—Grávida? —Pergunto incrédula olhando para Tobias, que assume uma expressão de raiva no rosto.

—Isso mesmo, grávida! - Nita exclama impaciente.

—Você acha que eu sou idiota, Nita? - Tobias pergunta com raiva na voz. - Qual é o seu problema?

—Então, lembra  aquele dia que você ficou bêbado e acordou na minha cama? Pois é! E olha, eu não tenho problema nenhum, apenas não  vou ser mãe de filho sem pai, e acredito que não vai ser nada bom para a reputação do Senador Eaton que seu querido filho não queira assumir seu neto. - ela sorri.

                Tobias pega meu braço e praticamente me arrasta para dentro do elevador, que estava aberto a nossa espera, mas não antes de ouvirmos os gritos enraivecidos de Nita exigindo que Tobias não virasse as costas e desse alguma explicação.

—Eu exijo que você me explique alguma coisa! - Digo impaciente, me remexendo sob o braço de Tobias que envolvia meus ombros com certa impaciência. Espero que ele fale alguma coisa, mas ele nada diz. Quando as portas do elevador se abrem, ele me arrasta até o estacionamento, sem nada dizer. - Qual é Tobias, eu tenho o direito de saber! - Suplico.

—Eu sei, tudo bem, eu só queria me afastar dela. - Ele diz passando as mãos pelos cabelos, encostando o corpo em seu carro. - É impossível ela estar grávida. - ele expira o ar pesadamente. -Bem, a não ser que seja de outro. - ele dá de ombros.  Analiso seu rosto por alguns segundos, será que ele acha que eu não sei as coisas que ele fazia com as meninas? Ainda mais com Nita! Nós já dormimos na mesma cama várias vezes e nunca aconteceu nada demais entre nós, mas eu não sou idiota de achar que ele nunca fez nada com nenhuma outra. -Eu sei no que você está pensando. - ele diz franzindo o cenho e cruzando os braços no peito.

—Ei, mas como eu não vou pensar? Tobias você não é nenhum santo, não queira que eu ache que você nunca... - Paro a frase no meio, pois minhas bochechas estão vermelhas demais.

—Não, não com ela. - ele diz negando com a cabeça. - Desde que tive certeza do que sentia por você, eu não... Quero dizer, eu não conseguia e... - Ele para de falar, visivelmente envergonhado. - Desde as férias, para ser mais exato. - ele diz por fim, com as bochechas rubras. Não consigo conter um sorriso que insiste em escapar por meus lábios, e de certa maneira meu ego infla com a informação que ele acabou de dizer.

                Será mesmo possível que ele não tenha feito nada com nenhuma outra garota apenas por minha causa? Retiro o sorriso do rosto rapidamente ao lembrar sobre o que estamos falando, então pigarreio.

—Mas então qual a razão de você ficar tão nervoso com o que ela disse? E como você pode ter certeza se como ela disse, você estava bêbado?

— Você sabe que eu lembro de tudo que eu faço mesmo estando bêbado. Eu lembro de ir deitar com ela e de termos dormido assim, sem nada ter acontecido. Mas você já imaginou o escândalo que seria se ela realmente colocasse meu pai no meio de tudo isso? Até eu provar que o filho não é realmente meu, ou se é que existe algum filho, que seja. - ele diz dando de ombros.

—Então o que você planeja fazer, assumir ela e a criança? - ele me olha rapidamente revirando os olhos logo em seguida.

—É claro que não!

—Bem, sobre o que você disse dela ter responsabilidade com o acidente... Você poderia usar contra ela. - digo também dando de ombros.

—Sim, eu pensei nisso, mas eu tenho que ter mais provas, além de descobrir quem está com ela, pois eu duvido que ela esteja fazendo tudo isso sozinha, Nita é... Burra demais para pensar em algum plano muito mirabolante.

—Certo, você tem razão. -digo assentindo..

