Pestinhas a Bordo escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 16
Chega de Moleza! O Treinamento de Luna Começa!


Notas iniciais do capítulo

PESTINHAS A VISTA!!!
Olá, meu queridíssimos leitores! Eu estou de volta!! Sim, sim, eu prometi que esse capítulo sairia em uma semana e só reapareço aqui quase dois meses depois, sou uma droga de pessoa :p
MENTIRA!! Tenho bons motivos pra ter demorado! Minha irmã mais velha, que mora em outro estado, veio me visitar no fim de janeiro e não pude escrever pra ficar com ela. Daí veio fevereiro e minhas aulas começaram ANTES DO CARNAVAL! Não tive tempo pra escrever e, quando tinha, me dava um bloqueio de ideias! Além de ter o ponto de que esse capítulo foi difícil mesmo pra escrever, e olhem o tamanho que ele ficou.

Mas agora, chega de desculpas, eu tenho um assunto sério pra falar com vocês, minna. Dessa vez eu estou me desculpando porque tinha prometido o capítulo em uma semana, mas de agora em diante eu não vou poder manter esse ritmo. Estou entrando no segundo ano do Ensino Médio e capítulos por semana serão raridade rara. No máximo, talvez consiga um cap. por mês, mas também me esforçarei para não demorar mais que isso. Peço desculpas a todos vocês, não faço isso porque quero, sinceramente :(

E agora, vamos a um assunto mais feliz! :) Quanto tempo faz que eu não agradeço pelas favoritações? Um monte de gente linda adicionou essa fic nos favoritos e eu não falei nada! Sem falar em termos alcançado a marca de OITENTA comentários!! *0* Muito obrigada mesmo, meu povo! :D

Mas agora, vamos para o capítulo (bombástico, na minha opinião) que é a verdadeira razão de vocês estarem aqui e que alguns até ignoraram meu falatório para irem ler de uma vez??

Aproveitem e boa leitura ^-^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625532/chapter/16

Ahh, mais uma bela manhã no Sunny Go. O sol brilhava, o clima estava agradável, os pássaros cantavam e o cheiro irresistível da comida de Sanji atraía os mugiwaras, um a um, para a cozinha.

Luna era uma dos que já estava lá. Enquanto comia seu caprichadíssimo café da manhã, ela imaginava o que faria do seu dia: Iria brincar e conversar com Ohana; brincar com Sofia e Ichigo quando a Roronoa fosse treinar; desenhas ao lado de sua mãe na sala de cartografia; talvez ouvir uma história do tio Usopp; pedir que tio Brook tocasse uma música; ou até ir na oficina do tio Franky xeretar os projetos do ciborg. As mesmas coisas de seu sempre, e tudo tão divertido que ela nunca enjoava.

Ah! E claro, também tinha de explorar a ilha onde atracaram noite passada. Era tão tarde quando eles pararam lá, que ela e Ohana nem estavam acordadas. Sua mãe tinha lhe dito apenas que era uma ilha com vários animais, mas isso até ela percebeu por conta de alguns rugidos que vinham da floresta, então não sabia muita coisa. E ela pretendia mudar essa situação, ao lado de Ohana e Sofia, lógico.

Com um sorrisão, Luna deu mais uma dentada em seu lanche. Mais um dia, mais uma aventura. Era tudo o que ela fazia, só comia, dormia e brincava (além de umas tarefas vez e outra, vai? Não vamos ser hipócritas). Poderia desejar vida melhor que aquela? Claro que não. O único desejo que tinha, era de que nunca mudasse.

— Bom dia, Luna. – Nami cumprimentou ao entrar na cozinha e passar perto da filha, fazendo um carinho nos cabelos dela, já amarrados em um rabo de cavalo.

— Bom dia, okaa-chan.

— Bom dia, Lunazinha! Meu tesouro precioso que vale mais que cem mares de ouro!

Luna olhou curiosa, pra não dizer com estranheza, para Luffy que sentara ao seu lado. “Meu tesouro” ela ouvia sempre, mas “Lunazinha”? E o que eram esses tais mares de ouro? O que mais estranhou, porém, foi o sorriso do pai, largo demais até pra ele.

— ... Bom dia. – Respondeu após segundos de relutância.

— Você dormiu bem? Não teve nenhum pesadelo? Está se sentindo bem hoje?

A menina olhou para sua mãe, tentando perguntar o que o pai tinha, mas Nami estava muito ocupada com um jornal, uma xícara de café e um Sanji apaixonado dançando ao seu redor.

— Eu estou bem, otou-chan. Mas e você?

— Eu tô ótimo!

