A fera de Zarden - HIATUS escrita por Zia Jackson
Notas iniciais do capítulo
Obrigada aos lindos que comentaram no cap passado ;).
Apresento a vocês o segundo capítulo de "A fera de Zarden", espero que gostem.
James estava sentado no jardim do palácio, observando Eveline cuidando da roseira. Muitos criados poderiam estar fazendo o trabalho em seu lugar, porém a garota sempre gostara muito das flores. O cheiro, as cores e acompanhar o crescimento dos botões a deixavam extremamente fascinada.
— Venha ver. — Ela chamou. — Depressa, irmão.
James se levantou e andou até a irmã, que trajava um vestido de cor roxa. As longas mangas encostavam nos espinhos da roseira, mas a garota não parecia ligar para isso, estava fascinada pela bela rosa que saíra de seu botão. Inicialmente, parecia ser vermelha, porém conforme a garota abriu levemente as pétalas, James pôde perceber que, por dentro, era branca. Exatamente como um quadro e sua moldura.
— É belíssima, irmã. Mas como é possível que, em meio à tantas rosas vermelhas, essa seja mista?
A morena suspirou, deixando claro que fora uma pergunta óbvia (pelo menos para ela).
— Magia, é claro. Recorda-se daquele elfo que nos visitou há algumas luas? Ele elogiou as belas rosas, com toda a certeza fez isso.
— Papai se zangou com ele, duvido muito de que ele fosse nos ajudar em alguma outra coisa.
Antes que ela pudesse sequer piscar, uma criada se aproximou apressada.
— Alteza. — Proclamou, fazendo uma reverência desajeitada. — Vossa Majestade deseja vê-lo na sala do trono.
— E quanto a mim? A rainha me chamou também? — Indagou Eveline.
— Não, Alteza. A rainha apenas pediu para que eu chamasse o príncipe James.
O rapaz afastou-se da roseira, agradeceu a criada e foi caminhando tranquilamente até a sala do trono. No alto das atalaias, pôde enxergar guardas armados com arco e flecha. O portão de entrada estava fechado e as muralhas cercavam o resto do castelo, parecia-se mais com uma prisão do que com qualquer outra coisa. Alguns criados saíam pelo pavilhão, outros carregavam cereais e outros alimentos para a cozinha, porém o que mais chamou a atenção do príncipe foi um belíssimo cavalo de pelos negros que estava sendo conduzindo aos estábulos. Prometeu a si mesmo que quando terminasse o seu assunto com a mãe, iria verificar de quem era o cavalo (embora torcesse para que fosse seu). Perdido em pensamentos, só percebeu que chegara ao seu destino quando bateu o rosto contra a porta. Rindo de sua desatenção, bateu três vezes na porta.
— Entre. — Ouviu a voz de Adeline, sua mãe.
As grandes portas de madeira se abriram e o rapaz adentrou na tão conhecida sala. Arrependeu-se logo em seguida.
—Por que me chamaste? — Indagou, embora soubesse exatamente a resposta.
— Esses são Efren e Libína, feiticeiros. — Adeline disse, visivelmente incomodada. Embora os seres mágicos fossem malvistos pela sociedade, o castelo vivia a recebê-los.
E a culpa de tudo isso, é claro, era da maldição de James.
— Por que os trouxe? Tissot e outros mil magos e feiticeiros já disseram que sou um caso perdido.
— Não somos como os outros. — Pronunciou-se Líbina, a feiticeira de olhos roxos como ametista e longos cabelos castanhos. — Temos métodos diferentes.
O homem, Efren, era baixo e com longos e ruivos cabelos e barba. Ele não disse nada, apenas encarava James,como se isso pudesse ajuda-lo a encontrar uma solução.
“Tenha esperança.” A recordação de sua mãe ao lado de sua cama quando ele ainda era criança lhe veio à cabeça. Naquela época, ele se animava cada vez em que recebiam magos e feiticeiros no palácio, porém conforme os anos passavam e ninguém conseguia uma cura, a esperança afogou-se no poço.
James suspirou, encarando os detalhes dourados pelas paredes da sala do trono, depois seus olhos repousaram-se no grande trono de estofamento vermelho. Como poderia um rei amaldiçoado assumir um país?
— O farão comigo? — Indagou, encarando a mulher chamada Líbina.
— Alguns testes e, se Vossa Alteza permitir, acesso à suas memórias. Não conhecemos a fera, então sua mente será a principal fonte de informação.
— Sinto muito em decepcioná-los, mas minha mente não terá muita utilidade. Não me recordo de nada sobre o período em que a fera me domina.
— Deve haver algum tipo de feitiço de bloqueio, mas poderemos acessá-lo. Existem chances de não ser forte o suficiente.
