After The End escrita por Matt Sanders


Capítulo 7
s1x07 - Departure


Notas iniciais do capítulo

Gente! Perdão pela imensa demora para postar o capítulo, as semanas foram bem complicadas, peço mil perdões! Para compensar eu irei postei outro capítulo esta semana! Bom, agora vamos ler!



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Elliott estava debruçado sobre a janela podre do quarto localizado no segundo andar da casa abandonada. O vento frio se chocava contra sua face ainda com a lateral marcada com os dedos da mão de Heather.

— Elliott? – A voz de Caleb invadiu o ambiente. Elliott se virou e sorriu torto para o menino. — Preciso falar com vocês por um instante... – Heather, Rachel, Lorenzo e Enzo entraram no quarto logo em seguida.

— Desembucha... – Rachel falou enquanto roía as unhas.

— Eu nunca concordei com esse lance do Nathan traficar pessoas, mas eu tenho quase certeza de que ele não admira o passado dele.

— Ele sequestrava pessoas e depois as vendia para experimentos, você tem noção da gravidade do problema? Ele tem culpa de quarenta por cento nessa maldição toda! – Heather levantava os braços enquanto gritava.

— Alessa que o induziu a fazer isto... – Caleb tentava conter Heather.

— Não diminui a culpa dele, desculpe. – Elliott disse com a voz aparentemente tranquila.

— Eu sei que nada do que disser vai mudar a posição de vocês e eu até consigo entender e eu não estou defendendo ele caso vocês estejam pensando isso. – Ele respirou fundo. — Separei um pouco de comida e água para vocês levarem, talvez seja o suficiente até vocês encontrarem alguma cidade por aqui.

— Qual é a mais próxima? – Enzo perguntou.

— Tem uma que fica em um vale próximo daqui, mas não temos notícias de se há algo ou alguém por lá.

— Ótimo, iremos mesmo assim. – Elliott logo saiu de sua posição na janela e saiu em direção ao andar inferior.

— Vocês não precisam fazer isso.

— Não podemos ficar com alguém que traficava pessoas. O que te garante que isso tudo não é uma armadilha? – Elliott rebateu.

— Venha com a gente, você não sabe o que Nathan pode estar tramando. – Foi Lorenzo quem falou desta vez.

— Eu gostaria de ir com vocês, mas eu não posso... Vocês podem não confiar em Nathan só que eu irei confiar até algo me prove o contrário. Perdoem-me. – Caleb forçou um sorriso, era clara a insatisfação do menino e seja qual for o motivo que não o tiraria de perto de Nathan, era muito forte.

Os seis chegaram ao exterior da casa onde algumas mochilas estavam dispostas em um dos degraus da pequena escada. A chuva havia dado uma trégua, momento perfeito para começar a caminhada. Heather ficou com uma mochila, Lorenzo com outra e por fim Elliott ficou com a última.

— O que vocês farão agora? – Heather se virou para Caleb.

— Como tive que dividir a comida e a água será importante pararmos em alguma cidade para procurar algo.

— Então é isso... Vamos. – Elliott ajeitou a mochila sobre seu ombro.

— Tomem cuidado.

— Pode deixar. – Heather sorriu e acompanhou Elliott que já estava alguns passos de distância. Rachel, Lorenzo e Enzo os seguiram. Uma densa floresta se erguia até terminar no pico de uma montanha coberta de névoa, segundo Caleb a cidade mais próxima ficava em um vale do outro lado da mesma montanha.

Os primeiros minutos de caminhada foram silenciosos e o único som ouvido era a respiração de cada um. Elliott estava imerso em seus pensamentos enquanto passava pela trilha úmida e gelada do interior da mata, o loiro tentava buscar no fundo a sua mente qualquer coisa que lembrasse seu passado. A humanidade inteira havia se tornado um bando de ratos de laboratório usados em experimentos de alguma organização ou seita e Elliott havia sido uma cobaia, um dos ratos.