Luna ainda estava estranhando um pouco, mas acabou por dar de ombros, decidindo que seu café da manhã era mais importante no momento. Virou-se para o lanche e quando ia dar mais uma mordida:

— Está comendo o que?

A ruivinha olhou do lanche para o pai e de volta ao lanche, antes de responder:

— Um sanduíche de carne com alface e maionese.

— Não se esqueça do seu suco de laranja, Luna-chan. – Sanji colocou o copo com suco na frente da menina.

— Isso também. – Completou.

— Hm... – Luffy pôs a mão no queixo, como que analisando o café da menina. – Ótimo, tudo isso dá bastante energia.

— O que?

— Me dá uma mordida.

— Não!! – Luna quase abraçou o lanche, com receio de que o pai o pegasse. Já viu Luffy fazer de tudo por comida (embora nunca tivesse pegado a sua).

— Ehh? – Apesar do tom, Luffy não pareceu tão desapontado. - Então, Sanji! Me traz carne!!

— Já vai, já vai, seu borrachudo de merda. – O cozinheiro estendeu um prato lotado de bifes para o capitão, que não se demorou um segundo em atacá-los.

Vendo que o pai não tentaria mesmo pegar seu sanduiche, Luna voltou a comer também.

Mal uns segundos se passaram, houve o arrastar de uma cadeira da mesa, para que a pessoa nela se levantasse.

— Obrigada pela comida.

— Já acabou, Ohana-chan? – Sanji perguntou.

A Roronoa apenas assentiu, deixando o prato e o copo na pia antes de ameaçar sair da cozinha.

— Ei! Ohana! – Luna quase se engasgou pela pressa com que chamou a amiga. – Me espera pra irmos juntas na ilha!

Ohana virou somente a cabeça, olhando para a ruivinha com um sorriso culpado.

— Desculpa, Luna, hoje não vai dar. Meu pai disse que ele quer ver meu avanço mais tarde, então vou passar o dia todo treinando.

— Ah, tá. – Luna não pôde dizer que ficou feliz com aquela notícia, mas mesmo assim sorriu para a esverdeada. – Boa sorte, então.

Ohana devolveu o sorriso, antes de sair de vez da cozinha, dando oportunidade para Luna desmanchar seu sorriso, meio decepcionada.

— Ei, Luna. – Ela ergueu os olhos para o pai quando esse a chamou. Luffy tinha os olhos cobertos pela aba do chapéu, mas seu sorriso estava bem à vista. – O que acha de eu ir com você explorar a ilha? Só nós dois?

— Honto?! – Os orbes da menina brilharam de empolgação.

Quase não acreditava no que ouvia, nunca tinha ido explorar uma ilha apenas com o pai, nas poucas vezes que se acompanhavam sempre tinha alguém junto. Seria uma experiência inovadora.

Porém, de tão feliz que estava, duas coisas lhe passaram despercebidas: O sorriso de Luffy exalando travessura e o olhar preocupado que Nami lhe dirigiu.

¬*¬*¬*¬*¬*

— Vamos logo, otou-chan!! – Luna gritava com os ânimos a flor da pele. Mal acabara o café, já correra para o mini-Merry, que os levaria para a ilha misteriosa. E claro, Sofia ia em seu ombro como sempre.

Apesar de querer passar um tempo só com o pai, ela viu a carinha que a avezinha fez quando disse que não poderia acompanha-la, acabando por decidir que apenas Fifi não teria problema. E o próprio Luffy não discordou, então lá estava a corujinha.

— Já vou, apressadinha! – Luffy respondeu enquanto descia do pequeno barco.

Pai e filha mais Sofia começaram uma caminhada pela ilha, já na área florestada (não haviam ancorado na praia dessa vez). A ilha não era muito chamativa e não tinha nada que indicasse que naquele pequeno pedaço de terra (talvez só um pouco maior que a ilha natal da própria corujinha) havia vida humana. A única coisa que inegavelmente tinha naquela ilha, até porque foi o que os três mais viram desde que chegaram lá, eram os animais; avistavam novos de segundo a segundo.

E quando digo “novos”, é literalmente novo. Uma novidade nunca vista.

— Suge!! Olha aquilo, otou-chan! Parece uma mistura de raposa com galo! – Luna chamava a atenção de Luffy para todos os bichos que via, com os olhinhos brilhando. – Um pássaro rosa, parece um poodle! Será que é um primo distante seu, Fifi?

— Nem vou responder. – Sofia revirou os olhos.

— E aquilo lá longe é um porco ou um leão?!

— Não faço a mínima ideia! – Luffy respondeu a esse e todos os outros comentários, sorridente. – Aquele coelho também é bem estranho!

