– Dean! Levante! Ele sabe que estamos aqui!

– O que? Ele quem? – Perguntou Dean acordando atordoado.

– Te falo no caminho, mas agora temos que ir!

Saímos as presas do quarto. Pegamos apenas o essencial; roupas, dinheiro e as chaves do carro.

– Não pegue o cartão de crédito! – Exclamou Dean

– Por que não?

– Porque o cartão é o mesmo que estava aqui quando chegamos, ou seja, eles estão obviamente rastreando o cartão.

– Verdade, mas nós não temos muito dinheiro vivo.

– Paciência, agora vamos logo!

Abrimos a porta do quarto e corremos até o carro. Joguei toda a bagagem no banco de trás e sentei na frente, ao lado de Dean, que estava no banco do motorista.

Ele ligou o carro e pisou fundo no acelerador. Fomos na velocidade máxima que o carro atingia pela estrada, nem sabíamos para onde estávamos indo, o importante era sair rápido de lá.

Quando já estávamos a meia hora na estrada, Dean me perguntou:

– Quem está atrás de nós? O que aconteceu?

– Bom, eu estava indo comprar algumas coisas na padaria perto do hotel, eu entrei na loja, peguei algumas coisas e fui pagar. Mas a mulher que estava no caixa tinha os olhos vidrados, tentei “acordá-la”, mas mesmo assim ela não se mexeu. Então de repente ela agarrou o meu braço e continuou sem se mexer. Alguns segundos depois, ela começou a falar “Ele está chegando. Você deve impedi-lo. Nem que custe a sua própria vida. ”. Mas depois que disse isso, ela caiu no chão morta. Eu chamei uma ambulância e saí correndo. Mas o mais estranho era que eu pude perceber que ela estava aterrorizada. Sabe o que isso significa?

– Nossa, eu não tenho ideia. Meu irmão provavelmente saberia de alguma coisa, um deus procurando por vingança, alguma coisa deste tipo.

– Mas, isso tem a ver com o passado ou o futuro?

– E com passado e futuro o que você quis dizer...

– Que o passado é a época em que estamos e que o futuro é de onde você vem.

– Eu não sei. Mas acho que deve ser do “futuro”. Alguma coisa está procurando por mim.

– Por que algum monstro estaria tão fissurado em ir atrás de você? Você é só um caçador!

– Tem muita coisa que você não sabe sobre mim, Margot.

– Então me conte. Quero saber tudo! Tem um monstro/demônio/ não sei o que nos perseguindo!

– Bom, eu enganei a morte algumas vezes. Em 2006, meu irmão levou uma facada nas costas, tudo por causa desse maldito demônio! Quando Sammy tinha 6 meses, ele foi até a nossa casa e deu sangue de demônio para que ele bebesse. Mas, Mary atrapalhou o processo, então ele a matou – Dean começou a derramar algumas lagrimas, pude perceber que esse era um assunto frágil para ele.

– Dean, se você não quiser falar sobre isso tudo bem.

– Não, você perguntou. Já estamos juntos a algum tempo, você deve saber um pouco sobre mim. Como dizia, depois que Sam levou a facada nas costas, eu fiquei desesperado. Tão desesperado que eu decidi vender a minha alma para um demônio para que Sammy voltasse. Mas, a minha alma estava um pouco desvalorizada no mercado. Então tive apenas um ano de vida. Sam passou este ano inteiro procurando uma maneira de recuperar o meu contrato. Mas ele não conseguiu, então um cão do inferno me matou e eu fui para o inferno. Passei 4 meses lá, mas pareceram 40 anos, todo dia sendo torturado. Você não tem ideia, foi a pior coisa que já me aconteceu; mas não foi pior do que perder o Sam, passaria uma eternidade lá se fosse por ele. Um dia, eu acordei na minha cova, totalmente novo em folha, sem nenhuma cicatriz. Um tempo depois eu descobri que um anjo chamado Castiel havia me tirado de lá, mas ainda nem sei o porquê direito. Então cá estou.