Heather caminhava ao seu lado, não falava, apenas encarava o chão sujo de lama e folhas. Talvez eles tivessem se conhecido antes, talvez tivessem sido amigos antes de toda a tragédia acontecer. A raiva que sentia das mentiras contadas por Nathan era grande junto com o arrependimento de ter confiado nele tão rápido.

— O que essa cabeça tanto pensa? – Enzo quebrou a barreira de pensamentos na cabeça de Elliott.

— Em como nós estamos acabados.

— Calma, nós ainda não morremos. – Enzo soltou uma leve risadinha.

— Ainda, né? Em quanto tempo você acha que cruzamos tudo isso?

— Talvez ao entardecer de amanhã, é só seguir essa trilha.

— Você acha que é verdade quando Nathan disse que se arrependeu? – Elliott passou as costas da mão sobre a testa para limpar o suor.

— Estamos em um momento em que não podemos acreditar nas pessoas... – Elliott rapidamente encarou Enzo com uma careta. O de olhos azuis levantou os braços tentando acabar com a má impressão das suas palavras. — Sabe que eu não estava falando de vocês, né? – Elliott respondeu com um aceno de cabeça.

— Eu quero acreditar que ele se arrependeu, mas por culpa dele nós estamos aqui procurando maneiras de sobreviver. Por culpa dele eu quase matei vocês.

— Não culpe só o Nathan, culpe Alessa também. Foi ela quem roubou as amostras da tal invenção deles. – Enzo falava com dificuldade por conta da subida que se iniciava.

— Isso explica o fato de eu ser atacado por uma velha que gritava ‘’Foram eles, foram eles’’. Deve ter algo a ver com as pessoas que me atacaram. – Elliott também não conseguia tirar da cabeça a figura horripilante dos Médicos da Peste de sua mente. O silêncio se instalou por mais alguns minutos da caminhada, já devia ser por volta de meio-dia quando se depararam com uma bifurcação em uma parte da montanha em que a floresta dava lugar a um imenso campo.

— Subimos o resto da montanha ou seguimos em linha reta? – Heather falava com os cabelos tingidos de vermelho sendo jogados contra seu rosto por conta do vento gelado.

— De qualquer maneira iremos acabar dentro da floresta novamente. – Rachel apontou para a floresta se erguendo novamente muitos metros dali.

— Vamos seguir reto. – Lorenzo saiu andando na frente de todos. Antes de retomar a caminhada, Elliott lançou um olhar para a mata atrás dele e para a vila que era enxergada com dificuldade por conta das árvores.

O vento era forte e frio, o céu continuava cinzento e a névoa era densa no topo da montanha. No fundo o loiro agradeceu por não precisar entrar naquela coluna de nuvens. Sentiu um peso dominar todo o seu crânio, a sensação veio acompanhada de uma leve tontura e seus olhos doeram. O loiro ficou parado no mesmo lugar por alguns instantes até sentir a mão de alguém pousar sobre seu ombro, era Rachel.

— Você está bem?

— Eu estou um pouco tonto... – Ele levou a mão até a região dos olhos.

— Você acha que está sofrendo o efeito da substância outra vez? – A voz dela era perfeitamente calma.

— Não, é diferente...

— Acha que consegue continuar?

— Sim... Vamos, quero já estar na metade do caminho quando escurecer. – A voz dele soou cansada, mas mesmo assim, retomou a caminhada com a menina ao seu lado. Pouco depois alcançaram o restante do grupo.

Heather e Lorenzo estavam na frente, era possível ouvir as risadas dos dois. Enzo estava logo atrás e parecia estar imersos em seus pensamentos também, Elliott queria apagar de sua mente o fato de quase ter matado as pessoas que estavam com ele. Lembrou-se das palavras de Nathan sobre ‘’algo ainda maior está por vir’’, tentou idealizar o que poderia ser. Um bando de pessoas em transe esfaqueando umas as outras?

