Pestinhas a Bordo escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 18
O Treinamento Continua. Parte 2: O Laço Entre Companheiras


Notas iniciais do capítulo

Chegueeeeei, gentarada mais linda do meu kokoro!! Quem aí sentiu saudades??
Mauz essa semana de atraso, mas precisei revisar bastante esse capítulo. Tinha partes que eu não gostava e precisava reescrever, teve momentos que precisei destoar completamente da primeira ideia que eu tive... Mas enfim consegui acabar o cap. e na minha opinião ele está bom. Vamos ver na de vocês.
Ah! Mas esse também não é o único motivo que me fez demorar. EU AGORA TÔ ESCREVENDO ESSA FANFIC EM ESPANHOL, GALERA! Isso aí, Pestinhas a Bordo daqui a pouco vai estar disponível para toda a américa, só falta eu achar alguém pra me dar um help com o English :v Mas o povo até agora tá gostando e estou até tendo ajuda de um garoto do Peru com o espanhol :D

Muito obrigada a todos que comentaram no último cap., sério, vocês me deixaram muito feliz ^-^



Aproveitem e boa leitura :)



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Estava uma tarde bela e tranquila no meio do oceano, e o Thousand Sunny navegava sem preocupações. Cada membro da tripulação realizava suas atividades costumeiras.

— ... E de repente, mil navios de guerra da marinha apareceram à nossa frente. Luffy estava fora de combate, todos já estávamos exaustos e não tínhamos pra onde correr! Estávamos presos. – Usopp narrava a história, cheio de entusiasmo e fazendo caras e bocas para que os olhares das duas meninas continuassem exatamente como estavam: completamente vidrados nele. Porque sim, contar as antigas aventuras do bando dos Chapéus de Palha para suas sobrinhas de consideração era uma de suas atividades. – Foi aí que um milagre aconteceu! Vocês sabem quem chegou para nos tirar dali?

— Quem? – Luna e Ohana questionaram, temerosas pela história e querendo saber quem era aquele herói misterioso.

— Vocês querem mesmo saber?? – Ele provocou a curiosidade das pequenas.

— Sim! – As duas só faltavam darem as mãos, de tão nervosas.

— Eu já estava escutando a voz dele havia algum tempo, mas além de não reconhecer achei que fosse só minha imaginação.

— Fala logo, tio Usopp!! – Ohana gritou irritada, não aguentando mais aquela lengalenga.

O sorriso do atirador se alargou.

— Bem no meio da névoa, passando pelos navios da marinha mais rápido do que uma bala, estava... – Ele fez uma pausa dramática.

Mas não foi só para aumentar a curiosidade das meninas, Usopp estava mesmo perdido em lembranças. Quando contava sobre aquelas aventuras (como elas realmente foram), ele não podia deixar de se levar pelas emoções, como se estivesse revivendo aqueles momentos.

E falando justamente desse, Usopp não conseguia impedir que seus olhos lacrimejassem um pouco.

— Quem?! – Luna e Ohana questionaram mais uma vez, tirando o tio de seus pensamentos.

— Chegando para nos salvar, estava o... Going Merry Go!!

— EH? – Exclamaram as duas meninas.

Elas arrebataram o atirador de perguntas, afinal, o Merry não havia ficado em Water 7? E não disseram que ele não poderia mais navegar?? Essas e outras perguntas foram respondidas pelo atirador no restante da história.

— Foi uma despedida digna para um grande nakama. – Usopp encerrou, com um sorriso grande e nostálgico e derramando algumas lágrimas que não conseguia conter.

Em compensação, Luna e Ohana também choravam, ambas emocionadas somente por ouvir sobre a queima do navio que hoje já renascera como o Mini-Merry.

Foi quando, de repente, Luna se levantou do chão de grama.

— Luna? – Ohana chamou-a, sem entender aquele gesto da amiga, limpando as lágrimas de seus olhos.

A ruivinha, no entanto, deixou que as suas escorressem, enquanto olhou para a parte da frente do navio. Mais precisamente, para a carranca do Sunny. E simplesmente, correu até lá gritando:

— Papa!!

Um arrepio de medo percorreu a espinha de Usopp. Nenhum pai gostava de ver o filho chorando, ele mesmo não perdoaria se soubesse que alguém fez seu filho Louis chorar; mesmo se fosse um nakama, ficaria muito bravo.

Isso era simples instinto.

Mas parecia que esse instinto se intensificava quando o pai em questão era Luffy e o filho chorando era Luna. E ele não queria ter de lidar com seu capitão bravo justamente por esse motivo.

— O-o-oe!! Espera, Luna! – Correu atrás da sobrinha, sendo seguido por Ohana. Se seu tio ia apanhar de outra pessoa que não Nami, ela queria estar perto pra ver.

— Papa! Papa!

Luffy rapidamente endireitou seu chapéu que lhe cobria o rosto ao reconhecer o chamado de Luna, desencostando da figura de leão e esticando seu pescoço para ver o que sua filha queria com tanta insistência.

No entanto, sua expressão mudou de descontraída e curiosa para uma séria, preocupada e até – pode-se dizer – assustadora quando viu que a menina chorava.

— Luna!! – O capitão usou os poderes de sua Akuma no Mi para esticar seus braços e pegar a filha, trazendo-a até ele no mesmo segundo. – O que é que foi?! – Perguntou aflito, colocando Luna ao seu lado na carranca do navio, segurando-a pelos ombros.

A pequena não respondeu, entretanto. Soltou-se do agarre do pai (que não fazia força para não machucá-la) e simplesmente estirou-se de barriga pra baixo na cabeça do Sunny, abraçando-o o máximo que podia.

