Pestinhas a Bordo escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 17
O Treinamento Continua. Parte 1 - Luna Vs Ohana?!


Notas iniciais do capítulo

E olha eu aqui de volta, povinho lindo do meu kokoro!! Saudades??
Gente, até que enfim esse cap. saiu, tava difícil... Sem falar que olha o tamanhão!! É o maior da fic até agora! Mas foi por uma boa causa, e eu adorei o resultado :D Espero que vocês também gostem!

Enfim, vocês sabem que amo a todos os meus leitores, porém esse capítulo precisa ser dedicado à duas pessoas em especial: Going Merry e snetto hyuuga!
Merry, honto ni arigatogozaimasu por ter mandado a primeira recomendação da fic, sua linda!! Eu amei, viu? :3
E Netto, o que dizer da horda de comentários que você me mandou? Graças a você, essa fic chegou aos cem comentários!! *-* E eu ainda vou terminar de responder todos, ok?

A todos os demais, obrigada também. Aproveitem e boa leitura ^-^



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O pequeno Ichigo estava parado na ponte levadiça que era a porta do quarto, olhando ao redor com os olhinhos curiosos, sem entender. Estava tudo muito quieto no quarto das pestinhas, no quarto de sua irmã. Quieto demais. E agora, graças à visão das duas camas vazias, ele sabia porque.

Mas era isso que deixava o moreninho com um ponto de interrogação na cabeça, pois se supunha que ainda estava cedo, o sol mal se levantara direito e ele era um dos pouquíssimos já acordados no Sunny.

Lembrava-se vagamente de que Ohana tinha ficado de vigia junto de Zoro na noite passada (por insistência da menina), então não se surpreendeu ao ver que a cama com prateleiras lotadas de livros em volta estava vazia. A imagem do ninho vazio de Sofia, improvisado próximo a uma “janela” do aposento, também não chamou a atenção, pois não era sempre que a corujinha dormia ali.

O que estranhou mesmo o pequeno e o preocupou foi quando viu a cama de Luna desocupada. Sua irmã nunca acordava cedo, não sem que ele a acordasse invadindo o quarto e pulando em cima dela (justamente o que planejava fazer naquela manhã), então onde ela poderia estar?

— Nee...chan? – Chamou baixinho, olhando agora para fora do quarto, com a hipótese de ter passado pela ruiva e não tê-la notado.

Mas não havia sinal de sua irmã no resto da parte interna do navio. No quarto de seus pais ela também não estava, pois ele tinha acabado de vir de lá; e, embora não soubesse uma razão para Luna adentrar o dormitório masculino, o pequeno mesmo assim conferiu: Nada.

O pânico de Ichigo começou a aumentar à medida que revirava suas memórias do dia anterior e não encontrava nenhuma lembrança com sua irmã. O que estava acontecendo? Será que ela tinha sumido desde ontem e ele não se dera conta? E ela sumiu pra onde?? Onde estava a sua irmã mais velha?!

— Nee-chan...! – Murmurou mais uma vez, agora com medo e choroso; pequenas lágrimas já brotavam nos cantos de seus olhos.

Correr de volta para o quarto dos pais foi quase um reflexo.

A habitação era composta por quatro paredes fortes, o suficiente para abafar o som que pudesse vir de dentro dela, e era de um tamanho mediano, mas a quantidade de coisas que conseguiam caber ali era impressionante: Além da excessivamente espaçosa cama de casal, havia também um grande guarda roupa, dois baús (um sendo para guardar as roupas do próprio Ichigo), uma penteadeira e um berço, que Luffy insistia em manter ali para tentar fazer com que o filho de já três anos não se metesse na cama, entre ele e Nami.

Mas até parece que isso acontecia. A grande prova era um espaço pequeno, porém grande o suficiente para um corpo de três anos, desocupado na cama de casal, justamente entre a navegadora e o capitão.

— MAMA!! – Ichigo praticamente berrou, escancarando a porta do cômodo e atirando-se sobre Nami. – Mama, acóda! Mama!! – Chamava desesperado pela mãe, enquanto a chacoalhava para fazê-la acordar.

Nami soltou um grunhido e apertou os olhos, antes de abri-los e girar a cabeça até que enxergasse seu filho. Ainda sonolenta, o que era evidente pela voz e pelos olhos semifechados, perguntou:

— O que foi, Ichigo?

— A nee... Nee-chan... – O pequeno mal conseguia falar direito. - Cadê?!

A navegadora levou uns segundos para espantar melhor o sono e processar as palavras gaguejadas do menino. Mas quando o fez, somente assumiu uma expressão irritada e voltou a fechar os olhos.

— Pergunta pro seu pai, foi ele quem... – O resto de sua frase saiu num murmúrio, tão bêbado de sono que Ichigo nem entendeu. Mas teve uma coisa que ele entendeu.

O pequeno voltou o olhar para o outro lado da cama, e seus olhinhos ganharam um brilho raivoso ao mirar um Luffy ainda dormindo feito uma pedra, todo estirado de barriga pra cima e roncando baixo.

— O QUE VOCÊ FEZ COM A NEE-CHAN? – Ichigo atirou-se sobre o moreno mais velho.

O garotinho agarrou-se à cabeça de Luffy, passando as perninhas pelo pescoço do pai e cobrindo assim a face deste com seu corpo diminuto. O que acabou por tapar a boca e o nariz do homem.

Deve ter levado uns vinte segundos para a necessidade de oxigênio acordar Luffy, que sentou-se num pulo desesperado, o que fez Ichigo finalmente largar sua cabeça e ser arremessado para a ponta da cama de casal.