— Mas é um coelho mesmo? Achei que fosse uma cobra – Luna se aproximou do animal para vê-lo melhor.

Apesar de serem meio estranhos, os animais não eram monstros; porém Luffy conseguiu sentir a presença de alguns animais ferozes por ali. E percebeu também que Luna não parecia ter um pingo de medo, mesmo quando algum desses se aproximava. Isso era bom. Mas será que ela continuaria assim por mais muito tempo?

A caminhada durou mais meia hora até que eles chegaram numa clareira, que acabava virando um pequeno planalto.

— Uau. – Luna ficou bem no limite da elevação, olhando para baixo. A superfície era lisa e encurvava bastante antes de chegar ao chão. Seus olhinhos brilharam de animação. – Isso parece um escorregador!

Luffy olhou de canto para a filha e ergueu uma sobrancelha.

— Quer tentar escorregar então?

— Aham!

— Opa! Então espera! – Sofia exclamou rapidamente, antes de descer do ombro de Luna e pousar ao seu lado.

Luna não esperou mais um segundo, sentou-se a bordinha, abraçou os joelhos, deu um impulso pra frente e começou a rolar morro a baixo. Sim, você leu certo, ela rolou.

A ruivinha riu durante a descida e não parou quando essa acabou, soltando os joelhos e estirando-se na grama, sem se importar em sujar ainda mais suas roupas ou que mais folhas se prendessem em seus cabelos. Suspirou para recuperar o folego.

— Isso foi legal. – Comentou para Fifi, que planara do topo do morro para chegar até ela. E com mais um suspirou, a menina ergueu-se, voltando o olhar para Luffy que continuava no mesmo lugar de antes. – O que está esperando, otou-chan? Desce logo!

— Humm... Acho que não. – O moreno não estava realmente prestando atenção na menina. Estava mais interessado em olhar em volta, como se analisasse alguma coisa. – É, aqui já está bom.

— Bom para que?

— Yosh! – Mas Luffy não respondeu. Cruzou os braços e sorriu seu sorriso, olhando de cima para a ruivinha e a coruja. – Hoje vai ser só um teste pra começar. Vai ser fácil. – Ele perdeu o sorriso, franzindo o cenho. – Se bem que é a primeira vez que você faz isso, então talvez não seja tão simples assim. Ah, mas isso nós só saberemos depois de tentar!

Sofia olhou para Luna com uma cara de quem não estava entendendo nada e a menina respondeu ao seu olhar com um dar de ombros, porque também não compreendia onde o pai queria chegar.

— Otou-chan, fale coisa com coisa. – Ela praticamente ordenou, olhando emburrada para o moreno.

O sorriso de Luffy voltou com aquela reação, parecendo mais divertido do que nunca.

— O que eu quero dizer é: – De repente, a pele de Luffy avermelhou-se e fumaça começou a sair de todo o seu corpo, sinais de que o Gear Second fora ativado. – Tentem voltar sozinhas para o Sunny. – E sumiu.

Simplesmente sumiu dali, provavelmente voltando para o navio. E deixando Luna e Sofia completamente sozinhas no meio daquele local desconhecido.

— EHHH?! – As duas berraram em coro.

— E-espera! Você não pode estar falando sério!! – Luna começou a gritar, mais incrédula do que qualquer outra coisa. – Ne, otou-chan?! Otou-chan!! – Não houve resposta.

Sofia bateu suas asas e voou até conseguir enxergar o topo da clareira e um pouco mais longe; olhou pra todos os lados, mas não viu sinal algum do homem com chapéu de palha.

— Luna. – Chamou-a aflita, voltando para junto da amiga. – Parece que ele foi embora mesmo.

À ruivinha restou ficar ali, parada, de olhos arregalados e boca aberta. O que, diabos, estava se passando na cabeça de seu pai para larga-las ali?

— O que fazemos agora? – Questionou a corujinha.

Luna não respondeu de imediato, ficou atordoada por alguns segundos, mas quando se recuperou, o que fez foi olhar para trás (para a parte da ilha onde ainda não tinha ido) e sorrir. Aquele sorriso que só podia significar encrenca.

— Vamos explorar o resto da ilha! – Não foi uma pergunta, muito menos uma sugestão. Ela mal completou a frase e já se pôs a marchar, entrando novamente na parte florestada.

— O que?! – Sofia se espantou com o que ouviu, todavia mesmo assim seguiu a companheira, para tentar tirar aquela ideia da cabeça dela. – Espera, Luna, pensa um pouco! Você vai mesmo se embrenhar numa floresta desconhecida sozinha?!

— Eh? Mas eu não estou sozinha, estou com você, Fifi. – A ruivinha respondeu, sem parar de andar ou abandonar seu sorriso.