— Sunny, eu te amo.

Luffy não estava entendendo simplesmente nada, mas vendo que, apesar das lágrimas, Luna tinha um sorriso no rosto, ele conseguiu se acalmar. Observou a menina por uns segundo até que ouviu passos se aproximando; eram Usopp e Ohana.

— Oe, o que você fez com ela? – Perguntou o capitão, referindo-se à filha.

Rindo nervosamente, o atirador respondeu:

— Nada não, só contei uma história.

Ohana rodou os olhos, mas não desmentiu. As probabilidades de Luffy se irritar a ponto de bater em um de seus nakamas eram mínimas, e se ninguém ia apanhar, ela que não ia gastar saliva.

— Hm... De todo o jeito, vamos pescar um pouco? – Perguntou o moreno. Usopp apenas assentiu, perdendo o nervosismo, enquanto Luffy descia da cabeça do Sunny. – Toma cuidado aí, heim, Luna? – Avisou a menina que, ainda “abraçada” à figura de proa, assentiu.

Os dois homens se foram a buscar as varas de pesca, deixando Luna e Ohana sozinhas. Para esperar a amiga, a Roronoa sentou-se na escadinha que havia atrás da cabeça do Sunny (para melhor acesso de pessoas que não eram feitas de borracha) e recostou-se ali, fechando os olhos por um momento.

Passaram alguns minutos assim, uma em cada lado da cabeça de leão, com os olhos fechados. Porém, não dormiam.

Ah, não. Ambas as meninas estavam perdidas em pensamentos; na história que tinham acabado de ouvir, para ser mais precisa.

Essa aventura em Ennies Lobby fora... incrível! Fantástica mesmo, só de imaginar todas as lutas, a emoção... E não só nessa. A corrida contra o tempo em Alabasta; As mil belezas vistas na Ilha dos Tritões (como dizia Sanji); a luta contra o Deus Enel numa ilha do céu... Por Oda!

— Seria demais viver algo assim. – Luna comentou baixinho consigo mesma.

E foi então que a ideia pareceu acender em sua cabeça. Seus olhos se arregalaram, à medida que um sorriso dez vezes maior que o anterior nascia em seu rosto.

— É isso!! – Exclamou Luna, tão alto que Ohana deu um pulo no lugar, sentando-se. – Ohana, é isso, é isso!

— É isso o que, criatura? – A Roronoa questionou, levantando o olhar para ver sua amiga, que escalara a juba do Sunny e a encarava de cima.

— Eu vou formar minha própria tripulação. – Declarou como se houvesse tido a ideia do século. – Vou juntar companheiros, viajar por aí com eles num navio e então viver aventuras mais legais que as do papa e dos outros!

Ohana apenas arqueou uma sobrancelha, observando bem a expressão da amiga. Ela não parecia estar brincando.

— Você quer dizer que quer se tornar uma pirata? – Perguntou cruzando os braços, vendo Luna assentir na hora. – E não só uma pirata, mas a capitã de uma tripulação pirata?

— Shihihi. É! – A Monkey continuou a sorrir, como se fosse a coisa mais normal do mundo. E até que, para aquela família, era mesmo.

Ohana rodou os olhos, já acostumada com as ideias inconsequentes de Luna. Mas o que podia fazer? Não era como se a ruivinha fosse surrupiar um bote e partir para o mar hoje mesmo, nem ela era tão tonta.

Sem falar que aquilo não era da conta dela, era?

— Ohana. – Ela voltou sua atenção para Luna. Ainda sorrindo, outra vez como se tivesse tido uma fantástica ideia, a Monkey disse: - Vem comigo.

A Roronoa mais uma vez arqueou a sobrancelha.

— Pra onde?

— Viver uma aventura! – A ruivinha respondeu toda animada.

Ohana, por outro lado, ficou calada e pensativa. Ser uma pirata? Ela? Não que tivesse algo contra (afinal ela morava num navio pirata e era filha de um casal deles), mas não era algo que tivesse pensado para sua vida. Pra ser bem sincera, ela ainda nem tinha idade para planejar algo de sua vida.

Lembrou-se de novo das aventuras que Usopp lhes contava. Pareciam tão divertidas... Não seria nada mal viver coisas assim, e menos mal ainda seria estar na companhia de Luna enquanto as vivia.

É, por que não?

— Tá bom, vai? – Falou como se estivesse sendo forçada, mas não pôde conter um sorrisinho mínimo.

— Ueba!! – A exclamação alegre de Luna só fez com que o sorriso de Ohana abrisse um pouco mais. – Então é uma promessa!

— Promessa, é?

— Sim! – Luna continuava sorrindo para a amiga, com um quê de seriedade no olhar, entre o brilho infantil e sonhador. – Algum dia nós vamos... viver nossas próprias aventuras... juntas!

Ohana ficou surpresa com a vontade e certeza que a amiga falava, mas ao ver aquele sorriso da Monkey, tudo o que ela pôde fazer foi sorrir também, antes de responder:

— Hai, senchou! – Passaram alguns segundos em silêncio depois disso até que decidiu perguntar: - E pra onde nós vamos para viver nossa aventura?

— Hum... – Luna botou a mão no queixo pensando por alguns instantes. – Não faço a menor ideia. – Respondeu simples e despreocupadamente.

— BAKA!! – Ohana xingou à Monkey e à si mesma. Ela tinha mesmo acabado de aceitar viajar pro resto da vida com essa cabeça de palha??

