Carte Mystique escrita por Starlight


Capítulo 2
Um: Pai


Notas iniciais do capítulo

A extensão absurda deste capítulo é proposital, perdoem se exagerei. A propósito, é o único capítulo extenso.
Boa leitura.



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Um: Pai.

Aqui começa o relacionamento de um jovem com a magia, um jovem que mal sabe que é o futuro de tudo que irá encontrar em sua jornada, um garoto que hoje completa quatorze anos. Seus olhos grandes e azuis, cabelos castanhos e uma bondade maior que qualquer coisa que exista no mundo, seu nome é Henry.

– Acorde, Henry – Uma voz mais grave dizia ao jovem que ainda dormia, enterrado nas cobertas. – Vai se atrasar para a escola.

– Bom dia, pai – Henry se revela dentre as cobertas, jogando todas para o lado esquerdo da cama, enquanto se levantava e andava rente ao guarda roupa, procurando seu uniforme escolar.

O pai de Henry se encontrava sem graça próximo a porta de seu quarto, enquanto via o filho vestir o uniforme falar uma só palavra, afinal, era o seu aniversário. Porém, o Henry nunca mais recebeu um feliz aniversário do pai depois do desaparecimento de sua mãe, não seria agora de repente que o mesmo ouviria isso do pai.

– Tudo pronto? – Indagou o pai.

– Tudo certo. Você vai me buscar, hoje? – Indagou Henry.

– Hoje não, tenho um jogo. Pode vir sozinho?

– Tudo bem... – Suspirou fundo por ter sido trocado pelo jogo, mas não podia reclamar pelo fato de ser isso o que o sustentava.

Sim, o pai de Henry jogava baralho com altas apostas e era isso que os sustentava, afinal, ele não sabia fazer outra coisa além de jogar baralho com uma maestria que ninguém jamais vira na face da terra.

Henry terminou de se trocar e de pegar o material, passou pelo pai como se não houvesse ninguém, desceu as escadas rumo a cozinha.

– Seu lanche está na mesa. – Chateado, deu o último aviso ao filho, que apanhou o pacote ligeiramente e atravessou a porta da sala, a fechando com força.

Enquanto isso lá fora, Henry andava com o semblante fechado, colocando o lanche dentro da bolsa, nem olhou para trás. Passava por todo mundo na calçada com um passo apertado até a faixa de pedestres, atravessando a mesma ao outro lado da rua, indo rumo a escola até que em meio aos passos, outros de mesma intensidade o imitam, acompanhando-o na mesma velocidade.

– Olá, Henryzinho! – Dizia uma doce e serena voz feminina, a mesma costumava chamá-lo assim, destacando-se dentre os conhecidos de Henry – Está tudo bem?

– Oi, Jennifer – Henry respondeu em um tom sério, ainda com a cara emburrada.

– Feliz aniversário, Henryzinho! – Jennifer ainda na caminhada se esforçou com um pulinho para beijar o rosto de Henry, o parabenizando.

– Valeu – Continuou com a cara emburrada, olhando em frente.

– O que há? Seu pai não lhe deu os parabéns de novo?

– Não é nada disso.

– Claro que é! Olha, Henry... Você precisa dar um tempo pra ele, faz pouco tempo que houve aquilo com sua mãe e ele não se vê apto para retomar a antiga relação que tinha contigo. – Momentaneamente, Jennifer foi parada por Henry, que cessou os passos também.

– Escuta, Jennifer. Nada de falar do meu relacionamento com o meu pai, do meu mau humor de hoje e muito menos da minha mãe, ta ouvindo? – Bufou após o sermão e tomou caminhada novamente.

Jennifer fez um semblante de preocupação com o amigo, o vendo andar na frente, tomou o resto da caminhada metros atrás dele, o analisando até chegarem na escola e entrarem para a aula.

[...]

