Aos Dias Que Nunca Vieram – 2ª temp. escrita por Srta Poirot


Capítulo 2
O Retorno


Notas iniciais do capítulo

Fiquei muito feliz com a recepção positiva do prólogo desta fic. Eu sei que tem fãs que acham que o 11º Doutor não combina com a Rose (o David Tennant sempre será o melhor), mas quero mostrar que Rose combina com qualquer Doutor.
Será que estou certa?
Aproveitem! ^.^



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“AAAHHHHH!”

“DOUTOR! Eu falei para não abrir a porta da TARDIS!!!”

“Eu precisava saber onde estávamos caindo! Mas agora eu já sei!” O Doutor se segurava no chão do lado de fora da TARDIS.

Ele estava curioso em saber em que parte do planeta eles iriam colidir, já que era inevitável a queda e a vitória era da gravidade. Como o monitor não estava funcionando mais, o Senhor do Tempo decidiu olhar o lado de fora pela porta mesmo. Não foi uma boa ideia.

“Segure a minha mão!” Rose se apoiou firme na porta para ajudar o Doutor. Ele segurou sua mão enquanto ela usava toda sua força para puxá-lo pra cima.

“Rose! Vá até os controles e faça a TARDIS subir mais!”

“Mas você vai cair se soltar minha mão!”

“Nós estamos sobrevoando em Londres e quando passarmos o Big Ben eu não quero dar de caras no relógio!” Ela ficou indecisa. “Rápido! Está se aproximando!”

Apesar da hesitação em soltá-lo, Rose fez o que ele pediu. O Doutor se segurou firme com as duas mãos quando a TARDIS fez o movimento de subida. Ele sentiu alívio. Quase atingiu o Big Ben. Rose estava de volta à porta e, desta vez, ela conseguiu puxá-lo para dentro, trancando a porta por trás. Mas não parou por aí. A TARDIS voltou a se desestabilizar.

“Parece estar seguindo um rumo próprio.” O Doutor disse examinando a trajetória no painel de controle.

“Você pode fazer sair da cidade?” Rose perguntou.

“Poderia... Se eu me lembrasse de como pôr as coordenadas...” Ele disse pondo uma mão na testa.

“Ótimo! Justo o que você não me ensinou...” Rose rolou os olhos.

“Vou tentar fazê-la desmateria...” CRAC!!!

Tarde demais.

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Um barulho alto incomoda a oração de uma garotinha. Ela estava em seu quarto, rezando e pedindo ajuda ao Papai Noel, quando uma pancada forte no jardim a desconcentra. De pé, ela olha pela janela e vê uma cabine azul caída do lado de fora da casa. Pegando uma lanterna, ela corre para ver de perto mesmo de pijamas.

Seus olhinhos se arregalam quando as duas portas da cabine azul – que ela nunca tinha visto antes – se abrem repentinamente para cima (a cabine estava visivelmente deitada). Uma âncora é jogada de dentro e se prende em um objeto qualquer do jardim. A corda da âncora estava sendo usada para escalar. Alguém estava escalando de dentro da cabine. Duas mãos apareceram no topo.

“Você pode me dar uma maçã?” Um homem apareceu todo molhado. A pergunta feita por ele aguçou a curiosidade da garotinha. “Eu só consigo pensar em maçãs. Eu adoro maçãs! Acho que estou com fome!”

“Você pode parar de falar e me ajudar a sair daqui?”

A garotinha ouviu essa outra voz vinda de dentro. Era a voz de uma mulher.

“Ah, claro!” O homem se esforçou para subir na borda da estranha caixa azul e estendeu a mão para uma mulher loira a subir também. Os dois desceram da borda, aterrissando na grama do jardim de sua casa. O mais estranho é que ambos estavam encharcados.

“Vocês dois estão bem?” A garotinha perguntou relutantemente.

“Oh, foi só uma queda.” O homem respondeu.

“Uma queda bem grande, eu diria...” A mulher completou.

“Fomos parar na biblioteca. Por isso a subida foi difícil.”

“Mas vocês estão molhados.” A garotinha notou.

“Estávamos na piscina.”

“Disse que era na biblioteca!”

“Mas havia uma piscina.”

“Ooh, você não entenderia.” Disse Rose querendo evitar dar uma palestra para explicar até onde vai a teimosia do Doutor. Ela baixou a cabeça para encarar a garotinha e viu que ela parecia um pouco decepcionada, apesar de tudo o que viu. “Por que está aqui fora sozinha?”

“Eu esperava por policiais.”

“Você chamou por policiais?” Perguntou o homem por trás da mulher.

“Veio ver a rachadura do meu quarto?”

“Que racha... Gaahhhh!” O Doutor não terminou a frase, pois uma dor repentina alcançou seu tórax. Ele se ajoelhou curvado e, quando levantou a cabeça, um vapor dourado saiu de sua boca e desapareceu no ar.