Após boas respiradas, e algumas tosses, para recuperar o fôlego, o capitão olhou em volta para se localizar. Ficou confuso quando se viu em seu quarto no Sunny, mas uma expressão de entendimento se formou em seu rosto quando mirou o filho na borda da cama.

— Você quer mesmo me ver morrer sufocado, não é, moleque? – Questionou cruzando os braços. Não era a primeira, e provavelmente não seria a última, vez que Ichigo acordava-o daquela maneira.

O garoto imitou o gesto do pai, desafiante.

— Você merece depois do que fez com a nee-chan!

— Luna? – A confusão voltou a Luffy com a citação da filha mais velha. – Mas o que foi que eu fiz com ela?

Ichigo abriu a boca para responder, mas nada saiu. Pensando bem...:

— Eu também não sei. – Declarou inocentemente, olhando curioso para o mais velho e inclinando a cabecinha para o lado. – O que você fez com a nee-chan?

Luffy arregalou os olhos, incrédulo. Soltando um grunhido frustrado, fechou os olhos e deitou a cabeça de volta no travesseiro.

— Ei!! – Ichigo protestou contra aquele gesto, subindo no pai e chacoalhando-o. – Não dorme! Me diz cadê a nee-chan!

— Faforefa...

— Heim? – O pequeno questionou, não entendendo aquele murmúrio sem sentido do pai.

— Fa... foresfa!

— Heim?!

— faforesfa!!

— CALA A BOCA E MOSTRA PRA ELE! – Nami bateu na cara do marido com um travesseiro, antes de virar-se e adormecer novamente, como se nem tivesse dado aquele ataque.

Luffy sentou-se mais uma vez, dando um longo suspirou e esfregando o rosto. Olhou para o filho, que já o esperava na porta do quarto, antes de pegar seu chapéu de palha que estava na cabeceira da cama e levantar-se.

Os dois subiram até o convés do Sunny. Sentiram os primeiros raios de sol e o frescor da recente manhã.

— E então, cadê a nee-chan? – Ichigo perguntou olhando ao redor. Luffy não respondeu, pegou o filho no colo e sentou-o na amurada do navio.

O pequeno passou os olhos por toda a paisagem, vendo primeiro o porto onde estavam atracados, e mais para trás desse, algumas casas, que depois iam ganhando tamanho e se tornando prédios, até que sua visão prendesse nas altas chaminés das fábricas bem no centro da ilha.

Aquela era uma ilha-país fortemente industrializada, especializada na exportação de produtos, então era óbvio que a aparência do lugar não seria linda como em ilhas paradisíaca. Quase não havia vegetação, somente grama muito mal cuidada e umas arvorezinhas aqui e ali, e a fumaça que saía das chaminés nunca cessava, dando o toque final para o aspecto sem vida do local. Se não fosse pela movimentação já ouvida vinda das ruas, Ichigo juraria que estava diante dele uma cidade fantasma.

— Ali. – A resposta de Luffy tirou o garoto de seus pensamentos.

Ele virou a cabeça na direção que o pai apontava. Aquela cidade onde tinham aportado era realmente fria e cinzenta, mas essa visão mudava completamente quando se observava a ponta direita da ilha, onde uma floresta começava a brotar e a partir daí transformava toda a área em uma densa floresta, até alcançar ao mar.

— Faforesfa... Ahh. – Ichigo finalmente pareceu compreender os murmúrios do pai. Apontou na mesma direção que Luffy e olhou para ele. – A nee-chan tá lá, na floresta? – O mais velho assentiu. – E o que ela foi fazer lá?

— Treinar, ora. – Luffy respondeu como se fosse óbvio. E realmente era, já que faziam mais de quatro semanas que Luna estava nessa rotina de treino, se embrenhando na mata todos os dias; às vezes com Sofia, às vezes sozinha.

— Mas já? – O pequeno pareceu surpreso. – Ela foi bem cedo hoje.

Com aquela fala, Luffy franziu o cenho em estranhamento.

— Ichigo, eu acho que você ainda não acordou direito. A Luna nem voltou ontem!

— Eh?? – Agora sim Ichigo estava surpreso.

Mas parou pra pensar melhor. Realmente, agora sem o sono para nublar algumas de suas memórias, ele lembrava-se de o clima no navio começar a ficar pesado ao entardecer, como se muitos ali estivessem preocupados com algo. Foi questão de o sol baixar definitivamente para que ouvisse gritos, reconhecendo a voz de sua mãe e, às vezes, a de seu pai.

Luffy com certeza lembrava, e não esqueceria dessa briga tão cedo. Nami gritou com ele por uma meia hora, sobre como aquela história de treinamento fora ideia dele e jogando mil ameaças do que aconteceria caso Luna sofresse algum acidente sério. Ele sabia que aquilo tudo era só preocupação e que sua navegadora concordava, sim, com “aquela história de treinamento”, mas gostaria que seus tímpanos, agora doloridos, saíssem ilesos disso.

Nami somente aceitou a situação quando Luffy convenceu-a de que seria inútil tentar buscar Luna, além de jurar que usaria seu Haki da Observação para ficar de olho na ruivinha por um tempo, garantindo se ela estava mesmo bem.

— Ah, é. – Ichigo enfim pareceu recordar. - Foi por isso que eu estava só com a mamãe quando dormi ontem.

Luffy fez um bico com aquela lembrança. Como se já não bastasse o pijama que dizia “cai fora”, Nami ainda fez questão de deitar o menino no meio da cama e abraça-lo para dormir, deixando o capitão insatisfeito e com uma baita inveja do filho.

— E você adorou isso, né? – Questionou num tom invejoso.

