Mi Corazón Es Tuyo escrita por Laryssa


Capítulo 29
Chamar é muito fácil, eu quero que ele me note!


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, boa tarde, boa noite de onde quer que vocês estejam lendo isso! (Me lembra alguma coisa, mas não sei o que é). Enfim, capítulo novo! Oba!
Vocês vão descobrir muita coisa nele, sobre os aniversários da Vilu e tudo mais. Eu descobri que sou muito detalhista porque até lugar no mapa eu marquei para não me confundir depois, contei os meses, os dias, tudo para não errar as datas de aniversário nessa fanfic. Preciso ser menos e os capítulos virão mais rápido, haha. Mais uma vez eu não abandonei a história, estou até pensando como será o final... Já choro só em pensar em final.
Mas para quê falar em final antes do começo de um capítulo que está um docinho?
Agradeço ao apoio de vocês que acompanham essa fanfic e tem paciência em esperar pela autora. Ainda tem muita coisa para acontecer e ao mesmo tempo falta pouco e eu espero acompanhar tudo isso com vocês, nhaaa.
Boa leitura, gente linda do meu coração ♥



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Estava me sentindo nas nuvens. As lembranças da noite anterior passavam uma vez ou outra pela minha mente e eu sorria feito boba. Nem dá para acreditar que foi mesmo real.

Alguém bateu na porta do quarto e eu consenti a entrada, sentando-me na cama. A família quase toda entrou, cantando a canção las mañanitas, tradicional do México. Gratidão é a palavra, principalmente quando os vi entrar e eu estava de casaco. Carlos segurava um bolinho bem pequeno que tinha uma vela acesa. Ele pediu que eu fizesse um pedido e soprasse. Não sabia ao certo o que pedir, então pedi a primeira coisa que me veio à cabeça: mais aniversários ao lado deles que são a minha família (e dos meus pais, especialmente).

Como eu disse, estavam aqui quase todos menos o León. Confesso que queria que ele estivesse também. Sua ausência me faz pensar que nada do que aconteceu ontem foi real e que seguimos distanciados. Cecília acabou entregando que ele ia me pedir para sair com ele agora pela manhã e com isso eu fiquei me perguntando se ele já tinha contado algo. Por via das dúvidas, é melhor que eu não comente nada. Descobri também que acordei tarde demais até para a tolerância de costume.

León apareceu no meu quarto quando eu estava me arrumando. Ele estranhou e perguntou se eu sabia de algo. Claro que respondi que não, mas ele continuou desconfiado e acabou falando.

— Não acredito que ela te contou, era para eu ter te pedido!

— Pedido o quê? – fiz-me de tonta, contraindo os lábios para conter o sorriso enquanto terminava de arrumar meu cabelo e o observava através do espelho.

— Para ir comigo àquele lugar que você tanto gosta, que nós fomos juntos e eu não sabia que era você.

— Eu adoraria, mas por favor não me lembra daquele dia. Foi confuso.

— Só um pouquinho.

Ele riu e quando eu terminei de me arrumar, me levou até a Padaria Gardênia. Tinha me esquecido do quanto esse lugar é florido. O cheiro do pão francês me dá nostalgia e fome ao mesmo tempo.

Sentamo-nos na penúltima mesa como da outra vez. Fizemos o pedido e conversamos sobre as mais diversas besteiras enquanto não estava pronto.

— Há alguns meses, você estava nessa mesa falando para a Violetta que a sua melhor amiga tinha te abandonado.

— A minha melhor amiga e a Violetta não são a mesma pessoa?

— Não, elas só têm o mesmo nome. Por exemplo, existe a Violetta que foi para Madri, a que veio e eu. Da mesma forma que existe o León antes da Ludmila, durante e você.

Mais uma vez eu começava a pensar nessas loucuras. Se bem que dessa vez ela não é tão grande, é de verdade.  Já não sou a mesma que era antes de viajar, nunca fui aquela que voltou e agora sou só eu e isso é tudo o que sei.

— Qual a diferença entre nós três?

— O último se deu conta de algo que o primeiro deveria saber. Mas acredite, os três são vacilões. – brinquei na última parte.

