Mi Corazón Es Tuyo escrita por Laryssa


Capítulo 28
"Começaria quantas vezes por preciso"


Notas iniciais do capítulo

Hey hey hey!
Cinco dias depois, cá estou. Só tô passando para deixar esse docinho com vocês e já vou (pressa é assim mesmo).
Capítulo dedicado a todas as leitoras que sonharam com ele :3
Beijinhos, façam uma boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625843/chapter/28

Cheguei a casa dos Vargas pouco antes da hora do jantar. Não planejava demorar tanto, mas não sabia que a Francesca iria para lá e que passaríamos uma tarde incrível juntas. Sempre achei que fosse difícil esquecer tudo o que te acontece (tudo mesmo) e sorrir ao menos por alguns segundos. Talvez essa tenha sido a imagem da tristeza que os livros e os filmes colocaram na minha cabeça. Mas hoje, quando a Fran não foi nenhum pouco orgulhosa e me perdoou, eu percebi que nunca estaria só para enfrentar a pressão da Tradição, a distância de León e tudo mais. Falando nele, nao tenho noção de onde esteja.

Cecília e Carlos estavam na cozinha com a Luna. Da sala, dava pra escutar suas vozes. Então fui lá para cumprimentá-los, um pouco sem jeito. Se eu tivesse vindo mais cedo, não estaria assim.  Eles sorriram ao me ver, felizes e aliviados.

— Vilu – Ceci me chamou, enquanto terminava de preparar o jantar –, bem na hora. Eu e o Carlos estávamos falando agora justamente sobre amanhã. Queremos que seja um dia inesquecível pra você!

— O que tem amanhã? – Perguntei, voando no assunto.

— Seu aniversário – respondeu, Carlos.

No primeiro momento, fiquei sem acreditar. Amanhã é meu aniversário de 15! Amanhã é meu aniversário de 15! Mas depois, fiquei me perguntando como que alguém esquece um dia tão especial como esse, como eu pude esquecer. Eu deveria está ansiosa, contando os minutos, porém, só me lembrei agora.

Eles riram e a Luna, ainda que não entendesse o motivo de tanto riso, fez o mesmo. Se entendesse,  riria muito. Aconteceu tanta coisa essa semana, agora isso.

Carlos falou que poderia ir comigo ao shopping amanhã para que eu escolhesse o meu presente e a Cecília sugeriu que poderíamos fazer uma comemoração simples aqui e deixou que eu convidasse a Fran e o Maxi. As ideias são excelentes, mas não posso aceitar. Sinto-me incomodada com essa situação. Eles sempre cuidaram de mim, isso é fato, só que não gosto que gastem tanto comigo. Tive que repetir sobre o quarto: ele é e continua sendo o melhor presente que eles poderiam ter me dado. Sei que eles estão fazendo isso para compensar a ausência dos meus pais.

Foi difícil convencê-los, se é que consegui. Logo mudamos de assunto e antes que a Cecília fosse arrumar a mesa, ela me pediu para ir chamar os meninos lá em cima. Não estou preparada psicologicamente para ver o León. Passamos o dia inteiro nos evitando e agora não temos para onde correr. Ainda assim, eu fui.

Da cozinha até as escadas, eu fiquei me convencendo que precisava ser rápida. Quanto menos tempo eu passasse olhando para ele, melhor seria. No entanto, quando cheguei no corredor, escutei as vozes do Jonas e do León. Pareciam estar discutindo. Então diminuí os passos e me aproximei da porta do quarto deles, em silêncio.

— Você acha que ela merece passar por isso, León? Por causa de um segredo que ela não te contou e que muito menos era da sua conta?

— É um assunto meu e dela, você não tem nada que se meter – León disse, com o tom de voz aparentemente calmo.

— Eu me meto porque me importo. Vocês são amigos desde que se entende por gente, tem certeza que quer isso? Cara, pensa em como seria sua vida sem ela, sem ligar para ela todas as noites quando ela não está aqui, embora ela não atenda porque você nunca sabe quando ela tá dormindo – ri fraco, então quer dizer que ele pensa em me ligar todas as noites? –, sem passear com ela pelo bosque, bem juntinhos e apaixonados…

— Ela que tivesse pensado antes de me esconder algo. Por que eu tenho que confiar nela e ela não pode confiar em mim?