Tudo o que ouviu como resposta de Luna, foi a alta e divertida gargalhada da ruivinha.

—*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-

Isso fora há quase três anos. Ichigo tinha acabado de nascer, Ohana sequer tinha começado seu treinamento e estavam looonge de conhecer Sofia.

Uma simples promessa feita por crianças, por causa de uma ideia repentina e que nem sonhavam com as repercussões que aquilo poderia ter no futuro. Mal sabiam direito o que estavam prometendo. Tudo o que sabiam era que queriam viver aventuras tão fantásticas como as que seus pais e tios viveram.

Mas era por essa única certeza, que até hoje tinham, que essa promessa continuava firme e forte. Tanto que aquela pequena disputa que ocorreu pela manhã, não tinha feito nada mais que fortalecer os laços entre Luna e Ohana.

E era por ainda se preocupar com sua melhor amiga/companheira/capitã, que Ohana apenas observava a falha tentativa de Luna de descer, furtivamente, do navio.

Destreza com certeza não era o talento da ruiva. Tropeçava o tempo todo, dava passos pesados que poderiam acordar até Zoro e perdia mais tempo olhando em volta para ver se vinha alguém do que tentando chegar à rampa de embarque. A Roronoa não sabia se ria ou se a chamava de idiota mentalmente.

Quando enfim chegou à rampa de embarque, Luna deu mais uma olhada para os dois lados e começou a descer pé ante pé. Tão concentrada em não fazer barulho agora que chegou tão longe, ela sequer percebeu quando Ohana pôs-se atrás dela andando normalmente e tendo muito mais êxito que Luna no quesito de ser furtiva.

Ao finalmente alcançar o porto, a ruivinha deu um de seus grandes sorrisos. Tinha conseguido sair sem que ninguém a visse! Ela tomou fôlego, ergueu os braços e se preparou para gritar de animação.

— Se você fizer isso, vai tudo pro brejo.

— Kyaaa! – Luna chegou a gritar, mas foi só um pequeno grito de susto, e muito mais baixo do que o normal seria. E ela rapidamente tapou a própria boca, virando-se para dar de cara com Ohana. – fofevofevavavenvoaqui?

— Descobre a boca pra falar, cabeça de palha. – A de cabelos verdes rodou os olhos.

— O que você tá fazendo aqui, Ohana? – Perguntou novamente a ruivinha, agora sendo entendida.

— Eu que deveria estar te perguntando isso, não? – Cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha. - O que está fazendo aqui no porto? A tia Nami vai ficar uma arara quando descobrir que você saiu sem avisar e você sabe disso, então deve ser alguma coisa importante. Me fala.

— Hm... – Luna desviou o olhar e segurou a aba de seu chapéu com as duas mãos. – Não é nada, só queria pegar ar.

— Tá, e eu nasci ontem. – Ohana girou os olhos mais uma vez. – Você acha mesmo que pode esconder alguma coisa de mim?

E não podia mesmo. Não é que Luna fosse péssima mentirosa, pelo contrário, ela parece ter herdado as habilidades de Nami para enganar e persuadir os outros. Mas Ohana também herdara o dom de observação de Robin e se tratando principalmente de sua melhor amiga, ela não facilmente seria enganada.

Sem falar que ninguém acreditaria naquela desculpinha!

— Luna, falando sério, isso tem haver com o porquê do seu desespero durante o jantar, não é? – A Roronoa continuou, perdendo um pouco de sua postura dura; e a ruivinha mordeu o lábio inferior. – O que está acontecendo? Você sabe que pode me contar.

Luna voltou a olhar para a amiga, apertando mais a aba do chapéu. Não costumava esconder coisas dela (de ninguém, aliás) e ver aquele olhar de Ohana, um pouco mais carinhoso do que o de costume, deixava-a com menos vontade de fazer isso.

Acabou por soltar um suspiro. Não conseguiria enganar Ohana e nem tinha vontade de fazê-lo, de modo que lhe restou uma única opção: Fugir dela.

— Luna!! – A Roronoa gritou quando viu a amiga simplesmente correr dali. Mas ela não perdeu um segundo e pôs-se atrás da ruiva.

Tinha de admitir, aquele descanso após a disputa lhe fizera bem, estava conseguindo correr mesmo com as pernas ainda doloridas. Porém Luna também parecia estar recuperada e empenhada em fugir dela, porque mesmo dando seu máximo, Ohana não conseguia alcançá-la.

E quando a Monkey desceu um barranco e chegou à parte florestada da ilha, Ohana simplesmente perdeu-a de vista.

— Ah, qual é?! – Praguejou irritada, alcançando a ponta do barranco uns segundos depois. Luna não estava mais à vista.

Por um momento, Ohana pensou em voltar para o navio, mas reconsiderou. Ainda estava machucada, sim, mas Luna também estava e vai saber o que aquela desnaturada poderia fazer. Sem falar que... por que ela voltara para a floresta?

A Roronoa sabia que aquilo tinha haver com o comportamento estranho de sua companheira durante o jantar, isso era uma certeza sua, porém o que não sabia era o que havia naquela floresta para fazer com que a Monkey se arriscasse a tomar uns belos puxões de orelha só para voltar lá.

Era o que ela tanto queria descobrir, e iria.

Com sua curiosidade aguçada ao máximo, Ohana deslizou pelo barranco (que não era pequeno) e ficou frente a frente com a floresta. Não duvidou um segundo em adentrá-la. Ela olhava bem ao redor, tanto para procurar por Luna quanto para ficar atenta aos animais, ou qualquer outro perigo que aquele pedaço de mata pudesse oferecer.

