A fera de Zarden - HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 2
Capítulo 1 — Os Moreau


Notas iniciais do capítulo

Olá, bolinhos de arroz, como vão?
Gostaria de agradecer a cada um dos que mandaram review no cap passado, e também pedir para que os fantasminhas se apresentem, adoro ler os reviews.
Estou aberta a opiniões, sugestões,críticas construtivas e elogios.

Boa leitura ;)



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A lua cheia brilhava com toda a sua majestosidade no céu. Apesar de viver rodeado de joias, James sempre se encantara com a lua. Talvez fosse irônico admirar aquilo o levava à ruína, mas o príncipe não se importava. Fitou o horizonte, apesar de estar escuro demais para que se pudesse enxergar algo. Fechou os olhos, recordando-se do cenário tão familiar.

Valentinus, a principal vila de Zarden e também onde se localizava o castelo da realeza, era cercada por montanhas e vales. O castelo se localizava em um dos picos mais altos, ao lado contrário da floresta negra, lar das criaturas míticas.

— Alteza, a rainha está lhe chamando para o jantar. — Disse uma criada,interrompendo o momento de reflexão do rapaz.

— Diga a ela que já estou indo. — O príncipe disse,parando de se apoiar na janela.

Com uma reverência, a mulher fechou a porta do quarto. James caminhou até o criado mudo de madeira ao lado de sua cama, após isso, tomou em suas mãos a delicada caixinha amadeirada.

Passou o dedo indicador pelo desenho floral entalhado na tampa, abriu-a a tirou de dentro o colar que ganhou aos seis anos de idade. O presente fora dado por um feiticeiro, destinado à rainha Adeline. Tratava-se de uma corrente de prata com um pingente em forma de meia lua. Acoplado a esta meia lua, estava um círculo de cristal azul. Conforme o ciclo das luas fosse mudando, a cor do cristal ia clareando. A cor branca significava a chegada da lua minguante, o sinal de que a fera tomaria conta do pequeno James. Não aguentando o fardo de carregar em seu pescoço um objeto que a lembrava o tempo todo da maldição do filho, a rainha Adeline guardou o delicado colar em uma caixa de madeira,algo que não despertasse a curiosidade dos empregados do palácio. Conforme James foi crescendo, sentiu a necessidade de ter um controle parcial sobre a fera, e o colar era algo que o ajudaria nisso.

Guardou o colar novamente na caixinha e foi para a sala de jantar,onde toda a sua família o esperava.

— Está atrasado. — Adeline disse. A rainha era detentora de belos cabelos loiros claros e olhos verdes como a grama. A pele era pálida, constratando com os tons escuros que na maioria das vezes usava em seus vestidos. Ela e o filho eram muito parecidos,embora ele fosse um pouco mais bronzeado.

— Sente-se logo, James, a sopa irá esfriar. — Edmund,o pai e também rei de Zarden falou. O rei era detentor de cabelos dourados e olhos castanhos, a pele clara como a da esposa.

— Estava conversando com alguma garota,irmão? — Indagou Eveline, a princesa e também irmã de James. A princesa era ligeiramente diferente do resto da família. Era detentora de belos e longos cabelos castanho -escuro,olhos da mesma cor. Sua pele era como pingos de café no leite, não tão pálida como a do resto da família,mas também não tão escura quanto a de alguns conhecidos. Se tinha alguém naquela sala que tomava conta de James, aquela pessoa era Eveline. Era mais nova que o príncipe, mas sabia dar os melhores conselhos e o enxergava além da fera. Diversas vezes o ajudou a limpar o sangue de inocentes em suas vestes e em seu corpo, enquanto tudo o que James sabia fazer era chorar e se culpar por algo que não podia controlar.

Se sentindo culpado por estar atrasado,o príncipe sentou-se em seu assento na mesa real. Um criado colocou sopa em seu prato,se retirando após faze-lo.

— Por que se atrasou,filho? — Indagou Edmund.

