Mi Corazón Es Tuyo escrita por Laryssa


Capítulo 27
"Lenta como uma tartaruga, dramática feito novela"


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi! Como estão vocês?
Eu achava que nessas férias teria tempo para publicar uns cinco capítulos para vocês, mas me enganei. Ainda faltam alguns dias, será que eu consigo?
Ainda faltam dois dias para o dia do amigo, mas já me adiantei publicando um capítulo que fala muito sobre a amizade da Vilu, do León e da Fran.
Espero que gostem.
Façam uma boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625843/chapter/27

Meu pai ficou bastante preocupado com a ligação. A todo momento me perguntava se tinha acontecido algo, se estava tudo bem e eu dizia que sim. Para quê preocupá-lo mais? Se eu dissesse que eu não estava me sentindo bem, ele viria de onde está até aqui. Nunca duvidei disso.

Aproveitei para perguntar quando ele voltava, dizendo que estava louca de saudades e tudo mais. Ele respondeu que depende muito de certas coisas, mas talvez não demore tanto. Só espero que ele esteja na minha festa de 15 na semana que vem.

Quando encerramos a chamada, liguei para a Cecília para avisar que almoçarei na minha casa com a Olga. Ela não entendeu, a princípio, mas eu garanti que explicaria tudo quando chegasse. Era uma situação especial que eu não negaria solucionar.

Por fim, peguei minha bolsa que tinha deixado no armário e fui para a minha casa.

Tinha vindo ontem, mas eu estava mal. Hoje não estou tão diferente, mas posso dizer que estou mais forte  e mais disposta, porque eu só chorava.

Olga me recebeu com vários abraços e beijos como se não me visse há anos. Entendo. É a Olga e ela é exagerada, sempre. Pra variar, ela e Ramalho estavam brigando. Era a única coisa normal daqui. É como se a ausência do meu pai não tornasse a casa, a família completa. Minha mãe também faz parte disso. Me acostumei a tê-la por aqui, apesar de não conversar tanto com ela. Ou seja, nada que matar a saudade hoje.

Sentei-me no sofá e Olga seguiu para a cozinha, dizendo que fará o meu prato preferido.  

— Esqueceu algo? Digo, você me disse que não estaria aqui essa semana e já é a segunda vez que te vejo em menos de 24 horas. – Tomás comentou quando me viu.

— É minha casa e eu quis vir. Algum problema nisso?

— Não senhorita, é que…

— Tomás, nós temos quase a mesma idade, já nos conhecemos, já nos beijamos e você insiste em me chamar de senhorita?

— Perdão, é a força do hábito.

Joga essa força pra lá então.  Quando vem me pedir uma chance, não sabe porque nego. Imagina namorar com um cara que te trata dessa maneira? Assim, é muito educado e bonito, mas se for considerar outros fatores como ele trabalhar para minha mãe,  não é não, é como se eu fosse superior a ele. Não faz sentido pra mim.

— Tudo bem.

— Eu estava ainda pouco no jardim e não pude deixar de pensar em…

— Nós dois, eu sei. Vivemos momentos especiais no jardim do palacete.

— Gostaria de viver mais aqui?

Quando eu precisava de um momento para esquecer o que me acontecia, o que Tomás estava sempre ali, até porque eu não tinha como me comunicar com meus amigos de casa. Principalmente quando tive que suportar a pressão de entrar para o Studio. Ele não sabia disso, ninguém sabe, porque eu prefiro manter isso só comigo. E se eu quero me afastar da minha realidade por alguns minutos, sei que estou falando com a pessoa certa.

Peguei sua mão e o puxei para o jardim da minha casa, talvez um pouco menor que o do palacete da minha mãe e acredito que nem preciso dizer o porquê.

Em meio a tanto verde, o colorido das flores se destaca. Algumas plantas formam arbustos de diferentes tamanhos, alguns baixinhos, quase rasteiros, e outros tão maiores que eu. Havia uma trilha que logo se dividia em tantas outras para passear por onde quiser e nós dois estávamos seguindo-a. Ainda que houvesse bancos em alguns pontos, preferimos sentar na grama, penso que é mais confortável. Só que ele sentou um pouco perto demais e sem perceber me afastei um pouco.