Se bem que, conforme passavam os minutos, Ohana foi relaxando de ambas as coisas. Continuava atenta a qualquer movimento que visse ou ruído que ouvisse, todavia parecia aproveitar o passeio, levando até um pequeno sorriso nos lábios.

“Quem diria... Uma floresta dessas, com uma cidade tão poluída bem ao lado.”— Ela não podia deixar de pensar. Aquele lugar era tão verde e bonito... Nem o céu nublado conseguia ocultar a beleza que havia ali.

Um bando de chimpanzés passou então por cima dela, pulando de uma árvore pra outra, fazendo Ohana se lembrar de seu real objetivo ali.

— Onde foi que aquela cabeça de palha se meteu?

Mal a família de primatas sumiu pelas árvores, ela viu um movimento nuns arbustos próximos. E um ponto amarelo por cima deles; muito parecido com certo chapéu.

Dando um sorrisinho travesso, Ohana começou a se aproximar dos arbustos. Um passo atrás do outro, com muito cuidado para não fazer barulho, até parar meio ajoelhada bem de atrás do ponto amarelo. E finalmente levantou-se, dando um grito.

— Ahá!!

Mas o sorriso de Ohana murchou quando viu que o tal ponto amarelo, que pensou ser o chapéu de Luna, não era mais que um sapo gordo.

— Gero*. – Fez o animal, olhando para a garota por um momento antes de pular da pedra onde estava para o pequeno laguinho que, até então, Ohana não tinha percebido.

A Roronona apenas ficou encarando as ondas na água, formadas pelo impacto do sapo ao mergulhar. Porém, quando as ondas foram diminuindo, ela conseguiu enxergar um reflexo na água. Parecia... um urso?

Um arrepio correu o corpo de Ohana. E ela engoliu em seco, erguendo os olhos do reflexo no lago só para ver o grande urso de pelos negros, cheio de cicatrizes por todo o corpo, parecendo ser cego de um olho e mostrando-lhe os dentes como Luna mostrava os talheres para sua refeição antes de devorá-la.

O animal repentinamente soltou um urro e simplesmente correu pelo lago (que era raso), tendo como alvo de sua boca aberta a cabeça de Ohana. Mas a menina reagiu rápido e, enquanto o urso atravessava o lago, ela ergueu sua espada de treino e ficou em posição de combate.

Iria acabar com aquele bicho num só golpe.

— Não, cuidado!!

Ohana mal teve tempo de perder a concentração para virar e ver quem gritava, pois no mesmo segundo, ela foi empurrada por um corpo para a direita. Derrubando-a e salvando-a do ataque do urso.

— E depois eu sou a idiota!?

Ohana reconheceu de imediato a voz de Luna, mas nem por isso ver sua amiga ali, caída ao seu lado, foi menos surpreendente. Fora ela quem a empurrara, e agora a ruivinha lhe encarava com uma face meio brava.

Antes que Ohana pudesse falar qualquer coisa, um barulho chamou a atenção das duas. E os olhos da mais velha, já arregalados, quase saltaram das órbitas ao ver o que causara aquele barulho.

Ela tinha escapado do ataque do urso, mas esse não conseguira parar até dar de boca com uma árvore. Árvore essa que agora havia caído, graças à forte dentada do animal que acabou arrancando um pedaço dela.

— Vem, corre! – Luna gritou para a amiga, apressando-se em levantar enquanto o urso terminava de triturar o pedaço da árvore em sua boca com os dentes.

A Roronoa não perdeu tempo e também se levantou, preparada para seguir a ruiva. Elas começaram a atravessar o lago pulando nas pedras que ficavam à cima da água. Porém não se passaram três segundos e ela ouviu os passos de quatro patas pesadas atrás delas.

— Ele tá vindo!

— Continua! – Luna responde, voltando a pisar em terra. Surpreendentemente, ela não parecia assustada. – Estamos quase lá.

“Lá?”— Ohana perguntou-se mentalmente.

E antes que pudesse perguntar verbalmente, a imagem que surgiu diante de seus olhos a fez se calar. Pois bem diante dela estava a maior árvore que ela já tinha visto antes. Não em altura talvez, mas com certeza o tronco era o mais largo que já vira, e mesmo assim parecia não haver espaço para os galhos, porque eles estavam tão juntos que não podia se ver espaço entre as folhas. Como toque final, cipós caíam de toda a copa da árvore, tornando-a não só impressionante pelo tamanho, como também bonita.

Um “wow” teria chegado a escapar de seus lábios se não fosse por um grito repentino de Luna:

— MORDU!! – Quando essa mera palavra ressoou, Ohana podia jurar que viu todas as folhas da árvore se agitarem e que o urso atrás delas apertou o passo. – MORDU!!

Elas finalmente alcançaram a árvore. Luna rapidamente agarrou um dos primeiros cipós e começou a subir. Ohana fez o mesmo. Os passos do urso estavam cada vez mais próximos.

“Não vai dar tempo!”— Pensou desesperada a mais velha.

Porém, quando o enorme animal já estava perto o suficiente ao ponto de Ohana sentir a respiração dele formar uma brisa às suas costas, algo pulou da árvore, caindo bem sobre as costas do urso.

Um, dois, três vultos seguiram o primeiro! E Ohana acabou parando de subir ao olhar para trás e ver. O que havia derrubado aquele urso enorme, salvando a vida dela e de Luna, não eram mais que... macacos. Mais precisamente, eram chimpanzés!

— Ohana, vem, sobe logo! – O chamado de Luna a fez voltar para a realidade e a Roronoa não se demorou em subir o que faltava do cipó.

