Mi Corazón Es Tuyo escrita por Laryssa


Capítulo 23
"Desde quando você precisa de permissão pra isso?"


Notas iniciais do capítulo

Hi peoples! Como vocês estão? Provavelmente se perguntando o que eu estou fazendo atualizando a fanfic em pleno carnaval. Pois é, pois é. Uma das melhores maneiras de curti-lo, foi bem divertido apesar de eu ter chorado bastante com o capítulo. Querem saber o porquê?

Façam uma boa leitura, amores meus :)



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Nesta manhã acordei tão cedo que parecia que a minha aula começaria às sete, como em uma escola normal. Desde criança, sou acostumada a isso porque meu pai exigia pontualidade para o café da manhã. Então se tornou difícil levantar tarde.

Hoje retorno às aulas com a tutora que tinha se afastado por algum motivo, e preciso me adaptar já que foram mais de um mês.

Depois de ter me vestido com uma roupa simples, fui para a sala de jantar, onde eu acreditava que estivesse apenas a Cecília. Mas ela estava com o Carlos, pude ver de longe. Ao me aproximar, percebi que eles conversavam sobre uma surpresa e, não sei se me enganei, meu nome foi citado. Escondi-me na parede mais próxima para não ser vista.

— Você acha que ela vai gostar? – Ceci perguntou enquanto terminava de arrumar a mesa.

— Tenho certeza que o Germán não atravessaria o Oceano se soubesse que ela não gostaria. Além do mais, está na hora da Vilu saber sobre o passado da família dela, tanto por parte de pai quanto, e principalmente, por parte de mãe. – O Carlos falou.

Sim, eu precisava conhecer a minha família e sabia que ela guardava várias coisas que minha mãe não quer que eu as encontre. É só perguntar pela minha avó que ela já fica nervosa e hesitante ou então da Tradição que ela responde que eu devo segui-la e não questioná-la. Acho que ela também era curiosa e quando descobriu o que não devia, acabou se decepcionando. Mas isso não justifica nada, porque se ela não quisesse que eu me decepcione, teria que me contar tudo antes ao invés de ficar escondendo. Talvez eu esteja errada e ela sempre soube de tudo, só não me fala porque quer me proteger. Mas de quê? Da minha própria família? E outra, o que o meu pai vai me trazer que precisou viajar? Se isso envolve o meu passado, ele não estragaria o que está tentando reconstruir com a mamãe?

Queria escutar mais, mas o cheiro da comida me convidava a entrar na sala.

Desencostei-me da parede quando eles pararam de falar. Entrei e eles me olharam, desconfiados se eu tinha escutado alguma coisa.

— Bom dia! – Cumprimentei, fingindo que não tinha acontecido nada.

— Bom dia –  responderam em uníssono, ainda desconfiados.

Sentei-me à mesa junto ao Carlos que sorriu fraco. Cecília, por sua vez, só balançou a cabeça e continuou o que estava fazendo.

— O León e o Jonas ainda não se levantaram? – Ela indagou.

— Ainda não os vi – falei.

Cecília começou a se preparar para ir atrás dos seus filhos, tirou o avental e o colocou em uma cadeira. Antes que saísse, Carlos se levantou e disse:

— Deixe que eu vou.

— Mas você precisa comer. Olha a hora, Carlos! – Insistiu Cecília.

— Alguns minutinhos não vão matar, Ceci. Tenho tudo sob controle. São meus filhos também.

Ele estalou um beijo na testa dela e seguiu para a escada, daí não o vi mais. A Ceci só suspirou, não havia muito o que fazer. É como se o Carlos a tivesse convencido de não convencê-lo. Estranho, não? Mas, eu acredito que os dois já se conhecem o bastante para não precisar disso.

Além do mais, a Cecília já estava cansada o suficiente para não deixar o seu marido cumprir uma das primeiras missões do cotidiano. Era um tanto desgastante cuidar de uma casa enorme e de três filhos, entre eles um bebê. No entanto, mais perceptível que seu cansaço era que seu esforço é para manter o bem-estar da família e por amor a todos  que fazem parte dela. Chega a ser lindo ver algo assim.

— Já pensei em contratar uma empregada doméstica – comentou, puxando a mesma cadeira que colocou o avental e sentando-se nela. Antes de eu abrir a boca para falar algo, ela continuou: – Já quis parecer com todas as mulheres da minha classe. Sempre bem vestidas, mostrando elegância todas as horas, participando de eventos com o marido e tudo mais.

