300 dias antes da América escrita por Michele Bruna da Silva


Capítulo 9
Encontro no parque


Notas iniciais do capítulo

E aí gente?! Esse capítulo foi muito tenso de escrever por que eu não sabia onde cortar :_) Espero que se divirtam e caso tenha ficado esquisito deixem um comentário.



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– Ryuzaki...

Fez uma pausa antes de perguntar, usando um tom de voz descontente:

– Você tem certeza que seguiu o endereço certo?

Não era o ginásio coberto que eles esperavam encontrar.

– S-sim. - ela respondeu, sem graça e toda tímida, enquanto checava o celular para ter certeza.

– Então, por quê?

Eles estavam frente a um parque de diversões. Lotado de brinquedos gigantes e propagandas. Havia um grande número de casais por conta das promoções do dia dos namorados, mas não estava tão cheio por conta do horário e do frio. Nem era de noite e o lugar já brilhava de forma anormal.

– Ve-veja! - disse mostrando o celular, tentando convencê-lo de que não tinha errado o caminho. Echizen olhou e tudo parecia normal até ele notar emoticons no fim da mensagem. Era óbvio que aqueles dois tinham tramado algo e passado o endereço errado de propósito. E realmente tinham.

Alguns minutos antes, parados em um semáforo, de dentro do carro da sensei, Eiji observou uma propaganda em uma loja:

– Ah!! - gritou surpreso - Tem um parque na cidade?!

Momoshiro, que também estava olhando pelo vidro, comentou:

– É uma pena, eles vão embora amanhã.

– Eh, mas eu nem sabia que eles tinham chegado. - disse Eiji chateado.

– Droga!!! Eu esqueci completamente dele!!

– Qual o problema sensei? - questionou Eiji.

– Eu tinha prometido levar Ryuzaki ao parque, quando ele viesse para a cidade, mas eles ficaram vários dias fechados por causa do frio, e eu estava ocupada cuidando das coisas da aposentadoria e o treino de inverno do clube. É uma pena, ela adora parques.

De repente, uma lâmpada acendeu sobre Momoshiro.

– Sensei, me empresta seu celular que vou mandar o endereço para a Sakuno-chan!! - apesar de ter pedido, ele já o tinha pego de qualquer forma. Do banco de trás, debruçou-se sobre Eiji para escrever a mensagem. O colega reclamava mandando-o sair de cima. - Don! - disse mostrando a mensagem final no celular.

– Ah!! Boa ideia Momo! Sensei pode nos deixar aqui?! Queremos dar um pulo no parque antes que ele vá embora!

– Vocês tem certeza? Os outros não estão esperando?

– Eu aviso o Oishi! - finalizou Eiji fazendo um V com os dedos.

Os dois desceram correndo. Viraram algumas ruas e encontraram Inui.

– Inui! - Momoshiro passou o braço sobre ele e convidou - Vamos ver algo interessante no parque hoje, não quer vir junto?

– Parque?

– Ochibi vai superar seus dados e entrar em um relacionamento amoroso. - disse Eiji apontando o dedo como se o desafiasse.

– Impossível. A probabilidade é de 0%. - retrucou ajeitando os óculos.

– Então, não quer ver? - coagiu Momo.

Inui pensou em silêncio.

– Vamos. - disse, recebeu uma comemoração breve de Eiji e Momo. - Mas, se estiverem errados, vocês provarão o novo suco que preparei para os perdedores de hoje. - ele mostrou um copo com um líquido amarelo e esquisito do qual saía uma fumaça suspeita. Não tinha como não pensar que tinha gosto de mijo ácido.

– Você não cansa disso?! - perguntou Momo indignado.

E lá eles estavam, espiando Ryoma e Sakuno por detrás de umas árvores.

– Vamos embora, fomos logrados pelos sempais. - disse Echizen.

Dizendo isso ele começou a andar, mas Ryuzaki estava petrificada olhando as luzes brilhando lá dentro. Morrendo de vontade de entrar, adorava meeeesmo parques de diversões. Echizen ao perceber que estava andando sozinho, a chamou umas três vezes até que ela se tocou e o seguiu.

– D-desculpe... Vou ligar para a vovó e pegar o endereço correto. - ela discou, mas olhou pra trás e ficou encarando o letreiro e os balões que de vez em quando subiam. - Vovó? O que foi? - ela quem ligou, mas estava perguntando o que a avó queria, e foi chamada atenção - Ah, sim... D-d-desculpe... Onde é o ginásio? - e depois começou a concordar apesar de não prestar atenção em nada. Echizen a observava e tinha certeza que aquilo ia dar errado.

– Você não tem senso de direção, não é melhor anotar?!

De repente, Ryuzaki ficou aflita procurando papel e caneta para anotar o endereço. Derrubou tudo o que tinha dentro da bolsa. Uma gota de arrependimento desceu pelo rosto de Ryoma, até que ele notou, dentre os objetos derrubados, uma agenda escrito "Ryoma" com letras garrafais. Estava tão chamativo que ele acabou pegando e lendo, afinal era seu nome ali. Ficou tão vermelho que sua cabeça quase explodiu. Não devia ter feito aquilo. Sakuno recolhia as coisas olhando o parque, então nem percebeu. Quando ela ameaçou olhar o chão para conferir se tinha pego tudo, imediatamente ele colocou a agenda próxima à sua mão, Ryuzaki a guardou na bolsa sem se tocar do que acabara de acontecer. Continuava distraída falando ao telefone.

