Aos Dias Que Nunca Vieram – 2ª temp. escrita por Srta Poirot


Capítulo 26
Operação: Beije a Garota




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“Pronto! Está funcionando!” Disse o Doutor através de seu comunicador.

“Detectou algo?” Perguntou Rose.

O Doutor construiu sua geringonça com vários objetos encontrados no interior da casa. O guarda-chuva de cabeça pra baixo no topo da máquina girava enquanto fazia um barulho estranho.

“Sem traços de tecnologia avançada no andar de cima. Totalmente normal.” Ele respondeu.

Rose suspirou alto sabendo o que vinha a seguir.

“Está muito normal!!!” Ele exclamou com impaciência.

“Só o Doutor pra achar que isso é um problema.” A voz de Amy soou pelo comunicador indicando que ela estava perto de Rose.

“É verdade.” Concordou Rose.

“Ele devia ir no andar de cima.”

Ele está ouvindo isso.” Sons de passos também soaram pelo comunicador, só que para Rose e Amy. “Se eu for pra lá sem saber com o que estou lidando, eu vou morrer. Espere...”

“Diga logo! O que está pensando?” Perguntou Rose.

“Usem o banco de dados, digam-me tudo sobre esse prédio.” Pediu o Doutor. “História, plantas, tudo. Enquanto fazem isso, vou recrutar um espião.”

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“Bom, como se faz uma pesquisa no banco de dados da TARDIS?” Perguntou Amy após o término da ligação com o Doutor.

“Acredito que com leitura por voz ele atenda.” Respondeu Rose.

“E pensar que poderíamos estar assistindo um filme. Ou relaxando em uma praia deserta.”

“Já tentamos ir à praia, esqueceu?”

“Claro que não! Nós fomos parar em um lugar lamacento.” Disse Amy desgostosa. “E com lagartos.”

Rose riu da última constatação de Amy. “Vamos tentar.” Rose pigarreou. “Pesquisar casa na Aickman Road, nº 79A.”

Pesquisa inconclusiva. O painel anunciou. Por favor, insira mais informações.

“Mais informações? Hãã... em Colchester, Inglaterra, Europa, planeta Terra, Sistema Solar, Via Láctea?”

Pesquisando...

“Ufa!” Respirou Rose aliviada.

“O Doutor deve ter algum código pra resumir tudo isso.”

“É, ele deve ter.”

“Só pode!”

Resultado da pesquisa...

Amy e Rose analisaram as informações mostradas pela TARDIS.

“Rose, tem certeza que é esta casa? Não é uma foto antiga?”

“Não, é recente! E é ela mesma! Sabia que tinha algo estranho. Vou avisar ao Doutor.”

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Rose se materializa na esquina próxima à casa de Craig.

“Uau, isso causa uma tremenda dor de cabeça.” Ela disse massageando suas têmporas. “Espero, pelo menos, ter acertado o tempo.”

Ela caminhou até à entrada da casa e estranhamente a encontrou destrancada. Rose girou a maçaneta e abriu a porta. Ela passou por essa porta que dava no corredor que ligava os dois flats, um do Craig e o outro do andar de cima. Rose olhou para a escada e resistiu à tentação de subir até o andar misterioso. Ela não queria ir sem o Doutor para lhe proteger.

Ela entrou no apartamento de Craig – cuja porta também estava destrancada – e ouviu um barulho vindo do interior. Ela imaginou que fosse o Doutor, pois Craig deveria estar no Call Center trabalhando. Para sua surpresa, era o próprio Craig que olhava estupefato para uma geringonça giratória dentro de um dos quartos.

Ele sentiu a presença de alguém entrando e, quando se virou, se espantou ao ver Rose. “O que é isso? O que é isso no quarto do Doutor? Eu exijo saber!”

Rose ficou sem palavras e não respondeu.

“Você deve saber! Você é namorada dele e deve saber das loucuras dele!” Craig parecia com raiva. “Sabe o que aconteceu? Eu acordei um pouco tarde, tipo, bem tarde mesmo, por eu ter desmaiado depois de tocar naquele mofo no teto. Resumindo, eu desmaiei, o Doutor me ajudou, mas quando acordei eu estava atrasado para o trabalho e fui mesmo assim. Sabe quem encontrei? O Doutor no meu lugar de trabalho, destratando meus clientes e ainda por cima, encontro essa... coisa estranha no quarto dele!”

“EI! Por que você está gritando com Rose?”

Os dois se viraram e viram o Doutor em pé a caminho do quarto.

“Não estou gritando, eu estou desabafando!” Disse Craig se dirigindo ao Doutor.

“Sobre o quê?” Perguntou o Doutor.

“Sobre você! Todo mundo ama você, é melhor que eu no trabalho e no futebol! E agora, Sophie fica falando: ‘Oh, macacos! Macacos!’ E então... isso!” Craig abre completamente a porta do quarto do Doutor apontando para a coisa giratória que o último construiu.

“É arte! Uma peça de arte moderna!” O Doutor tentou explicar.

