PARTE UM

The Caos is Coming Back

— Por que você não me contou? – reclamou Scott, descendo de sua moto.

— Contei o quê? – Stiles fingiu não saber sobre o que o amigo falava, embora tivesse certeza que o xerife ligaria para Melissa McCall contando sobre o episódio que acontecera de manhã.

Scott lançou-lhe o velho olhar “não adianta bancar o inocente pra cima de mim”.

— Não é nada demais. – Stiles suspirou. – Foi só um pesadelo.

— É - Scott revirou os olhos. –, disse o cara que queria matar todo mundo há algumas semanas.

Stiles riu. Ele sentia falta de rir com Scott.

Scott começou a dizer algo sobre uma menina nova em sua classe de história, mas Stiles não estava mais prestando atenção.

Seu olhar, agora, estava voltado para Lydia Martin, que desfilava gloriosamente pelos corredores de Beacon Hills High Scholl. Seus cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo, caindo sobre suas costas em perfeitas camadas ruivas.

Stiles sonhava com aquela garota desde a primeira série. Ela era perfeita.

— Stiles. – o tom impaciente de Scott o trouxe de volta a realidade. – Você ouviu uma palavra do que eu disse?

Stiles revirou os olhos e alcançou o cadeado do armário. Quando tentou abrir, viu que algo estava errado: não eram números escritos na parte giratória do cadeado, eram símbolos. Um flash de memórias veio a cabeça de Stiles, mas ele as afastou.

— Está tudo bem? – Scott arqueou as sobrancelhas.

— Tudo ótimo. – Stiles concordou, voltando o olhar para o cadeado.

Os números estavam lá novamente. Stiles ajeitou a combinação e abriu o armário, alcançando o livro de História.

Sentiu algo o puxando para trás. Antes que pudesse perceber, Malia já beijava seus lábios insaciavelmente. Suas mãos voaram para sua blusa, puxando-a pra cima.

— Ei, Malia. – Stiles, ainda sem fôlego, chamou. – Calma. Não podemos fazer isso aqui.

Ele olhou em volta, percebendo o olhar de Lydia queimando nos dois. Por um segundo, se arrependeu por ter feito a menina assistir a cena. Antes que pudesse lamentar, Malia o puxou para mais um beijo longo.

* * *

Quando Stiles e Scott entraram na sala, o Sr. Yukimura já fazia anotações no quadro.

— Stiles. – o professor chamou. – Pode terminar de anotar esse parágrafo para mim, por favor? Enquanto isso vou entregar uns papeis na diretoria.

Sr. Yukimura lhe entregou um livro, onde um parágrafo, grifado em amarelo, estava parcialmente escrito no quadro.

Stiles olhou para a sala; estava quase vazia, sem ser por Scott e a filha do Sr. Yukimura, Kira. Ele agarrou o giz e olhou para o livro.

Ele não podia ler as palavras. Mas dessa vez era diferente: ele podia distinguir as letras e até algumas palavras, mas não conseguia organizá-las em frases. Não fazia sentido algum.

— MeDeixeEntrar— Stiles leu a primeira parte da frase para si mesmo, baixinho. Aquilo não estava certo.

Respire, Stiles, disse para si mesmo, tentando conter o nervosismo.

Foi quando Lydia Martin entrou pela porta e sentou na primeira cadeira, logo a frente de Stiles.

— Você está bem? – Lydia se inclinou para frente.

As mãos de Stiles tremiam loucamente. Ele ergueu uma delas e, tentando respirar, tentou contar os dedos. Um... Dois... Três... e assim contou até nove.

— Eu não tenho nove dedos. – Stiles disse baixinho. – Isso é um sonho. Isso é um sonho. Isso é um...

Stiles ergueu a cabeça ao ouvir o som de algo raspando no quadro ao seu lado. Ele olhou para o lado e enxergou, logo a sua frente, uma frase riscada no quadro.

Me Deixe Entrar Stiles.

Não era riscada com giz. Era como se fosse... Arranhada.

— As portas já estão fechadas. O Nogitsune está preso. Isso é só um sonho. – Stiles repetia para si mesmo freneticamente.

— Stiles. Você está bem? Você não parece bem. Vamos pegar um ar. – Lydia se levantou de sua cadeira, deixando cair sua bolsa e caminhou lentamente para mais perto do menino.

Stiles suspirou, fechando os punhos com força.

— Acorde, Stiles. Acorde! ACORDE! – Stiles gritou.

Foi então que o cenário a sua volta mudou. Ao invés de estar parado diante de uma sala quase vazia, ele estava em frente a uma sala cheia de alunos, todos com os olhos brilhando.

O professor, que agora estava parado diante dele, tinha pelos no pescoço e orelhas alongadas. Seus olhos azuis brilhavam. Ele deu um passo em direção a Stiles.

Stiles recuou e gritou, o mais alto que pode.

— Stiles! – um grito o trouxe de volta a realidade. O grito de Lydia.

Stiles não estava cercado por estudantes de olhos brilhantes ou prestes a ser devorado por seu professor de História. Ele estava diante da classe, agarrando a garganta de Lydia e prensando-a contra o quadro negro, suspendendo-a a alguns centímetros do chão.

A boca de Stiles escancarou e ele largou a menina, que desabou no chão, lágrimas rolando pela face.

— Ele...ele... – Stiles, quase sem fôlego, sussurrou para a menina caída no chão. – Ele voltou.