— S-sim, mas... não é a isso que me refiro! – A avezinha correu um pouquinho e parou bem em frente à Luna, fazendo-a parar também. – Nunca tínhamos adentrado tanto em uma mata fechada, e ainda quando ficamos perto de vilarejos ou de praias a Ohana sempre está junto. – Explicou o mais calmamente que pôde, mas pela cara de Luna, Sofia estava falando com as paredes. Puxou uma lufada de ar e aumentou o tom de voz: – Resumindo, é muito arriscado e você não deveria!

— Mas esses animais são divertidos. – A garota retrucou, como se aquele simples e destoante comentário resolvesse tudo. – Eu quero ver mais deles! – Contornou Sofia e, animadamente, continuou seu caminho.

Para a pobre corujinha das neves só restou soltar um longo suspiro e levantar voo novamente, para seguir sua desajuizada companheira.

— Foooooram... sete animais estranhos que eu vi; sete animais estranhos! – Luna ia marchando e cantando, com uma Sofia com uma gota na cabeça logo atrás. Passaram por mais um animal, dessa vez um sapo que tinha pernas com cascos, e a Monkey continuou: - Ali está mais um, agora são oito. Oito animais estranhos que eu vi!

— Luna, se for mesmo para eu ficar nesse matagal e correr o risco de alguma hora ser atacada por esses animais, eu preferia fazer isso em silêncio. – Sofia não pôde mais se manter calada, sua paciência já havia esgotado no quinto bicho.

Para a surpresa da avezinha, Luna realmente parou com a cantoria. E também parou de andar. Do nada. Olhando para um ponto fixo.

— Ei, o que foi? – Sofia perguntou, pousando no ombro da garota e olhando para a mesma direção que ela.

Fazendo isso, não foi difícil adivinhar o que tinha chamado a atenção de sua amiga. Um pouco mais a frente delas estava um arbusto gigantesco com flores igualmente grandes e belíssimas, com mais pétalas que uma rosa, e eram de um laranja claro com listras pretas. Quem diria que uma planta assim estivesse bem no meio de uma ilha como aquela?

— Olha aquelas flores, Fifi. – A voz de Luna saiu como um sussurro, antes de correr na direção das plantas para observá-las de perto. – Suge, são tão grandes! Parecem até aquelas que o tio Usopp faz brotar do nada. Mas quem iria gostar mesmo delas é a tia Robin... Vou pegar uma pra ela!

E dizendo isso, a ruivinha agarrou o caule da enorme flor e começou a puxá-lo, mas aquilo era forte como um cipó, não arrebentava de jeito nenhum!

— Quer ajuda? – Ofereceu Sofia. – Meu bico corta isso aí em dois tempos.

— Argh...! Não precisa, eu consigo sozinha! Eu consigo! – Luna não parava de puxar enquanto repetia a mesma coisa, não se sabia se para a corujinha ou para si mesma.

Com um revirar de olhos para a amiga, Sofia desceu do ombro da mesma e passou os olhos pelo arbusto cheio daquelas flores. Eram tão bonitas... com aquelas listras, pareciam tigres, e tinham até o formato da cabeça de um. A semelhança era tanta que ela até teve a impressão de ter visto uma das flores piscar.

“Espera... Piscar?!”

A corujinha estranhou aquilo, focando o olhar naquela flor em específico. Mal passaram dois segundos e ela viu de novo, com toda a certeza agora, a planta piscar! Aproximou-se mais uns passos e inclinou a cabeça, analisando bem a planta. E a casa vez que reparava que as “pétalas” dela não pareciam pétalas e sim pelos, Sofia ficava mais apreensiva. Mais uma piscada. Após essa, a avezinha conseguiu ouvir um leve rosnado.

E foi aí que os olhos de Sofia se tornaram brancos de medo, como um arrepio gelado atravessou seu corpo.

— L-Lu-Luna... – Chamou pela companheira, num tom de voz que deixava claro seu pânico.

— Só mais um segundo, Fifi, eu tô quase conseguindo. – A ruivinha observava com um sorriso o caule quase se rompendo, sem parar de puxar.

— Luna...!

— Já pedi um segundo!

A flor se moveu, dando a certeza total de que era um ligre (mistura de leão com tigre) que as espreitava, quando sua cabeça saiu das sobras das árvores e se distinguiu entre as outras flores.

— Luna!

— Já está quase- Consegui! – A ruivinha comemorou, vendo finalmente a flor livre em suas mãos.

— Ótimo, agora dá pra gente correr?

— Correr por que, Fifi? – Luna olhou para a corujinha, ainda paralisada de medo, sem entender aquela pressa toda. – Não tem ninguém correndo atrás da gente.