Ele riu, segurou a minha mão, acariciou-a e depois estalou um beijo nela. Sorriu e foi dizendo sozinho as diferenças e as semelhanças entre os três. Por fim, disse que o melhor era que sempre existiria um de nós para o outro. Ainda mudaremos muito nessa vida e nós dois vamos acompanhar juntos a essas mudanças.

Parecia um pouco precipitado, principalmente agora que não sabemos o que acontece conosco e disso eu não quero falar, pelo menos não hoje para não misturar as coisas. Estou bem com ele e temo estragar se perguntar algo sobre os últimos dias. Hoje é o meu dia, nada e ninguém vai destruí-lo, só que não posso arriscar.

Depois do café da manhã, parece que o dia passou voando. O bom é que pelo menos hoje não houveram problemas, discussões.

Uma boa parte do tempo eu passei na casa da Cecília. Ela não queria que eu a ajudasse em nada hoje, então fiquei lendo mesmo estando sem paciência para isso. Em um momento, levantei-me da minha cama e pensei em algo especial. Não seria uma pessoa, um objeto, mas um lugar: o bosque onde eu passava quase todas as tardes.

Olhei-me no espelho e só fiz arrumar a minha saia que estava um pouco bagunçada. Peguei o meu livro e ao sair do quarto encontrei-me com o Jonas e aproveitei para perguntar se ele tinha visto o León, mas ele respondeu que não. O León literalmente sumiu depois que voltamos pra cá, o que eu acho bem estranho. Eu o chamaria para ir comigo, já que não apareceu, vou sozinha.

Se há alguma coisa que sempre gostei aqui em Buenos Aires é as ruas floridas do Palermo mesmo no outono, na Primavera ficam bem mais lindas. O bosque então… Não sei como me encanto toda vez que venho. Sentei na grama, próximo ao lago e tornei-me pensativa.

15 anos. Tudo o que fiz até agora foi bom ou ruim? Pude aprender com os meus erros? Já fiz alguém sofrer? Eu faço alguém feliz? Será que eu sou feliz?

Penso que se não sou capaz de responder a essas perguntas, certamente eu  não me conheço tanto quanto deveria. Meu pai diria que a descoberta de si mesmo é a longo prazo, mas é terrível não saber quem eu sou. É como se eu não soubesse para onde ir porque simplesmente não encontrei o rumo. Ainda mais agora com a Tradição… Posso optar por ela e tudo vai ser mais fácil da mesma maneira que posso ir contra ela e lutar pelo que quero de verdade. Minha mãe está louca para que eu mude de ideia a respeito dos meus sonhos e o papai ainda torce bastante para que eu escolha uma das coisas que aprendemos juntos, mas sei que no fundo ele vai me apoiar em qualquer coisa que eu escolher. Também tem a Cecília que disse que eu preciso construir pouco a pouco o meu caminho mesmo que o destino não mude.

Meus amigos não sabem sobre isso e sinto um pouco de culpa. Eles deveriam e nem entendo porque não disse nada. Por medo de acharem que isso é uma bobagem? Por vergonha? Por que exatamente?

Em nenhum aniversário eu parei pra pensar tanto em mim. Sempre é o dia feliz em que acordo com um buquê de flores e o bom dia do meu pai. Hoje eu não tive isso, mas tive o bolinho que o Carlos trouxe, os parabéns de toda a família Vargas e um café da manhã incrível com o meu melhor amigo depois de uma semana turbulenta.  É bem diferente de tudo o que já vivi, é especial. Como todos os anos, eu sinto falta da minha mãe mesmo que já tenha entendido que ela nunca vai estar presente. Eu gostaria que hoje ela estivesse e nem acredito que dessa vez ela teve a oportunidade.