Sentando-se ao lado da ruiva no galho, as duas ficaram assistindo enquanto, em menos de um minuto, os quatro macacos batiam no urso. Mas não eram simples socos, de forma desorganizada; os primatas realmente estavam lutando! E em menos de um minuto, conseguiram expulsar o invasor que correu pra longe.

— Ufa. – Luna soltou a respiração ao ver o urso de afastar, sorrindo para um chimpanzé filhote que, pendurando-se pela cauda no galho de cima, ficou cara a cara com ela. – Obrigada pela ajuda.

O macaquinho apenas fez uns sons que ela interpretou como um “Não precisa agradecer”.

— Esses macacos... – Ohana começou a falar, atraindo a atenção de Luna. – Eles... estavam lutando?

— Sim, eles são macacos lutadores! Não é demais? – Os olhos da Monkey chegavam a brilhar. – E esse – Indicou o macaquinho que se balançava pela cauda. – é o meu amigo, Quick. - O pequeno primata pareceu ficar bravo de repente, gritando algo com o cenho franzido para a ruiva, que encolheu os ombros. – Desculpa, a Fifi não está aqui agora, então eu não posso te entender.

Ohana revirou os olhos. Conhecendo Luna, não era preciso ser um gênio para saber que provavelmente fora ela quem colocou esse nome no macaco, e pelo visto ele não gostou nada. Bom, ela também não gostaria de ter o nome de um bichinho de pelúcia.

— Como você conseguiu virar amiga de um macaco? – Resolveu perguntar, fazendo com que a atenção dos dois voltasse para ela.

— Eu ajudei ele a escapar do Mordu uma vez. – Luna respondeu, levantando o olhar para mirar os outros macacos. Quatro deles, os mesmos que lutaram contra o urso, estavam mais perto. – Desde então eles disseram que eu posso vir pra cá e que me ajudariam em caso de perigo, como forma de agradecimento. Mas eu só venho mesmo quando não consigo escapar do Mordu sozinha.

— Quem é esse Mordu?

— O urso que estava atrás da gente.

— Você também deu um nome pra ele? – Ohana estranhou. Aquilo era demais até para Luna.

— Não, é como as pessoas dessa ilha chamam ele.

A Roronoa arqueou uma sobrancelha em desentendimento, mas pensou um pouco e lembrou-se de que, nos dias que passaram na cidade, ela ouviu várias pessoas falarem sobre a lenda do temível Mordu, O Urso Assassino. Mas ela pensava que era apenas isso: uma lenda.

— Espera aí – Ela reparou num detalhe. -, você está dizendo que aquela coisa já te perseguiu antes?

— Já. – Como é que Luna conseguia falar disso como se não fosse nada? – Mas acho que depois que alguém tenta te caçar e matar, o mais normal é você também querer matar esse alguém.

— Você tentou caçar aquela coisa?! – Ohana estava espantada. Aquele urso estava mais pra monstro do que para animal, e mesmo assim Luna estava atrás dele?

“- Ah, isso não é nada. Foi só uma tentativa frustrada de caça.”

Uma lembrança de Luna dizendo essa frase apareceu na mente de Ohana. Na memória, a ruiva tinha quatro cortes grandes e profundos no braço direito, o primeiro estando logo abaixo do ombro. Lembrava-se também de Nami surtando e quase perdendo a voz de tanto gritar com a filha quando Chopper disse que, por pouco, Luna não perdera o braço, mas que precisaria de uma transfusão de sangue e ficaria com uma cicatriz.

De fato, ficou, pois mesmo vestindo uma camiseta com mangas até os cotovelos, Ohana ainda podia ver a parte final do quarto corte no braço da amiga. Ainda estava um pouco vermelho, pelo fato de ter acontecido há pouco mais de uma semana, mas de acordo com Chopper, logo não se poderia perceber mais nada.

Então tinha sido Mordu quem deixou aquela marca nela...

— Eu ainda vou caçá-lo. – A fala de Luna tirou-a de seus pensamentos. A face da ruiva estava séria. – Eu jurei pra mim mesma que ia conseguir pegar o Mordu antes de nós irmos embora.

Agora tudo parecia fazer sentido para Ohana.

— Então foi por isso que você ficou tão afobada no jantar.

Luna abaixou um pouco a cabeça, apertando de novo a aba de seu chapéu, mas assentiu.

— A cicatriz é do primeiro dia que eu tentei pegar ele, logo depois de ter ajudado o Quick. – Ela começou a explicar. O macaquinho novamente emburrou pelo nome, mas não falou nada. – Mordu é o animal mais forte deste país. Se eu conseguir caçá-lo, quer dizer que meu treinamento está dando cada vez mais resultado. – Ohana deu um pequeno sorriso, orgulhosa do pensamento da amiga. – Sem falar que – Luna fitou a companheira e também sorriu, com os olhos brilhando e a boca salivando. – dá pra imaginar o churrasquinho de urso que daria pra gente fazer?!

O sorriso da mais velha desmanchou e ela se conteve para não dar um tapa na própria testa. Não tinha jeito, Luna será sempre Luna.

— Só espero que seu treinamento já tenha dado o resultado necessário então, porque você querendo ou não, nós vamos embora hoje. – Ohana repentinamente pulou do galho, fazendo um pouso perfeito, com direito a uma cambalhota. – Ok, vamos lá.

— Vamos? – Luna estava confusa.

— O que? – A Roronoa arqueou uma sobrancelha e deu um sorrisinho debochado. – Eu vim até aqui atrás de você e não vou voltar sem você. Além disso, quero ver se você já é capaz de pegar uma coisa daquelas.

