POV- Percy

Uau...

Ainda estou em choque. Tenho uma nova irmã!

Jason que até agora estava a meu lado está de queixo caído.

Olho para Annabeth. Ela encara fixamente Luce, e quando vira-se para mim tem um sorriso radiante e assente .

Me atrapalho um pouco em direção ao lugar onde Luce está parada, afinal como conselheiro do chalé 3 é minha obrigação dirigir meus irmãos recém chegados ao estandarte do chalé. Estou confuso pois só fiz isso duas vezes e na mesma noite.

Olho para Christian e Mariana, eles estão inquietos e rindo bobamente como dois retardados. Acho que eles amaram a ideia de ter um novo bebezinho em nosso chalé.

Creio que no momento também estou com um sorriso de orelha a orelha.

–Acho que você e seus irmãos adoraram a chegada dela, não é Percy? – Quíron me diz. Tudo que posso fazer é olhar para Luce, que está completamente atordoada e não entendendo absolutamente nada do que acontece.

Me aproximo dela.

– Percy, não compreendo...

– O que não entendeu? – não posso evitar de alargar meu sorriso.

–Essa coisa de chalés. A luz em cima da cabeça de Elena, Thomas e da minha também. Pra onde vou? – pergunta-me assustada querendo saber para que direção seguir.

Bem, e lá vamos nós...

Como posso explicar pra ela? – reflito.

– Sabe aqueles dois rindo e acenando como idiotas para nós ali? – Aponto para o lugar onde meus irmãos estão sentados. Ela balança a cabeça afirmativamente. – Eles são nossos irmãos.

–Quando você diz “nossos”... – ela não termina. Está derrubando seu queixo gradativamente quando começa a entrar em sua cabeça toda a situação.

– Meus e seus. Sou seu irmão.

– Ahn?

– Bem, - me enrolo, como posso explicar isso...– temos o mesmo pai, ele é um deus, por isso somos especiais e temos poderes.

Quíron bufa, logo em seguida pigarreia. Ele deve estar começando a ficar irritado com nossa demora.

– Chalé 3, venha buscar seus irmãos por favor. - Mariana e Christian saem correndo da arquibancada.

Christian vence a pequena corrida que travou com Mari por milésimos de segundo. Pega Luce embaixo dos joelhos e a levanta no colo, com um grande sorriso.

–E aí irmãzinha. – Christian lança para Luce seu melhor sorriso de comercial de creme dental. Ele está rindo e dá um beijo na bochecha de nossa mais nova irmã.

–Ah! Isso não é justo Christian, você me empurrou! – Mariana está irritada e tenta tomar Luce dos braços de Christian, ele se esquiva virando para a direita. – Deixe-me pega-la. Me dê!

–Sonhe! – isso até poderia ser engraçado se não estivessem assustando Luce. Duvido muito que ela irá querer vir conosco para o chalé depois disso.

–Percy... – minha irmãzinha está com os olhos arregalados e soa alarmada.

Mariana está começando a ficar vermelha e com muita raiva. Oh, merda...

Bom, ela tem o que precisa e sei que a coisa vai ficar feia.

Listo suas possíveis armas:

Ponche;

Suco;

Pequeno riacho que corre próximo á arena;

Encanamentos.

Merda!

Avanço para Christian e com um único movimento tiro Luce de seus braços. Corro com ela para perto da saída.

Se tivesse uma música tema para esse momento, seria a música que toca nos pódios de corrida de cavalos.

Caramba!

Posso ouvir o som de canos estourando e água jorrando com grande pressão. Logo em seguida, como já esperava, gritos e barulho de água correndo só que mais lentamente. Decido olhar para trás e ver os estragos que meus irmãos causaram. Todos os semideuses estão ensopados e Mariana ainda está controlando um pequeno fluxo de água. Christian está deitado a uns bons 6 ou 7 metros de onde estava inicialmente.

Bem, parece que minha irmã usou tudo que listei.

Luce e eu estamos ambos chocados com a grande zona que nossos irmãos fizeram.

– Ahn... Percy? – Luce está olhando para a grande bagunça. Seus olhos estão bem abertos e sua boca levemente caída.

– Sim? – também estou encarando o estrago. Parece que o chalé de Ares foi o mais atingido, não quero nem saber sobre a grande encrenca em que estamos metidos.

– Quando você disse que tínhamos poderes, você se referia a isso?

– Sim.

–Também posso fazer isso? – sua voz está encantada. Olho para ela e seus olhos brilham com excitação.

– Acho que pode, mas primeiro tem que aprender a controlar. – sorrio abertamente para ela, que retribui.

– Isso foi muito legal! – ela está rindo.

Não posso evitar e também dou risada.

– Foi, mas estamos metidos em grandes problemas.