— Adorei mesmo. – Ichigo admitiu na lata, olhando para o pai com um sorriso vitorioso, antes de mostrar-lhe a língua.

E Luffy devolveu o gesto.

— Se rebaixando ao nível de um garoto de três anos, Luffy? Sério? O seu nível é de no mínimo cinco.

Pai e filho se viraram e viram Zoro descendo do ninho da gávea, juntamente com Ohana.

— Não posso fazer nada se ele é um chato. – O capitão rebateu.

— Chato é você! – Ichigo mostrou novamente a língua para o pai, antes de correr até a filha de Zoro e sorrir para ela. – Né, Ohana?

— Não me mete nesse assunto. – A menina respondeu com desinteresse.

— Os dois são chatos, pronto. – Zoro pôs um ponto final naquilo. – Agora vai acordar aquele cozinheiro pervertido, Ohana. Nem pensar que vamos começar o treino sem você tomar café.

— Faz isso, eu quero comer!! – Preciso dizer quem fez essa exclamação?

A Roronoa apenas assentiu, andando para a parte interna do Sunny.

— Ei, Ohana! – Ichigo correu atrás dela. – Depois do café, você brinca comigo?

Ohana parou de andar e virou-se para o menino, encontrando um sorriso totalmente inocente e um par de olhinhos cheio de expectativas. Ela se sentiu tão mal por ter de quebra-las. Deu um longo suspiro, antes de responder:

— Ichigo, eu não pude ontem, não pude antes de ontem, não pude na semana passada e não posso hoje também. – Ao ver o rosto do garotinho se entristecer, ela tentou ser mais gentil. – Não é por mal, tá? É só que eu preciso treinar.

— Ohana, vai logo! Eu tô com fome!! – Luffy reclamou para a sobrinha.

— Já estou indo! – Ela gritou de volta. Olhou para Ichigo mais uma vez e sugeriu: - Quem sabe mais pro fim do dia? – Antes de desaparecer dentro do Sunny.

O moreninho apenas ficou ali parado, olhando para a porta por onde uma deu suas irmãs mais velhas desaparecera. Mas aos poucos a raiva foi tomando conta de seu pequeno ser, fazendo-o emburrar a carinha que ficava vermelha.

Por que, infernos, Luna e Ohana tinham inventado essa história de treinamento, afinal? Ohana até era mais normal, pois ela treinava desde que ele podia se lembrar, mas Luna? Sem falar que, desde que a ruivinha começara, os treinos da Roronoa pareceram se intensificar ainda mais. Deixando as duas sem tempo algum pra ele! Se não fossem as histórias do tio Usopp e a ajuda que dava à sua mãe na plantação de laranjas, o pequeno jurava que já tinha morrido de tédio.

E hoje parecia que precisaria aderir à essas duas atividades de novo...

“Ou não.”— Pensou de repente. – “A nee-chan já treinou um dia inteiro... então hoje ela vai poder brincar comigo!”— O sorriso voltou à sua face com aquela conclusão.

Ichigo correu de volta à amurada do navio e grudou os olhos na direção da mata. Tinha certeza que, se ficasse esperando ali, uma hora ou outra Luna iria aparecer.

E de fato ele esperou. Mesmo quando Sanji declarou pronto o café da manhã, Ichigo continuou ali, fazendo com que o cozinheiro (a pedido de Nami) levasse um pouco de comida para ele. O pequeno também assistiu um pouco do treinamento de Ohana no convés; viu alguns navios cargueiros saírem e chegarem do porto; e até pegou uma bola para brincar sozinho (o que só fez com que sua vontade de companhia fosse maior).

Toda essa paciência, impressionante para alguém de sua idade, foi recompensada próxima ao meio-dia, quando Ichigo finalmente avistou a figura que tanto aguardava.

— NEE-CHAN!! – Seu grito conseguiu chamar a atenção não só de Luna, mas de todos os Mugiwaras. Quando viu que sua irmã o notara, o moreninho só fez gritar ainda mais, acenando escandalosamente. – OE! NEE-CHAN!!

Ele viu Luna dar um breve aceno, começando a andar um pouco mais rápido até o navio. E ele a acompanhou, correndo para a parte de grama do convés. Ali, Franky já tinha preparado a escotilha.

— Nee-chan!! - E foi uma questão de Luna pôr os pés no convés para Ichigo atirar-se em cima dela, abraçando-a.

Porém, um leve praguejo de dor o fez se afastar. Olhando agora mais de perto para a irmã, Ichigo viu que ela estava toda machucada, com os cabelos desgrenhados e até com as roupas rasgadas em alguns pontos.

— Oi, Ichigo. – Mas ainda sim ela o cumprimentou com um sorriso.

— Eu também estou aqui, viu? – Reclamou a corujinha Sofia, que estava em um estado tão ruim quanto a companheira, ao lado da mesma.

— Luna! Eu já não te disse pra não tirar as ataduras do braço?! – Chopper chegou brigando com a ruivinha. Ele se aproximava dos três com seu kit de primeiros socorros e uma cara brava.

— Hm... – Luna apenas olhou com desinteresse para seu braço esquerdo, onde havia um corte enorme, vermelho e inflamado próximo ao ombro. – devem ter caído.

— Não interessa se caiu ou não, olha só como está inflamado agora! – O médico ralhou, mas tudo o que a ruivinha fez foi rir de sua de sua face zangada. – Não é engraçado, Luna!

— Ora, também não é nada tão sério, Chopper. – Usopp partiu em defesa da sobrinha, sorrindo para ela. – São só alguns ferimentos de batalha, certo, Luna?

— Hai! – A Monkey só fez rir ainda mais.

