado.

Foi quando finalmente entendeu o que ele pretendia. E era bem pior do que apanhar. Imediatamente, começou a se debater, em inúmeras e falhas tentativas de se libertar. Aquilo não podia acontecer, precisava sair dali de alguma forma...

(...)

Becky sentia algo estranho durante sua conversa com Ashley. Por alguma razão, aquela garota e interessava mais do que qualquer uma das várias com as quais tentara se envolver para esquecer Brittney. E o melhor de tudo: os assuntos simplesmente surgiam de forma natural, sem que aquele silêncio constrangedor tomasse conta do ambiente. Sem falar, é claro, que era uma garota extremamente bonita. Sinceramente, não conseguia entender o porquê de nunca terem se falado até então. Tinham tanta coisa em comum e ao mesmo tempo conseguiam ser tão diferentes... Podia dizer que estava, de certo modo, fascinada. Desconhecia aquele interesse repentino, já que com Brittney tudo havia sido lento e gradual, mas gostava muito. Não sabia o que esperar daquilo – na verdade, nem mesmo se deveria esperar alguma coisa – porém certamente queria tentar.

– Por que nunca conversamos antes? – Se viu perguntando, repentinamente.

Sorriu consigo mesma ao ver as bochechas de Ashley adquirirem um tom rosado. “Tão adorável...” Pensou.

– Digamos que eu tinha vergonha demais para vir falar com você... – A confissão só fez com que seu já enorme sorriso se alargasse ainda mais.

– Por quê? – Perguntou, arqueando uma sobrancelha.

– Bom... Eu meio que tenho uma queda por você desde o meu primeiro dia aqui no colégio. Sei que talvez pareça ridículo, mas foi o principal motivo para que eu decidisse entrar para as líderes de torcida.

Bastou ouvir aquilo para que Becky tomasse definitivamente uma decisão: tentaria fazer dar certo com Ashley. Talvez fosse meio apressado por terem acabado de se conhecer oficialmente, mas... Ela queria aquilo e nada na garota parecia indicar qualquer “sinal vermelho”.

– Você... Não vai dizer nada?

Imediatamente respondeu, mas não com palavras: de forma um tanto quanto cautelosa foi se aproximando de Ashley, que não recuou. Logo, a beijou, sendo correspondida de imediato.

(...)

Os olhos verdes vagavam por todo o ginásio, indicando preocupação. Liz tinha aquela sensação desconfortável de que algo estava errado com aquela demora de Gwen. “Não. Não é nada demais. Talvez tenha sido a mãe dela quem ligou, pedindo para que ela passasse rapidamente em casam, ou algo assim...” Disse para si mesma, tentando se acalmar. “Mas... Ela teria me avisado se fosse ir embora, mesmo voltando depois...” Involuntariamente, revirou os olhos diante do próprio negativismo. Porém, ele permaneceu ali. E se algo ruim tivesse acontecido?

Droga, agora não conseguiria fazer mais nada além de remoer sobre todas as piores hipóteses imagináveis!

Foi então que se deu conta: Sebastian também não estava ali. “Oh, não...” Um desespero enorme começou a crescer dentro de seu peito, a situação piorando ainda mais quando a ameaça que ele havia feito dias atrás. Sabia que não deveria subestimar a loucura daquele filho da puta... Se ele estivesse com Gwen naquele momento, nada de bom poderia acontecer. Precisava encontrá-la!

– Noah! – Chamou, ao aproximar-se, interrompendo a sessão de amassos do amigo e de Jennifer.

Ah, qual é Harrison! Não dava para esperar?! – Noah questionou, notavelmente frustrado, virando-se para encará-la. Abriu a boca para continuar a reclamar, mas parou ao ver o estado da líder de torcida. Pela expressão dela não era difícil notar que algo estava errado. – Liz... Está tudo bem?

– Vem comigo, eu preciso que me ajude a encontrar a Gwen! – Ela pediu, com um desespero notável.

– Encontrar? – Ele perguntou, começando a ficar preocupado também. – O que aconteceu?

– Ela foi atender uma ligação, mas já se passaram quase dez minutos e ela ainda não voltou... – Fez uma pausa. – E o Sebastiota também não está aqui, sendo que alguns dias ele a ameaçou e...

– Espera, o quê? – Noah a interrompeu, em tom raivoso. – Como assim ele a ameaçou? Quem ele pensa que é?