Essas características me lembram a minha mãe antes de se divorciar do meu pai.  Não que ela tenha perdido a elegância, mas como agora é professora de canto, foi preciso dar uma revisada no seu guarda-roupa – até porque ela não daria aula com roupas de grife. Mas enfim, não é interessante ser como a maioria das mulheres da Classe Alta que deixam seus filhos com babás, não sabem cozinhar e arrumar uma casa. Porque não dar amor às crianças? Quando foi que a minha mãe me preparou um café da manhã?

Na minha opinião, a Cecília não está fazendo nada de errado.

— Quando você se casou não foi assim?

— Não consegui me adaptar. Várias vezes quase desisti de casar com o Carlos por causa desses padrões, achei que eles eram demais pra mim. Eu só queria formar uma família nos moldes da minha criação, claro que as condições são totalmente diferentes. Já o Carlos queria que nada me faltasse, que eu tivesse a vida de uma rainha. A família dele não me aceitava nenhum pouco por ser inferior, diziam que eu só queria o dinheiro e blá blá blá. Mesmo com todas as diferenças que nos separavam, o Carlos não desistiu de mim e fez de tudo para ficarmos juntos no final. Ele nunca foi de me fazer de empregada, ao contrário, uma vez ou outra ele me ajuda. Desde sempre eu cuidei dessa casa, dele, dos nossos filhos, de você e isso nunca me incomodou. Porque mudar agora?

— A diferença entre as classes de vocês foi o maior problema que já tiveram? – Perguntei porque era isso que eu estava mais interessada em saber, mesmo sendo inconveniente.

Ela hesitou antes de responder.

— Talvez não. Claro que os pais deles não aceitaram de primeira, demorou um bom tempo, mas deu tudo certo. A gente precisa abrir um pouco a mente e entender que o amor é capaz de quebrar qualquer barreira que a sociedade constrói.

Por um momento, pensei no Tomás e em todas as vezes que ele insistiu para ter algo comigo. A resposta para tantos pedidos de namoro sempre era não. “Não” porque me sentia atraída por outro garoto, que por sinal achou que eu o tinha deixado de lado. “Não” porque não me sentia preparada para viver um relacionamento sério. “Não” porque os rótulos da sociedade não permitiram. A gente até ficou uma vez, mas… (foi um erro).

— E você? Como está indo a sua vida romântica? – Ela perguntou.

— Que vida romântica? Se fugir do Andrés que vive me pedindo para sair com ele conta como minha vida romântica, te garanto que ela vai muito mal!

— O Andrés é aquele menino da banda que o León faz parte? Ah, ele é bonitinho.

Uma ótima questão agora era saber dessa banda. Já faz um tempo que eles não falam mais em ensaios e o León não me disse nada sobre terminar. Então…

— Bonitinho nada. O Andrés é um gato, mas isso não faz parte dos meus critérios. Todas as cantadas que ele me dá são as mesmas para outras garotas. Em exclusividade, o Jonas ganha dele.

— Se estamos falando em jogo, quem está ganhando?

— Adivinha?

Ela soltou um risinho ao se der conta de quem era. Em seguida, apontou para a mesa. Não entendi bem.

— Vocês ainda estão enrolando? Achei que depois daquele dia que os flagrei quase se beijando, vocês iam assumir o namoro de uma vez. Está esperando por ele?

— Não.

— E porque ainda não comeu? Cuidado para não se atrasar, hein?!

Jurava que ela tinha se referido ao meu enrolo com o León, que eu não deveria esperar por ele e tal. Mas ela falava do café da manhã. Como não me liguei disso?

— Ah sim – falei sem graça.

Olhei para a mesa e lá tinha uma variedade de comida. Como a Cecília estava por perto, eu não arriscaria pegar um pouco de cada coisa por causa da dieta que precisava ser o mais balanceada possível.

Carlos, Jonas e León apareceram na sala de jantar e se acomodaram. Mais uma vez, os dois irmãos trocaram de canto e Jonas permaneceu ao meu lado. Olhei para o León, completamente confusa. Ele não deu a mínima.

Assim que terminei de tomar café, fui para o meu quarto buscar as minhas coisas e desci para esperá-lo.