— Desculpa, achei que…

— Eu só não quero que você entenda mal as coisas.

Ele assentiu.

Baixei a cabeça e me concentrei nas minhas unhas, que batucavam levemente a perna. Um silêncio constrangedor foi formado e em vez de pensar em como quebrá-lo, eu pedia para não ser forçada a isso. Não tinha muita coisa para falar com ele desde o dia que me beijou e achou que eu estava gostando. Ontem, não me veio a cabeça de falar sobre isso com ele, até porque não quero voltar no assunto. Penso que é passado e deve ficar lá, no passado.

Tomás parecia preocupado, via-se em seu rosto. Seria por sua tia, que deixou na Espanha? Mas não tinha nada de saudade na sua expressão. Se é que existe uma para tal.

— Violetta – chamou-me –, foi por causa do León, não foi? Que você recusou estar comigo, que você voltou pra cá.

— Não sei do que está...

— Você já gostava dele e continua gostando, claro. Eu queria ter percebido isso antes. – Continuou, me interrompendo.

— O León é o meu melhor amigo, não tem nada a ver.

— Fala isso para se convencer, mas ninguém é bobo o bastante para não perceber que você não quer só isso.

Se ninguém é bobo o bastante, onde o León se encaixa? Será que ele já se deu conta e esse foi um dos motivos para que se afastasse? Ou então seria essa uma das razões para que ele tenha me pedido para ficar com ele?

Quando o Maxi dizia que eu era lenta como uma tartaruga, eu não sabia que era mais lenta que uma.

— O León é o meu melhor amigo – eu repeti – e sempre vai ser. Por que preciso me convencer de algo que já sei há muito tempo?

— Se você não sente nada além de amizade, por que não contou de nós dois? Amigos devem se confiar. É por isso que ele está bravo com você, porque não confiou nele.

É duro quando você sabe o seu erro e ainda assim vem alguém e esfrega na sua cara, com todas as palavras, onde você errou. Eu sabia que tinha que ter confiado mais nele, mas não o fiz.

— Sabe, não faz sentido que conversemos sobre isso. Você fala como se me conhecesse a vida inteira, mas não. Foram só oito meses, Tomás. Oito meses. — Falei, dando ênfase nas duas últimas palavras.

Oito meses é muito tempo para quem estava com saudades de casa; oito meses não é nada para quem já voltou pra casa.

Ele baixou a cabeça, apenas escutando o que eu tinha para falar. Achei que fosse me sentir culpada por isso, que ia pedir perdão. No entanto, não encontro motivos. Afinal, ele estava jogando tudo na minha cara agora a pouco e não foi pra isso que eu vim.

— Eu aceitei vir pra cá com você porque esperava que fosse esquecer o que estava acontecendo, mas eu me enganei. Se fosse para ficar lembrando toda hora do León, eu teria ficado sozinha. Não precisava de alguém para isso.

Levantei-me, limpei a minha saia que estava cheia de grama e entrei na casa pela porta da cozinha. Sequer olhei para o Tomás antes de sair.

Fui surpreendida com alguém sentado no balcão, balançando as pernas e olhando para o chão. Talvez não tenha percebido que eu entrei.

Era Francesca. Seus cabelos escuros e seu vestido são inconfundíveis em qualquer lugar do mundo. Só estava muito quieta para ser a Francesca.

— Fran? – Chamei-a por fim.

— Vilu – ela sorriu fraco. Sua reação não é a que eu esperava. – O que houve? Achei que estivesse na casa do León.

— Acho que aqui é o único lugar onde eu não o encontraria. Digo, ele não tem motivos para me procurar, só para se afastar.

— Violetta, você é tão dramática que dá para fazer novela mexicana. Você sabe que é só uma fase e que daqui a pouco vão estar juntos como dois amiguinhos que se amam.