— N-não, mas logo vai ter.

— O que você- - Luna não completou sua frase.

Uma pequena quantidade de luz que entrava por entre as árvores foi coberta de repente e quando a ruivinha virou o olhar para ver o que era, finalmente entendeu o porquê de Sofia parecer tão assustada. Afinal, aquele com certeza era o maior tigre com juba que ela já vira na vida (e não importava o fato de aquele ser o primeiro tigre com juba que ela viu na vida).

A enorme fera ficou ali, apenas encarando suas duas pressas de cima enquanto soltava baixos rosnados. Sofia continuava em choque, só conseguia olhar do ligre para Luna, esperando uma reação da companheira. Falando na Monkey, vocês se surpreenderiam seu eu dissesse que um sorriso nascia aos poucos nela até virar aquele já característico?

— Suge!! Um tigre com juba!! – E óbvio que um grito apontando para o animal não poderia faltar.

Mas para o azar delas, e maior susto da pobre Sofia, o tigre respondeu ao grito da menina com um alto e forte rugido. Bem, pelo menos, graças a isso, a corujinha finalmente saiu de seu choque, conseguindo gritar um:

— CORRE!! – E sair voando (literalmente) dali.

Luna não perdeu um momento em segui-la; apesar de ter achado legal, ela não queria virar refeição daquele ligre. Que correu atrás delas no mesmo instante.

— Você tinha que gritar, não é?! – Sofia reclamou com a companheira, enquanto corriam. Graças aos céus elas eram rápidas e o ligre parecia estar fora de forma.

— Você também gritou, ué!

— Escuta aqui...! – Ela estava para dar um sermão digno de Nami em Luna, mas o rugido do animal que as perseguia fez com que se calasse e concentrasse suas forças em bater suas asas. – Aperta o passo, ele quer nos fazer de lanche!!!

As duas continuaram a correr, desviando de rochas, árvores e fazendo todo tipo de caminho para que o ligre se cansasse e as deixasse em paz, mas parecia que quem estava se cansando mais a cada passo eram elas.

A situação não melhorou em nada quando, ao fazerem uma curva, Luna acabou dando de cara contra uma rocha. A rocha em si nem foi o problema, pois apesar da pancada, a ruivinha ficou bem; o que complicou as coisas foi a pantera estirada sobre a larga pedra.

Uma pantera com tromba e orelhas enormes.

— Pff... HAHAHAHA!! – Luna não se aguentou, disparou a rir daquele animal que deveria parecer tão ameaçador, mas na verdade não assustaria nem um bebê. – Fala sério! Uma pantera-elefante?! Hahaha!!

— Luna, ela está dizendo pra você parar de rir – Sofia traduziu o rugido que o animal deu entre os rosnados. Claro, não vamos nos esquecer que, assim como Chopper, ela é capaz de entender os outros bichos. – Para de rir, pelo amor de Deus!

— D-desculpa, desculpa... é que... – A ruivinha olhou novamente para aquelas orelhas de elefante. – HAHAHAHA! Não dá!!

A pantera rosnou, parecendo seriamente brava. E antes que Sofia pudesse pensar em qualquer para acalmá-la, eis que o ligre freia em posição de ataque bem atrás delas. Ótimo, agora tinham dois problemas.

— Vamos por ali! – Sofia indicou a esquerda e ambas voltaram a correr.

Luna estava mais sem fôlego ainda, graças ao ataque de risos, e as asinhas da coruja tão pouco iam aguentar voar por muito mais tempo. Para piorar, agora eram ouvidos o som de oito patas atrás delas, o que quer dizer que a pantera tinha se unido à caçada.

— Fifi, ali... naquela... árvore! – O esforço que Luna fez para falar, entre puxadas de ar, foi grande.

Mas valeu a pena, pois a avezinha conseguiu ver o buraco na árvore que sua amiga indicava. Sem perder mais tempo, Sofia adentrou o buraco como uma bola de basquete na cesta, e Luna só precisou dar um pequeno impulso para alcançar a abertura e também adentrá-la.

— Itai! – A Monkey se queixou quando sua cabeça se chocou contra o chão duro. Diferente de sua companheira, que só precisou diminuir lentamente o bater de suas asas para aterrissar com plena segurança.

Os fortes rosnados das duas feras que as esperavam do lado de fora fez com que Luna e Sofia se encolhessem. Ficaram alguns minutos ali, paradas e em silêncio, enquanto a pantera e o ligre rondavam a árvore e algumas vezes arranhavam a casca desta, fazendo-as tremer.