Luna abriu um grande sorriso, e dando sua típica risada, também pulou do galho. Só que, ao contrário da aterrisagem profissional de Ohana, ela simplesmente se estatelou com a cara no chão.

— Eu tô bem. – Declarou ainda com o rosto enterrado na terra, levantando-se logo em seguida para cuspir uns matinhos que entraram em sua boca.

Ohana apenas suspirou. Teve vontade de revirar os olhos, mas começava a achar que eles poderiam cair com a quantidade de vezes que o fazia. E de certo modo, a cena de Luna tirando a grama da boca com a maior cara de nojo, acabou arrancando-lhe uma risada.

— Vamos logo, cabeça de palha. – Chamou de novo, levantando os olhos para o céu. Elas tinham mesmo que andar rápido, já havia anoitecido praticamente.

— Tchau!! Obrigada por tudo!! – Luna agradecia e acenava com as duas mãos, andando pra trás para poder olhar para os macacos. E praticamente todos começaram a pular, soltando gritos que provavelmente também eram despedidas. – Tchau!! Tchau!!

E foi assim até que a árvore sumisse de vista e o barulho dos macacos parasse. A partir daí, Luna virou-se para andar lado a lado com Ohana, enquanto procuravam pelo urso com os olhos.

Ficaram andando por uns bons minutos até que a esverdeada decidiu perguntar:

— Então, onde ele poderia estar?

— Hm... Não tenho certeza. – Luna parou de andar, pondo um dedo na testa e ficando pensativa. – De todas as vezes que fui atrás dele, ele esteve no lago – Descartado. Elas acabaram de passar pelo lago onde Ohana conhecera o temível urso e ele não estava lá. -, na praia pegando peixes, ou na caverna dele.

— Se precisamos ir pra praia, vamos ter ir que naquela di- - Ohana se auto interrompeu. Quando virou a cabeça para a direita, deu de cara com uma caverna pequena, mas grande o suficiente para entrar aquele urso. Estava meio escondida entre tantas árvores, mas ainda se conseguia ver o negrume dentro dela.

— Ah! É aqui! A caverna do Mordu! – E a exclamação de Luna apenas confirmou suas suspeitas. Bom, também não é como se pudessem existir mais tantas cavernas naquele espacinho de floresta. – Mas parece que ele não está. – A ruivinha apertou os olhos, tentando ver dentro da caverna.

Mas foi só ela acabar essa frase, ambas as meninas sentiram uma brisa quente bater em suas costas. O que as deixou tenças na mesma hora. E o leve rosnado que veio logo em seguida não ajudou para acalmá-las.

Luna e Ohana se viraram bem devagar, torcendo para que não fosse quem elas pensavam. Mas todas as esperanças de um engano foram por água a baixo ao se depararem com os olhos da fera, um escuro e outro branco.

Ohana estava petrificada. O plano inicial era elas acharem Mordu e Luna pegá-lo de surpresa enquanto ela somente assistia. E agora a situação era totalmente outra, com o urso em posição de caça e elas ainda surpresas demais para reagirem.

O que fariam agora?

Por sorte, Mordu parecia cansado (ou do contrário já teria as atacado), mas isso não quer dizer que ele fosse menos perigoso ou que seria mais fácil de vencer. Ohana já estava para pegar sua espada. Talvez fosse inútil, mas tinha que tentar alguma coisa.

Porém, antes que Ohana alcançasse sua arma de treinamento, Luna ergueu o braço. A esverdeada apenas observou como, com os olhos cobertos pela aba do chapéu, Luna pousou sua mão em seu braço esquerdo. Bem encima da cicatriz que aquele animal enorme havia feito nela.

— Espero que tenha aproveitado seu último dia, Mordu. – Levantou o rosto, revelando seu característico sorriso e um olhar determinado. – Porque hoje você não me escapa!

Luna do nada puxou algo de seu chapéu e, sem dar tempo para reagir, acertou a cara de Mordu com tudo. Ela sentiu orgulho de seu golpe ao ver o urso desnorteado por um instante.

Instante que Ohana utilizou para reconhecer a “arma” que a ruiva utilizava. Era um bastão de madeira, fino, porém longo, que com certeza deveria estar dividido em umas três partes para caber no chapéu da outra. Não pôde conter um sorriso. Sabia que Nami tinha dado seu bastão de antes do Climac Tact para Luna, mas nunca pensou que sua amiga o usasse e mais ainda que soubesse usá-lo tão bem.

O momento para analises se acabou quando Mordu se recuperou do golpe e olhou para as meninas, soltando um urro que elas não precisavam da tradução de Sofia para saber o que significava.

As meninas correram uma para cada direção e talvez fosse porque fora ela quem o acertara, mas o urso correu atrás de Luna. Exatamente o que elas queriam.

Quando percebeu que o animal a seguia e que Ohana já havia se afastado o suficiente, Luna parou de correr virou-se para o urso. Esse somente aumentou o ritmo ao ver que sua presa estava parada. Arreganhou a boca, pronto para abocanhar a cabeça da menina.

Mas Luna foi mais rápida e no momento certo se abaixou, ficando logo abaixo do maxilar do urso e, usando a ponta do bastão, acertou em cheio a garganta dele.

— Ui. – Ohana pôs a mão no próprio pescoço, aquele golpe tinha doído nela.

Mordu deu uns passos pra trás, tossindo, e assim permitindo que Luna se levantasse. Mas o urso se recuperou mais rápido do que a menina previra e antes que ela pudesse erguer o bastão para acertá-lo na cabeça, Mordu ergueu sua pata esquerda e acertou a ruiva, mandando-a longe.

