Cachinhos castanhos e os três negros escrita por Belle17


Capítulo 10
Momentos depois




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/624350/chapter/10

Dona Ivone finalmente fechou a porta do grande e velho orfanato, cessando a vista do último adeus de Benedito.

Roberto tirou seus óculos com força do rosto e subiu frustado para o dormitório masculino. Apesar de estar feliz pela conquista do amigo, ficou triste por sua fria despedida. Resmungou:

– Puxa vida...

Seus amigos foram atrás. Logo em seguida, as meninas também subiram, tristonhas.

Dona Ivone arrumou suas longas luvas nos braços e marchou em direção à cozinha. Hannah fez o mesmo.

Mia, porém, pegou Laura nos braços e caminhou até uma das janelas ao lado da porta e espiou o táxi que estava parado em frente ao portão do prédio, se preparando para partir.

De longe, avistou Benedito, olhando tristemente o orfanato pela janela do automóvel embaçada pela chuva que caíra mais cedo.

"Até logo, Benedito... até logo...", pensava a mulher, deixando lágrimas inundarem seus pequenos olhos.

– O que você acha que está fazendo? - perguntou uma voz grossa e fria, atrapalhando seus devaneios.

– N-Nada, dona Ivone... só estou me certificando de que... hã...

– Cale essa boca, sua loira nojenta. Se pensa que vai tirar folgas dentro do meu próprio orfanato, a senhorita está enganada. Vamos, já para o trabalho - ordenou a patroa, com postura firme.

– S-sim, senhorita...

Mia pôs Laura, agora adormecida, de volta no carrinho e caminhou até a cozinha. Dona Ivone passou a mão pelos cabelos negros preso em um coque e sentou-se numa poltrona, na sala.

Na cozinha, Hannah pusera-se a lavar a louça.

– Precisa de ajuda, Hannah? - indagou a colega.

– Sim, se não for incômodo. Ajude-me, por favor, a enxugar os pratos.

Mia fez o pedido sem nada comentar, com o semblante de preocupação.

Hannah, percebendo isso, tentou consolar:

– Não se preocupe, Mia... eu sei o quanto você era apegada ao Benedito, mas... ele vai para uma escola, agora! Lembre-se da antiga regra do orfanato: ele poderia estar nas ruas neste exato momento. Mas vai estudar e se preparar para um futuro digno!

– Não sei não, Hannah... aquele homem não me parece ser confiável.

– Hã? Como assim? - indagou a amiga, passando água pelos talheres.

– A dona Ivone nunca permitiria que uma coisa boa assim acontecesse a um negro... nunca. Aí tem coisa...

Hannah parou imediatamente o que estava fazendo e olhou para Mia com uma expressão de terror.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que estão achando? :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cachinhos castanhos e os três negros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.