O último aniversário em que ela esteve foi o de sete anos. Eu tenho lembranças vagas desse dia, não são tantas. Não foi uma festa grande como a de cinco anos, foi só para a família e ainda assim nem criança tinha (meus primos só nasceram depois que eu cresci, imperdoável). Se nessa idade eu não tinha primos por parte de pai, por parte de mãe eu nunca saberia. Não lembro de ter visto uma das minhas tias ou a minha avó naquela comemoração. Ah, tinha criança sim, mas não era da família. Lembro muito bem de implorar ao meu pai para chamar o León e o Jonas e hoje nenhum aniversário meu acontece sem eles dois, porque né? Minha mãe passou a maior parte da festa comigo, ainda posso escutá-la dizendo para tomar cuidado para não tropeçar na escadinha que dá acesso ao jardim, para segurar o copo com firmeza para o refrigerante não cair, para parar de correr e voltar para a sala… Não consigo lembrar porque eu estava correndo, mas sempre que penso nisso, recordo vê-la rindo e falando no quanto eu era fofa, teve um momento em que ela também correu atrás de mim para me pegar e eu via que ela se divertia com isso.

E isso é tudo o que me passa daquele dia. Não entendo como ela pôde ter acabado com toda aquela alegria de forma tão súbita.

No ano seguinte, eu ainda estava me adaptando à separação deles. Ela não tinha vindo me visitar ainda e eu achava que quando a Cecília falava que ela não ia vir para minha festinha na escola era uma surpresa e que com certeza minha mãe apareceria. Mas ela não veio e fiquei tão triste por isso que mal aproveitei o dia. Meu pai até tentou ligar pra ela e não teve sucesso.

Sei que ela vai estar na minha festa semana que vem, pelo menos isso. Da mesma forma que sei que mesmo ela não estando meus amigos e minha família me ajudarão a curtir o momento.

Passei tanto tempo pensando nisso que já tinha me esquecido que eu vim para ler. A vontade deve ter ido embora faz tempo ou então devo ter me equivocado quando pensei que aqui eu me concentraria melhor. É um lugar lindo demais para não ficar olhando para ele o tempo inteiro.

Nisso de olhar para os quatro cantos do bosque foi que eu encontrei o Maxi andando pertinho de onde eu estava. O inútil nem me viu! Então eu me levantei e segui-o sem que ele me percebesse. Só precisava de um pouquinho de paciência porque ele anda muito devagar. Ele parecia procurar alguém, sempre olhando de um lado para o outro, nunca para trás. Quando pensei em acelerar o passo e ficar em um ângulo que da próxima vez que olhasse para os lados me visse, ele parou. Tipo do nada. Eu também parei, mas não fiquei do jeito que eu queria. (Chamar é muito fácil, eu quero que ele me note!). Foi aí que ele olhou para o lado e acenou para duas pessoas que pareciam ser a Fran e o León.

Bom, agora eu aciono o modo espiã. Escondi-me atrás de um árvore e quando ele chegou lá, eu só fiz andar devagar e me esconder atrás de um arbusto que tinha perto (nem tanto) de onde eles estavam. Conversavam animadamente sobre alguma coisa que eu não podia escutar e que nem faço questão. Não me convidaram, vou chegar lá pra quê? Mentira, eu só queria que esse arbusto fosse mais perto para ouvir tudo e o pior é que perto deles só tinha areia e as árvores eram finas. Não dá para ser espiã na areia!

Uma parte de mim dizia que eu tinha que ir pra lá e tirar satisfação com os três e a outra parte dizia que eu tinha que sair de lá antes que eles me vissem e me convidassem só porque eu estava passando por ali. Eu resolvi seguir a segunda, mesmo que tivesse comida porque no meu estado normal eu iria por ela. São falsos mesmo, nem me convidaram para comer no dia do meu aniversário.

Para voltar era mais fácil. Só precisava manter a discrição e assim saí, sem me esconder em árvore nenhuma. Tinha os planos de voltar para casa, mas só em pensar na entrada do bosque que estava muito longe, decidi voltar para onde eu estava.

Quando eu estava me aproximando da minha querida árvore perto do lago (sorte que não tinha ninguém lá), escutei uma voz me chamar atrás de mim. Não era uma voz qualquer. Era a voz e é impossível não reconhecê-la. Virei-me, cruzei os braços e falei:

— O que você quer, seu falso?

