A fera de Zarden - HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 4
Capítulo 3 — Cavalo


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a quem comentou e a todos vocês que leem a fic :).
Estou sem criatividade, então serei breve aqui kk.
Bjus e boa leitura



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"O cavalo recua porque não conhece a força que tem, o homem, às vezes, também."

— Josemar Bosi

 

James despertou com o coração acelerado. Sentia que não mais estava detido por correntes, mas não sabia dizer onde estava. Tateou o chão em busca de alguma pista, concentrou sua respiração para que pudesse sentir algum cheiro familiar e, após muito esforço, tinha quase certeza de que estava nas masmorras. Se assim fosse, ele estaria aliviado por não ter ferido ninguém.

Ouviu o barulho de algo sendo arrastado e, em seguida, um foco de luz surgiu em frente sua cela. Era Eveline, que escancarara as portas.

— Ainda é noite? — Indagou James, sentindo o gosto de seu próprio sangue na boca. Sempre que a fera o dominava era assim, acordava machucado e com sangue na boca.

— Não, o dia amanheceu há certo tempo. — Respondeu a irmã, analisando a parte de dentro da cela. — Como tirastes as correntes da parede?

— Sequer imagino, já estavam assim quando voltei a mim.

Eveline franziu o cenho, visivelmente preocupada.

— Providenciarei correntes mais grossas, então.

James limitou-se a sorrir, embora soubesse que corrente nenhuma seguraria o que vivia dentro dele.

— Trouxe alguma comida? — Indagou o rapaz.

— Papai e mamãe estão esperando-o para darem início à refeição da manhã. E, antes que me perguntes, ninguém se feriu ou faleceu. Dessa vez, a fera não foi tão voraz.

— Sabes que isso é um péssimo sinal, não sabes? Voltará duas vezes mais forte.

— Sejas otimista, irmão. Pessimismo não levará a lugar algum.

James soltou um longo suspiro enquanto sua irmã procurava a chave de abertura de sua cela. Quando finalmente a encontrou, colocou-a na fechadura e rodou, libertando o irmão.

Argh. — Grunhiu a irmã. — Antes que possas comer, vá tomar um banho. Fede mais que mil homens amontoados em um navio.

O príncipe riu e saiu das masmorras, sequer esperando Eveline. Foi correndo até a criada mais próxima e pediu que preparasse uma tina repleta de água.

* * *

— Por acaso confundiu o café da manhã com o jantar? — Reclamou Adeline, a rainha e, mais importante que isto, mãe de James.

— Perdão. — Murmurou o rapaz.

— E a transformação, filho? Alguma novidade? — Edmund, o rei, indagou.

Sua esposa lançou-lhe um olhar feio.

— Isso não é um assunto apropriado para a mesa. — Protestou, fazendo seu marido abaixar a cabeça. Mesmo após tantos anos, o homem ainda se sentia culpado pela maldição.

— Essa torta está uma delícia. — Interrompeu Eveline, mudando bruscamente de assunto. — Os morangos tem um gosto especial, diferente dos que geralmente coletam nos arredores do palácio.

— Esses são dos pés próximos à Floresta Negra. — O patriarca disse, servindo-se de chá. — Algum elfo interessado em estudar a maldição nos trouxe como presente.

Adeline imediatamente parou de comer o doce, fazendo uma careta de nojo.

— Algum problema, Majestade? — Uma criada aproximou-se preocupada.

— Nada, podes retomar tua posição.

A criada retornou, de forma que não pudesse ouvir o assunto. Por medida de segurança do segredo da família, os servos sempre ficavam a uma distância em que as vozes não passassem de murmúrios sem sentido. Apesar disso, prestavam muita atenção nas expressões faciais dos monarcas, sempre tentando descobrir se havia algo insatisfatório relacionado aos serviços prestados.

— Por que paraste de comer? — Indagou Edmund.

— Não sabemos a precedência desses morangos. E se forem uma forma de nos enfeitiçar? De nos matar? Sabeis muito bem que muitos seres mágicos não simpatizam conosco.

O marido deu de ombros.

— Fornecemos ouro em troca de serviços mágicos. Se morrêssemos, como iriam enriquecer?

— É preferível que nos prevenimos. Caso queiras correr risco, então corras. 

 O rei, seu herdeiro ao trono e a princesa continuaram a refeição, ignorando completamente as teorias da rainha quanto à procedência e supostos males da fruta que fazia o recheio da torta.

* * *

— Que honra recebê-lo aqui, Alteza. — Admirou-se um servo, que fez uma reverência desajeitada. Estranhou o fato de ver o futuro monarca no pátio do castelo— Desejas algo?

James olhou ao seu redor, procurando pelo animal que vira no dia anterior.

— Por acaso tens um cavalo forte, de pelos tão negros quanto a noite? Ontem o vi cruzar o pátio ao lado de um servo.

— Pelos negros como a noite?

— Sim. Existe algum como este aqui?

O servo olhou para trás, direcionando seu olhar ao celeiro.

— Não me recordo de nenhum como ele, mas caso queiras posso checar.

— Seria magnífico. — Animou-se o príncipe, caminhando à frente do servo. Não que fosse intencional, era apenas força do hábito.

Olhou em cada canto do local, passando os olhos por vários cavalos ali presentes. Madai, a égua de belos pelos caramelos de Eveline, relinchou quando os passos de James a acordaram.

— Por aqui, Alteza. — Direcionou o servo, indicando para a direita.

Entraram, então, em outro corredor, e o príncipe se admirou com a quantidade de cavalos do palácio.

— Esse é um dos novos. — Disse o homem, parando bruscamente — Por acaso é o que vistes ontem?

James olhou para o local indicado, e em meio ao feno avistou o que desejava. O cavalo, ele percebeu, era forte e saudável, os pelos de tonalidade escura quase brilhavam.

— Sim, é esse. — Pronunciou, abrindo a portinhola que dava acesso ao recinto. — Ei, amigão, venha cá.

O animal, como se tivesse hipnotizado, levantou-se e se aproximou do rapaz. James espantou-se, na maioria das vezes os animais fugiam dele, outra das consequências da maldição. Segundo Tissot,o primeiro ser mágico que tentou curar o rapaz, o instinto animal pressentia a fera, a denominava como algo perigoso e tentavam se esconder. Durante toda a vida, James via sua irmã dar carinho aos animais, cuidar das asas quebradas de algum pássaro ou até mesmo se admirar enquanto uma vaca amamentava seus bezerros. E durante esse mesmo tempo de vida, ele sempre via os animais que tanto queria por perto fugirem dele. Em toda a sua vida, teve apenas um animal que não fugira: Seu antigo cavalo, que por descuido, fugira pelos portões largados abertos do palácio.

Mas, ao conseguir acariciar a crina daquele desconhecido cavalo negro, James soube que dessa vez seria diferente, que pelo menos por ora, não assustara animal algum.

— Deseja algo mais, Alteza? — O servo pronunciou-se.

— Desejo, sim. Traga-me uma sela, pois este será Addai, o primeiro cavalo que não temeu.

Sem entender, o servo obedeceu à ordem do príncipe.

Agora, seriam James e Addai, o cavaleiro e seu cavalo.


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Notas finais do capítulo

Nota da autora: Segundo minhas pesquisas, na era medieval a higiene não era levada a sério. Apesar disso, mencionar o fato de que James se banhou após a primeira noite da transformação. Apenas achei que fosse combinar :).
O que acharam desse cap? Addai será mesmo um "amigo". para James?
Cenas do próximo capítulo kkk.
Bjus *-*