— Vamos ver. Antes da Vilu viajar, você prometeu que se afastaria da Ludmila e quando ela voltou, vocês estavam juntos. Imagina como ela se sentiu e eu duvido muito que você tenha planejado contar pra ela. Os dois estão errados.

— Isso é passado, ela já me perdoou.

— E porque você não pode fazer o mesmo? – Jonas falou e depois de uns segundos continuou, não dando tempo para o León responder: – Por ciúmes, é claro. Você gosta dela, mas pensa que não tem chance por ser o amiguinho dela.

León não falou mais nada depois, apesar de eu querer que a conversa continuasse ou querer saber se era mesmo verdade o que Jonas acabou de falar. Esperei só mais um minuto para ter certeza que o silêncio continuaria, ajeitei minha postura e bati na porta do quarto deles.

Quem abriu foi o Jonas. Ele e seu irmão se entreolharam, desconfiados se escutei algo ou não. Tenho que fingir bem. Deixei o recado com eles e desci para a sala de jantar. Eles vieram atrás de mim.

Não muito diferente dos outros dias da semana, Jonas se sentou ao meu lado e León na cadeira oposta. Se antes eu me perguntava até quando será assim, agora eu tenho a resposta: pelo resto das nossas vidas.

Se bem que posso estar exagerando, como a Fran me disse mais cedo. É só questão de tempo e tudo vai se resolver. Ou será que é proibido ter esperança? Confesso que ela cresceu um pouquinho quando o Jonas disse que o León gosta de mim.

— Acreditam que a Vilu esqueceu que o aniversário dela é amanhã? – comentou a Cecília com uma risada fraca, durante o jantar.

Vi quando os gêmeos se entreolharam, atônitos. Jonas olhava para o León como se estivesse repreendendo-o, ele, por sua vez, lançou o mesmo olhar e baixou a cabeça. Eles também esqueceram.

Suspirei fundo e falei que foi uma semana cansativa e que tinha acontecido muita coisa, para me justificar. Nada justifica, eu sei, mas eu não estava mentindo.

— Não foi a única, o León também esqueceu – Jonas proferiu.

— Você não me lembrou, então…

— Ah claro, você ao menos lembra que ela é sua melhor amiga independente de qualquer coisa que aconteça porque vocês têm um amuleto, um amuleto.

— Vai começar com esse papo outra vez? Já está me cansando!

— Começaria quantas vezes for preciso para você abrir essa mente.

Eles voltaram a mesma discussão que tiveram lá em cima, só que dessa vez sabiam que eu estava escutando e que qualquer palavra que escapasse deles poderia causar alguma ferida. A Ceci pedia para que eles parassem, mas é como se eles não escutassem. Já estou me cansando desse assunto de tanto pensar e falar. Foi o dia inteiro assim e nem o jantar escapou. Espero que eu possa dormir sem sonhar com isso, pelo menos.

O Carlos já estava impaciente quando reclamou pela primeira vez. Eles não pararam. Na segunda vez, ele bateu na mesa e levantou o tom. Era quase impossível que ninguém ficasse assustado. Nunca o vi agir assim.

— Vocês dois querem parar e me explicar o que está acontecendo? Discutiram o dia todo hoje e nem para jantar vocês se acalmam. Para o quarto, já! E se eu escutar um pio…

— Pai – murmurou baixinho, León.

— Eu mandei vocês irem para o quarto, lá a gente conversa.

Jonas se levantou da mesa, com raiva, não muito diferente de León. Observei-os no caminho para a escada, onde eles falavam uma coisa para o outro que eu não pude entender devido a distância.

Passei a mão pelos meus cabelos e respirei fundo, não acreditando em nada que tinha acontecido. Carlos suspirou e foi atrás dos meninos. Olhei para a Cecília, temerosa de que podia ocorrer com eles. Ela estava tão calma que parece que não viu nada.

— Você também deve se acalmar. O Carlos não vai fazer nada além de conversar com eles e se estiver muito zangado, pode dar um castigo, mas nada muito grave – ela falou, adivinhando meus pensamentos. – Aliás, vá para o seu quarto, é melhor que descanse.