A esta altura, vi que não devia perguntar mais nada sobre a vida dele. O irmão era tudo que Dean tinha, então ele TEM que voltar. Eu não tenho ninguém por quem continuar, Dean merece viver mais do que eu.

– Sinto muito Dean, eu devia ter te perguntado.

– Sério, tudo bem.

O resto da viagem foi em silêncio. Até que o carro freou bruscamente.

– O que foi isso?! – Eu acabei gritando por causa do susto que levei.

– E-eu não sei! Eu não fiz nada. – Respondeu Dean que estava tão surpreso quanto eu – isso não deve ser coisa boa, eles nos acharam.

Nós dois saímos do carro, cada um levando uma arma na mão.

– Quem é você?! Apareça filho da puta!

Silêncio. Nada nem ninguém respondeu. Entramos no carro novamente e Dean foi tentar dar a partida, mas o carro nem sequer ligou.

– Ótimo, estamos presos no meio do nada – eu disse.

– Calma, pegue uma mochila e ponha dentro as armas e sei lá mais o que. Eu vou lá fora ver se tem alguém.

– Não suma, por favor.

– Eu volto, não se preocupe.

– Dean...

Antes que pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, Dean saiu do carro. Fiz o que ele me disse e peguei uma arma para ficar na mão. Saí do carro e não vi Dean em lugar algum.

Passaram-se alguns poucos minutos e eu ouço um grito vindo das florestas.

– Margot! – Me viro para trás e vejo Dean correndo em direção ao carro – Entra no carro!

Entrei no banco do motorista e dei a partida. Como Dean estava longe dirigi até perto dele com pressa.

– Entra rápido!

Ele entrou no carro com o rosto um pouco ensanguentado. Pisei fundo no acelerador para sair de lá. Dirigi na velocidade máxima por cinco minutos, mas depois o carro freou sozinho de novo. Eu entrei em total pânico, comecei a chorar muito, nada como isso jamais havia acontecido comigo.

– Acalme-se Margot!

– E-eu não sei o que está acontecendo!

– Margot, a gente só vai sair dessa se você se acalmar.

Fui me acalmando aos poucos, até que parei de chorar.

– O-oque te atacou?

– Eu não sei, não vi nada. Só que alguma coisa estava me perseguindo na floresta, então eu comecei a correr e o resto você já sabe.

– Como você se machucou?

– Essa parte vai parecer bem besta, mas eu cai no chão.

Eu tive que rir, apesar da horrível situação na qual nos encontrávamos, imaginar Dean caindo na floresta me fazia rir.

– O que a gente faz agora, Dean?

– Eu não tenho ideia.

– Bom, estamos claramente fudidos.

– Jura? Nem tinha percebido.

– Você não pode trazer seu amigo anjo para nos tirar daqui?

– Não. Já tentei, mas ele não vem. Por favor diga que você tem alguma ideia brilhante.

– Até mês passado eu não sabia que anjos existiam, claro que não sei.

– Vamos analisar a situação: estamos presos no meio do nada com alguém na nossa cola. Já estive em situações piores.

– Mas, eu acho que seja lá o que estiver atrás de nós não é da “minha época”, eu acho que ele viajou no tempo para te encurralar aqui, vai ver que é porque você não tem Bobby nem Sam aqui.

– Faz sentido, mas é preciso muito poder para viajar no tempo, deve ser uma criatura poderosa.

– E o que nós vamos fazer, Dean? Sentar aqui e esperar para que “ele” chegue e matem a gente?

– Eu não sei! Mas parado eu não vou ficar. Levante.

Nós dois pegamos as armas e saímos do carro e começamos a andar para a frente, nosso destino anterior quando ainda tínhamos o carro.

Andamos por mais dez minutos, nada aconteceu, o que foi ligeiramente suspeito. Mas como o que é bom dura pouco, ouvimos barulhos que vinham de dentro da densa floresta.

– Ai meu Deus – eu disse preocupada, sabia que morreria, mas não vai ser hoje, não pode ser – o que foi isso?

– Calma, Margot. Deve ter sido só o vent-

Antes fosse apenas o vento, Dean mal pode completar a frase que ouvimos uivos vindo da floresta.