300 dias antes da América escrita por Michele Bruna da Silva


Capítulo 8
Chocolate Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o atraso, normalmente eu posto a cada 10 dias, mas essa semana foi meio louca. E finalmente teremos uma sequência de capítulos de Ryuzaki impressionando Ryoma. (todas comemora) Espero que gostem! :)



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Era um vestido muito bonito, preto, com a saia em "A" que afinava sua cintura e a fazia parecer mais alta. Estampado com flores grandes em um tom de creme. O cabelo, solto levemente úmido colocado de lado. Parecia realmente outra garota.

– Sensei! - gritou Kikumaru tirando Echizen de seu mini transe - Vamos te deixar aqui!

– Vocês não ousariam - disse Sumire já no pé da escada com uniforme de sempre.

– Vovó você vai sair?

– Vou ver os meninos jogarem, depois que terminarem aqui vão para lá também. Vou enviar o endereço no seu celular. E Ryoma. - disse Sumire puxando-o para perto de si e cochichando perto da orelha dele. - Se fizer algo ruim com minha neta, o pior suco do Inui será o paraíso perto do que farei com você.

Ryoma cansado de ser ameaçado e provocado, resolveu entrar na brincadeira.

– Então se for algo bom, eu posso fazer? - disse usando seu melhor sorriso zombador.

Sumire puxou a orelha dele com força. Momoshiro e Kikumaru nem tentaram esconder as risadas. Ryuzaki não ouviu e por isso não entendeu o que aconteceu.

– Ugh, atrevido igual ao pai. Vamos! - disse a ex-professora indo até a porta.

Eles se despediram, e claro, antes de saírem, Momo e Eiji cutucaram Ryoma mais um pouco. "Cuide bem da sua princesa", "Seja bonzinho com ela, ochibi". E assim que saíram, o silêncio pairou na cozinha onde estavam. Ryuzaki o chamou para outro cômodo da casa, um pequeno jardim de inverno onde havia uma cadeira e uma toalha. O coração dela estava completamente descompassado e o que foram aqueles comentários dos sempais? Desnecessários.

– Você sabe mesmo cortar cabelo? - questionou receoso enquanto se sentava, apesar de já ser tarde demais para tal pergunta.

– Claro. - ela jogou a toalha sobre ele, depois pegou a tesoura e um pente. - O mesmo corte de sempre?

– Sim.

Não demorou muito, e ele já estava se encarando no espelho.

– Oh, ficou bom mesmo.

– Fico feliz em ajudar. - disse enquanto varria o lugar e jogava fora as mechas de cabelo. - S-se você estiver com sede, tem Fanta na geladeira.

– Obrigado.

Ele voltou à cozinha e Ryuzaki apoiou na vassoura, tentando recuperar o fôlego. De repente, ela guardou a vassoura rapidamente e foi espiá-lo na cozinha. Pensava consigo: "Tomara que ele goste"

Ao abrir a geladeira se deparou com uma caixa decorada, não muito grande, e com um bilhete nada discreto, escrito "Para Ryoma: Sua surpresa".

Ele pegou a caixa e a colocou sobre a mesa, quando abriu haviam muitos bombons redondos embalados em papeizinhos com desenho de bolas de tênis. Ficou impressionado com tamanha delicadeza.
Ryuzaki tinha refeito muitos bombons para suprir a perda da primeira caixa.

Resolveu experimentar um deles. Ryuzaki juntou forças e interrompeu sua degustação.

– O que achou?

– "Morango?" - Nada mal. - disse abrindo segundo bombom, antes que Sakuno pudesse continuar a conversa, seu celular notificou uma nova mensagem.

– A vovó mandou o endereço eu vou... - ao se voltar a ele, o viu com a mão na boca como se algo estivesse errado. O coração da garota disparou achando que tinha cometido erro na receita ou que ele tivesse alergia ao amendoim - Ry-ryoma-kun qual o problema?!! - se aproximou para acudí-lo, mas ele se perdeu momentaneamente em seu raciocínio.

Ao comer o segundo bombom, notou que não era de morango, era de baunilha, e o terceiro tinha o gosto mais incrível que ele já havia experimentado em um tradicional. O chocolate derreteu em sua boca de tal forma que o fez babar. E foi quando ele se deu conta de que cada bombom naquela caixa tinha um sabor diferente. Aquilo realmente foi uma surpresa. Ela o encarava preocupada, então ele se recompôs pigarreando. - encarou a caixa pegando vários bombons na mão. - Esses bombons...