Não acho que seja uma boa ideia subir agora ou enquanto o Carlos estiver lá com o Jonas e o León, então pedi para ficar com a Luna enquanto ela se ocupava de limpar a cozinha ou então para ajudá-la a fazê-lo. Serve até para quebrar a tensão da casa.

Levei a Luna para a sala e fiquei brincando com ela. Não era tão tarde, mas também não tão cedo e ela estava com uma energia que eu jamais teria. É bem engraçado quando ela começa a conversar porque ela balbucia sons que só ela deve entender e eu conversava com ela também.

Para quem tem quatro meses, a Luna é bem esperta. Ela sabe pegar e segurar firme um brinquedo, às vezes, o faz com os pés e coloca na boca. Aliás, tudo o que ela pega quer botar na boca, até a mão.

A Ceci voltou assim que terminou e ficamos as três brincando na sala por um bom tempo. Quando a Luna dormiu e a Cecília subiu para deixá-la no quarto, guardei os brinquedos espalhados pela sala. Sei que ela voltaria para buscá-los, então levei logo lá pra cima e fui para o meu quarto.

Eu precisava tentar dormir. Precisava.

Tomei um banho não muito demorado, porque estava bem frio e me preparei para deitar. Amanhã é o meu aniversário e não preciso pensar nisso agora. É uma sensação estranha como se minha vida toda fosse mudar a partir de amanhã. Não sei, dizem que  nada muda depois dos 15 anos, mas não tenho certeza. Pode ser só a ansiedade me confundindo.

Quero o sono de hoje de manhã comigo. Ele só aparece na hora errada. Apaguei a luz, deitei e fechei os olhos, jurando que se tentasse, conseguiria.

A verdade é que eu pensava em muita coisa, em ligar para os meus pais, em compor a música do trabalho do Pablo, em contar carneirinhos, mas nada dava pra ser feito agora. Tentei ligar o abajur e ver as estrelinhas brilhando no teto para formar umas constelações com elas, porém não me ajudou nenhum pouco.

As horas foram se passando devagar como se não fosse amanhecer nunca. Nunca mesmo. Quando tenho a impressão que se passou uma hora, não passou nem dez minutos.

Você precisa dormir, Violetta. Precisa.

Fechei os olhos mais uma vez. Eu vou conseguir, sei que vou. Mas sempre vinha alguma coisa na cabeça que me fazia abri-los de repente.

Só havia uma coisa que ser feita. Peguei meu celular e o relógio já marcava pouco mais das onze. Levantei-me, vesti o meu roupão, calcei as pantufas e desci para a cozinha, cuidando das minhas passadas. Estava tudo escuro. A Cecília e o Carlos já devem ter ido dormir faz tempo e eu ainda aqui.

Na geladeira, peguei água e coloquei em um copo para mim. Talvez não desse certo, mas nas novelas e nos filmes, quem está sem sono sempre vai beber água ou leite. Sempre faço isso, porque hoje não funcionaria? (Falou a menina que vive sempre sem sono) Antes que eu bebesse o primeiro gole, escutei um barulho vindo da sala. Embora estivesse assustada, fui conferir. Mas quando eu cheguei lá, não tinha nada nem ninguém. Então não sabia se ficava pior ou aliviada. Voltei para a cozinha e León me encarava. Dei um pulo para trás.

— Sou só eu, relaxa! – Ele falou, abrindo a geladeira e pegando a caixa de leite que estava aberta. – Quer?

— Não, sim, não – me atrapalhei nas palavras e ele me olhou confuso, mas tentei consertar: – Quer dizer, não sabia que você acordava a essa hora para beber leite.

— E não acordo.

— E então?

— Estava sem sono. Sabe quando sua mente não quer parar nem por um segundo? Bom, acho que sim, deve estar muito ansiosa para amanhã.

— Acho que não é ansiedade e sim, medo.

León, que tinha acabado de tomar um pouco do leite, me olhou preocupado e com uma expressão de quem não tá entendendo.

— Medo?