— Luna! – Ohana simplesmente não conseguiu não se preocupar com sua amiga, principalmente vendo-a cair com tudo no chão, o que a fez soltar o bastão que rolou pra longe.

A Monkey mal teve tempo para se reerguer, Mordu avançou para cima dela e quando tentou recuar, Luna deu com as costas na parede de fora da caverna. Não tinha para onde correr e mesmo que tivesse, ela não conseguia desviar os olhos da boca cheia de dentes do urso.

Até que, num surto de coragem, Luna ergueu o punho e deu um soco no focinho de Mordu. Aquilo, porém, só deixou o animal mais bravo ainda.

Mordu ficou de pé nas patas traseiras, ameaçando mais ainda a garota com seu tamanho. Soltou um rosnado, erguendo a pata direita, pronto para dar o golpe final e esmagar Luna sobre suas patas! Quando uma pedrinha atingiu-o na cabeça.

— Ei! Monstrengo! – O urso voltou os olhos para Ohana que saía de trás das árvores; fora ela quem atirara a pedra. A Roronoa já estava com sua espada em mãos e encarava o animal de modo desafiante. Que se dane o treinamento, ela não ficaria olhando sua melhor amiga ser devorada. – Vem pegar alguém do seu tamanho!

Mordu soltou mais um rosnado antes de voltar a ficar em quatro patas e correr em direção à Ohana, que também correu na direção do urso. Quando os dois se chocaram, a garota simplesmente enfiou sua espada dentro da boca do animal, afundando-a na garganta dele.

Se fosse uma Katana de verdade, como as de Zoro, Mordu já estaria morto e sangrando pela garganta. Mas como a espada de Ohana não era mais que uma de treino, feita de madeira, o maior estrago que ela causou foi uma bela ânsia de vômitos no animal.

— Eca. – Ela não conseguiu conter uma expressão de nojo ao ver sua espada toda suja de vômito. Bom, pelo menos Mordu parecia mareado o suficiente para dar-lhe tempo de pensar em um plano.

Deu se afastou alguns passos para não ter que presenciar aquela cena, deixando o urso vomitar tudo o que precisava.

— Ohana. – Ela se virou ao chamado e viu Luna vindo em sua direção. A ruiva parou ao seu lado e ela pôde ver que vários curativos do rosto da outra haviam caído. Pobre Chopper. – Não precisava ter feito aquilo.

— E deixar o pobre animal ter uma indigestão ao te comer? Nem eu sou tão malvada assim. – Deu um sorriso de deboche.

— Eu não ia ser devorada! – Luna brigou.

— Ah, claro. – A ironia na voz da amiga só deixou a ruivinha ainda mais brava.

Mas de repente, a raiva de Luna desapareceu e ela desviou o olhar, parecendo meio tímida.

— De todo o jeito... Ohana, você... pode me ajudar?

O sorriso de Ohana mudou de debochado para compreensivo. Ela então ergueu um punho em cumprimento.

— Vamos acabar com esse bicho juntas.

Luna mais uma vez abriu seu característico sorriso e respondeu ao cumprimento, batendo seu punho de leve contra o da amiga.

— Juntas.

As duas miraram o urso, que parecia começar a se recuperar da sessão de vômitos. Ainda com a respiração agitada, ele se virou para elas, parecendo realmente furioso agora.

— Eu tenho uma ideia. – Luna declarou do nada e antes que Ohana pudesse falar algo, ela correu até Mordu e pulou na cabeça dele, andado sobre o animal até chegar aos ombros.

Mordu começou a se debater, mas antes que fizesse um movimento forte o suficiente para tirar a ruiva de cima dele, Luna já havia passado seu bastão por baixo do pescoço do urso. Ela praticamente estava montada nele agora.

— Você o pegou! – Ohana comemorou. Porém essa alegria pela esperteza de sua amiga não durou muito ao ver que Luna não podia fazer mais nada naquela situação, pois se soltasse o bastão, Mordu a arremessaria longe. – Ok, e agora?!

— Não... faço... ideia! – Luna falava a cada agito do urso, que a mandava pra cima.

Ohana teve vontade de revirar os olhos, de suspirar, de bater na própria testa; tudo isso enquanto xingava as ideias tontas de sua amiga. Mas não havia tempo para isso, Luna não aguentaria se segurar naquele urso que mais parecia um touro bravo por muito tempo.

Ela olhou ao redor, pensando e procurando qualquer coisa que pudesse usar contra aquele animal. Me desculpem, mas a espada dela já estava fora de cogitação!

Foi quando seu olhar pousou em uma rocha de tamanho médio que estava em cima da caverna. Se empurrada um pouco mais, ela cairia com certeza. E o tamanho da rocha mais a altura, com certeza esmagaria quem estivesse embaixo.

— Luna! – Chamou a ruiva, e continuou mesmo não tendo certeza de que ela estava prestando atenção. – Leva ele pra entrada da caverna!

— É... mais fácil... falar... do que fazer! – Luna mal conseguia se segurar mais. Ela até tentou aplicar mais força de um lado para conduzir o urso, mas isso só o fazia mover a cabeça para o lado e quase conseguir se soltar do bastão. Aquilo não ia dar certo.

Ohana franziu o cenho, preocupada. Pensou por uns segundos e decidiu. Correu até o topo da caverna e ficou perto da pedra.

