POV- Leo

Realmente uma longa viagem de Londres até Long Island. Tivemos de fazer 3 escalas nas quais Festus bebeu uns bons 30 litros de óleo com molho de pimenta. Cara, você não faz ideia de como misturar os dois arde os olhos!

Durante os dois anos que estive fora com Calipso corremos o mundo sempre conseguindo algum dinheiro com empregos temporários em algumas oficinas e lojas de ferragens. Depois de muitas aventuras com a minha namorada decidimos que deveríamos finalmente ir para o acampamento em que toda essa loucura começou e colidir com meus amigos. Realmente colidir. Festus não foi nada suave na descida e acabou derrubando uma mochila na cabeça de Drew, (de tipo, uns doze metros de altura)que a fez parar na enfermaria. Mas Calipso, Festus e eu desembarcamos em segurança, obrigado!

Após toda a confusão com minha chegada e meus amigos me abraçando (sim, eu também senti muita falta deles), Quíron disse que Calipso deveria se instalar na Casa Grande e eu em meu chalé.

Chalé 9! Que saudade do meu espaço pessoal e de toda aquela tecnologia! Não são em todos os hotéis e pousadas que você tem um estéreo embutido na cama. Mas será que deram minha cama pra outro semideus?

Entro no chalé, que para minha surpresa está com uma faixa de “Bem-vindo ao chalé 9!” pendurada sobre a parede. Alguns de meus irmãos que já conhecia estão ali, e alguns novos também.

Meus irmãos mais antigos me abraçam e me cumprimentam pela minha volta, e os mais novos cordialmente se apresentam. Na verdade são muitos nomes para eu guardar. Uma garota, acho que Lily, me informa que um terço dos semideuses de Hefesto está aqui mas que ainda tem outros também na oficina no andar de baixo, no bunker 9 (meu bunker ainda existe! Eu realmente deveria ir lá.) ou simplesmente espalhados.

Pergunto sobre minha cama, que para minha surpresa ainda está vaga e em seu lugar. Me contam com risos que nenhum semideus a quis já que os dois últimos conselheiros tiveram mortes trágicas e em missões. Ela estava sendo considerada um mau agouro.

Me instalo e desço para a oficina no andar inferior. Ao fundo um rádio solitário está tocando Steal my girl do One direction. Meus pensamentos vão para Calipso, será que ela está bem?

Na verdade deve estar. A maioria de meus irmãos está trabalhando em algo, mas um deles me chama a atenção em especial. Ele está tentando trabalhar num pequeno invento, está muito concentrado e irritado, parece estar muito confuso.

Dou uma olhada para ver o que é e... é um Valdezinator! Dei um a Apolo em troca de ajuda pouco antes da luta com Gaia. Paro para olhar minha pequena bugiganga que dei a Apolo.

– Ei cara, o você está fazendo? – sim, eu sei o que é mas mesmo assim pergunto.

–Leo! Olá irmão. – ele sorri para mim e acho que já o conhecia antes da batalha – creio que você saiba bem o que é isso aqui. – aponta para o Valdezinator. – foi você que fez isso aqui e deu pra Apolo, não?

Assinto para ele, eu sei que o conheci antes e vasculho meus pensamentos tentando me lembrar.

– Bem, você arrumou também uma bela dor de cabeça para o chalé 9. O de Apolo quebrou e ele exigiu um novo. Ninguém sabia o que era, também com o nome meio absurdo que você deu... Apolo trouxe os destroços da coisinha para que arrumássemos e ficamos uns belos dias tentando até que conseguimos arrumar o seu e fazer uns reforços para não quebrar mais, não tão rapidamente na verdade. Acho que o dele não quebrou mais porque não voltou aqui, ou se quebrou foi direto pedir pra papai arrumar porque nos dias que tentamos ele ficou... bravo. Nos chamou de incompetentes na verdade.

Sorrio tranquilamente para ele.

– É basicamente uma caixinha de música.

– Sim, basicamente uma caixinha de música, não uma. O maior problema não foi Apolo gritando conosco e exigindo uma nova, mas sim os filhos dele fazendo a mesma coisa e a todo momento dizendo que queriam uma para si e rápido. Isso virou um perfeito Hades.

Rimos juntos.

– Eu não sei se me lembro bem como fiz, também. Mas se quiser posso tentar te ajudar. – ok, agora ou nunca, ele está sendo super legal comigo e parece que me conhece de antes de eu desaparecer do mapa. - me desculpe mas... eu sei que te conheço mas não consigo realmente me lembrar de seu nome. – dou um meio sorriso um pouco constrangido.

– Tudo bem, somos muitos e todos dizem que mudei bastante apesar de eu não acreditar muito. Realmente não se lembra? – ele ri e parece estar um pouco divertido com isso.- sou Harley.

Caramba! Harley?! Aquele Harley?! Está alto e forte, não se parece nada com aquele garotinho.

Minha boca caí extremamente aberta e ele dá fortes gargalhadas com minha reação.

– Harley?! – digo totalmente atônito. – aquele Harley?!

– Sim, aquele mesmo.

Mas que... e eu continuo aquele mesmo garoto magricela!

Ouço as trompas do acampamento, delas eu nunca me esqueci mesmo! A melhor parte do dia.

Harley ainda está rindo e eu ainda estou de queixo caído.