Tentou imaginar Nathan e Alessa engajados no processo de sequestrar e vender pessoas para a tal ‘’seita’’, imaginou como a família de cada vítima se sentiu. Imaginou as bombas transformando tudo em cinza, sujeira e caos. Imaginou o ar infectado pela substância e transformando todos em sonâmbulos. Ele presenciou isso tudo, ele estava lá e sabia que quando o efeito da aplicação feita por Alessa passasse ele se lembraria, mas algo em seu interior dizia para temer a volta de sua memória.

Elliott conseguia sentir a droga injetada por Alessa ainda dentro de seu corpo, não sabia por quanto tempo a substância viajaria por sua corrente sanguínea até seu corpo a expelir. Tentou mudar seus pensamentos para a cidade, pensou no que poderiam encontrar e no que poderiam fazer assim que chegassem lá. Pediriam ajuda para irem até a Semente? Provável, difícil seria fazer alguém acreditar que existe um lugar seguro.

Sua visão permanecia levemente embaçada e sentia um pouco de tontura, em alguns momentos sentia que não estava presente. Talvez fosse o efeito da droga ainda, talvez fosse só cansaço...

Continuou caminhando enquanto ignorava todas as sensações ruins, observou Heather retardando o ritmo do passo para se aproximar dele.

— Está tudo bem? – Ela ajeitava o cabelo com as mãos.

— Sim, eu acho. Estou um pouco cansado.

— Falta pouco até pararmos para descansar. Me arrependo de termos deixado Thor com o Caleb.

— Ele insistiu? – Elliott perguntou enquanto a garota confirmava com a cabeça. O loiro ainda não conseguia olhar para Heather sem sentir um vazio se abrindo em seu interior e ela conseguia ver isso nos olhos dele.

— Você ainda se culpa?

— Muito...

— Você não pode se culpar por Alessa ter injetado esta merda em você!

— Mas eu fui fraco...

— Pare de se culpar, já passou... – Ela sorriu e ao ver o sorriso de Heather, Elliott sentiu um peso sendo retirado de suas costas... Era como se tudo ficasse bem por alguns minutos.

A caminhada durou o dia inteiro sendo interrompida por longas pausas até a noite cair. Após acharem um lugar calmo para se instalarem, improvisaram algumas camas apenas forrando o chão com um cobertor. A sensação ao deitar era de algo úmido e gelado tocando seu corpo por conta do chão molhado. O frio era intenso, mas a chuva havia resolvido não cair naquela noite.

— Não sei como vamos conseguir dormir sobre essas coisas. – Rachel resmungou.

— É só esperar o sono vencer. – Lorenzo retrucou acompanhado de uma risada.

— Vamos dormir em turnos, eu fico acordado primeiro. – Elliott se prontificou já se sentando sobre um toco de árvore próximo ao grupo com uma lanterna em mãos.

— Quanto de bateria tem na lanterna? – Enzo apontou para o objeto na mão do loiro.

— Não muito, mas só vamos usa-la esta noite.

— Vamos tratar de dormir. – Rachel disse enquanto bocejava. Heather sentou-se ao lado de Elliott.

— Quando estiver com sono, me chame... Tudo bem?

— Pode deixar. – Ele sorriu. Ela se levantou e antes que saísse dali deu um beijo na testa dela. Elliott sentia algo, não era como se tivessem se conhecido há alguns dias perto de um ônibus em frangalhos... Parecia algo vindo do passado, era como se eles já tivessem se conhecido antes mesmo do atentado.

A primeira hora da vigília foi bastante conturbada com chiados de pequenos animais noturnos e o cantar de grilos. O vento também deixava sua marca balançando a copa das árvores e fazendo algumas folhas voarem, o menino lançou um olhar para o pessoal dormindo e soltou um pequeno sorriso ao vê-los dormir calmamente dentro do possível da situação. A horas se seguiram e Elliott perdeu a conta, ficava difícil acompanhar o tempo sem um relógio. Ficou brincando com a luz da lanterna para fazer o tempo passar, mas seus olhos pesaram e o sono chegou intenso e pouco tempo depois Elliott adormeceu apoiado no tronco de uma das árvores.