Assenti, apesar de não acreditar muito bem nisso.

Depois da conversa de ontem, duvido bastante. Peguei a sua corrente na minha bolsa. Trouxe-a comigo para guardá-la junto a minha que ainda estava em meu pescoço. Francesca olhou incrédula para o objeto que eu segurava e depois para mim, certificando que não era a mesma corrente.

— Não – foi tudo o que ela conseguiu falar, soltando um riso sarcástico.

— Sim.

— Não. Ele não fez isso. Ele… Ele me disse que esse pingente é uma lembrança muito linda de vocês dois e isso não faz nem três dias. Quando você estava na Espanha, ele passava horas olhando para essa corrente para sentir que você estava perto dele. Ele pensa em você toda vez que segura nisso, Violetta! Como pode tê-lo te entregado?

Francesca me fez pensar em algo que era muito óbvio, mas que eu não tinha me dado conta: León me entregou seu pingente porque não queria mais pensar em mim.

Baixei a cabeça, examinando o nó da amizade em minha mão. Ele tem formato quadricular, tendo, portanto, quatro quadradinhos. Havia um “L” no primeiro e um “V” no último. Nossas iniciais. León me disse que esse nó tinha um significado especial e eu pesquisei a respeito disso.

É um nó decorativo dos escoteiros que é muito utilizado nos lenços que eles carregam no pescoço. Nos resultados da pesquisa dizia que eles fazem esse nó para dar a amigos que conhecem em acampamentos, simbolizando a amizade deles que uma vez começada, tinha um sentido, uma importância. Só a pessoa que fez o nó pode desatá-lo.

Foi por isso que ele me entregou. Não havia como desatar. Nossa amizade já não é importante. Ele já não quer ter uma linda lembrança nossa.

— Vocês já conversaram? Vilu, você não pode deixar isso acontecer. Vai lá agora falar com ele!

— Não é tão simples, Fran.

Ela desceu do balcão e eu não hesitei em dar-lhe um abraço. Eu precisava e me sentia melhor sabendo que ela estava comigo, apesar do que aconteceu ontem. Por mais que eu não queira admitir, ela está certa. Foi só uma cena de ciúmes.

— Desculpa, amiga. De verdade. Você sabe, eu não estava bem e ainda por cima ele me ignorou. Podia ter falado algo, não sei.

— Tudo bem. Eu te entendo, mas ele te contou algo sobre como descobriu isso?

— Não, só disse que se eu continuasse te acusando por uma coisa que você não fez, também te perderia e isso é tudo o que eu menos queria.

— Ele quem disse “também”?

Balancei a cabeça, afirmando.

Eu e Francesca passamos a tarde inteira juntas e nos divertimos bastante. Tudo para que eu sorrisse um pouco. E eu sorri bastante. Primeiro, pedimos a Olga para cozinhar o almoço, o que foi uma luta. Depois cozinhamos e tivemos que tomar banho antes de comer porque estávamos sujas de coisas que jogamos uma na outra.

Foi divertido, eu achei.

O melhor de tudo é que agora sei que, independente do que eu sinta, sempre terei alguém comigo. Alguém para me abraçar, me acolher, me dar a mão. Terei um amigo, ou melhor dizendo, a Francesca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Li os comentários do capítulo anterior e vejo o alívio de vocês por tudo aquilo, da Fran e do León estarem namorando, ter sido um sonho. Mas Violetta queria ainda estar dormindo e acreditar que está em um pesadelo e que quando acordar tudo vai estar em seu devido lugar. Se está sonhando, será que falta muito para acordar disso? Sua amizade com a Francesca está firme assim como com o Maxi, mas falta algo. Falta o León. Seus pais por perto.
Só mais alguns capítulos e chegamos ao dia do aniversário dela. O que você espera que aconteça? Até lá, León já terá perdoado ela?
Parece que vai permanecer o mistério de como ele descobriu tudo, a não ser que...

Até a próxima, amores meus ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mi Corazón Es Tuyo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.