– Vamos Leo, hora do jantar.

POV- Percy

Finalmente hora do jantar! Meu estômago está se contorcendo!

Annabeth e Piper passaram o resto do fim de tarde organizando tudo para que tivéssemos um jantar grande e bonito para comemorar a volta de Leo e o primeiro dia do verão que teremos pela frente. Ao que me consta as meninas estão inclusive pensando em tudo com a minha irmã Mariana (Sim, tenho dois meios- irmãos meios-sangues agora!) e alguns filhos de Apolo para que na fogueira tenhamos música e muito cantoria, e marshmallows... meu estômago está protestando.

Hoje terá de ser um dia memorável para o acampamento, como Annabeth me disse. Apesar de eu achar que na verdade ela me advertiu. Decidiram deixar a captura da bandeira para amanhã.

Pego uma jaqueta antes de ir para o refeitório, já que está esfriando e não poderei vir aqui depois do jantar. Annabeth quer que eu vá direto para a fogueira para ajudar a terminar de arrumar os estandartes de cada chalé, os instrumentos (apesar de eu não entender nada desse assunto) e o microfone para Quíron. Annabeth insiste que com o aumento de semideuses e a expansão dos chalés e da arquibancada necessitamos de um microfone para que todos ouçam bem, inclusive ela me perguntou se eu queria que ela fizesse uma planilha para que entrasse de uma vez na minha cabeça a necessidade do microfone.

Annabeth só não me pediu para ajudar com a mesa de guloseimas porque ela e Piper conseguiriam fazer isso bem e a tempo.

Estou chegando no refeitório e posso ver as mesas ocupadas. Faço uma pequena conta. Mesa 1: feliz e festejando, 6 semideuses; Mesa 2: é apenas honorária, vazia; Mesa 4: uma perfeita bagunça, 21 semideuses; Mesa 5 carrancuda e parecendo um bando de valentões como sempre, 27 semideuses; Mesa 6: organizada e com falatórios controlados, 13 semideuses. Mesa 7: radiante e cantando... o quê? Acho que Nobody Love. 19 semideuses; Mesa 8: As caçadoras não estão presentes quase nunca, então vazia; Mesa 9: brincando com os talheres, 22 semideuses; Mesa 10: bonita e bem alinhada apesar do papo ser alto e descontraído, 26 semideuses; Mesa 11: Cheia e muito alegre, 29 semideuses; Mesa 12: 14 semideuses; Mesa 13: vazia...

Perco o pensamento quando meus irmãos gritam por mim.

–Percy! Vem se sentar logo, o jantar vai ser servido e Quíron vai começar o pronunciamento! - Christian me chama, ele e Mariana estão acenando para mim. Ganhei os dois como irmãos no verão passado, só seria melhor se Tyson estivesse junto. Me pego perguntando se esse ano entrará um novo semideus no chalé de Poseidon.

Me sento bem quando as harpias servem as bandejas. Quíron se levanta da mesa principal e começa o pronunciamento para que depois possamos comer, faço uma prece silenciosa para que Quíron ande rápido pois estou faminto.

–Semideuses, hoje no inicio de mais um verão estou muito feliz pois um de nossos semideuses que considerávamos todos a algum tempo morto retornou são e salvo. Infelizmente não pode ser assim com todos os meus pupilos que partem, portanto após dois anos vocês não fazem ideia do que é para um instrutor quando sua criança perdida retorna para casa. Hoje também marca o inicio de mais um verão com novos desafios e... – eu viajo totalmente, maldito déficit de atenção! Quando dou por mim todos estão aplaudindo e brindando, o jantar é liberado.

Logo após o jantar sigo em direção as arquibancadas da qual vou me encarregar de meu trabalho. Annabeth está com Piper na mesa de guloseimas. Mariana e um dos filhos de Apolo estão afinando seus violões e ensaiando algumas músicas do Led Zeppelin. Eu fiquei encarregado de estender os estandartes.

Meia hora depois nosso trabalho está pronto e alguns semideuses estão chegando e se reunindo sobre seus estandartes. Quando todos chegam Quíron faz um novo discurso, dessa vez mais rápido e dois semideuses que estavam no chalé de Hermes são reclamados. Um garoto de Hipnos e uma garota de Nemesis. Aplaudimos e começamos a cantoria, me sinto feliz e em casa com tudo isso.

Estamos na quinta música da noite, Patience do Guns’n’roses. É magico todos os semideuses assoviando juntos, a fogueira está baixa e quando a música começa ela vai crescendo gradativamente.

No meio da música a fogueira se extingue, mas o que???

Estamos momentaneamente todos assustados com o pequeno escuro que se instala, até que uma mensagem de íris aparece sobre a fogueira apagada. Caramba, é Grover!

A imagem entra em melhor foco e Grover começa a falar.

–Me desculpe Quíron, mas estou com assunto de certa urgência, estou em um parque com três semideuses. Uma criança e dois adolescentes. O cheiro deles é forte e solicito uma equipe de resgate com caso de emergência. Salvei eles de um monstro mas breve aparecerão outros.

– Em que parque mais exatamente Grover? Lhe enviarei a equipe mas preciso saber.

– No central.

– Meia hora?

–Por favor.

A mensagem se extingue.

– Percy, Annabeth e Jason: poderiam fazer isso para mim?