A vontade de James era de sair correndo e se esconder em um poço, mas algo no olhar de sua mãe o fez desistir. Os olhos verdes da mulher estavam carregados de dor, implorando-lhe para que deixasse os feiticeiros agirem.
— Tudo bem. Preciso me sentar? — Indagou o loiro.
— Não é necessário, cairás de qualquer modo. — A mulher respondeu.
Antes que ele pudesse perguntar o que ela quis dizer, suas vistas escureceram e sentiu-se desabar.
* * *
— Por favor, não. — Gritava uma voz feminina. — Eu darei a ti qualquer coisa, mas não me mate.
Estavam em um beco, uma mulher rechonchuda e suja gritava enquanto lágrimas rolavam por seus olhos.
— Por favor. — Sussurava. — Por...
Antes que ela pudesse terminar a frase, era apenas um cadáver de olhos arregalados. Algo estava sobre ela, mas era borrado e disforme, era como tentar enxergar algo através da névoa.
Tão instantaneamente como começara, a cena se apagou. James sentiu uma dor lancinante, como se estivesse sendo rasgado ao meio. Não conseguia raciocinar e nem saber se ainda estava na sala do trono, na verdade, sequer sabia se era James. Só existia o escuro, gosto de sangue e dor.
Muita dor.
Ele queria gritar, mas algo o impedia. Queria se debater, porém não sentia o corpo e nem mesmo o chão sob seus pés. Resumidamente, não havia nada, era como um abismo de dor.
Não sabia por quanto tempo aquilo durara, porém outra cena tomou o lugar do abismo.
Uma mulher caminhava por uma sala adornada por prata. Em suas mãos, brincava com um anel.
— Tem certeza de que conseguiu, querida? — Uma voz soou.
— Tenho, senhor. Eu consegui vingar-te.
— Agora, nos resta esperar. — Disse a voz grave, interrompida por uma crise de tosse. — É bom saber que, quando eu me for, alguém continuará com meus planos.
A mulher consentiu, algo em suas atitudes deixava transparecer que suas intenções não eram retas.
E novamente, a cena foi interrompida por dor.
* * *
— James? — Ouviu uma voz dizendo, depois sentiu leves tapas em seu rosto. — Acorde. O que fizeram com ele?
James abriu os olhos, percebendo que estava com a cabeça apoiada no colo de seu pai.
— Ah, querido, você acordou. — Disse Adeline, correndo em sua direção. Os dois feiticeiros estavam no canto da sala, falando em alguma língua desconhecida por James.
— O que aconteceu comigo? — Indagou o loiro.
— O feitiço era forte demais, além disso, não paravas de gritar. —Respondeu Eveline. — O palácio todo ouviu, inclusive eu, que estava nas masmorras.
— Preparava as coisas para hoje? — Indagou ele, recordando-se de que era noite de lua minguante.
— Sim, conforme me pediste.
James estremeceu, pensando em quanto tempo teria de ficar acorrentado até que a fera o dominasse.
— Descobriram alguma coisa? — Perguntou aos feiticeiros.
— Nada, infelizmente. Não há o que fazer, é um tipo de magia desconhecida para nós. — A mulher de olhos ametista disse. — Perdoe-nos.
— Mas o que eram aqueles sonhos? Seriam lembranças? Ou então devaneios de minha mente? Preciso de respostas.
— Não as temos, Alteza.
Em um segundo, ele se viu enforcando a feiticeira.
— James! — Ouviu sua irmã gritar.
Como se só agora estivesse raciocinando, ele desgrudou as mãos do pescoço da mulher e pediu desculpas, ainda atônito.
— Por que fiz isso? — Indagou a si mesmo. Olhou pela única cortina aberta e viu o pôr do sol. — Já é quase hora da lua. Eveline, venha comigo.
A irmã se apressou atrás dele e foram correndo até as masmorras. James adentrou na terceira “cela”, a única protegida por grades.
— Tem certeza de que precisa de tudo isso? — Indagou Eveline, apontando para as correntes que estavam presas às grossas paredes de pedra.
— Sim, é necessário. Agora acorrente-me rapidamente.
Sem dizer nenhuma palavra, ela prendeu o irmão pelos braços, pernas e cintura nas grossas correntes. Antigamente, chorava todas as vezes que tinha de trancá-lo nas masmorras, mas com o tempo aprendeu que era o melhor que poderia fazer para ajuda-lo.
Após acorrentar, fechou as grades da cela.
— Nos vemos de manhã? — Disse, com esperança no olhar.
— Com toda a certeza. — Respondeu ele.
A irmã sumiu pelo corredor, deixando James sozinho com uma vela e sua fera interior.
A contagem regressiva começara.
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Gente, preciso saber se as descrições estão muito vagas. Por exemplo, não descrevi as masmorras e nem detalhei muito a sala do trono. Vocês preferem que seja assim ou que eu detalhe mais?
Deixem a resposta nos reviews ;)
Bjus