Seus sonhos não passaram de imagens aleatórias circulando em sua mente. As faces de Enzo, Heather foram vistas com sorrisos estampados, gritos e choros, som de explosões e construções sendo transformadas em pó. Fogo, fumaça e lamentação.

Tudo foi interrompido com uma mão balançando seu corpo, seu corpo despertou em um pulo e sua boca foi tapada. Conseguia ouvir a respiração ofegante ao lado de sua cabeça.

— Fique quieto. – A voz de Heather saiu em um sussurro amedrontado. Algo estava errado. Seu coração disparou.

Os dois rastejaram calmamente para outra árvore perto de onde o grupo havia se instalado. Rachel, Lorenzo e Enzo já estavam lá com a luz da lanterna bloqueada por um cobertor. O pânico havia se instalado em Elliott, queria perguntar o que estava acontecendo só que algo em seu interior dizia para ele permanecer quieto. Algo estava se movendo perto deles, algo grande. A tal coisa que se movia emitia um ruído gorgolejante perturbador.

— Acha que ele pode nos ouvir? – Sussurrou Lorenzo.

— Se você ficar falando talvez ele ouça. – Rachel retrucou ironizando a pergunta.

Era possível ouvir o ser desconhecido farejando e procurando, estavam sendo caçados pela criatura. Elliott só conseguia ver a silhueta esguia e com braços finos e compridos e foi então que tudo ficou quieto. Agora o único som ouvido era dos corações acelerados dos cinco escondidos atrás da árvore acompanhado das respirações ofegantes. O ser havia sumido, só havia restado a penumbra da floresta e o vento gelado cortante.

Algo tocou os dedos de Elliott, era a mão de Heather. Ela apertou com força e ele não fez qualquer menção em desfazer o abraço entre seus dedos. Algo foi ouvido vindo dos arbustos localizados atrás dos cinco jovens, som de algo se movendo, espreitando.

Rachel tirou a lanterna do bolo feito com o cobertor e lançou sua luz para o que estava atrás deles e era algo assustador. Tinha o tamanho de um homem de porte grande, era bastante magro com as costelas marcadas sob a pele assim como todos os ossos dos finos e compridos membros. Os olhos eram grandes e avermelhados, a boca possuía dentes grandes e afiados e a cor da pele havia morrido se transformando em cinza pálido. O coração de Elliott saltou ao ver o ser horripilante parado diante dele. A criatura emitiu um rugido acompanhado de um forte odor saído de sua garganta.

Enzo foi o primeiro a disparar na direção oposta seguido de Rachel, Lorenzo e Heather e Elliott. Eles correram pela mata escura tropeçando em galhos caídos, arbustos, pedras e tudo o que estivesse pelo caminho. Era possível ouvir a criatura grunhindo e seus membros se chocando contra o chão. O peito de Elliott doía por conta do forte esforço e a adrenalina inundava suas veias impiedosamente, não conseguia sentir mais seus pés de tanto que havia corrido.

A lanterna em movimento lançava sua luz em movimentos aleatórios frenéticos em todos os pontos da floresta iluminando precariamente o caminho que se abria. O loiro tropeçou e foi ao chão com força, ouviu uns gemidos até constatar que era uma pessoa. Heather.

— O que houve? – Ele se apressou para chegar até Heather.

— Eu estou bem... – Ela interrompeu a continuidade da fala ao perceber que a criatura não emitia mais nenhum som e nem parecia se mover.

— Vocês tiraram o tempo para namorar, não foi? – A voz de Rachel acompanhada da luz da lanterna rompeu o breu.

— Cuidado! – Lorenzo gritou na direção de Rachel, mas já era tarde. A aberração havia surgindo como um raio golpeando a menina no rosto e saltando sobre ela. Elliott tateou o chão procurando algo que servisse de arma enquanto Enzo agarrava a criatura tentando tirá-la de cima de Rachel.

Suas mãos encontraram um grande pedaço de tronco bastante rígido, ele o pegou e correu na direção do monstro golpeando-o certeiramente na cabeça. A criatura cambaleou para trás com as duas enormes mãos no ferimento até ser novamente atingida, mas desta vez por Lorenzo e com alguns passos tortos ela caiu de barriga para cima.