León riu de mim e eu não achei a menor graça. Ao perceber que eu não estava para brincadeira, ele veio até mim e me encarou. Por um momento, achei que fosse falar algo, justificar a traição que eles cometeram e eu já estava me preparando para dizer que não queria saber de nada. Ele ficou calado, deixou de me encarar e olhou para baixo.

Era ceninha para perdoá-los?

— León – chamei-o e ele me olhou – está tudo bem?

— Não. Sim, está tudo ótimo. É que eu não sei o que fazer.

— Com o quê? – perguntei, mas no fundo eu sabia que era para que eu os perdoe.

— Você e eu… Nós dois… Ontem à noite… Eu não sei explicar, Vilu.

Ah, então era isso. Ele parecia tão bem hoje de manhã porque isso agora? De fato, a gente não se encontrou como agora, nós nos vimos, saímos juntos e tentamos agir o mais natural possível. Melhores amigos não se beijam como fizemos ontem. Só em pensar nisso, eu ri fraco.

— Não precisa fazer nada – segurei sua mão e nossos dedos se entrelaçaram automaticamente.

— Nem com o nós que sentimos?

Fiquei com falta de ar com o que escutei. Sei que ontem eu não falei com todas as palavras que eu gostava dele, eu só o beijei. Também ouvi sua conversa com o Jonas e em algum momento eles falaram que o León gosta de mim. Desde quando eu não sei tampouco como ele soube. Talvez o Tomás esteja certo e meus sentimentos pelo León são muito óbvios. Só que durante esse tempo inteiro eu guardava isso comigo. No início eu parecia uma louca querendo que ele me visse como mais que um amiga e depois eu fui aceitando que nós nunca seríamos mais que isso. Mas escutá-lo dizer “o que nós sentimos” desperta uma sensação que eu nunca experimentei.

— E o que você sente?

— Que nós poderíamos continuar nossa história de uma outra forma.

— E você não tem medo que essa outra forma mude tudo?

— Vai mudar, é claro que vai, mas a nossa amizade vai estar com a gente independente de qualquer coisa. Ela tem raízes profundas demais para serem arrancadas. Sempre seremos os melhores amigos do mundo, Vilu.

Assenti com a cabeça e um silêncio constrangedor se formou entre nós. Eu deveria ter dito algo, mas nenhum de nós sabíamos o que dizer agora.  É como se as palavras tivessem fugido.

Olhei para ele, esperando que falasse alguma coisa, mas ele me jogou o mesmo olhar e eu me perdi.

— E agora? – falei pela primeira vez. Foi tudo o que consegui e devo parecer mesmo a tartaruguinha que o Maxi me chama, mas na verdade eu tinha medo de ter entendido tudo errado.

— A gente pode recuperar o tempo que perdemos e lutar por essa história até o fim.

— Vai ter fim?

— Sinceramente – respirou fundo –, eu não estou contando com isso.

Nós sorrimos feito bobos. Ele foi chegando mais perto e eu achava que meu coração ia saltar de tão rápido que estão os batimentos. Nossas mãos continuavam lá e suponho que nenhum dos dois queira mexer com elas até que o León as soltou. Com uma de suas mãos, ele acariciava a minha bochecha e com a outra ele envolveu a minha cintura. Fechei os meus olhos e senti os lábios de León tocarem os meus.

Não sou capaz de descrever esse beijo, mas confesso que estou adorando e já me acostumando a tê-lo todos os dias.

Meu coração deve estar pulando de alegria porque finalmente encontrou o que queria e eu sabia que essa história só estava começando...


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Notas finais do capítulo

Violetta se acostumando com um beijo a cada dia e eu me acostumando a escrever o final dos capítulos assim. Se o próximo terminar com um beijo também eu não respondo pelos meus atos. Ela tá amando isso e vocês também né? "A história só está começando..." é dessa frase que eu quero saber. Contem-me o que acham que ela quis dizer com isso, o que querem que aconteça até o final da história e o que querem descobrir ou entender. Não se esqueçam de dizer o que mais gostou e o que não gostou no capítulo.
Vou lendo os comentários a medida que vão chegando e com certeza eles me darão mais motivação para continuar.

Amo vocês, estrelinhas ♥
Até a próxima!



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