Mas tanto seu sorriso quanto sua voz morreram ao avistar Nami vindo em sua direção, com passos pesados e uma cara nada boa. A navegadora não pareceu se incomodar com o fato da filha já estar bem arrebentada, pois assim que ficou frente a frente com a menina, acertou um potente cascudo em sua cabeça.

— ITEEEE! – Luna gritou de dor, cobrindo o lugar da pancada com as duas mãos.

— Luna!/Nee-chan! – Ichigo e Chopper começaram a falar, preocupados com a ruiva, mas o olhar que Nami lhes lanços fez os dois se calarem.

— Posso saber o que te deu para achar que podia ficar na floresta à noite e sozinha?! – A navegadora questionou com as duas mãos na cintura.

— Não completamente sozinha. – Sofia se atreveu a comentar baixinho, só para si mesma.

Ainda com as mãos postas no lugar atingido, Luna olhou para a mãe e fez um bico.

— Qual o problema de eu passar a noite na floresta ou não? Eu estou treinando, não estou? Se eu ficar na floresta só durante o dia, não vou saber o que acontece a noite e nem conhecer os animais noturnos. – Ela virou o olhar para Usopp e sorriu. – E quando se encara desafios, você deve sempre enfrenta-los por completo, sem recuar. Né, tio Usopp?

— É isso aí! – O atirador sentiu vontade de chorar de orgulho. Mas essa vontade passou assim que Nami lhe mandou aquele olhar assassino.

— O problema, Luna – A ruiva continuou. -, é que você não avisou a ninguém.

— E daí? – A pequena continuava sem intender.

— Eu também não vejo qual é o problema.

— Luffy!! – Nami repreendeu o marido, que se aproximou até ficar ao seu lado. Suas veias da testa pulsavam de raiva, enquanto o moreno estava completamente calmo.

— É verdade, Nami, eu até agora não entendi pra quê tanto escândalo. Eu já cheguei a passar uma semana sozinho na floresta.

— E olha que ela nem estava completamente sozinha. – Sofia comentou consigo mais uma vez.

— Não fique comparando a Luna com você, idiota! – A navegadora agarrou a bochecha do capitão, esticando-a de um modo que doeria até para um ser de borracha.

— Humm... – Luna murmurou de repente, dando aquele sorriso que significava encrenca. – Uma semana, heim...?

— Você nem se atreva!! – Nami ficava mais estressada a cada segundo. Aumentou o aperto na bochecha de Luffy. – Viu só o que fez?! Botou mais uma ideia na cabeça dela! Imbecil!!

“Uma semana treinando sem parar?”— Foi tudo o que Ohana pensou ouvindo aquela conversa.

A Roronoa também estava ali no convés, porém um pouco afastada daquela confusão toda, empunhando sua espada de treino e frente a frente com uma tora revestida, feita justamente para os treinos. Ela estava suada e ofegante, sempre ficava assim quando treinava, mas o sol do meio-dia piorava tudo.

Foi durante uma rápida pausa entre um golpe e outro que Ohana ouviu aquele pedaço da conversa. Não podia acreditar, Luna planejava mesmo passar uma semana inteira na floresta? Ela estava levando o treinamento tão a sério assim? Claro, a Roronoa sabia que sua amiga era esforçada e que, quando metia uma coisa na cabeça, não havia força na terra para fazê-la mudar de ideia... Mas ela estava mesmo se empenhando tanto assim??

Claro que estava, e Ohana sabia. As mudanças eram singelas, mas qualquer um que tivesse um senso de observação como o dela poderia notar que Luna ficara um pouco mais forte, não só de corpo mas de espírito. A Monkey estava cada dia mais corajosa, cada dia menos resmungona e chorona.

Ela apertou com força o cabo da espada. Quanto será que faltava para Luna chegar no mesmo nível de habilidade que ela? E se já tivesse chegado? Qual seria a diferença de força entre as duas?

Todas essas questões, juntamente com o sol que fritava seus miolos, fizeram a cabeça de Ohana dar um giro, quase a fazendo perder o equilíbrio.

— Melhor parar por enquanto. – Zoro sugeriu ao ver o estado da filha. Não queria ter de levar outro sermão de Robin.

Ao ouvir aquilo, Ohana se assustou.

— Não!! – Gritou com força, ficando reta novamente e encarando o pai nos olhos. – Mais. Eu consigo aguentar mais!

Zoro devolveu a encarada, analisando a postura da menina. Aquele olhar que só mirava adiante; aquela vontade incontrolável de sempre querer se superar... Soltou um longo suspiro. Por que Ohana tinha de virar um reflexo seu nessas horas?

— Faça como quiser então.

Ohana relaxou os ombros, se permitindo dar um breve sorriso. Mas antes que pudesse voltar ao treino:

— Preparei um para você também, Ohana-chan. – Sanji se aproximou dela, mostrando uma bandeja que continha uma vitamina fresquinha, três bolinhos de arroz e um sanduíche. – O almoço ainda vai demorar um pouco.

— Ah, obrigada. – Ela agradeceu e pegou a bandeja.

Com um sorriso satisfeito, Sanji rumou de volta para a cozinha.

Ohana olhou para onde estavam Luna e os outros e viu que a ruivinha comia um lanche igual ao dela, devorando-o com uma vontade que se assemelhava à de Luffy, enquanto que Chopper via os ferimentos dela e de Sofia. Fazia sentido, afinal ela passou uma noite na floresta sem comida. Como será que tinha feito para aguentar?

— Nee-chan, me dá mais um? – Ichigo perguntou, ainda terminando de mastigar o bolinho de arroz que a irmã lhe dera um segundo atrás.