Craig não quis saber e continuou discutindo que o inquilino devia ir embora.

Rose precisou intervir. “Não tem andar de cima!” Ela disse com a voz mais alta que a deles.

“O quê?!?” Questionou Craig.

“Não tem andar de cima.” Rose repetiu e olhou para o Doutor. “Eu e Amy checamos o histórico do prédio e há um filtro de percepção no lugar porque não há andar de cima.”

Craig continuou confuso, mas o Doutor já tinha uma ideia para contornar essa situação.

“Eu não quero fazer isso e certamente vou me arrepender.” O Doutor disse agarrando a gola de Craig, que ficou ainda mais confuso. “Primeiro, uma visão geral.” Ele deu uma cabeçada em Craig e ambos gritaram de dor enquanto memórias da vida do Doutor passavam para a mente de Craig.

Craig arfou alto. “Você é um... Lá de... Você tem uma TARDIS?”

O Doutor fez menção para calá-lo, mas concordou com tudo.

Rose não sabia que podia ficar mais impressionada. “Isso foi impressionante! Uma forma mais rápida de explicar as coisas.”

“Eu ainda não terminei. Agora vêm os detalhes.” Com isso, ele deu uma cabeçada em Craig pela segunda vez e mais memórias a partir da anomalia temporal passaram para a mente de Craig.

“Você viu meu anúncio na loja!” Exclamou Craig.

“É, e com esse bilhete que ainda não foi escrito.” O Doutor mostrou o bilhete que havia guardado em seu casaco.

“Agora eu entendo! E Rose não é sua namorada e sim, esposa.” Disse Craig bastante surpreso. “O que torna ainda mais... inacreditável.”

“Por que é tão inacreditável? Desde que cheguei aqui, todos dizem: ‘Não brinca...’ quando apresento Rose.” O Doutor disse inconformado.

“Éééé... Quer saber? Não liga, não é nada! Agora aquilo...” Craig apontou novamente para a coisa giratória. “Aquilo é um scanner. Você usou uma tecnologia não-tecnológica dos Lamasteen...”

O Doutor tampou a boca dele com sua mão. “Cale a boca!” O Doutor o soltou para massagear sua testa dolorida. “Eu nunca mais vou fazer isso!”

“Não tinha uma forma menos dolorida?” Perguntou Rose.

“Não. Como você disse, é a forma mais rápida de explicar as coisas.”

Um estrondo alto veio do andar de cima. “Está acontecendo de novo! Pessoas estão morrendo! Pessoas estão morrendo!”

Craig ficou repetindo a última frase continuamente como aconteceu no campo de futebol. Um loop temporal.

Craig não demorou muito tempo para voltar ao normal. “Estão sendo mortos!” Ele disse histericamente.

“Rose, é hora de irmos lá em cima.” Anunciou o Doutor.

“Finalmente.”

“Eu vou com vocês!” Craig se voluntariou.

Eles correram com destino ao andar de cima. Quando o casal estava no meio da escada, eles notaram que Craig ficou parado à porta do seu flat. Então, notaram o mesmo que Craig: as chaves da Sophie. Só podia ser a Sophie lá em cima.

“Vamos, Amy deve estar em perigo novamente e Sophie também.” Rose chamou por eles.

Ao chegarem à frente da porta, o Doutor respirou fundo e usou a chave de fenda sônica para destrancar a porta. Quando entraram, eles não ficaram surpresos por se verem em uma espaçonave e sem móveis.

“Oh, claro! A máquina do tempo não está no apartamento, ela é o apartamento!” Disse o Doutor entrando mais.

“Máquina do tempo? Você sabia o tempo todo que era uma máquina do tempo?” Perguntou Rose.

“Não, mas olha o design! Parece uma TARDIS!”

“Não, não, não. Sempre houve o andar de cima.” Contestou Craig.

“O filtro de percepção também enganou sua memória, Craig.” Disse Rose.

“Sophie! Sophie!” Craig gritou quando a viu sendo puxada em direção à máquina por um raio de luz. Os raios a puxavam pela mão.

“Ele a está controlando para tocar no ativador!” Disse o Doutor.

“Faça alguma coisa!” Rose apelou.

Imediatamente, o Doutor usou sua chave de fenda sônica, o que fez a máquina soltar Sophie. Porém, o Doutor achou fácil demais.

Rose deu um sobressalto quando viu alguém – ou alguma coisa – na sua frente. “Quem é você?” Ela perguntou.

“Precisamos de um piloto.” A imagem disse com a voz de um humano normal. “Precisamos de um piloto.” Ele repetiu.

“É um holograma. Um programa de emergência para quedas.” Avisou o Doutor. “Um holograma que tem atraído pessoas para testá-las.”

“Craig, onde estamos?” Perguntou Sophie confusa, ainda se recuperando do susto.

Ela observou o Doutor e Rose discutindo com o holograma que mudava de forma sobre testar humanos para a máquina.

“Sério, o que está havendo?”