— Está morto? – Heather surgiu atrás de Elliott.

— Ainda respira... – Enzo apontou a luz para o corpo do ser desconhecido. Era possível ver que ela ainda respirava.

— Se ela está desmaiada então vamos dar o fora daqui, essa coisa quase me matou. – Rachel limpou a sujeira de suas roupas. Mesmo com a pouca iluminação era bem notório o ferimento eu seu rosto. Um pequeno arranhão onde alguns filetes de sangue escorriam calmamente.

— Que merda é essa? – Lorenzo apontou para a aberração.

— Gente, por favor, vamos sair daqui! – Rachel tinha a voz trêmula. Elliott a encarou por alguns segundos e constatou o terror em sua face. Heather foi a primeira a se mexer e sair de perto da criatura caída.

O coração do loiro ainda batia forte, a criatura era horrenda e fétida. Parecia algum strigoi saindo de The Strain, a única diferença é que era real e não um livro. Apressou-se em sair logo daquele lugar, não aguentava mais toda aquela selva ao redor dele. Lorenzo e Enzo pegaram as mochilas e partiram em caminhada pela mata escura. O silêncio entre eles reinou mais uma vez, a mísera luz a lanterna iluminava precariamente o caminho que se esgueirava entre as árvores.

O grupo foi caminhando até se encontrar em um desfiladeiro onde a mata descia até chegar ao vale, mas algo os chamou a atenção, vários pontos brilhantes. Luzes.

— Aquilo é uma cidade? – Enzo falou tropeçando em uma pedra.

— É... Como ainda tem luz ali? – Elliott estava confuso.

— Talvez as bombas não tenham chegado até lá, de qualquer forma é lá que precisamos ir. – Heather já ia se movendo procurando uma descida segura.

— Está muito escuro, não vamos conseguir. – O loiro encarou a de cabelos vermelhos por alguns minutos até ela desistir e largar a mochila no chão.

— Vamos parar por aqui e eu irei vigiar até começar a amanhecer.

— Eu fico também. – Elliott se prontificou. Heather soltou um pequeno sorriso como resposta. Os minutos seguintes foram de acomodação, procuraram um lugar seguro na beira do desfiladeiro e procuraram alguma árvore para se acomodarem.

Elliott sentou-se ao lado de Heather, não demorou muito para os outros dormirem deixando os dois sozinhos. A luz da lanterna estava ficando fraca.

— E se a criatura voltar? – Heather encarou Elliott.

— Daremos um jeito... – Ele sorriu com o canto da boca, a garota sorriu logo em seguida.

Os dois ficaram conversando por algumas horas e estranhamente todo esse momento fez bem para Elliott. Era bom falar sobre coisas que não estavam relacionadas ao caos atual de suas vidas, falaram de seus gostos musicais, séries preferidas, estavam se conhecendo melhor. Por fim, Heather caiu no sono com a cabeça apoiada no ombro do loiro. Ele a observava dormir, era tão angelical, tão doce. Um sorriso escapou do canto da sua boca novamente, inclinou de leve sua cabeça para que pudesse sentir o cabelo dela abaixo de suas orelhas. Era macio, e foi então que ele pegou no sono novamente.

O dia amanheceu nublado e frio novamente, uma fina neblina cobria a parte mais alta da montanha localizada ao lado oposto do vale. O grupo se aprontou para o estágio final da longa caminhada, as mochilas foram recolhidas e os cobertores sujos de lama ficaram para trás. Rachel e Lorenzo voltaram até onde a criatura estava e nenhum sinal, havia desaparecido.

— Tivemos sorte desse bicho não ter comido a gente enquanto dormíamos. – Lorenzo retornou ao grupo acompanhado de Rachel.