Luna apenas assentiu ao pedido, sem parar de devorar o sanduba. O moreninho pegou um dos bolinhos e nem esperou, já enfiou o alimento goela abaixo.

— Hum... Nee-chan? – E mal terminou de engoli-lo, já voltava a olhar com fome para o lanche de Luna.

 

— Ichigo, chega. – Nami repreendeu o filho. – A Luna deve estar com fome.

— Falando nisso, como você se virou lá na floresta? – Usopp fez justamente a pergunta que Ohana queria. – Principalmente sem carne, a sua principal fonte de vida.

Luna engoliu o pedaço de sanduíche que mastigava antes de responder:

— Mas eu não fiquei sem carne. Eu assei um coelho numa fogueira que fiz e comi.

— E desde quando você sabe mexer sozinha com fogo? – Nami assumiu novamente sua postura de mãe.

Ela não era ingênua de pensar que Luna ou Ohana não saberiam como fazer uma fogueira depois de tantos acampamentos que a tripulação havia feito, com certeza alguém já deveria tê-las ensinado. Entretanto era impensável para ela que sua filha mexesse com fogo sem supervisão.

— VOCÊ MATOU UM COELHO?! – A pergunta da navegadora foi abafada pelo grito incrédulo de Luffy, Chopper e Usopp. O capitão sorria com aquela possibilidade, mas os outros dois ficaram perplexos.

— Não, fui eu. – As atenções se voltaram para Sofia, que ficou meio nervosa em, de repente, ter todos os olhares voltados para si, mas fez o possível para manter sua pose. - A Luna ainda não tem experiência em caças, de modo que eu, uma caçadora natural e experiente, tive que-

— Ehh? Mas quem pegou o coelho fui eu. – Luna contou, desinteressada; acabando com a pose da amiga. – Você só ficou reclamando que estava cansada, Fifi. Nem quis me ajudar a montar a armadilha.

— Você também faz armadilhas agora?! – Os nervos de Nami só aumentavam.

E mesmo vendo a raiva da navegadora, Usopp não conseguiu esconder um sorriso de orgulho pela sobrinha. Quem diria que ele saberia mesmo ensiná-la a montar armadilhas?

— T-tá, tá, eu posso não ter te ajudado a pegar o coelho! – Sofia admitiu, envergonhada por ser descoberta daquele modo. – Mas fui eu quem o matei, sim!

— Foi mesmo. – A ruivinha admitiu, ficando chorosa de repente. – Eu não consegui machucar aquela coisinha tão fofa!

Nami, Usopp e Chopper apenas a encararam com uma cara de que já esperavam algo assim, enquanto que Luffy soltou uma alta gargalhada. Algum dia ele iria ensiná-la a caçar animais até maiores para comer.

— Eu teria conseguido matar o coelho.

A frase de Ohana veio de repente. Tanto os seis do outro lado do convés como Zoro olharam para a menina, surpresos e sem entender o porquê daquela frase. E a falta de expressão da Roronoa, que apenas estava de cabeça baixa, cobrindo os olhos com a franja, não ajudava em nada para decifrá-la.

— Ohana? – Luna chamou-a. O que ela queria dizer?

A esverdeada ergueu a cabeça e, fitando diretamente a Monkey, mostrou uma sobrancelha arqueada e um sorriso desafiante.

— É isso mesmo que você ouviu, ca-pi-tã. Eu, sua subordinada, estou dizendo que sou melhor que você. Além de mais forte, é claro. – Cruzou os braços, alargando um pouco mais seu sorriso. – O que você pretende fazer sobre isso?

Luna não respondeu de imediato, apenas repentinamente tirou seu chapéu e pousou-o sobre a cabeça de Ichigo. Deu uns passos a frente, devolvendo a encarada da Roronoa. Porém, em seus lábios, levava um sorriso divertido.

— Tá querendo brigar, é?

— E se eu estiver? – Ohana respondeu com outra pergunta.

— Então eu diria: - Luna estralou os dedos das mãos, preparando os punhos. – Cai dentro.

Após essa fala, só foi ouvido o sopro do vento. Ninguém no convés disse ou fez nada por alguns segundos, sequer se mexeram; até que Ohana deu o primeiro passo, começando a andar na direção de Luna, que fez o mesmo.

— Não vai pegar sua espada? – A Monkey perguntou, vendo que sua, agora, oponente estava com as mãos nuas. Mas em nenhum momento ela parou de avançar, com aquele mesmo sorriso no rosto.

— Não, não seria muito justo com você. Sem falar que eu não preciso da minha espada. – Respondeu a Roronoa, também sem mudar sua expressão. Descruzou os braços e apertou os punhos. – Eu também sei dar socos.

Ambas estavam bem próximas agora, faltavam só mais alguns passos para ficarem frente a frente no meio do convés.

— Ehh... - O sorriso de Luna se alargou um pouco mais. Aquilo realmente estava ficando divertido. – Mas eu treino só dando socos. Logo, o meu deve ser mais forte que o seu.

— Veremos... – Ohana finalmente parou, bem à frente de Luna. Os olhares que trocavam, representavam a coragem e o gosto que tinham por aquele desafio.

— Agora... – Luna preparou seu punho esquerdo, enquanto Ohana fazia o mesmo.

— QUEM TEM O SOCO MAIS FORTE! – As duas gritaram juntas.

E tudo o que sentiram depois, foram os fortes socos que uma deu na face da outra; fortes o suficiente para derrubá-las.

— EHHHH?! – Foi a única reação dos Mugiwaras presentes no convés, ao verem as duas meninas caídas no chão.

— M-ma-mas o que foi que aconteceu aqui?! – Nami estava desesperada.