—Mas e você, como está? -Ele pergunta abraçando minha cintura. -Com tudo isso acabei esquecendo que você está machucada. - ele diz depositando um beijo suave no topo de minha cabeça, e eu a encosto em seu peito.

—Eu estou bem, só estou preocupada com você e com essa situação toda... Nossos pais são senadores Republicanos, não pegaria bem um escândalo envolvendo você.

—Não se preocupe comigo, eu vou dar um jeito, eu sempre dou. -ele diz calmamente, me confortando.

—Eu sei que vai, mas por favor, tome cuidado, eu sinto que Nita pode ser muito mais do que aparenta ser.

—Certo, eu prometo. - ele diz por fim trazendo meu rosto pra perto do seu, depositando um beijo calmo em meus lábios, então levo uma de minhas mãos para seu cabelo, sentindo o toque macio dos fios. Tobias morde levemente meu lábio inferior me fazendo sorrir, e ele sorri logo em seguida.

—Por favor, não me esconda nada. - digo franzindo o cenho, e ele acaricia meu rosto.

—Eu prometo. - ele sorri. -Mas acho que já está na hora de irmos para casa, ainda está de repouso, esqueceu? - Ele pergunta levantado uma sobrancelha.

—Meu Deus, você não desiste! -digo revirando os olhos impacientemente. -Certo, certo, vamos para casa!

—Eu consigo tudo que eu quero! -Tobias diz rindo ao entrar no carro. Assim que ele sai do estacionamento, ele me olha de relance, suspirando, então diz:

—O que você acha do Match? -O olho sem entender o porquê da pergunta, mas respondo.

—Eu o achava uma pessoa legal, mas venho desconfiando de algumas atitudes que ele tem tomado. Hoje ele parecia inquieto quando me viu com você, começou a mexer demais no celular e logo a Nita apareceu. -Digo dando de ombros.

—Sim, eu percebi isso.

—Você acha que ele pode estar com ela?

—Sim, mas não nesse sentido, acredito que eles estejam juntos por alguma razão. Veja bem, ele queria você, sempre fez piadas sobre nós dois e até mesmo comentários sobre você quando estávamos juntos, e até mesmo depois. - Tobias diz apertando o volante com força.

—Mas quanto à Nita, eles sempre foram próximos?

—Que eu saiba não, pelo menos ela nunca me falou dele, poucas vezes os vi conversando. - O resto do trajeto até minha casa foi em total silêncio, cada um com a cabeça cheia de pensamentos. Qual seria a razão dos dois estarem juntos contra nós? Que Nita quer desesperadamente Tobias de volta, ficou claríssimo, mas e quanto a ele, o que quer? Sou retirada de meus devaneios quando percebo que já chegamos.-Hoje não poderei entrar, tudo bem? Tenho alguns trabalhos para fazer, sinto muito. - Ele diz com tristeza em seus olhos.

—Tudo bem, amanhã marcamos alguma coisa. -digo sorrindo, e ele me acompanha.

—É por isso que eu te amo. -ele diz ao beijar meus lábios suavemente.

—Só não esquece das coisas que você me prometeu, certo? -Pergunto acariciando seu rosto, e ele assente.

—Certo, você sabe que eu cumpro minhas promessas. -ele sorri.

—Amo você! -digo ao sair do carro, e ele sorri.

—Adoro ouvir isso! Amo você, até mais. - ele diz e logo arranca com o carro.

                Entro em casa e ela parece silenciosa, então me dirijo até a cozinha e vejo que Emm já preparou o almoço. Resolvo almoçar sozinha, já que não vejo Emma em lugar algum e já estava começando a ficar com fome.

                Assim que finalizei meu almoço, ouço a campainha tocando, e como Emm não aparece, resolvo ir abrir a porta. Assim que abro, me deparo com Match, que carregava uma expressão ansiosa no rosto.

—Oi Beatrice, será que posso entrar? -Ele pergunta, e penso logo em Tobias. Não acho que ele gostaria de saber que Match esteve aqui falando comigo, mas a curiosidade de saber o que ele queria comigo foi maior.