— Melhor irmos antes que eles voltem. – Elliott tomou a liderança do grupo e saiu caminhando procurando uma descida segura. Não demorou muito para acharem uma inclinação confiável, o chão estava escorregadio e eles precisaram se apoiar no tronco das árvores em alguns momentos. O som dos pássaros cantando era agradável e na metade do dia já alcançaram o fim da descida, a pequeníssima cidade se erguia uns três quilômetros da atual localização do grupo.

Com mais alguns minutos de caminhada eles já estavam praticamente dentro da cidade. Era pequena, típica cidade de interior. Havia uma pequena capela erguida logo na entrada, algumas pequenas lojas com casas construídas sobre elas. O silêncio foi rompido quando um forte e desesperado grito foi ouvido ecoando pela cidade e logo não demorou a surgir uma senhora ferida correndo com o sangue pingando.

Atrás dela havia uma criatura horrenda, muito parecida com a que os atacou na noite anterior. Elliott segurou a mão de Heather com força. Ela o encarou com olhar penoso. Antes que a criatura atacasse a mulher um tiro ecoou pelo ar e a aberração caiu com um enorme e grosseiro buraco na região da cabeça. Uma mulher de mais ou menos vinte e cinco anos com longos e ondulados cabelos castanhos e armada com um enorme rifle.

— Olha a versão feminina do Rambo... – Heather soltou atraindo os olhares de todos do grupo, inclusive de Elliott que não conseguiu disfarçar uma pequena risada.

— Essa coisa atacou vocês? – A mulher gritou enquanto dava pequenos chutes no corpo sem vida do ser e recebeu o silêncio como resposta. A senhora tremia enquanto segurava o braço dilacerado, a mais nova se agachou ao lado dela e a ajudou a levantar.

— Que coisa era essa? – Elliott indagou para a mulher que se aproximava carregando a pobre velha.

— Venham comigo, eu explico para vocês. – Elliott e Heather se entreolharam e confirmaram com a cabeça, o restante do grupo os seguiu. Andaram até entrarem em um pequeno prédio de três andares onde seria o centro da pequena cidade. Subiram para o terceiro andar e chegaram a um apartamento confortável.

— Como vocês possuem luz e água aqui? – Heather disse enquanto jogava a mochila sobre um sofá aparentemente macio.

— As bombas não chegaram até aqui. Há muitas cidades não só nos Estados Unidos, mas como no mundo inteiro, que ainda estão de pé. Enfim, meu nome é Alexia. – Ela posicionou a senhora numa cadeira e andou pela sala pegando gaze e medicamentos.

— Quais cidades?

­­— Amsterdã, Paris, Londres, Sydney, Los Angeles, Anchorage...

— Anchorage? – Elliott nunca tinha ouvido falar de tal cidade.

— É a cidade mais segura até agora, vocês a devem conhecer pelo nome ‘’Semente’’.

— Então quer dizer que a Semente se chama Anchorage? E por qual motivo seria a mais segura? – Heather retrucou em tom debochado.

— Isso que estamos vivendo ainda não é nem metade do que estar por vir, essas criaturas foram criadas para nos dizimar, para nos aniquilar até que o último ser humano tenha sido devorado. É a maior arma já inventada pelo ser humano...

— Do que você está falando afinal? – Rachel cruzou os braços.

— Essa criatura que vocês viram é um demônio criado em laboratório. Ciência e religião e eu espiei quem fez isso, espiei quem contribuiu para isso.

— Nathan e Alessa... – Elliott surrusou.

— Você os conhece?

— Nathan nos abrigou e Alessa me sequestrou e injetou algo em mim que quase me fez matar eles. – Elliott apontou para Rachel, Enzo, Heather e Lorenzo.

— Eu soube que eles se separam... Como vocês descobriram essa cidade? Ela costuma ser muito isolada.

— Um integrante do grupo de Nathan nos mandou até aqui depois que descobrimos que Nathan estava envolvido. – Heather respondeu secamente.

— Caleb... – A mulher sussurrou enquanto fazia curativo no braço da senhora.

— Você o conhece?

— Ele é meu irmão... Acho que temos muitos assuntos para conversar.


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