— Mama, do que elas estão brincando? – Ichigo perguntou, já ficando empolgado. – Posso brincar também?

— Não!!

— S-será que elas estão bem? As duas já estavam muito machucadas! – Chopper também se agitava. – Médico, médico! Precisamos de um médico!

Usopp estava tão chocado com a atitude das sobrinhas que nem conseguiu lembrar à rena que a função de médico pertencia a ele mesmo.

Enquanto a Zoro e Luffy, estes pareceram os menos assustados com o feito das filhas. Na verdade, o espadachim apenas estralou a língua e deu um pequeno sorriso, e o capitão deu sua risada característica.

— Ah... Se elas fossem mais velhas... – Sanji apenas suspirou, assistindo a tudo pela janela da cozinha. Briga de mulheres é o que há.

Luna começou a levantar sentindo todos os seus machucados reclamarem, além da ardência do último golpe, mas até parece que ela se importava. Ohana esfregou um braço na bochecha atingida para aliviar o ardor, esforçando-se para levantar com o apoio do outro braço.

Os olhares de ambas se cruzaram de novo e neles, as duas viram que pensavam a mesma coisa: Isso ainda não havia acabado.

— Eu subo no ninho da gávea mais rápido do que você!

— De jeito nenhum!

E a dupla de garotas correu para o mastro do Sunny, com o objetivo de alcançarem o posto de observação que havia em seu topo.

— Boa tarde, senhoras e senhores! E sejam bem-vindos a uma competição épica entre Monkey D. Luna e Roronoa Ohana! – Um megafone surgiu magicamente na mão de Usopp, que começou a anunciar a disputa das meninas como se fosse uma corrida de cavalos. Com um giz em uma lousa surgidos sabe-se lá de onde, ele escreveu os nomes de Luna e Ohana, além de marcar um X pra cada uma. – A primeira batalha acabou em empate, mas quem ganhará essa guerra? Apostas, apostas, façam suas apostas!

— Não faça brincadeiras com uma coisa dessas!! – Nami deu um forte cascudo no companheiro. – E eu aposto cinquenta mil Berries na Luna!

— CHEGUEI! – Pôde-se ouvir o grito de... ambas. Elas haviam chegado juntas.

Outro empate.

— Ok, e agora? – Luna indagou, completamente ofegante pela corrida. Mas nem ela nem Ohana pensavam em parar.

A esverdeada olhou ao redor, focando a visão no que mais havia ali: Os alteres de Zoro. Ela foi até a janela e gritou para chamar a atenção do pai:

— Tou-san!! Podemos usar seus alteres?!

— Desde que não os aranhem! – Zoro gritou de volta. Uma imagem de Robin surgiu na mente dele, que engoliu em seco e acrescentou. – E nada de usar os pesados! - Ohana assentiu, antes de voltar para junto de Luna.

— Mas como a gente vai saber quem ganhou? – Indagou Usopp, já ficando chateado de seu divertimento ser arruinado.

— Xá comigo. – Sofia se fez presente. Deu um pequeno impulso e levantou voo, em direção ao ninho da gávea. - Só assim pra eu participar dessas coisas. – Falou para si mesma, enquanto pousava na janela aberta.

— E aí?! – O atirado quis saber.

— As duas estão aguentando os de 200kg! Mas já, já vão mudar para os de 300kg! – Anunciava a corujinha. – Trocaram! Estão aguentando! Não, esperem! – Ela se empenhava na narração, as caras dos outros lá embaixo estavam sendo ótimas. – Luna parece que não vai conseguir resistir por muito tempo!

— Luna!! Se você me fizer perder cinquenta mil berries, eu vou te deixar de castigo até que o sol exploda! – Nami já havia se esquecido completamente das condições da filha e como aquele esforço extra poderia prejudicar seus machucados...

— Ela não está resistindo! Ohana também parece se esforçar, mas está indo bem! – A narrativa não parava por um único momento. – Oh-oh, não! A Luna largou os alteres!

Enquanto Luffy e Nami ficaram indignados com aquele resultado, Zoro não pôde conter um “Yes!”. Podia não ter apostado e estar mostrando certo desinteresse, mas era óbvio que torcia pela filha.

— Finalmente um desempate. – Usopp marcou um ponto para Ohana, olhando para o ninho da gávea. – E agora?

— Próximo? – Ohana sugeriu, após rolar os alteres de seu pai de volta para o devido lugar. Ela estava já cansada, suada e tão detonada quanto a Money, mas além do sorriso de vitória, aquele fogo do desafio ainda queimava em seus olhos.

— Hum... – Luna botou uma mão no queixo, pensando por uns segundos. Até que falou: - Eu sempre fui melhor nadadora do que você.

— Pois eu estou prestes a mudar isso.

Sorriram uma para a outra e, ainda com a chama do desafio bem acesa em seus interiores, desceram rapidamente do ninho da gávea.

— Parece que agora vai ser uma competição de natação. – Sofia informou, voltando para junto dos outros para junto dos outros enquanto Luna e Ohana desciam do ninho da gávea, com mais calma agora.

— Natação?! – Chopper se desesperou. – Com aqueles machucados?!

— É, os machucados vão arder. – Luffy comentou com casualidade, quase desinteresse.

— Não podemos deixá-las fazerem isso! – O assunto “dinheiro” foi posto de lado por Nami ao recordar o estado que ambas as garotas estavam. – É muito perigoso!

— Nah. – O capitão apenas deu de ombros, mais interessado em cutucar o nariz com o dedo mindinho.

— Ora, aqui está bem agitado, não?