Rose lembrou que da última vez que isso aconteceu ele ficou em coma por horas. “Você está se sentindo bem? Será que precisa se deitar...?”

“Não, não. Eu estou bem!” Ele levantou as mãos que brilhavam em tom de dourado por um tempo. “Estou apenas me acostumando.” Ele olhou nos olhos da garotinha. “Isso assusta você?”

“Não, só é um pouco estranho.” Ela respondeu.

“Não. Eu me refiro à rachadura na parede. Ela assusta você?”

“Sim.”

Quando ela disse sim, um sorriso se iluminou no rosto do Doutor. “Bem, então... Não temos tempo a perder! Eu sou o Doutor e esta é Rose. Faça tudo o que eu mandar, não faça perguntas estúpidas e não vagueie por aí.” Com isso, o Doutor deu um aceno e girou o calcanhar para caminhar. Mas em vez de seguir um caminho, ele lançou a cara na árvore.

“Você está bem, Doutor?” Rose perguntou, tentando evitar uma gargalhada.

“São as primeiras horas. Ainda falta o senso de direção.” Ele respondeu ainda em sua posição caída no chão.

“Talvez você não devesse vaguear por aí.”

O Doutor sorriu com a brincadeira.

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Minutos depois, o Doutor estava em pé em frente à cozinha olhando ao redor. Seus olhos escanearam o cômodo até pararem na garotinha. Ele baixou a cabeça quando ela falou. “Se você é um doutor, por que na caixa diz “polícia”?

O Doutor pegou a maçã que ela estava segurando pra ele e deu uma mordida, cuspindo-a em seguida. “Isso é nojento! O que é isso?”

“Uma maçã! Você pediu maçã!”

“Maçãs são nojentas. Eu odeio maçã.”

“Você disse que gostava.”

“Não. Eu gosto de iogurte. Que tal iogurte?”

Enquanto isso, Rose estava no banheiro com uma toalha cedida pela garotinha. Seu cabelo estava encharcado e estava tentando enxugá-lo. Ela olhou-se no espelho. Notou o que ela não podia ignorar. Seu cabelo ainda estava loiro desde a raiz. Quando foi a última vez que ela pintou o cabelo? Não lembrava mais. Agora ela era loira mesmo se não quisesse. Claro que ela não estava reclamando! Era muito melhor assim.

Quando ela foi em direção à cozinha, o Doutor estava andando em círculos e a garotinha olhando a geladeira. O Doutor havia solicitado algo para comer antes de ela ir enxugar o cabelo. “Você comeu algo como queria, Doutor?”

“Rose! Ainda bem você apareceu! Acho que ela tentou me envenenar! Eu experimentei maçã, iogurte, bacon, feijão, pão com manteiga... Tudo horrível!” Ele parou de andar em círculos e foi até a garotinha. “Espere! Eu preciso... Eu preciso... Eu preciso de filé de peixe e creme de leite.” Ele retirou duas caixas da geladeira.

Enquanto o Doutor comia sua estranha combinação de filé de peixe com creme de leite, as duas o encaravam com um pote de sorvete.

“Então, hãããn... Acho que já está na hora de você nos dizer o seu nome.” Rose puxou assunto, mas ela realmente estava realmente querendo conhecer essa garotinha.

“Amelia Pond.”

“Amelia Pond.” Repetiu o Doutor. “Como um nome de contos de fada. Estamos na Escócia, Amelia?”

“Não. Tivemos que nos mudar para a Inglaterra. É uma droga!”

“Oie! Não é tão ruim assim.” Disse Rose. “Onde estão seus pais? Lá em cima?”

“Eu não tenho pais. Só uma tia.” Amelia disse meio triste.

“Eu nem mesmo tenho uma tia.” Comentou o Doutor.

“Você tem sorte.”

“Eu sei! E onde está sua tia?”

“Por aí. Mas eu não tenho medo de ficar sozinha.”

“Claro que não.” Ele saboreou um pouco mais sua comida antes de continuar. “Caixa que cai do céu, um homem e uma mulher saem da caixa que aparentemente não tem espaço e o homem come peixe com creme... e você continua aí sentada olhando pra gente. Quer saber? A rachadura do seu quarto deve ser aterrorizante.

Chegando ao quarto, o Doutor foi logo examinar a tal rachadura na parede. Rose ficou esperando na porta junto com Amelia.

“Eu não gosto de maçãs. Minha fazia rosto nelas.” Disse Amelia segurando uma maçã e mostrando à Rose. A mulher mais velha pegou a fruta e viu a parte descascada em forma de olhos e boca.

“Vai ficar tudo bem, Amelia. Provavelmente não há algo de mais nessa parede.” Rose tentou reconfortá-la e guardou a maçã na jaqueta que estava usando desde seu adeus ao Wilfred.

“A parede é sólida e a rachadura não passa por ela. Mas de onde vem esse vento?” Comentou o Doutor distraído. Ele pegou a chave de fenda sônica e sonificou a parede, logo em seguida leu o resultado. “Wibbly wobbly timey wimey! Sabem o que rachadura é?”