Até que, após o que para as duas companheiras pareceram horas, mas não foram mais de dez minutos, ouviram os passos dos animais se afastarem, até não poderem mais ser ouvidos. Nessa hora, a ruivinha e a corujinha soltaram longos suspiros de alívio.

— Já chega... – Luna falou de repente, com a cabeça baixa e o tom de voz choroso. Ajeitou seu chapéu de palha sobre a cabeça, soltando um resmungo quando bateu-o no galo. – Cansei, já me enchi dessa ilha. Precisamos voltar pra casa, Fifi.

— Você acha?! – A avezinha questionou retoricamente. Desde o começo tinha achado aquela história uma péssima ideia.

Apertando o caule da flor que não largara por um segundo sequer, a Monkey deu novamente um impulso e pulou para fora do buraco. Sofia a seguiu, embora parecesse que estava com dificuldades para bater as asas. Com certeza não conseguiria voar por um tempo.

— Yosh, sem sinal da pantera esquisita ou do tigre de juba. – Comentou a ruivinha, após olhar bem ao redor. – Agora só precisamos pegar o caminho de volta.

— É, vai ser fácil, só temos um pequenino probleminha.

— Qual?

— ... Qual é o caminho de volta?!

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Nami andava de um lado para o outro pelo convés, roendo as unhas das mãos uma por uma, mexendo nervosamente em uma mexa de seu cabelo e olhando a todo o momento para o sol, que já quase começava a se pôr.

— Sanji-kun, que horas são? – Além de fazer essa mesma pergunta para o cozinheiro, várias e várias vezes.

— Quatro e quinze, Nami-san. – O loiro respondeu, olhando no relógio da cozinha de onde saía, trazendo uma bandeja com sucos. Mirou a navegadora, preocupado, e se aproximou dela. – Trouxe um suco de laranjas para se acalmar. Esse estresse não fará bem para a sua saúde.

A navegadora deu um riso seco.

— Esqueceu que viver nessa tripulação dia a dia é estressante?

— Não dá pra esquecer. – Sanji sorriu de leve, antes de ficar sério novamente. – Mas estresse por preocupações de mãe é diferente.

Nami engoliu em seco. Olhou mais uma vez para a ilha onde sua filha pequena estava, praticamente sozinha e desprotegida. Passou uma mão por seu cabelo, estendendo a outra para o loiro.

— Muito bem, me dê o suco.

Sanji abriu outro sorriso, um alegre dessa vez.

— Hai, ohime-sama! – Ele pegou um dos copos na bandeja. Mas antes que o entregasse para Nami, reparou em algo: ele tinha feito três sucos e só tinham dois copos ali.

— Ahh, isso tava bom! – O comentário de Luffy, que estava sentado do outro lado do convés jogando um jogo com Usopp, atraiu a atenção do cozinheiro. Que nem ficou tão surpreso assim ao ver um copo vazio nas mãos do capitão.

— Seu idiota de merda, um desses era para a Robin-chan!! – Sanji correu até o moreno e lhe acertou um potente chute na cabeça.

— Não tem problema, eu não estou com sede agora. – Robin se intrometeu na “conversa”, desconcentrando-se do livro que lia. – E se esse outro for para a Ohana, desconfio que ela também não vá querer no momento. – Comentou, olhando com carinho para a filha que dormia com a cabeça apoiada em seu ombro. O treinamento sempre a deixava exausta.

— Hai, Robin-chwan!! – Os olhos do cozinheiro se transformaram em corações enquanto respondiam a morena, só para voltarem a arder de ira quando fitou Luffy novamente. – Espero que tenha aproveitado o suco, porque foi só um acidente. Eu disse que você não vai comer mais nada até a Luna-chan retornar em segurança! Francamente. – Ele acendeu um cigarro, olhando Ohana por alguns segundos. Ela parecia acabada, e com certeza a pobre Luna voltaria no mesmo estado. – O que você e aquele Marimo têm contra deixarem minhas lagartinhas se tornem damas belas e delicadas, como suas mães?

— Nós? Nada. – Luffy respondeu, mais interessado no jogo das Cinco Marias do que na conversa. – Que eu me lembre, foi a Ohana quem pediu para o Zoro treiná-la, ele nunca a forçou. E não é como se eu fosse largar a Luna em cada selva que nós pararmos a partir de agora, hoje foi só um teste e eu não disse nada porque queria ver a cara dela, shishishi! – Riu ao lembrar-se da expressão chocada e indignada que a ruivinha fizera.

Mas sua face logo ficou séria e ele encarou as peças em sua mão, sem realmente vê-las, pois seus pensamentos estavam longe. Mais precisamente, no incidente que ocorrera há uma semana, no aniversário de Luna. Em momento algum Luffy pensa que ela errou por ter ficado brava e defendido sua família, mas... será que Luna parou para pensar na sorte que ela teve de que o oponente fosse combatível?!