– R-ryuzaki, me-me empreste o celular. - disse gaguejando estendendo uma mão, enquanto cobria o rosto com a outra . Surpresa e um pouco chateada o entregou, imaginando que ele deveria ter ficado irritado com sua desatenção. Echizen por sua vez, desligou a chamada e lhe devolveu o celular.

– Ah! Por que desligou na cara da vovó? - perguntou desesperada

– Tudo bem, você não estava prestando atenção em nada do que ela dizia mesmo. - respondeu ainda de cabeça baixa.

– M-mas...

– Vamos. - ele se levantou de repente e foi em direção ao parque

A garota não se moveu, ainda surpresa com a atitude dele.

– Eles vão embora amanhã, melhor aproveitar não é? - se explicou, sem olhá-la, para fazê-la se mover. Funcionou. Em menos de 5 segundos ela já estava comprando os ingressos, o dele inclusive. Estava saltitando, empolgadíssima esperando os portões abrirem. Esqueceu até da avó.

Das árvores, Inui se levantou.

– Temos que entrar! - na verdade ele queria se aproximar para ouvir as conversas.

– Yey!

– Eiji você só quer brincar nos brinquedos.

– É claro Momo, é um parque de diversões!

E eles entraram, seguindo o casal.

Ryuzaki estava extasiada olhando tudo e confusa por que não sabia onde ir primeiro. Até que decidiu ir em tudo, começando pelo que estava mais perto. Foram no carrinho de trombar, na montanha russa, na casa assombrada, na casa dos espelhos, no mini boliche, entre um brinquedo e outro comeram sorvete frito, pipoca e algodão doce.

– Ei rapaz! - disse um homem cutucando Echizen - Não quer medir a sua força?!

– Não. - respondeu sem hesitar, mas Ryuzaki estava muito empolgada e foi ela mesma bater o martelo no termômetro de força, sendo única garota que passou da metade dele, inclusive.

– Então, seu namorado não quer tentar? Está com medo de ser mais fraco que ela? Háhá. - zombou o homem.

Ryuzaki ficou roxa de vergonha, tentando explicar que não era o namorado. Echizen pegou o martelo e bateu. O pino passou apenas uns números do que o da Ryuzaki. Ficou incomodadíssimo, tentou mais vezes, até que atingiu o valor máximo do termômetro.

– Incrível Ryoma-kun, você atingiu o máximo!! - ela o parabenizava toda animada e impressionada, mas ele não estava feliz, ficou encarando a garota com os pesos nos pulsos (sim, ela não tirou!!). Pegou todas as sacolas de brindes que ela segurava.

– Vamos.

– T-tem certeza que vai levar tudo?

– Estou bem.

Pararam na barraca de tiro ao alvo, onde haviam lindos ursinhos de pelúcia. Echizen tentou e não conseguiu, o que era estranho, por que ele era bom nesse tipo de jogo. Ryuzaki também tentou e não conseguiu, mas ele percebeu que havia algo errado naquelas armas, estavam quebradas. Ao contestar, o dono disse que ele deveria se contentar por ser ruim de mira. Sakuno disse para deixar para lá, mas Ryoma se sentiu desafiado, DE NOVO. O orgulho era mais forte que a razão.

– Então, eu só tenho que derrubar os alvos não é? - disse rodando uma bola de tênis na mão.

– Tch, se conseguir derrubar todos os alvos, te dou esse urso aqui. - disse apontado para um qualquer. Ele estava convicto de que Echizen não conseguiria já que além de armas quebradas, os alvos estavam bem pregados. Era um cara muito trapaceiro.

– Se eu derrubar todos os alvos, você vai ter que me dar um urso por alvo.

– Hmm, por mim tudo bem.

– Então... - ele foi se afastando, se afastando. - Ryuzaki! - gritou à distância de meia quadra - Pode escolher. - pegou a raquete da garota na bolsa que carregava, lançou a bola para cima, rebatendo, acertou o primeiro alvo em cheio, entortando-o. O dono ficou perplexo. Ryoma repetiu a proeza mais 4 vezes, derrubando todos os cinco alvos.

– Droga!! Você não pode... - e no meio dos murmúrios, o homem levou uma bolada no meio da cara.

– Ah desculpe, me empolguei. - disse Echizen, que na verdade não estava nem um pouco arrependido. Até soprou a raquete, como se fosse uma arma de fogo de verdade.

Ryuzaki segurava um urso marrom médio de barriga amarela e laço xadrez, era muito bonito e fofo.

– Você pode pegar mais 4. - ele disse se aproximando.

– Não, este está bom.

Eles voltaram a andar e se depararam com uma quadra poliesportiva. Era uma quadra aberta comum, o parque foi montado ao redor.

– Ryoma-kun! Quer jogar?

– Eu não sou bom em duplas.

– Individual.

Ele não entendeu até ela encará-lo.

– Jogue comigo.

Nunca tinha jogado contra uma garota. O "não" óbvio foi substituído por um "sim" inapropriado que saiu de sua boca sem seu consentimento, sem aprovação da sua razão. Lembrou que não era a primeira vez que ele tinha esse tipo de reação com Ryuzaki. "Dammit", pensou. Tentou se convencer de que aquela reação era por causa do que lera na agenda da garota.

Contudo, o que ele ainda não sabia é que até o fim daquela noite, ele deixaria de não saber o que estava acontecendo com seus sentimentos.


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