— Ei, seu urso de merda! – A coragem que continha aquele grito quase desapareceu quando Mordu a olhou. Os olhos do urso estavam vermelhos e ele só faltava espumar pela boca. Mas Ohana reuniu sua coragem e voltou a gritar. – Você mesmo, sua versão macabra do Ursinho Pooh! Duvido que você consiga me pegar! – E como toque final, mostrou a língua.

O urro que Mordu deu depois disso deve ter ecoado por todo o país. O animal simplesmente avançou como se não houvesse amanhã.

Ohana foi para trás da rocha e começou a empurrá-la. Era bem pesada, ela tinha de admitir, mas por sorte seu treinamento não era só com espadas. Só Oda sabe a quantidade de vezes que ela fizera levantamento de peso com pedras e até teve de empurrar rochas.

Pois é, aquela não era sua primeira vez e a rocha nem era das piores.

O urso estava a alguns metros de distância e a rocha já estava na ponta. Ela só tinha que esperar o momento certo.

— Cuidado! – Ela ouviu o grito de Luna alertando-a, mas não fez nada.

“Ainda não. Ainda não.”— Repetia para si mesma em pensamentos.

Os passos velozes cada vez mais próximos. Mordu já se estava na frente da caverna. Ele deu um salto para alcançar sua presa.

— Ohana!!

— Luna, solta ele!! – Gritou com tudo.

A Monkey soltou uma das mãos, liberando o urso de seu agarre com o bastão bem no momento em que Ohana deu o último impulso necessário e a enorme pedra caiu bem na cabeça do urso, esmagando-a.

Luna e Ohana apenas ficaram encarando, de diferentes pontos, a cena de Mordu derrotado. Ninguém falava nada, pareciam custar a acreditar que tinham mesmo vencido.

A Roronoa foi a primeira a voltar para a realidade e a primeira coisa que fez foi correr até Luna, ainda caída no chão pelo fato de ter caído das costas de um urso em movimento.

— Luna, tá tudo bem? – Perguntou realmente preocupada, mas sem deixar tão evidente.

A ruiva sentou-se, resmungando um pouco e massageando o quadril, onde mais lhe doía. Usou a outra mão para conferir o galo na cabeça, mas quando fez isso, seu rosto simplesmente empalideceu e seus olhos arregalaram.

— Não. – O desespero tomou conta de Ohana com aquela resposta. Será que ela tinha quebrado algum lugar importante? Será que o impacto fora demais pra ela?? – Eu perdi o meu chapéu!

— Não me assusta só por isso, baka! – Mais um galo nasceu na cabeça de Luna graças ao soco da Roronoa.

A mais velha olhou ao redor, tentando enxergar algo naquela escuridão que tomou conta dos céus enquanto elas lutavam contra Mordu. Andou até perto de uma árvore e pegou algo do chão. Luna sorriu ao ver que sua amiga trazia em mãos seu chapéu de palha.

— Valeu! – Exclamou em agradecimento, pegando o chapéu o colocando o na mesma hora.

Ohana sentou-se ao lado de Luna e ambas olharam para o urso já morto. Não falaram nada por um tempo, apenas sentindo a adrenalina baixar para dar espaço para o cansaço que, com certeza, seus corpos sentiam.

— Nós conseguimos. – Luna foi que quebrou o silêncio.

— É. - Ohana soltou um suspiro, ajeitando seu cabelo atrás da orelha.

— Foi um belo trabalho em equipe.

— Embora eu tenha feito quase tudo. - A mais nova socou o braço da amiga de leve, que riu. – Tô só brincando. Você foi ótima. E nós formamos uma boa dupla.

— Com certeza. Olha só o que a gente fez aqui! – Luna apontou com exagero para o urso abatido, olhando para a amiga.

O sorriso de Ohana sumiu com o olhar que a ruiva lhe lançava. Luna tinha um sorriso enorme e mordia o lábio inferior, além de fazer uns sons que pareciam perguntar se ela podia fazer algo.

— Urgh... tá bem. – Ohana rendeu-se, abrindo os braços.

— Eba! – E Luna não se demorou um segundo em abraça-la.

A mais velha revirou os olhos, mas correspondeu o gesto. Não era muito de abraçar, porém era quase impossível resistir à carinha de Luna quando lhe pedia um. E apesar de tudo, ela não conseguia conter um sorriso quando acontecia. Como agora.

Um barulho atrás delas chamou a atenção das duas, que se separaram para ver o que era que se aproximava pelas árvores.

Qual não foi a surpresa das meninas ao verem Sofia ali?

— Ah! Vocês duas! – A corujinha rapidamente voou até elas. – E-eu aconselharia vocês a correrem, mas acho que isso só vai piorar a situação.

— Do que está falando, Fifi? – A ruiva perguntou.

Mas antes que Sofia pudesse responder, mais figuras surgiram por entre as árvores. E uma delas, em particular, fez o sangue de Luna gelar nas veias. Nunca antes tinha visto sua mãe com um olhar tão assassino.

— MONKEY. D. LUNA!!!

É, não adiantou nada ter derrotado Mordu. Ela ia morrer de qualquer jeito.


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Notas finais do capítulo

*Gero: Onomatopeia japonesa para o coachar do sapo.
E é isso! E aí, como foi???
Sério, estou doida para saber a opinião de vocês sobre esse cap. Principalmente com as cenas de luta! Eu não costumo escrever sobre isso e quero saber se fui bem.
Mas tirando isso da luta, espero que tenham curtido a amizade/companheirismo da Luna e da Ohana, essas duas são realmente muito unidas e uma ótima dupla. Consegui mostrar isso direitinho??

Beijos do nosso moranguinho e até os reviews, minna!