As garotas entraram no quarto e se aproximaram. “O que é?”

“É uma rachadura.” Ele se aproximou da parede passando os dedos ao redor da rachadura. “Vou dizer uma coisa engraçada. Se a gente derrubar a parede a rachadura ainda vai ficar aí porque ela não está na parede!”

“E onde está então?” Perguntou Amelia curiosa.

“Em todo lugar.”

“Não me diga que é alienígena! Ou que é algo a ver com o espaço-tempo e está prestes a acontecer algo que não deveria.” Disse Rose.

“Isso! A segunda opção. São duas partes que não devem se tocar. Bem na parede do quarto de Amelia. Às vezes dá para ouvir...”

“Uma voz, sim.” Completou Amelia.

O Doutor rapidamente pegou um copo em cima da cômoda ao lado da cama de Amelia, derramou o resto de água dele e o utilizou para ampliar o som vindo da rachadura. O Prisioneiro Zero escapou. Ele ouviu.

“Rose, isto é a sua primeira opção. Ou melhor, são as duas opções: alienígena e espaço-tempo.”

“E o que isso significa?” Perguntou Rose.

“Significa que do outro lado da parede existe uma prisão e que um prisioneiro fugiu através da falha. E a única maneira de fechar isso é abrindo-a de vez.” Ele retirou uma mesinha que estava na frente da parede. “Amelia, sabe quando os adultos dizem que tudo vai ficar bem e acha que provavelmente estão mentindo só para você se sentir melhor?”

“Sim. Rose me disse 5 minutos atrás.” Ela respondeu.

“Oh, foi automático. Mas eu sei que vai ficar tudo bem. Não é, Doutor?” Disse Rose.

“Sim, sim! Tudo vai ficar bem.” O Doutor começou a apontar a chave de fenda sônica e quando a ligou, a rachadura e partiu ainda mais e abriu um espaço entre as duas partes.

“Prisioneiro Zero escapou!” O som que vinha do outro lado ficou mais claro e audível que antes.

“Olá?” O Doutor chamou.

No meio da rachadura apareceu um enorme olho de íris azul que ficou encarando os três no quarto. Depois de alguns segundos, um feixe de luz saiu da rachadura e foi direto pro bolso esquerdo do Doutor. Depois disso, a rachadura se fechou.

“Viu? Eu disse que ia fechar. Novinha em folha.” Disse o Doutor.

“O que houve?” Perguntou Rose.

“Ele me mandou uma mensagem.” O Senhor do Tempo puxou o papel psíquico do bolso e abriu. Ele leu O Prisioneiro Zero escapou. “Bem, mas por que nos contar isso?”

“A não ser...” Rose olhou para todos os lados como se procurasse por algo, mas não sabia o quê. “Talvez o Prisioneiro Zero esteja aqui...”

“Sim, ele poderia ter fugido para cá! Mas nós saberíamos, não é?” O Doutor seguiu o raciocínio de Rose. Ele correu para fora do quarto e parou no corredor. As duas garotas o seguiram. Ele olhou para Rose. “É difícil, ainda sou novo e nada funciona direito... Mas tem algo que estamos deixando passar.” Então ele sentiu a necessidade de olhar pelo canto do olho. Quando ele fez o movimento para a direita, ele avistou uma porta no final do corredor.

“Doutor...” Rose chamou, tirando-o sua atenção da porta para ela. “Acho que tem algum problema com a TARDIS.”

Nesse momento a TARDIS soou um som e o Doutor logo correu como se fosse urgência. De fato era urgência. Ele tinha que estabilizá-la depressa ou iria explodir.

“Espere cinco minutos e nós estaremos de volta, Amelia.” Disse o Doutor quase entrando na TARDIS.

“As pessoas sempre dizem isso.” Amelia alegou.

“Nós não somos as outras pessoas. Confie em nós. Confie em mim, eu sou o Doutor.” Ele disse antes de saltar na nave gritando Gerônimo!

“Não vamos demorar. E quando voltarmos, nós vamos te provar que a TARDIS é realmente uma máquina do tempo.” Rose disse docemente, tranquilizando a menina.

Amelia observou Rose subir e pular na nave como o Doutor fez antes. A queda só acabou quando ouviu um barulho de algo caindo na água. Tinha realmente uma piscina nessa caixa azul. A porta se fechou e a nave sumiu piscando.

Amelia não perdeu tempo e correu para arrumar a mala. Sempre lhe ensinaram a não confiar em estranhos, mas algo nela dizia que eles são diferentes e que podia confiar. Ela mal podia esperar para viajar sem se importar para onde.

Com a sua mala pronta e um casaco, ela correu para o jardim, no mesmo lugar onde havia visto a nave desaparecer e sentou em cima de sua mala. E foi assim que Amelia esperou pelo Doutor e Rose.

Continua...


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