Os meses se passavam e Laura rapidamente adquiria mais longos cabelos. Cachinhos castanhos brotavam de sua cabeça, fazendo com que as meninas do orfanato se encantassem e quisessem fazer os mais diversos penteados na bebê.

– Vamos brincar de cabeleireiro com a Laurinha! - uma delas sempre exclamava.

– Tomem cuidado - advertia Mia - é uma criança, não uma boneca!

Dona Ivone, como já esperado, não sentia interesse em saber se Laura estava sendo bem cuidada em seu orfanato. Para ela, aquela criança não existia. Se ao menos fosse branca, talvez ela tomasse algumas providências para seu melhor desenvolvimento.

Aos seis meses, Laurinha já engatinhava. Clementina era a garota que mais gostava da bebê.

– Sempre quis ter uma irmã mais nova - dizia ela - vou chamá-la de Cachinhos castanhos!

– Credo! Como você é sem criatividade - zombava Roberto!

– Nada a ver! É que ela é bonitinha igual a Cachinhos Dourados. Mas como o cabelo dela é marrom, fica Cachinhos castanhos, seu idiota!

O garoto, emburrado, cruzou os braços e mostrou a língua. Clementina fez o mesmo, pegando a nenê nos braços e subindo as escadas para o dormitório feminino.

Cachinhos castanhos apresentou um rápido desenvolvimento. Começou a falar e andar mais cedo que o normal, mostrando-se uma criança muito esperta.