— Robin! – Um alívio atingiu a navegadora ao ver a companheira, vindo do aquário para o convés. – Graças a Deus! A Luna e a Ohana começaram a competir uma contra a outra do nada, mas elas vão acabar se matando! Nós temos que pará-las, não é? – A ruiva estava certa de que Robin, como mãe de Ohana concordaria com ela.

Mas tudo o que a arqueóloga fez foi abrir um pequeno sorriso.

— Competição, é?

— Sim! – Usopp apontou com orgulho para o quadro. – Até agora a Ohana está na frente por um ponto. Nós estamos apostando em quem poderá ganhar.

— Verdade? – O sorriso de Robin se alargou levemente. – Então se é assim, eu aposto sessenta mil na Ohana.

— Eh?! – O queixo de Nami caiu com aquela frase. Sério que nem a morena iria apoiá-la?

— Mama. – Ichigo chamou a atenção dela, apontando para a polpa do navio. – A nee-chan.

A ruiva e todos os outros olharam para onde o menino indicava. E o que viram fez Nami quase desmaiar de vez; Robin finalmente ficar preocupada com a situação; Chopper e Usopp se desesperarem; e até mesmo Zoro e Luffy se concentraram mais nas filhas.

“E pra que tudo isso?”, vocês me perguntam?

Bem, acontece, caros leitores, que Luna e Ohana estavam de pé bem na amurada da polpa do Sunny, prestes a pularem dali!

E de fato, elas pularam!

Não acho necessário dizer que todos correram para o local do salto, não é?

— MEU DEUS!! O QUE DEU NESSAS MENINAS?! ESSA QUEDA PODE MATAR UM! – Chopper gritava.

— Eu falei que elas iam acabar se matando!! – Nami estava com o coração na mão.

Mas graças aos céus, quando eles chegaram à polpa, viram dois vultos nadando no mar, lado a lado, apostando uma corrida.

A navegadora soltou o ar, aliviada. Mas ela continuava sem intender porque Luna e Ohana começaram uma disputa entre elas tão de repente. As duas sempre foram tão amigas, raramente brigavam e nunca por um motivo sério. Se bem que elas não pareciam exatamente com raiva uma da outra... Para que servia aquilo tudo, afinal?

— Então, finalmente aconteceu, heim? – Zoro comentou com casualidade, olhando para as meninas que se distanciavam na água.

— O que aconteceu? – Questionou Nami.

— O título de capitã da Luna. – Luffy, ao lado da ruiva, começou a responder, também olhando para as garotas. – Está finalmente começando a pesar.

Ela continuou sem entender nada.

— Nami, eu acho que entendi. – Declarou Robin, atraindo a atenção da navegadora. – Luna e Ohana ainda eram muito pequenas quando prometeram que seriam nakamas, nem sabiam o que significava serem capitã e subordinada. Mas hoje sabem.

— A Ohana quer ter certeza de que não está jurando lealdade a alguém fraco. – Declarou Zoro.

— E a Luna quer provar que merece essa lealdade. – Luffy completou.

— Entendi. – Murmurou Usopp, que assim como Chopper, prestava atenção na conversa. Olhou dos companheiros para os vultos na água e sorriu. – Quer dizer que a brincadeira está chegando ao fim.

— BUÁAA! Elas crescem tão rápido! BUÁ! Eu não estou chorando!

— De onde foi que você saiu?! – O atirador levou o maior susto ao ver Franky ali com eles.

Luffy riu para os companheiros antes de voltar a prestar atenção nas meninas. A corrida continuava e elas já estavam retornando. As duas estavam ombro a ombro.

E só agora foi que o moreno se tocou: ele ainda não tinha torcido pra ninguém.

— ACABA COM ELA, LUNA!!

— OHANA, NÃO OUSE PERDER! – Zoro também apoiou.

— Nee-chan!! Ohana!! Nee-chan!! Ohana!!

— Ichigo, o que você está fazendo? – Nami perguntou para o filho, estranhada.

— É que eu não sei pra quem torcer. – O menino respondeu simplesmente, sem perder o grande sorriso inocente que mostrava.

Robin deu uma leve risada com aquele comentário e a navegadora também não pôde deixar de rir. Com um olhar carinhoso e maternal, ela pegou o moreninho no colo para que ele pudesse ver direito a corrida. Isso e também porque queria tê-lo em seus braços o máximo que conseguisse enquanto pudesse.

Só agora ela reparara no quanto Luna e Ohana haviam crescido. Ainda eram crianças, tudo bem, mas não eram mais aquelas meninas bobinhas que ela e Robin não podiam nem sonhar em tirarem os olhos de cima. E elas, juntamente com seu pequeno Ichigo, só viriam a crescer mais e mais daqui pra frente, até chegar o momento em que seguiriam sozinhos...

Aumentou o aperto contra o menino em seus braços, o que a fez rir para si mesma, quem diria que justo ela seria uma mãe tão coruja?

— E A VENCEDORA É... – A exclamação de Usopp tirou a ruiva de seus pensamentos. Ela voltou a olhar para o mar, mais precisamente para o píer, e um sorriso se abriu em seus lábios. – LUNA!

Lá do píer, de olhos fechados e estirada de barriga para cima contra as tábuas de madeira, Luna pôde ouvir os gritos de seu pai, de seus tios e de seu irmão. Tudo o que conseguiu fazer foi abrir seu sorriso característico, de tão cansada que estava; provavelmente, se tentasse, talvez nem conseguisse se mover.

Passaram uns três segundos até que ela ouviu alguém saindo da água e jogando-se ao seu lado, cedendo ao cansaço demasiado do corpo.

