A fera de Zarden - HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 3
Capítulo 2 — Masmorras


Notas iniciais do capítulo

Obrigada aos lindos que comentaram no cap passado ;).
Apresento a vocês o segundo capítulo de "A fera de Zarden", espero que gostem.



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James estava sentado no jardim do palácio, observando Eveline cuidando da roseira. Muitos criados poderiam estar fazendo o trabalho em seu lugar, porém a garota sempre gostara muito das flores. O cheiro, as cores e acompanhar o crescimento dos botões a deixavam extremamente fascinada.

— Venha ver. — Ela chamou. — Depressa, irmão.

James se levantou e andou até a irmã, que trajava um vestido de cor roxa. As longas mangas encostavam nos espinhos da roseira, mas a garota não parecia ligar para isso, estava fascinada pela bela rosa que saíra de seu botão. Inicialmente, parecia ser vermelha, porém conforme a garota abriu levemente as pétalas, James pôde perceber que, por dentro, era branca. Exatamente como um quadro e sua moldura.

— É belíssima, irmã. Mas como é possível que, em meio à tantas rosas vermelhas, essa seja mista?

A morena suspirou, deixando claro que fora uma pergunta óbvia (pelo menos para ela).

— Magia, é claro. Recorda-se daquele elfo que nos visitou há algumas luas? Ele elogiou as belas rosas, com toda a certeza fez isso.

— Papai se zangou com ele, duvido muito de que ele fosse nos ajudar em alguma outra coisa.

Antes que ela pudesse sequer piscar, uma criada se aproximou apressada.

— Alteza. — Proclamou, fazendo uma reverência desajeitada. — Vossa Majestade deseja vê-lo na sala do trono.

— E quanto a mim? A rainha me chamou também? — Indagou Eveline.

— Não, Alteza. A rainha apenas pediu para que eu chamasse o príncipe James.

O rapaz afastou-se da roseira, agradeceu a criada e foi caminhando tranquilamente até a sala do trono. No alto das atalaias, pôde enxergar guardas armados com arco e flecha. O portão de entrada estava fechado e as muralhas cercavam o resto do castelo, parecia-se mais com uma prisão do que com qualquer outra coisa. Alguns criados saíam pelo pavilhão, outros carregavam cereais e outros alimentos para a cozinha, porém o que mais chamou a atenção do príncipe foi um belíssimo cavalo de pelos negros que estava sendo conduzindo aos estábulos. Prometeu a si mesmo que quando terminasse o seu assunto com a mãe, iria verificar de quem era o cavalo (embora torcesse para que fosse seu). Perdido em pensamentos, só percebeu que chegara ao seu destino quando bateu o rosto contra a porta. Rindo de sua desatenção, bateu três vezes na porta.

— Entre. — Ouviu a voz de Adeline, sua mãe.

As grandes portas de madeira se abriram e o rapaz adentrou na tão conhecida sala. Arrependeu-se logo em seguida.

—Por que me chamaste? — Indagou, embora soubesse exatamente a resposta.

— Esses são Efren e Libína, feiticeiros. — Adeline disse, visivelmente incomodada. Embora os seres mágicos fossem malvistos pela sociedade, o castelo vivia a recebê-los.

E a culpa de tudo isso, é claro, era da maldição de James.

— Por que os trouxe? Tissot e outros mil magos e feiticeiros já disseram que sou um caso perdido.

— Não somos como os outros. — Pronunciou-se Líbina, a feiticeira de olhos roxos como ametista e longos cabelos castanhos. — Temos métodos diferentes. 

O homem, Efren, era baixo e com longos e ruivos cabelos e barba. Ele não disse nada, apenas encarava James,como se isso pudesse ajuda-lo a encontrar uma solução.

Tenha esperança.” A recordação de sua mãe ao lado de sua cama quando ele ainda era criança lhe veio à cabeça. Naquela época, ele se animava cada vez em que recebiam magos e feiticeiros no palácio, porém conforme os anos passavam e ninguém conseguia uma cura, a esperança afogou-se no poço.

James suspirou, encarando os detalhes dourados pelas paredes da sala do trono, depois seus olhos repousaram-se no grande trono de estofamento vermelho. Como poderia um rei amaldiçoado assumir um país?

— O farão comigo? — Indagou, encarando a mulher chamada Líbina.

— Alguns testes e, se Vossa Alteza permitir, acesso à suas memórias. Não conhecemos a fera, então sua mente será a principal fonte de informação.

— Sinto muito em decepcioná-los, mas minha mente não terá muita utilidade. Não me recordo de nada sobre o período em que a fera me domina.

— Deve haver algum tipo de feitiço de bloqueio, mas poderemos acessá-lo. Existem chances de não ser forte o suficiente.

A vontade de James era de sair correndo e se esconder em um poço, mas algo no olhar de sua mãe o fez desistir. Os olhos verdes da mulher estavam carregados de dor, implorando-lhe para que deixasse os feiticeiros agirem.