— Estava arrumando algumas coisas no meu quarto,nada mais.

— Para quê? Temos criados, não precisa arrumar o quarto. Se eu pudesse apostar, todas as minhas moedas iriam para a alternativa de que você estava mexendo naquele colar. — Adeline proclamou. — Aquilo não irá impedir sua transformação, querido.

— Ele tem um laço com aquele colar, assim como eu tenho com meus livros e com a adaga da família. — Eveline disse, defendendo o irmão —  O colar é uma forma de controlar...

— Basta! — Gritou a mulher. — Isso não é assunto para a mesa do jantar.

Envergonhados, os irmãos se calaram. Puseram-se a comer a sopa, que estava deliciosa — Não à toa, é claro, os melhores cozinheiros de Zarden estavam no palácio real. — Sendo assim, James terminou de comer o seu prato rapidamente, exibindo um sorriso de satisfação.

— Deseja mais sopa, Alteza? — Indagou uma criada.

James negou.

A mulher sorriu, depois retirou o prato sujo de cima da mesa de madeira escura. James sentiu o estômago embrulhar, mas não fora por causa da comida. Gostara tanto da educação e cortesia daquela criada, e se a fera a matasse no período da lua minguante? Não eram raras as vezes em que escapava das correntes e matava alguém do palácio. Afastou esse pensamento de sua cabeça, mas não podia afastar os flashes das lembranças de sangue de inocentes sujado sua roupa e seu corpo. Como se lesse sua mente, Eveline pôs a mão no ombro do irmão.

— Estás bem? — Indagou.

Respirando profundamente, ele respondeu;

— Tudo bem, irmã. Apenas cansado.

Acrescentou um sorriso no fim da frase, mas não convenceu Eveline. Era uma garota inteligente e muito observadora, ninguém conseguia enganá-la por muito tempo.

— Se dizes...

— Não é nada demais, estou bem.

— Tu não me enganas, James. — Sussurrou ela.

Um guarda adentrou desesperado na sala de jantar, fez uma reverência mal ajeitada e cochichou algo para o rei. Edmund, pedindo perdão por sair durante a refeição, saiu apressado atrás do rapaz.

— O que aconteceu, mamãe? — Indagou o príncipe.

— Nada com o que tenha que se preocupar, querido. Apenas coisas do reino.

— É algo muito ruim? — Indagou Eveline, preocupada.

— Não, apenas uma revolta em uma das províncias. Ao que parece, estavam criando dragões para atacarem o palácio em um futuro próximo.

A garota se assustou 

James não esboçou reação, sabia que o palácio era quase indestrutível. Revirando o anel dourado com o brasão da família em seu dedo, pediu licença e se retirou para seu quarto.

No caminho, se deparou diversas vezes com o brasão da família — Um leão flamejante, rodeado por uma coroa de louros, uma coroa no topo e uma inscrição em latim: sanguis et victoria, ou seja, “sangue e vitória”.

Pessoalmente, James achava estranho ter uma frase estampada em um brasão, mas achava mais estranho que incluísse sangue e vitória. Fazia parecer que a família Moreau conseguira o trono após muita luta e sangue, mas somente os descendentes sabiam que não fora nada disso. Na verdade, o tataravô de James envenenara o antigo rei e forçara sua filha a se casar com ele. Após gerar um herdeiro, a mulher desapareceu misteriosamente. James lamentava essa parte do passado familiar. 

Chegou até seu quarto, abriu a pesada porta de ferro e madeira e adentrou no recinto. Havia algo de reconfortante ali, a forma como a luz da lua refletia nos longos vitrais e iluminava parcialmente tornava o local em algo familiar e puro, quase fazendo com que James se esquecesse que, em menos de dois dias, estaria acorrentado no subsolo do castelo, lutando e urrando para que a fera não o dominasse.

Porém, não havia jeito. Ela sempre vinha, e cada vez era mais forte.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Bjus