No caminho para o Studio, ele não dizia e nem comentava nada. Quando eu tentava puxar assunto, ele me cortava com respostas curtas. Ele estava… frio. Da última vez que ficou assim, disse que precisava de mim. A diferença é que já se passaram mais tempo e ele não está tão ignorante como naquele dia. Independente do que tenha acontecido dessa vez, ele ainda precisava de mim? Bom, pelo jeito que está me tratando, não precisa não. Mas não gosto de vê-lo assim.

— Está tudo bem? – Perguntei preocupada ao entrarmos no Studio.

— Sim – foi tudo o que ele respondeu.

Tomás se aproximava de nós dois, sorridente, e León se afastou de mim, dizendo que tinha que ir para a aula. Suspirei.

— Olá – cumprimentou Tomás.

— Oi.

— Como você está? Pela cara não está nada bem. Depois da aula podemos ir a algum lugar aqui em Buenos Aires, nesse caso, você me leva porque eu não conheço nada. Quem sabe não melhora essa carinha?

— Hoje?

Vi Francesca sair do zoom e andar pelo corredor. Segui seus passos com o olhar até ela entrar na sala de música. Não sabia que ela tinha aula lá no primeiro horário de hoje.

— Sim ou você tem algum compromisso?

— Tenho aula, mas eu vou ver se dá. Preciso ir.

Fui para a sala de música. A Fran saberia me dizer alguma coisa, já que foi quem chamou o León para ir ao Studio ontem à tarde. Ela estranhou ao me ver.

— Não sabia que você tinha aula aqui hoje – comentou.

— Você tem?

— Não sei – disse, rindo.

— Aconteceu alguma coisa com você? Nunca vi o León tão preocupado…

Ela baixou a cabeça e respirou fundo.

— Você se importa bastante, não?

— Vocês são meus amigos.

— Não foi nada, pode ficar tranquila.

Eu não tenho como ficar tranquila vendo o León tão frio e a Fran tão longe. Não me sinto bem em saber que desabafo para eles quando preciso, mas quando eles precisam tentam me convencer que não é nada.

Mas eu sei que tem algo e eu vou descobrir o que é.

— Como vocês dois estão?

Poderia dizer que estávamos super bem até ele ter que sair, mas não quero que ela se sinta culpada ou somente dizer que estamos bem, o que não seria verdade, mas também não seria mentira. Só está confuso.

— Bom, ele pediu para ficar comigo esses dias.

O queixo dela caiu, mas logo formou-se um sorriso em seu rosto. Era uma surpresa, porém boa.

— E você disse que sim, né? Óbvio!

— Não tive a oportunidade de responder e acho que vai demorar um pouquinho. Ele está diferente comigo.

— Será porque ele está esperando uma resposta?

— Acha que devo procurá-lo?

Beto entrou na sala acompanhado de mais alguns alunos. Ele parou, olhou para a Fran e perguntou se ela tinha aula ali naquele horário. Ela fez a mesma pergunta e nenhum dos dois souberam responder. No fim de tudo, a Francesca tinha aula de canto.

As aulas demoraram anos para acabar só porque eu estava ansiosa para conversar com o León. Talvez tivesse que esperar mais um pouco porque ainda tinha aula com a tutora e que me esconder do Tomás.

Procurei o meu melhor amigo por todos os cantos e não o achei. Algumas informações diziam que ele tinha ido pra casa, mas quando cheguei lá a Ceci me falou que ele almoçou em um restaurante com uns amigos. Liguei pra ele, mas foi em vão. Mal consegui prestar atenção no que a tutora falava durante a sua aula. Já estava ficando aflita.

Foi aí que recebi uma mensagem do Tomás me pedindo para levá-lo a conhecer alguns lugares de Buenos Aires, principalmente os que eu achava mais bonito.

Ah, são tantos lugares que acho bonito aqui em Bs. As. que precisaria escrever uma lista completa. Mas no momento, só posso levá-lo aos lugares bonitos do meu bairro. Moro numa cidade grande demais para ser explorada em um dia só, ainda mais a pé.

Resolvi ir, me faria bem sair para relaxar um pouco. Me arrumei e saí da casa dos Vargas. Encontrei o Tomás numa praça. Nossa, nem deu tempo de chegar ao Studio.

— Oi – me cumprimentou ao me ver.

— Oi – sorri fraco.

— Vejo que está bem melhor e uau – me fitou de cima a baixo – você está linda.

— Obrigada, mas antes que você entenda mal as coisas, isso não é um encontro. Estou te fazendo um favor, já que me pediu tanto.

— Eu só pedi, você veio porque quis.