– Apenas me ajudem a procurá-la, por favor... – Pediu outra vez. – Sei que talvez eu esteja exagerado, mas ele está bêbado e...

– Ei, calma, okay? – Noah segurou ambos os braços da garota, olhando nos olhos dela, sério. – Vamos lá...

(...)

Sebastian a pressionava ainda mais contra a parede, com ainda mais força e brutalidade, impossibilitando qualquer chance de fuga. Porém, a principal diferença era que agora as mãos dele exploravam o corpo feminino de forma que, se não estivesse preocupada demais tentando se desvencilhar, como sendo nojenta e repulsiva.

– Sebastian, por favor... – Gwen tentou, quando as lágrimas começaram a brotar nos olhos castanhos. Não conseguia acreditar no que estava prestes a acontecer. Nunca imaginara que algum dia poderia estar em uma situação como aquela. Não sentia “apenas” medo. Havia também a dor. Tanto física quanto emocional. Aquilo não podia acontecer. Ele não podia forçá-la! – Não faça isso, pelo amor de Deus... Eu juro que se me deixar ir não contarei a ninguém...

– Você me deu uma chance quando pedi “por favor”, Gwendy? – Sebastian questionou, retoricamente. – E quando eu implorei, você deu? – Gargalhou, alta e claramente. Ela conseguia enxergar todo o prazer mórbido que ele sentia fazendo aquilo.

– Seu doente! – Bradou, em um misto de ódio, pavor e nojo. – Me solte agora mesmo, senão irá se arrepender!

– Me arrepender, Gwendy? – Deu um sorrisinho cruel. – Acho que não. Pelo contrário, aliás. A única arrependida será você... – Chegou bem perto do ouvido dela e sussurrou: – Passará a vida inteira sendo atormentada por este momento, sofrendo pelo trauma que eu causei. E essa é a melhor parte! Qualquer outra vingança seria esquecida no futuro, quando você estivesse com a vida estabilizada. Mas isso... Ah, sim... Isso deixará marcas que não poderão ser apagadas... Então, mesmo correndo o risco de acabar na cadeira, será compensador, pois eu me darei mal sabendo que isso irá te assombrar eternamente...

Àquela altura, as lágrimas já escorriam livremente pelo rosto da pequena, que ainda tentava se livrar dele, mesmo sabendo que não conseguiria. Vê-la naquele estado fez Sebastian sentir uma estranha satisfação. Colou a boca na dela de maneira rude, a beijando mesmo que ela não correspondesse. Gwen conseguia sentir o gosto da bebida nos lábios dele, o que a deixava ainda mais enojada. Continuou se debatendo. Não desistiria, mesmo ele sendo mais alto e mais forte. Por acidente e quase tendo um pouco de sorte, acertou o joelho na perna dele. Um pouco mais para a direita e estaria livre...

A atitude pareceu deixá-lo ainda mais raivoso, pois ele a segurou pela nuca, puxando os cabelos castanhos violentamente e deixando o pescoço à mostra, enquanto a outra mão levantava o vestido, subindo rapidamente pela panturrilha até a coxa, rasgando aquele pedaço da vestimenta em um único “puxão”.

– Socorro! – A baixinha gritou, por mais que não tivesse esperanças de que alguém a ouviria. Sebastian, obviamente, tapou a boca dela.

– Fazer isso só irá piorar ainda mais a sua situação, Gwendy... – Dizendo isso, virou-a bruscamente de frente para a parede. Então, colocou uma mão ao redor do pescoço dela, apertando e deixando marcas vermelhas na pela à medida que levantava o que havia restado do já arruinado vestido.

Gwen já estava tomando fôlego para gritar novamente, quando seu corpo foi subitamente abandonado pelas mãos dele. Sebastian tinha sido arremessado no chão e se encontrava com uma das mãos esfregando a lateral do rosto.

A próxima coisa que viu foi seu melhor amigo “voando” para cima de McKean, socando-o no rosto com força. O outro até tentara revidar, mas graças aos esportes que praticava, Noah era, embora mais baixo, bem mais forte que ele.

A garota, não sabendo como reagir àquilo, olhou na direção oposta e viu Liz se aproximar dela com terror estampado na face. Sem precisar pensar duas vezes, “correu” até a namorada e se jogou em seu braços, sendo envolvida em um abraço protetor. A loira não disse nada, simplesmente deixou que a outra chorasse, finalmente sem medo.


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