Olhamos para a arena. Quíron está totalmente ensopado. Ele cospe um pouco de água como uma fonte. Seria uma cena realmente engraçada se ele não estivesse nervoso.

–Todos para seus chalés. – ele diz calmamente. Esse é o tipo de calma assustadora. Todo o acampamento silencia sabendo que virá uma grande briga e sabiamente obedece. – Percy e Luce podem ir. Os demais do chalé 3 ficam. Annabeth, você poderia por favor ajudar Percy a acomodar Luce?

–C- claro Quíron. – Annie gaguejando? É, ela também sabe que o castigo de meus irmãos será penoso e o xingo maior ainda.

– Mariana sua idiota! – Christian grita para ela com muita raiva.

– Vai se foder imbecil! – Mostra-lhe o dedo.

–Acalmem-se os dois agora ou tirarei 5 pontos do chalé e aumentarei o castigo! – ele está realmente furioso. – Vocês acham que essa foi uma coisa elegante?!

– Não, Quíron. – ambos dizem baixinho e em uníssono olhando para o chão, como um cachorrinho seriamente repreendido. Estou com pena deles.

Annabeth se aproxima de mim. Ela está molhada, com a camisa grudando no corpo.

Hmmmmmmm...

–Vamos, não vai ser algo nada legal para os dois. Oi Luce. – ela sorri para minha irmã e dá um beijo em sua testa, que está em uma altura boa, visto que ainda não puis Luce no chão.

– Onde estão Elena e Thomas? – ela pergunta para Annabeth.

– Elena foi com nossos irmãos e Thomas com os dele.

– Não vou poder ficar com eles? – estamos nos movendo em direção aos chalés, a lua está cheia e posso ouvir os sons da floresta.

Annabeth e eu paramos um segundo com essa pergunta.

Annabeth franze a testa e a responde.

– Não. Eles em seus chalés e você no seu.

– Porque não posso ficar com eles? – ela soa exasperada.

– Por que tem de ficar com seus irmãos. – Annabeth me lança seu olhar indagador de onde-ela-quer-chegar-com-isso?

– Mas sempre fiquei com eles! Não vou poder mais vê-los? – ela está levemente desesperada com a possibilidade.

–É claro que vai poder Luce. – eu abro minha boca após Annabeth dar o olhar de cuide-dessa-situação-você.

Ela ainda está confusa.

– É claro que você poderá, mas tem coisas que você tem de fazer só com seus irmãos. – Annabeth diz e acho que isso a acalma mais.

Os galhos estão fazendo ruídos que estão me incomodando.

Depois de um tempo processando, Luce começa novamente sua inquisição.

– Annabeth, você e Elena são irmãs?

– Sim. - Annabeth sorri, acho que ela genuinamente gostou de sua nova irmã. – Ela é excelente e adorei ganhá-la como irmã. Pelo que conversamos vindo ao acampamento, ela me pareceu muito inteligente e pelo que fiquei sabendo seu pai era o mortal da relação. De certa forma já esperava por isso.

Luce se mexe irrequieta e aperta os olhos. Me empurra para que possa descer. A ponho no chão. Ela ainda está olhando fixamente em direção ao bosque.

– O que foi Luce? – a pergunto, pois parece muito alerta.

– O que é aquilo? – aponta para uma árvore.

Annabeth e eu olhamos para onde ela aponta e realmente há uma sombra ali que breve desaparece.

Annie segura o braço de Luce a deixando atrás de si. Ambos estamos alertas, e devo acrescentar que Luce também. Pego Anaklusmos de meu bolso e fico preparado.

Com um baque ensurdecedor algo pousa em minha frente. Nós três recuamos um passo por reflexo.

Caralho! Não é uma criatura, são três! Todas as três fúrias estão paradas em nosso volta, nos cercando.

–Olá novamente Perseu Jackson, Annabeth Chase. – uma delas nos cumprimenta como se fosse uma velha conhecida. Bem, na verdade é... É Sra. Dodds,ou Alecto, como preferir. Urgh! – Sentiram saudades?

–O que vocês querem? Como conseguiram passar as fronteiras?

–Calma. – a que está á minha direita diz para mim, acho que é Megera. Realmente não vejo muita diferença entre elas.

Annabeth e eu estamos de costas um para o outro, deixando Luce no meio de nós dois.

– Só estamos aqui cumprindo ordens. – ela continua. – só viemos fazer uma coisinha...

Com um movimento rápido Megera empurra Annabeth e pega Luce pelo braço.

–Ah! Percy, socorro! – a monstra está com as garras no pescoço de Luce e Annabeth já travou sua pequena batalha com Tisífone. – Percy! – Megera arranha seu pescoço fazendo um pequeno fio de sangue escorrer.

–Agora criança, vamos ver até onde seu precioso irmão está disposto a ir para protegê-la.