Luna abriu os olhos e girou a cabeça, para se deparar com Ohana tão exausta e ofegante quanto ela. Após recuperar um pouco do fôlego, a esverdeada também girou para mirar a ruiva.

Apenas ficaram ali uns instantes, se encarando, sem trocarem uma palavra. Até que, do nada, começaram a rir.

E elas riam e riam, de nada e para tudo. Apenas riam como duas idiotas, que nunca se incomodariam em ser desde que estivessem unidas.

Quando as gargalhadas sessaram, ambas somente fecharam os olhos de novo e ficaram ali, descansando, pois de fato não estavam conseguindo se mexer. Mas isso não importava tanto, porque elas logo ouviram passos se aproximando pelo píer e a voz de Chopper perguntando se elas estavam bem.

— Nee, Ohana? – Luna chamou sua companheira e melhor amiga, ainda com os olhos cerrados e num tom de voz baixo.

— Hm? – Foi tudo que a Roronoa respondeu, do mesmo modo que a amiga

— Nós algum dia vamos... viver nossas próprias aventuras... Juntas!

Ohana não conseguiu se impedir de sorrir, um sorriso grande que ela raramente dava. Ela já tinha ouvido aquelas palavras. E sua resposta à elas foi a mesma da primeira vez que fizeram essa promessa:

— Hai, senchou!

—8-8-8-8-8-8-8-8-8-8-8-8-8-

As duas pestinhas do Sunny tiveram que passar a tarde inteira na enfermaria praticamente. Se só como estavam antes de aquela competição começar elas já precisariam descansar, depois então... Dormiram longas horas após Chopper terminar o tratamento.

Agora, às cinco da tarde, toda a tripulação estava reunida na cozinha, conversando e rindo como sempre.

— Oe, Luffy!! Esse pedaço de carne é meu! – Usopp gritou com o capitão, pegando-o no flagra ao tentar roubar um bife de seu prato.

— Pega um pra mim também! – Quem pediu foi Ichigo, com a boca cheia de comida, estendendo seu prato para que o pai colocasse o pedaço de carne.

— De jeito nenhum!! – O atirador tentava a todo o custo salvar sua refeição.

— Ai, ai... – Nami apenas suspirou ao ver aquela cena. Já tinha desistido de ensinar o filho a comer com modos e moderadamente; nesse quesito, ele era igualzinho a Luffy. Bom, ao menos Luna sabia portar-se à mesa.

— Luna, Ohana, não se esqueçam de voltar na enfermaria ainda hoje, tenho que trocar as bandagens. – Chopper avisou, e as meninas apenas concordaram.

— Yohoho! Mas eu ainda não acredito em como vocês foram corajosas, Luna-san, Ohana-san. – Brook elogiou. – E falando nisso, Nami-san. – Ele virou-se para a navegadora. – Poderia me mostrar sua-

— Nem ferrando!! – Nami respondeu acertando a cabeça do companheiro, sem sequer deixa-lo completar. – E o que uma coisa tem a ver com a outra?!

Vendo antes que o músico pudesse responder e tentando não se estressar ainda mais hoje, a navegadora resolveu mudar de assunto:

— Minna, não se esqueçam que iremos embora daqui a pouco, então se preparem e vejam se não esqueceram mesmo nada no hotel em que ficamos. – Alertou a todos.

— Ehh?! – O grito de Luna soou logo após a frase da mãe. A menina parecia desesperada. – Ma-mas okaa-chan, você me disse que nós iríamos embora só amanhã!

— Eu disse amanhã ontem, Luna. O que quer dizer hoje. – Nami lembrou-a, sem entender aquela exaltação da menina. – Poderíamos até ter partido mais cedo se não fossem por vocês duas. – Repreendeu de leve à filha e à Ohana.

— Não podemos ficar só mais amanhã? – Mas a ruivinha mal prestou atenção a essa última parte, quase rezando para que seu pedido fosse atendido.

— O que foi, baixinha? Você gostou tanto assim dessa ilha? – Perguntou Franky, que também estranhava a atitude da menina. Geralmente ela era uma das que mais se animava ao seguir viagem. – Nós já ficamos aqui por quatro semanas.

— Não é isso!

— Não se preocupa com o seu treinamento, existem outras florestas no mundo, sabe? – Luffy comentou, achando que esse fosse o medo da filha.

— Demo... – Luna ia rebater.

— Nee-chan? – Ichigo chamou-a, preocupado com o fato de sua irmã estar tão agitada. – O que foi?

— Hm... - Ao ver os olhinhos preocupados do irmão, Luna não conseguiu responder, de modo que só voltou a olhar para seu prato, cabisbaixa. - Nada.

— Bem, como eu ia dizendo... – Nami continuou a dar indicações, enquanto metade dos tripulantes prestava atenção e a outra metade apenas a ignorava, mais concentrados em comer o que restava de suas refeições.

Entretanto, Ohana não fazia parte de nenhum desses lados. Ela estava mais interessada em Luna, ao seu lado, e na expressão séria que a Monkey adquiriu.


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Notas finais do capítulo

Luna e Ohana começam a mostrar que seus laços são mais fortes do que simplesmente de duas amiguinhas de infância. Quem gostou?? Eu sei que eu amei me aprofundar nessas duas! Uau, é a primeira vez que escrevo algo mais profundo sem ter haver com sentimentos de um casal... '-'
Estou começando a adquirir prática em trabalhar com doze personagens ao mesmo tempo, o que vocês acham?

Beijos do nosso querido moranguinho e até a próxima, minna! :)


TÍTULO DO PRÓXIMO CAPÍTULO:
O Treinamento Continua. Parte 2 - O Laço Entre as Companheiras