—Não acho que seja uma boa ideia, estou sozinha em casa. - Digo sorrindo levemente, para que ele não pense que o estou expulsando, mas perceba que não o quero deixar entrar.

—Ah, sim... - ele diz parecendo pensativo e... Frustrado.

—Então, o que você quer?

—Eu vim falar com você sobre Tobias. - ele diz sorrindo levemente, então entro em seu jogo, pois quero saber até onde ele vai.

—Ah, o que houve com ele? - Pergunto inocentemente.

—Você sabia que ele vai ser pai? - Ele pergunta com um ar irônico em suas feições.

—Como você sabe disso? - Pergunto franzindo o cenho. Se Tobias disse que eles, Nita e Match, não eram próximos, como Match poderia saber sobre isso? Não acredito que ela possa estar contando para qualquer um, e como eu esperava, minha pergunta o pegou desprevenido.

—Ora, eu, bem... - Ele gagueja confuso - Ela me contou.

—Mas por que ela te contou? Não sabia que vocês dois eram próximos.

—Nós... Nós nos conhecemos já tem um certo tempo, se é isso que você quer saber, e ela sabe que eu gosto de você, então achou que seria interessante que eu soubesse e te contasse.

—Você não precisa me contar, ela mesma já o fez. -Respondo com certa raiva na voz, pois agora tudo começa a fazer sentido. - E além do mais, o que você esperava que eu fizesse, abandonasse Tobias por isso?

—Mas é claro! É justo que Nita tenha um pai para seu filho! - Ele responde parecendo estupefato. -Você merece muito mais do que um qualquer que engravida qualquer uma e não assume a responsabilidade, você já imaginou se isso também acontece com você?

—Se é que esse filho realmente existe -digo entre dentes. -Eu conheço Tobias há anos, sei que ele não é esse tipo de pessoa, se o filho realmente fosse dele, ele assumiria.

—Não é o que parece. - ele diz dando de ombros.

—E você esperava que eu me jogaria em seus braços ao saber que Tobias será pai? -Pergunto irônica, e ele vacila.

—É claro que não, eu não sou esse tipo de pessoa, não sou um aproveitador barato. -Ele responde parecendo ofendido, mas não me abalo.

—E se o filho de Nita tiver outro pai? -Quando pergunto isso, ele vacila novamente, sem parecer compreender o que eu disse, mas sua expressão demonstra certa urgência.

—Mas o que é isso? Como você fala assim de Nita, você nem a conhece, acha que ela não saberia quem é o pai do próprio filho? - Ele pergunta parecendo ofendido demais para alguém que é apenas um conhecido.

—Eu não acho nada, acho apenas que você já falou o que tinha para falar, além do mais, Tobias não gostaria de ver você aqui. -Digo encerrando o assunto.

—Como se ele mandasse em você ou tivesse o direito de te pedir alguma coisa.

—O que você quer dizer com isso?

—Se ele gostasse tanto assim de você, não acha que teria levado menos tempo para vocês se reconciliarem? Veja, eu não consigo ficar longe de você. - Ele diz se aproximando lentamente de mim, mas o afasto rudemente e dou um passo para trás.

—Não chegue perto de mim, suas intenções já ficaram claríssimas, por favor, vá embora. - Digo dando mais um passo para trás, entrando em minha casa.

—Beatrice, qual é, eu só quero uma chance, você gostou daquela noite na festa, poderíamos repeti-la...

—Saia já daqui, Match. -Digo com raiva. - Eu não sou uma vagabunda como Nita, o tipo que você gosta. -Ele fecha o semblante e vira as costas para mim, entrando furiosamente em seu carro. Assim que ele parte, fecho a porta e decido contar para Tobias tudo o que aconteceu esta tarde, inclusive sobre nossas suspeitas dos dois estarem juntos, o que parece ser real.