Realmente. Ah, que raiva! Ele não me obrigou a vir, a escolha foi minha.

— Ou porque ainda sente algo por mim – completou baixinho.

— Tem noção do que está dizendo? Vamos logo, essa praça é um lugar muito bonito, mas quero te mostrar outros lugares.

Levei o Tomás para algumas praças que haviam nas proximidades do meu bairro que era enorme. Fomos ao bosque, mas especificamente nas regiões que não costumo ir como em um jardim japonês. Foi até divertido passar uma tarde com ele. Comemos, tomamos sorvete e caminhamos bastante. Bom, espero que ele tenha se contentado, porque já tenho planos para o resto da semana, inclusive para o sábado.

O nosso último ponto foi a Praça Mafalda que é perto do Studio. Ele insistiu para me deixar em casa, mas não quero que saiba onde é. Já tem o Jonas e o Andrés no meu pé, não aguentaria mais um.

— Bom, já que não faz questão… Obrigado pela tarde incrível, Vilu. Me lembrou muito de quando você estava em Madri. Aqui é bem diferente, mas a sensação é a mesma.

— A diferença começa que nos víamos um pouquinho mais tarde, não?

— Nem tão tarde, era antes do jantar.

— Você entendeu bem!

— Posso fazer com que esse momento pareça igual a todos os outros que vivemos.

— Como? Não estamos em…

Ele não me deixou terminar e me puxou para um beijo. Tentei resistir, mas meu corpo não obedeceu a esse comando. Retribui, na esperança de sentir algo. Entretanto, não senti nada, bem diferente dos que demos na Espanha. É, muita coisa mudou em tão pouco tempo. Foi aí que tive coragem para parar.

— O que houve?

— Preciso ir – sussurrei, com a cabeça baixa.

— Foi a melhor maneira de se despedir, não? Esperei tanto tempo por isso.

— Eu preciso ir.

Mais uma vez, ele se aproximou e me deu um selinho. Por acaso, ele acha que estou gostando disso?

Antes que ele dissesse ou fizesse mais alguma coisa, virei as costas e fui pra casa da Cecília. Fui para o meu quarto e tomei um banho demorado para ver se esfriava a pequena chama que se formou dizendo que gosto do Tomás. Eu não gosto dele como mais que um amigo e ponto. O fato de eu não ter sentido nada com o beijo é a maior prova disso.

Me vesti e desci. Sorri largamente ao ver a Luna brincando no carrinho, mais ainda quando o León chegou. Só que ele não me cumprimentou nem fez nada, falou com a Luna e foi para o seu quarto, me ignorando completamente. Pensei em ir atrás dele, mas temo piorar as coisas. A minha esperança é que ele vá ao meu quarto essa noite antes de dormir. Talvez ele não tenha ido noite passada porque estava cansado, ou até pode ter ido, mas eu já estava dormindo.

A questão é que não consegui me controlar. Não aguentava mais esse clima entre a gente por motivos que eu desconheço. Por isso, depois do jantar enquanto lavávamos a louça, comecei:

— A gente pode conversar?

— Desde quando você precisa de permissão para isso? – falou, enquanto limpava a pia.

— Desde quando você ficou estranho. – Peguei um prato no escorredor e o enxuguei. – Não vai me dizer o que aconteceu?

— Não te interessa o que aconteceu comigo.

— Achei que fôssemos amigos.

— Pra falar a verdade, eu quem achei que nós éramos amigos. Até porque você não hesitou em mentir pra mim, né?

— Do que está falando?

— Do Tomás.

Ele não esperou que eu respondesse e saiu, sem aviso algum. Eu fiquei lá, sozinha enxugando a louça. Depois que terminei, fui para o meu quarto e me deitei. Não sei porque, mas mesmo com o dia e com a conversa que tivemos, eu torcia para que o León fosse me ver e pedir desculpas. Mas ele não apareceu, como fez ontem. E ele não tinha porque se desculpar quando eu era a culpada. Depois dessa, já não tenho mais esperança que ele volte. A interrogação está em saber como ele descobriu isso.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Tô chorando até agora, não sei se por isso ou pelo que vai acontecer depois. Opa.
Mas enfim, o que aconteceu com a Francesca e como o León ficou sabendo da Vilu e do Tomás?

Quero contar-lhes a minha surpresa: uma adaptação da fanfic para um livro físico. Ansiosos?

Beijão da Lary,
amo vocês ♥



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