– Eu não sei que sabores você gosta, então fiz todos os que eu sabia. - disse Ryuzaki se encolhendo, sem graça. - Tem algum sabor que você não gostou ou que você tem alergia?

Ele respondeu que não, quase gaguejando. Ainda assim eram bombons demais!! Tinha uns 20 na caixa? 20 sabores diferentes? De repente lembrou-se de seu pai comendo bombons do mesmo formato.

– Você, por acaso fez outra caixa dessa?

– Hã?! - Ryuzaki não conseguiu esconder a surpresa causada pela pergunta. - Bem, eu fiz, mas minha avó a levou, e... eu não sei o que fez com ela. Então fiz alguns de novo. - ela riu sem graça mexendo no cabelo. Ryoma ficou puto por dentro, "velho safado!", criou uma nota mental para se vingar do pai mais tarde. Foi quando notou que ela estava com a ponta dos dedos queimados e olheiras, provavelmente de cozinhar demais. Notou também, pela primeira vez, que ela usava pesos nos pulsos. Voltou um pouco a memória e percebeu que ela já usava isso há algum tempo, ele que não tinha percebido. Imaginou que ela usasse aquilo o tempo todo. Sentou-se e colocou a caixa no colo, comendo um a um, estava um pouco encabulado, mas tentava não demonstrar.

– V-você sempre usa esses pesos? - perguntou, movido pela curiosidade e tentando desfocar dos chocolates.

Ela ficou meio chocada por que não era pra ter colocado os pesos, o guia da Tomoka era bem direto: "NÃO USE OS PESOS", mas ela esqueceu completamente.

– Vovó disse que se eu usasse pesos para treinar eu aumentaria minha força.

– Só que você não está treinando.

– Sim, porém se eu usar o tempo todo eu vou ficar ainda mais forte, não vou? - a simplicidade e a sinceridade dela o comoveram, ou talvez a roupa estivesse fazendo algum efeito sobre ele, não provavelmente ele ainda estava chocado pelos chocolates. Ela estava muito diferente do que ele estava acostumado. Ryuzaki havia mudado tanto ou ele quem nunca havia reparado que ela era assim? - Ryoma-kun?

– Huh? - ele suspirou e voltou a comer bombons, tinha ficado perdido em pensamentos perto dela de novo. - Talvez. - depois não resistiu em provocar - Só tome cuidado pra não ficar forte demais que nem o Kawamura-sempai. - deixou-a sem reação. Ryuzaki desenvolveu uma imaginação ligeiramente fértil e estava se imaginando dando Hadoukyous e gritando "BURNIIIIING" como o sempai. "Sem chance", pensou consigo.

– Ah! Vovó passou o endereço, eu vou pegar minhas coisas e já volto. - Ele concordou em um resmungo e continuou comendo os bombons.

Quando comia o quinto ou o sexto, cochichou para si em inglês - É uma boa surpresa. - apreciava cada bombom antes de comê-los, estava realmente impressionado com a dedicação da garota, que não demorou a voltar.

– Ano passado, veio um uniforme masculino a mais para o clube e a vovó guardou, eu tenho umas raquetes sobrando - disse ela descendo as escadas, nas mãos, um uniforme embalado e nas costas, uma bolsa de raquetes. - Quer experimentá-los, ou prefere buscar o seu equip... - ao olhá-lo viu sua boca suja de chocolate e a caixa vazia. - V-você já comeu todos?!

– Não era para comer?

Primeiro ela ficou sem reação, depois riu satisfeita por ele ter gostado tanto que comeu de uma vez. Ele conferiu a etiqueta no pacote que ela segurava.

– Este tamanho está bom, vamos. - disse indo para a porta.

– Ah! Espere! - ela pegou um pedaço de papel toalha e limpou o rosto dele. Depois de ter limpado ela se explicou, apontado para o próprio rosto, com vergonha - Sujo, você, bombons...

Ryoma sorriu, pegou a bolsa que estava com ela e andou em direção à porta da frente, Ryuzaki estava ainda envergonhada demais para contestar a gentileza. Ela acabara de tocá-lo no rosto, nunca tinha ficado tão perto dele como agora.

Eles saíram e rumaram ao ginásio onde o resto do pessoal aguardava.

E Echizen ainda mal sabia que todas aquelas sensações e emoções estranhas que sentiu na casa de Ryuzaki não eram reação ao cacau que consumiu dos chocolates.


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