— Sinto que muita coisa vai mudar, mais do que já mudou só nos últimos meses. Não estou preparada para perder mais alguém, para aguentar mais pressão…

— Sobre o que aconteceu esses dias…

— Você tem todo o direito de estar com raiva. Eu errei e vou ter que pagar por isso, mas não acha que a distância é mais caro?

Ele tentou falar, mas eu não deixei. Era a minha vez de contar o que eu sentia. Outro dia, ele não me deu oportunidade. Se é para contar a verdade que seja do início.

— O pior é que eu sei que isso não é de agora, já faz tempo que nossa amizade não é a mesma. Por que acha que fui à Espanha? Precisava de um tempo para pensar no que estávamos errando.

— Foi aí que você conheceu o Tomás e perdeu totalmente o foco, não? Lembra que você não atendeu a uma ligação sequer minha, deve ter sido por causa dele. Voltou para casa assim que se deram conta que nunca ia dar certo. Isso é…

Dói que ele pense assim quando não é. León foi uma das únicas razões para eu ter voltado. Sentia que precisava recuperá-lo, mas fiquei bastante decepcionada quando soube que ele estava com a Ludmila e não me reconheceu. O tempo todo só fingimos que estava tudo bem. Acontece que eu não sei que força tão poderosa é essa que é capaz de abalar nossa amizade, aquela que a gente chamava de indestrutível.

— Meus motivos para voltar a casa estão muito além disso, León.

— Então me conta.

Mordi o lábio inferior. Percebi que as batidas do meu coração se aceleraram, meu corpo suava e que já estava esfregando uma mão na outra. É chegada a hora de dizer.

Mas eu não conseguiria admitir os meus sentimentos com esses olhos me encarando. Não consigo nada sob pressão.

Tentei olhar para os lados e respirei fundo.

Só diga e vai tirar um peso das costas, não importa o que ele pensé.

Claro que importa o que ele vai achar. Se eu admito que gosto dele, posso estragar tudo de vez.

Relaxa.

Tomei coragem para fazer algo que seria mais constrangedor, caso desse errado.

Sem me dar conta, meus lábios e os de León já se selavam em um beijo. Esperei que ele rejeitasse e risse da minha atitude. Muito pelo contrário,ele segurou minha cintura e garantiu que esse beijo não terminasse tão rápido.

— Desculpa – sussurrei, cortando.

— Por isso? – Ele ainda insistiu com um selinho e eu ri.

— Alguém poderia ter nos visto e o Carlos já não tá nada legal com você.

— Não se preocupa com isso, está tudo escuro e todos estão dormindo. Ninguém nos verá …

O relógio apitou, marcando a hora. Nós dois rimos juntos do pulo de susto que demos, que só nos aproximou mais. Olhamos para ele.

Meia noite.

Chegou o dia.

Baixei a cabeça e mordi o lábio para conter o sorriso. Não sei se de felicidade, não sei se de nervoso. Minha vida pode mudar ou não. Ela pode simplesmente continuar de onde está que é o que eu mais quero agora.

León me encarava, podia sentir seu olhar sobre mim. Cuidadosamente, ele levantou o meu queixo e com a ponta dos dedo acariciou uma das minhas bochechas.

— Feliz aniversário, minha boneca— falou, quase como em um sussurro.

Seu rosto estava cada vez mais próximo. Primeiro, sua testa encostou na minha, seu nariz e por fim, os seus lábios. Beijamo–nos como se já o fizéssemos faz tempo, sem medo de ser pegos, sem medo de estragar a coisa mais valiosa que tínhamos: nossa amizade.

Mesmo no escuro, nossas mãos se encontraram e se entrelaçaram uma na outra. E eu tinha certeza que queria que elas estivessem sempre assim, juntas, ainda que isso causasse uma reviravolta na minha vida inteira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

aaaaaaa o que acharam? me digam! Me contem! Quero sabeeeeeeeer
Estou sem palavras depois desse capítulo, gente. Estava tão ansiosa para publicá-lo que não sei o que dizer.
No próximo capítulo conto como foi o resto do dia, parece que ele já começou muito bem, hehe.

Beijinhos, não sei quando sai o próximo (minhas férias acabaram :( ), mas vou me esforçar que nem para esse pois continuo ansiosa (já sou).

Até a próxima, estrelinhas!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mi Corazón Es Tuyo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.