Já em outro local, fechado com uma grande mesa rústica com um baralho sobre a mesma, com cadeiras ocupadas pelas mais diversas tipos de aparências masculinas. Entre elas, encontrava-se a do pai de Henry, loiro dos olhos azuis, com a barba feita, cobrindo os olhos parcialmente com o cabelo e com a sombra que seu chapéu de couro fazia, ajustando o sobretudo com a mão esquerda enquanto segurava um conjunto de três cartas com a mão direita.

– Bem senhores, estão aqui no jogo de suas vidas, onde a vitória irá conceder ao habilidoso jogador um prêmio de dois milhões de moedas de ouro! - Um senhor que se encontrava sobre a mesa em uma pequena plataforma anunciava o inicio do jogo, inclusive anunciando o prêmio também. Fuzilou todos ao seu redor, focando-se em um homem careca de bigodes longos, piscando o olho para o mesmo.

– Você viu, Thomas? – Disse o homem ao lado, para o pai de Henry.

– Vi sim, aqueles vermes estão forjando o jogo – Thomas rapidamente trocou a carta menos valiosa do seu conjunto de três com uma que guardava nas vestes, analisando o apresentador friamente – Vou acabar com a graça deles.

A carta que Thomas teria puxado era de um tipo diferente, não tinha no baralho. Tinha as bordas douradas com uma espécie de bardo ao centro, ele segurava uma espada de esgrima em uma das mãos enquanto soltava suavemente as cartas que o rodeavam, flutuantes no espaço. Era um tipo diferente de carta, com esta imagem talhada na mesma.

– Carte Mystique, Kart’haar. – Após o murmuro, a carta em si brilhou intensamente liberando uma vasta energia do desenho talhado na mesma. A energia envolveu Thomas por completo, mudando sua aparência por completo: Seus cabelos louros se alongaram mais ainda, a barba tornou-se falha, suas vestes tornaram-se de aspecto nobre da época medieval, um grande sobretudo vestido apenas aos ombros fazia-se como uma capa para o corpo, seus sapatos foram trocados por botas de couro e em sua cintura um compartimento de cartas fora introduzido junto com uma Rapier* ao lado.

Sua transformação estava concluída porém a calma manteve-se a mesma, exceto o careca que fechou o semblante, parecia que apenas ele tinha visto todo o ritual em sua frente.

– Certo, vamos jogar! As regras são simples: A carta menos valiosa do jogo é o “ás”, independente o naipe que seja. A carta mais valiosa é o Rei de espadas, seguindo do rei de Paus, depois o Rei de Copas e por fim o Rei de Ouro. Complete um trio das cartas mais valiosas e o prêmio é seu! – Dizia o organizador, empolgado.

O mesmo recolheu as cartas que situavam-se á mesa, as embaralhou no deck e novamente fora distribuindo, seguindo o ciclo de uma carta por jogador até girar a mesa, repetindo a rodada até que por fim todos os jogadores obtiveram as suas três cartas.

– Cartas na mesa, façam os seus esquemas! – Gritou o organizador – Vocês podem trocar as respectivas peças na frente de vocês em troca de outras cartas, lembrando que são todas um tiro no escuro, afinal, você não saberá qual está comprando! Possuem um minuto para realizarem os comércios.

De forma civilizada todos os homens conversavam com os mesmos que desejavam. Enquanto isso, os dedos indicador e médio da mão destra de Thomas tamborilavam ao ar, cintilando um brilho amarelado. Conforme o seu ritmo com os dedos, suas cartas e as demais cartas selecionadas em distintos pontos da mesa eram trocadas, a velocidade era tanta que até o careca que anteriormente havia reparado em sua mudança, não teria percebido.

– Certo. Trocas encerradas! – Após o alerta, os homens pararam de negociar, todos com semblantes confiantes no rosto, olhando para cada um, dispostos a ganhar.