Rose foi até Sophie e pegou em sua mão para consolá-la. “O andar de cima do Craig é uma nave alienígena querendo dizimar a população do planeta. E nós estamos aqui para impedir que isso aconteça.” Rose explicou à Sophie.

“O piloto correto foi encontrado.” O holograma anunciou.

“O quê? Que piloto?” Perguntou Rose voltando sua atenção ao Doutor.

Quase na mesma hora, o raio de luz que antes puxava Sophie agora começou a puxar o Doutor.

“Oh, não!” Rose arfou. “Tenho a sensação que se o Doutor pilotar essa nave, não só o planeta Terra, mas todo o Sistema Solar será destruído.”

“Não sei se estou em condições de elogiar sua inteligência, Rose!” O Doutor fazia grande esforço para não ser puxado.

“O que eu posso fazer?” Ela perguntou.

“Não deixar minha mão encostar no painel!” Ambos tentavam mantê-lo afastado. “Rose está certa! Sou uma péssima escolha pra piloto! Não que eu seja ruim na direção, mas porque eu não quero destruir o Sistema Solar!”

Rose queria rolar os olhos, mas estava mais preocupada com o futuro do Universo.

“Por que não fui escolhido?” Craig de repente perguntou. “Eu morei aqui por muito tempo e nunca fui atraído para cá.”

“Boa pergunta.” Disse o Doutor. “Também não queria Sophie. O que mudou?”

Craig pensou muito. “Eu falei pra ela se mudar!”

“E você não quer ir embora, Craig! Você é o Sr. Sofá! Craig, você pode desligar a máquina.”

Todos olharam para Craig com esperança. Ele levantou a mão em direção ao painel. “Vai funcionar?” Ele perguntou.

“Sim! É só se concentrar onde quer ficar.”

“Você tem certeza?”

“Sim!”

“Isso é mentira?”

“Sim! É claro que é mentira!”

“É o suficiente pra mim.” Craig respirou fundo. “Gerônimoooo!” Quando Craig pôs sua mão no painel, imediatamente o Doutor parou de ser puxado.

“Foco, Craig! O que te prende aqui?” O Doutor foi para o lado dele.

“Sophie! Eu não quero deixá-la!” Craig respondeu com a ajuda de um tapa na bochecha (incentivo do Doutor). “Não posso deixar Sophie, eu amo Sophie!”

“Eu amo você também, Craig, seu idiota!” Sophie foi para o lado dele e pôs sua mão em cima da dele.

“Está sendo sincera?” Craig perguntou ainda não acreditando no que seus ouvidos ouviram.

“Claro que sim! E você?”

“Eu sempre quis dizer isso!” Ambos estavam muito felizes quase se esquecendo da atual situação. “E quanto aos macacos?”

“Agora não, Craig! O planeta está para ser queimado!” O Doutor alertou e ele quase se desequilibrou quando a máquina chacoalhou. “Pelo amor de Deus, BEIJE A GAROTA!”

“Beije-a!” Incentivou Rose.

Craig não perdeu mais tempo e puxou Sophie para um beijo. A máquina chacoalhou de novo, mas logo se desligou. Eles haviam conseguido.

“Acho que a Operação Cupido deu certo.” Disse o Doutor ao lado de Rose.

“Pensei que fosse Operação Beije a Garota.”

“É mesmo?”

“É, você até gritou ‘beije a garota’!”

“Não importa, só sei que deu certo.” O Doutor olhou pra ela, depois pra Craig e Sophie ainda se beijando e de volta pra Rose. “Acho que devíamos fazer o mesmo.”

“Concordou plenamente.”

Os dois se aproximaram de frente e, quando seus lábios estavam quase se tocando, todo o apartamento chacoalhou, separando os dois.

“Uma implosão. Encerramento de emergência! Todos para fora!”

Os dois casais saíram apressadamente e puderam ver o filtro de percepção se desfazendo, revelando uma nave alienígena que desapareceu muito rapidamente. Sem o andar de cima, o prédio se tornou similar aos outros da vizinhança.

Após esperarem a adrenalina baixar, eles todos voltaram para o flat de Craig. O Doutor voltou para deixar suas chaves, Craig e Sophie para dar uns amassos.

O Doutor ia saindo de fininho com Rose quando Craig os interceptou. “Ei, quero que fique com elas. Com as chaves.”

“Bom, porque eu posso aparecer logo para uma pequena temporada.” O Doutor pegou as chaves de volta.

“Não vai. Estive na sua mente, lembra-se?” Craig disse despreocupadamente. “Mas mesmo assim, quero que fique com elas.”

“Obrigado, Craig.” O Doutor respondeu sinceramente.

“Obrigado, Doutor.”

Eles fizeram suas despedidas.

Alguns minutos depois, Rose e o Doutor caminhavam no meio da rua. Uma das mãos do Doutor descançava na cintura de Rose com um abraço enquanto andavam.

“Amy ainda tem que voltar no tempo e deixar aquele bilhete e o anúncio do jornal pra mim.”

“É. E com tinta vermelha.” Disse Rose.

“E com tinta vermelha.”


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