E se a pessoa que tivesse insultado sua tripulação fosse um adulto? Alguém forte, armado e sem escrúpulos? Que não ligasse de machucar ou até matar uma criança? ... Como naquela vez?

Na semana passada, eram apenas Luna e Ohana. Nenhum Shanks chegaria disposto a dar um braço por alguma delas. E Luffy não estava por perto para fazer isso ele mesmo e proteger sua filha. Ele nem sempre estaria.

Era por isso que Luna precisava treinar. Se ela se tornasse forte desde agora, estaria pronta para enfrentar o que quer que fosse que o mundo jogasse nela. E Luffy poderia respirar tranquilo quando a visse saindo para enfrentá-lo.

Ou isso acontecia, ou ele não teria escrúpulos de usar do egoísmo para proteger sua filha como achasse necessário.

— A Luna quer ser uma pirata, então ela precisa ficar forte. – Continuou o capitão, finalmente voltando para a realidade no convés do Sunny. - Não... Só de ter alguma relação com piratas, ela precisa ser forte. E é pra isso que eu comecei esse treinamento. Já disse que não vou obriga-la; sério, essa não é a minha intenção. Mas... se a Luna não quiser continuar com isso... – Ergueu o olhar, fazendo Usopp e Sanji tremerem apenas por estarem na mira dele. – partiremos para o East Blue hoje mesmo!

Aquela fala foi o suficiente para pesar o clima de todo o convés. A arqueóloga, o cozinheiro e o atirador não ficaram animados com aquela notícia, ninguém do bando ficaria. Nami apertou os punhos, sentindo uma pontada no coração; nunca pensou que iria querer manter distância de sua terra natal.

— Ei, vocês!! – O chamado de Zoro, que descia do ninho da gávea, atraiu a atenção de todos. – O que estão fazendo parados aí?! O mini-Merry II está chegando e ninguém vai abrir o Channel 2?!

— Heim?! – Nami exclamou, olhando apressada para o mar. E seu alívio foi imenso ao avistar o Mini-Merry, retornando com dois pontos nele. Pelo menos Luffy havia deixado o barco para trás, ou elas não teriam como voltar. – FRANKY!! Abra o Channel 2 agora!!– Ordenou a plenos pulmões.

— AU! É pra já, onee-san! – O ciborg não demorou um segundo para cumprir a ordem e descer até a área dos Channel’s.

— Já estou indo com o kit de primeiros socorros!! – Chopper declarou da enfermaria, sabendo que seria necessário.

— Vou preparar algo para elas agora mesmo! – Sanji correu para a cozinha, era certeza de que Luna e Sofia estariam famintas.

Quando Franky subiu de volta para o convés, estava acompanhando por uma garota e uma corujinha completamente moídas. Luna estava suada, suja e com arranhados e roxos pelos braços e pernas, e Sofia simplesmente caiu de exaustão da grama do navio, sem se aguentar mais de pé.

— Luna! – Nami correu até a filha, preocupada ao ver aqueles machucados a distância e mais ainda quando os analisou de perto. – Está doendo muito?

Da melhor forma que pôde, a ruivinha sorriu para a mãe e negou com a cabeça, antes de retirar dali seu chapéu de palha.

— Você concerta pra mim? – Perguntou com a voz fraca, mostrando um corte no chapéu, feito de tanto raspar nos galhos das árvores.

— É claro. – A navegadora respondeu, sorrindo para a menina e pegando o objeto de palha.

O sorriso de Luna se abriu um pouquinho mais com aquela resposta. Mas sumiu de vez quando seu olhar se voltou para o moreno jogando Cinco Marias no convés. Ignorando todo o resto, ela andou a passos duros até chegar ao lado de Luffy.

— Ora, você voltou. – Foi tudo o que Luffy declarou, olhando para a filha com desinteresse, antes de abrir um sorriso divertido. – E então, como foi?

Luna não respondeu, ficou li encarando o pai, com os olhos confusos e os punhos tremendo, até que usou-os para agarrar a camisa vermelha de Luffy.

— Por quê? – Perguntou pela primeira vez, começando a puxar e empurrar a o moreno pela camisa. – Por quê? Por quê?! – Ela ia aumentando a força, tanto do gesto quando da voz. – POR QUÊ?!

A ruivinha caiu no chão de joelhos, com lágrimas nos olhos pelo cansaço.

Sem perder seu sorriso, Luffy a olhou de cima. E ao invés de responder a menina, fez outra pergunta:

— Você acha que ficou mais forte?