— Tudo bem. Preciso me sentar? — Indagou o loiro.

— Não é necessário, cairás de qualquer modo. — A mulher respondeu.

Antes que ele pudesse perguntar o que ela quis dizer, suas vistas escureceram e sentiu-se desabar.

* * *

Por favor, não. — Gritava uma voz feminina. — Eu darei a ti qualquer coisa, mas não me mate.

Estavam em um beco, uma mulher rechonchuda e suja gritava enquanto lágrimas rolavam por seus olhos.

Por favor. — Sussurava. — Por...

Antes que ela pudesse terminar a frase, era apenas um cadáver de olhos arregalados. Algo estava sobre ela, mas era borrado e disforme, era como tentar enxergar algo através da névoa.

Tão instantaneamente como começara, a cena se apagou. James sentiu uma dor lancinante, como se estivesse sendo rasgado ao meio. Não conseguia raciocinar e nem saber se ainda estava na sala do trono, na verdade, sequer sabia se era James. Só existia o escuro, gosto de sangue e dor.

Muita dor.

Ele queria gritar, mas algo o impedia. Queria se debater, porém não sentia o corpo e nem mesmo o chão sob seus pés. Resumidamente, não havia nada, era como um abismo de dor.

Não sabia por quanto tempo aquilo durara, porém outra cena tomou o lugar do abismo.

Uma mulher caminhava por uma sala adornada por prata. Em suas mãos, brincava com um anel.

Tem certeza de que conseguiu, querida? — Uma voz soou.

— Tenho, senhor. Eu consegui vingar-te.

Agora, nos resta esperar. — Disse a voz grave, interrompida por uma crise de tosse. — É bom saber que, quando eu me for, alguém continuará com meus planos.

A mulher consentiu, algo em suas atitudes deixava transparecer que suas intenções não eram retas.

 

E novamente, a cena foi interrompida por dor.

* * *

— James? — Ouviu uma voz dizendo, depois sentiu leves tapas em seu rosto. — Acorde. O que fizeram com ele?

James abriu os olhos, percebendo que estava com a cabeça apoiada no colo de seu pai.

— Ah, querido, você acordou. — Disse Adeline, correndo em sua direção. Os dois feiticeiros estavam no canto da sala, falando em alguma língua desconhecida por James.

— O que aconteceu comigo? — Indagou o loiro.

— O feitiço era forte demais, além disso, não paravas de gritar. —Respondeu Eveline. — O palácio todo ouviu, inclusive eu, que estava nas masmorras.

— Preparava as coisas para hoje? — Indagou ele, recordando-se de que era noite de lua minguante.

— Sim, conforme me pediste.

James estremeceu, pensando em quanto tempo teria de ficar acorrentado até que a fera o dominasse.

— Descobriram alguma coisa? — Perguntou aos feiticeiros.

— Nada, infelizmente. Não há o que fazer, é um tipo de magia desconhecida para nós. — A mulher de olhos ametista disse. — Perdoe-nos.

— Mas o que eram aqueles sonhos? Seriam lembranças? Ou então devaneios de minha mente? Preciso de respostas.

— Não as temos, Alteza.

Em um segundo, ele se viu enforcando a feiticeira.

— James! — Ouviu sua irmã gritar.

Como se só agora estivesse raciocinando, ele desgrudou as mãos do pescoço da mulher e pediu desculpas, ainda atônito.

Por que fiz isso? — Indagou a si mesmo. Olhou pela única cortina aberta e viu o pôr do sol. —  Já é quase hora da lua. Eveline, venha comigo.

A irmã se apressou atrás dele e foram correndo até as masmorras. James adentrou na terceira “cela”, a única protegida por grades.

— Tem certeza de que precisa de tudo isso? — Indagou Eveline, apontando para as correntes que estavam presas às grossas paredes de pedra.

— Sim, é necessário. Agora acorrente-me rapidamente.

Sem dizer nenhuma palavra, ela prendeu o irmão pelos braços, pernas e cintura nas grossas correntes. Antigamente, chorava todas as vezes que tinha de trancá-lo nas masmorras, mas com o tempo aprendeu que era o melhor que poderia fazer para ajuda-lo.

Após acorrentar, fechou as grades da cela.

— Nos vemos de manhã? — Disse, com esperança no olhar.

— Com toda a certeza. — Respondeu ele.

A irmã sumiu pelo corredor, deixando James sozinho com uma vela e sua fera interior.

A contagem regressiva começara.


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Notas finais do capítulo

Gente, preciso saber se as descrições estão muito vagas. Por exemplo, não descrevi as masmorras e nem detalhei muito a sala do trono. Vocês preferem que seja assim ou que eu detalhe mais?
Deixem a resposta nos reviews ;)
Bjus