– Número um, comece! – Após isso. O jogador da cadeira um arriscou tudo, expondo as três cartas ao público, eram as mais fracas. Ao instante, tomou por espanto por não serem as cartas que o mesmo obtivera antes da negociação, sendo zombado pelo vexame que estava passando naquele jogo.

– Estão roubando! Tenho certeza que essas cartas não eram as que tive no começo do jogo, eu nem negociei! – O homem se levantou, esmurrando a mesa.

– Senhor, pelo visto não sabes perder e não admite que é péssimo em memória. Guardas, tirem-no daqui antes que ele quebre a minha mesa – Após isso vários guardas que situavam-se ao redor da sala foram de encontro ao homem, o imobilizando pelos braços e o conduzindo para fora da sala de jogo, enquanto ele gritava e ofendia o organizador com mil asneiras – Mil perdões, rapazes. Não imaginava que um bárbaro desse iria comparecer ao meu jogo.

Após isso, os homens foram sucessivamente prosseguindo com o jogo, jogando uma carta por vez, inclusive Thomas, que usava o poder de sua Carte Mystique para trapacear em cima da trapaça anteriormente bolada.

Carta após carta, um homem se retirava, onde por fim sobraram apenas cinco homens, dos quinze.

– Senhor Thomas, vai continuar passando ou irá arriscar desta vez? – Indagou o organizador.

– Arrisco – Thomas jogou as três cartas na mesa, mostrando ser o trio mais forte ali presente, arregalando os demais olhares opositores da competição.

– Como isso foi possível? Você acertou todas as três cartas! – O Anunciante atuou uma alegria pelo vencedor, uma que olhava para o homem careca o jogo inteiro. – Até parece que tem alguém mais jogando com você!

– Digamos que é a minha consciência. – Sorriu cinicamente, observando ambos os competidores que se levantavam para lhe parabenizar, com exceção do homem careca.

Então, anunciando Thomas como o vencedor do prêmio, este retirou o mesmo e por seguida se retirou do local. Ainda ali permaneceram dois indivíduos: O homem careca e o homem que deu o prêmio a Thomas.

– Ele aprontou alguma coisa, tenho certeza disso. - O organizador com um semblante fechado, mordiscando o lábio inferior. - Vá atrás dele e recupere o seu prêmio.

– Óbvio que irei atrás dele. - O careca ergueu uma carta no mesmo modelo que a de Thomas, entretanto, suas bordas não eram douradas mas sim, com a cor de Ébano.

[...]

– Tsc, que tédio. - Jennifer tinha um semblante sonolento enquanto tamborilava a caneta em seu caderno de matemática que por hora, se encontrava fechado.

– Realmente. - Henry bufava enquanto ouvia música em seu Ipod, batendo o pé silenciosamente enquanto olhava o professor anotar inúmeros cálculos no quadro negro, repleto de fórmulas e linhas.

– Certo, turma. Anotem essas fórmulas para o trabalho que vocês têm de me entregar daqui a um mês. - O professor tomava caminhada entre as fileiras com um bloco de folhas para o trabalho, as mesmas continham data, enunciado das questões e instruções para realizar e entregar o trabalho. - Segue aqui, na minha mão as folhas que estou vos entregando agora.

Após o término da entrega das folhas, o sinal para o intervalo percorreu todas as salas que por seguida teriam suas portas abertas e um vasto número de alunos se retirando das mesmas enquanto percorriam o trajeto dentre os corredores rumo o pátio da escola.

– Ei, Henryzinho. - Jennifer apontou com o indicador destro rente o corredor, almejando em sua visão um garota ruiva dos olhos verdes, magra, usava o calça preta da escola com uma blusa cinza e um gorro preto enquanto ouvia música em um Headphone rosa. - É ela?

– Ela quem? - O semblante de Henry tornou-se tímido e com isso o mesmo tomou Jennifer pela mão e desceu as escadas rumo ao pátio com muita pressa. - Não estou vendo ninguém!