Luna ergueu a cabeça para encarar o pai, sem entender direito aquela pergunta.

— O-o que?

— Esse esforço de hoje valeu a pena? Você acha que ficou mais forte? – Luffy voltou a perguntar.

— Bom, nós descobrimos que, com certeza, temos pulmões fortes! – Quem respondeu foi Sofia, que já tinha recuperado um pouco o fôlego e agora era tratada ali mesmo, no convés, por Chopper.

— Eh? Então o seu primeiro dia de treinamento já deu resultados, que bom. – O capitão continuou a falar, parecendo realmente orgulhoso.

— Treina... mento...? – Luna repetiu, ainda perdida naquela conversa.

— Você disse que quer ser uma pirata, não disse? – Ele nem esperou uma resposta, continuando: - Piratas precisam ser fortes. Para ser forte, precisa treinar. Eu mesmo treino desde que tinha a sua idade. Tá que era porque meu avô me obrigava, me jogando na floresta pra lutar contra uns macacos, mas mesmo assim... – E divagou um pouco, se perdendo em lembranças.

Luna ficou quieta por uns instantes, pensativa. Em sua mente, analisava tudo o que seu pai disse e juntava com o que ele havia feito essa manhã. Jogar na floresta... Para lutar contra animais... Foi assim que Luffy começou a treinar. E vejam só o pirata que ele é hoje!

— Então quer dizer... – Começou a falar, a medida que um sorriso nascia em seu rosto e uma chama brilhava em seus olhos. – Que se eu treinar, vou poder ficar tão boa em lutas quanto você, otou-chan?

— Isso eu já não sei, vai depender de você. – Luffy continuou a sorrir, embora sua expressão tenha se tornado mais séria. – O que você me diz? Vai continuar a treinar?

— Claro!! – A ruivinha respondeu sem hesitar. Mas de repente ela parou de sorrir, pensou por alguns segundo e depois pôs as mãos na cintura, parecendo brava ao olhar para o pai. – Vem cá, você não podia ter me dito que era um treino desde o começo?

— É, eu até podia, mas queria ter visto a cara que você ia fazer quando te deixasse sozinha, shishishi!

— EH?! Isso não tem graça! – Luna agora estava brava mesmo. - Você é muito malvado, otou-chan!

— Ah, não fala assim. Vamos, não tem porque ficar emburrada. – Luffy apenas se divertia vendo a filha fazer bico.

— Tem, sim! Você me assustou! – O divertimento do moreno acabou no momento em que viu a menina soluçar e lágrimas saírem dos olhos dela. – Por um momento eu pensei que você estivesse tentando se livrar de mim.

— Não, não! Nunca! – Luffy estava desesperado agora, detestava ver Luna chorando. – Me desculpa não ter te contado sobre o treino! Eu faço qualquer coisa, só para de chorar.

— Qualquer coisa? – Luna cessou o choro na mesma hora, em seus olhinhos brilhava uma luz de vitória.

Usopp, que continuava ali só assistindo a cena, teve que rir daquilo. Luna era tão parecida com o pai que às vezes ele até se esquecia de quem era a mãe dessa menina.

A ruivinha foi para trás de Luffy e pulou nas costas do pai.

— Então me leva de cavalinho pra cama, eu tô exausta!

— É pra já! Shishishishi! – Riu o moreno, levantando-se e se dirigindo para o quarto das pestinhas. – Puxa, fazia tempo que eu não te pegava no colo, você tá pesada, heim?

— Otou-chan! – Luna reclamou, já ficando meio sonolenta graças ao cansaço.

Antes mesmo de chegar ao quarto, a ruivinha já havia adormecido. Luffy soltou um riso quando a pôs na cama e a viu abraçar o macaquinho de pelúcia no mesmo instante, parecendo um bebezinho. Apesar de tudo, Luna era apenas uma criancinha ainda.

O acontecimento da semana passada voltou a mente do capitão e seu rosto ficou sério. Luna podia ser uma criança, mas era uma criança que, a partir de hoje, aprenderia a se defender.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Luffy se mostrando um pai preocupado e egoísta com a filha... Quem gostou desse lado dele levanta a mão. Ou melhor, escreve no review!
Eu realmente gostei desse capítulo. Foi meio difícil de escrever pelo estilo ser diferente do qual eu estou acostumada mas espero ter feito um bom trabalho. O que vocês e dizem?
Beijos do nosso moranguinho (que mal apareceu aqui) e até a próxima, pessoal!

E ANTES DE ENCERRAR, UM RECADINHO PARA TODOS OS FÃS DA OHANA:
Próximo capítulo: O treinamento continua! Luna Vs. Ohana?