A fera de Zarden - HIATUS escrita por Zia Jackson
Notas iniciais do capítulo
Olá, tudo bem?
Queria pedir perdão pelo tempo sem postar ;(. Desculpa, de verdade.
Obrigada a todos que não desistiram
Bjs ♥
James podia sentir o vento em seu rosto enquanto corria. Gelado, incômodo e veloz. Sentia os cabelos sendo despenteados, o rosto invadido por uma lufada de ar e os pulmões clamando por uma pausa. Ele, no entanto, não queria parar.
— James! — Gritou Eveline, correndo atrás do irmão. — James, pares de correr!
Lançou um olhar para trás, a tempo de ver a irmã se arquejar nos joelhos e ofegar. Estendendo a mão, clamou para que ele parasse.
— Não, Eve. — Disse o rapaz. — Hoje não.
Assim, retomou sua corrida até o estábulo. O sol já ia se pondo, tingindo o céu de rosa e laranja. Era algo belíssimo de se ver, tão belo que por um segundo o príncipe quase se esqueceu do que viria assim que o sol sumisse: A lua minguante, e com ela a fera também. Por isso, ele corria.
— Alteza — Disse o rapaz que cuidava do estábulo, fazendo uma reverência.
— Não deixe que a princesa entre aqui até segunda ordem, entendeste-me? — Ordenou o príncipe.
— Claro, Alteza.
Procurou apenas alguns segundos antes de encontrar o que estava procurando. Addai, o cavalo, animou-se com a presença do dono, ao mesmo tempo em que todos os outros animais se escolheram em um canto, certamente farejando a fera.
— James, pares agora mesmo! — A voz de Eveline soou ao mesmo tempo em que a garota o puxou pelo braço. — O que pensas que estás fazendo?
— Fugindo. — Respondeu ele. — Não lhe parece óbvio?
— Fugindo em uma noite de lua minguante? Totalmente irresponsável.
Eveline bufou.
— Como entrastes aqui? — James indagou, confuso.
— Eu corri. De qualquer modo, não é o foco da conversa. O que pensas estar fazendo?
— Já lhe disse, vou fugir.
Revirando os olhos, ela disse:
— Apressa-te, o sol está se pondo e ainda estamos longe das masmorras.
Começou a puxa-lo pelo braço, porém o rapaz relutou.
— Não, Eve, tu não me entendestes. Cansei de ficar preso nas masmorras, de correr o risco de escapar e matar algum servo ou a nossa família. Além disso, os hóspedes de Ollyer podem desconfiar de alguma coisa. E se Eliza descobrir sobre mim?
— Ela não irá descobrir, meu irmão. E, se não ficardes preso nas masmorras, a fera pode matar pessoas de todo o vilarejo. Agora me acompanhe, temos de nos apressar.
James queria esbravejar, explicar para a irmã o quanto o medo o consumia, mas sabia que seria perca de tempo. Eveline estava certa, o melhor a se fazer era seguir a rotina. Correntes grossas, faixas tão apertadas para prendê-lo às paredes que deixavam o sangue escorrer, a escuridão, a solidão e a dor. Principalmente a dor.
* * *
— Precisas sair logo daqui. — Disse James, observando o escuro do lado de fora através de um buraco nas masmorras.
— Não posso. — Ela resmungou. — Não até terminar de prendê-lo...
Como um aviso, uma dor lancinante atingiu o rapaz, que soltou um grito.
— Corra, Eveline. Eu termino sozinho.
— Mas...
— Agora!
Largando as correntes no chão, ela saiu rapidamente, fechando as grossas portas das masmorras atrás de si.
Somente após ela sair foi que James notou. Na pressa, esquecera-se de apanhar o grande taco forjado em ferro que prendia a porta e, sem ele, bastava aplicar força à porta que ela cederia. E se tinha uma coisa que a fera tinha, era força.
— Mas que... — Murmurou James. — Eveline! Eve, volte aqui!
A irmã não respondeu, o que o fazia pensar que já estava longe dali.
— É tudo minha culpa. — Disse a si mesmo. — Se eu não tivesse apressado tanto...
A dor o invadiu mais uma vez antes que apagasse por completo.
Era hora de a fera o dominar.
* * *
Ao acordar, James soube que havia algo errado. Ao invés da pedra dura e fria das masmorras, sentiu sob seu corpo a grama quente. Abriu os olhos devagar, tentando se acostumar com a claridade. Estava em um vasto campo de grama seca e alta, sem sinal algum de árvores. Há alguns metros, havia uma casa simples, feita de palha. Resolveu se aproximar para pedir ajuda.
Deu cerca de cinco passos até notar o estrago que fizera. Havia uma trilha até alcança-la, mas não uma trilha de pedras ou de migalhas de pão. Uma trilha braços, cabeças, pés e troncos ensanguentados, separados do resto do corpo. Uma trilha de mortos, pessoas que a fera matara.
Baixou os olhos até suas vestes, percebendo só agora que estavam tingidas de vermelho-escarlate. Sem se conter, James desabou na grama e soltou um grito,um misto de pavor, horror e medo. Medo de si mesmo e do que poderia fazer.
* * *
— Irmão! — Gritou Eveline.
— Fique longe de mim. — Disse ele, sem tirar o rosto do chão.
Ela continuou avançando. Estava disfarçada, usando uma capa de aspecto antigo e um capuz.
— Fique tranquilo, ninguém no vilarejo se machucou. Acabo de passar por lá.
Sentiu seu corpo tremer, o rosto molhado por lágrimas.
— Fiques longe. — Clamou.
— Percebes o quanto isso é bom, irmão? Ninguém se machucou...
Ele levantou a cabeça para encarar a irmã e, assim que ela o viu sujo de sangue, soltou um grito.
— O que ela fez?
Em resposta, James apontou para onde os corpos estavam. Eveline caminhou até lá, mas ao ver os mortos, caminhou para trás novamente, em choque.
— Todos eles estão... mortos? — Indagou, embora a resposta fosse óbvia.
Incapaz de falar, ele apenas começou a chorar novamente.
— Era disso que eu estava falando, Eve. Cada vez é pior, mais forte, e eu não sei se posso aguentar... Sou uma aberração.
Eveline abaixou-se ao seu lado, tirando dos ombros sua capa marrom.
— Não, James, tu não és. A fera sim. Venha comigo, ali tem um rio para que possas se limpar.
Levantando-o, a garota serviu de apoio para que o irmão pudesse andar. E, enquanto ele chorava na beira do rio encostado à uma árvore, ela limpava do seu rosto o sangue dos inocentes que a fera destruíra. O sangue que deixava claro o maior medo do príncipe: que, um dia, a fera o dominaria por completo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E então, o que acharam?
bjs ♥