De longe a garota via Henry descer as pressas com Jennifer, deu um leve sorriso enquanto descia rumo ao pátio pela outra remessa de escadas do outro lado do corredor.

– E-Ei! Por que você está me puxando!? - Não é aquela garota que você gosta? Qual é mesmo o nome... - Jennifer repentinamente fora interrompida por Henry que tampava sua boca com seu palmo canhoto.

– Atherya Belarus para a sua informação, agora cala a boca. - Henry tinha seu corpo trêmulo enquanto corria até pátio.

Chegando ao pátio, Henry sentou-se com Jennifer em um banco bem distante da escada, sentando ao lado dela. Minutos depois, outros dois meninos e uma menina chegavam ao banco cujo qual era ocupado pelos mesmos que mostravam serem conhecidos de Henry e Jennifer.

– Yo! - Dizia um dos meninos, acenando. Era alto, robusto, era moreno com um cabelo castanho escuro, ondulado onde na franja suas pontas faziam suaves curvas, tinha uma barba ralé, sorriso largo e olhos verdes, usava o uniforme da escola. Bohremn Mattarazzo era seu nome.

– E aí, Matt! - Henry sorria para o mesmo.

– Fala aí, pessoal. - Uma voz já bem mais serena comparado com a empolgação de Bohremn saudava os jovens em sua frente. Era um garoto de uma pele bem clara, tinha cabelos lisos de uma tonalidade bem esbranquiçada de rosa que formavam uma franja até metade da testa, porém, eram cobertos por um gorro preto. Tinha olhos pretos, semblante calmo, usava o uniforme da escola enquanto tinha envolvido em seu pescoço, um headphone azul claro. Adam Krull era o seu nome.

– Tudo bem, “AK”? – Jennifer recepcionou Adam com o seu apelido que formara baseado nas iniciais de seus dois nomes.

– O-Olá... – Uma voz tímida por fim apareceu no recinto, uma garota de olhos cinzentos e um longo cabelo, portando um semblante inocente vestindo o uniforme da escola. Seu nome era Yumi Ayoko.

– Como vai, Ayoko? – Henry e Jennifer indagaram, recepcionando Yumi.

– Então, o que conta de bom? – Adam indagou.

– Nada de mais, apenas o Henry se escondendo da paixão dele... – Jennifer riu, recebendo um peteleco de Henry na testa enquanto ria. – Ai!

– Hmm, que garota? – Adam demonstrou um semblante malicioso enquanto olhava para Henry que por conseqüência puxava todos os olhares dos amigos ao mesmo, o deixando envergonhado.

– N-Não é ninguém, Jennifer está mentindo. – Henry virou o rosto que logo após o repousava sobre os braços cruzados na mesa.

Os amigos riram da situação a levando na esportiva onde logo mudaram o assunto, jogando muita conversa fora cuja qual desta o Henry não participava, mostrando um semblante de decepção quanto ao ocorrido com ele e o pai hoje mais cedo. O sinal tocou, todos ali presentes levantaram dos bancos e foram andando bem devagar até suas salas, uma vez que dos amigos apenas Henry e Jennifer estudavam na mesma sala.

– Henry. – Disse Jennifer.

– Diga. – Respondeu.

– Você ainda está mal sobre o seu pai?

Henry olhou Jennifer nos olhos, hesitou por um instante mas quando decide abrir a boca para lhe responder, é interrompido por uma mulher de cabelos castanhos na altura dos ombros, com um óculos grande no rosto, demonstrando preocupação no seu semblante enquanto segurava Henry pelo braço. Era a diretora da escola: Hemily Christen.

– Henry, temos um problema. – Disse Hemily.

– O que foi, senhorita Hemily? – Indagou Henry.

– É o seu pai, você está dispensado por hoje.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de informar aos que decidiram acompanhar depois de ler este Cap:
Tentarei postar um capítulo a cada sábado por volta das 21h!
Caso eu não poste nesse horário, Domingo sem falta: 17h



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