Eldrwin E O Medalhão Real escrita por KyuHumi


Capítulo 7
O guardião esmeralda.




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A manhã do dia seguinte despontou com um céu repleto de nuvens cor de algodão. Um vento quente soprava pelo reino enquanto as pessoas andavam de um lado para o outro realizando suas atividades diárias.

Eldrwin, porém, não havia conseguido dormir direito e se levantou um tanto atordoado. Ouvira claramente o soldado dizer alguma coisa relacionada ao rei de Betta que provavelmente havia sido atacado e, a julgar pela expressão de Villian, a notícia dada era exatamente aquela. Aquele dia seria um dia de folga onde ele e Kairou, que haviam combinado antes de se despedirem na noite anterior, iriam dizer a princesa sobre aquilo que ouviram. Temiam é claro encarar Anya depois do que aconteceu. Talvez, o ataque que sofreram causara menos perturbação do que a declaração de Eldrwin ao pedir à princesa que ficasse protegida no castelo na parte da noite, ao invés de acompanha-los em alguma aventura.

Ele saiu de sua casa e inspirou o ar fresco do inicio da manhã. Estava sem seu equipamento de batalha. Aquilo era esquisito todas às vezes para ele. Sentia-se completamente desprotegido e agora, depois do que ouviu, esse sentimento fora ampliado. Quando chegou frente à casa de Kairou, percebeu que o amigo estava sentado na escada frente à porta olhando para o céu, perdido em pensamentos. Era uma raridade ele estar acordado naquele horário e Eldrwin, ao se aproximar, fez questão de lhe lembrar disto.

— Já acordado?

— Não consegui dormir direito. Acho que ouvir aquilo que o soldado disse me deixou esquisito.

— Então você não é o único. Eu também não consegui dormir – Disse Eldrwin soltando um longo bocejo.

— Vamos encarar Anya então? – Disse   Kairou se colocando em pé e espreguiçando deliciosamente.

— Ela precisa saber, mesmo que isso a deixe ainda mais preocupada, não podemos guardar esse segredo.

Os dois se puseram a caminhar e durante o caminho, iam cruzando com alguns garotos e garotas que lhes cumprimentavam e alguns soldados também os saudavam.

— Olhem só pra eles – Começou á dizer Kairou – Eles não sabem o que está acontecendo não é?

— É sim. Eles ainda não sabem.

— Acha que esse clima de paz vai durar pra sempre? Sabe, papai nunca me contou sobre o que aconteceu durante a ultima guerra, mas eu imagino que...

Na cabeça de Eldrwin, agora mais do que nunca, martelava exatamente aquilo que o rei Gallic havia dito sobre “manter a paz” no reino. O que poderia acontecer se por acaso todos soubessem que ataques estavam acontecendo e que havia uma conexão com Ahzzarafh? Ele imaginou cenas de caos, as pessoas em pânico, uma guerra devastadora que poderia destruir completamente o reino, sangue, mortes, destruição total e...

— ELDRWIN! – Gritou Kairou despertando o amigo – Você ouviu o que eu disse?

— Desculpe! Eu estava pensando em algumas coisas e acho que agora entendo o porquê do rei querer que a paz não seja abalada entre o povo. Seria um caos não acha? Se todos descobrirem o que está acontecendo.

— Acho que sim – Respondeu Kairou com o rosto cheio de preocupação. – O que é estranho é que novamente nós fomos atacados. Nós, de novo!

— Não se esqueça de que o rei também foi e pelo visto, agora o rei de Betta também. Você se lembra do que Dmitri havia dito sobre o pergaminho de Orion?

— Não tudo. Mas, se quiser falar.

Os dois se aproximavam mais e mais do castelo quando perceberam uma movimentação um tanto incomum. Naquela manhã havia mais soldados a cavalos do que de costume. Alguma coisa estava acontecendo.

— Isso não é lá muito comum de se acontecer não é? – Perguntou Kairou olhando para a cavalaria mais próxima, composta por dez cavaleiros. Mais a frente eles avistaram um conhecido amigo. Kahlil que agora estava um pouco maior e trajava uma roupa branca, costumeira. O jovem tinha os cabelos longos muito pretos e era filho de Uros, um ferreiro que vivia em uma área mais distante da cidade. Kahlil era mais novo que Eldrwin e Kairou, mas também fazia parte da pequena guarda. Não fazia parte do grupo de treinamento liderado pelos dois jovens, mas de certa forma tinha grande admiração por eles.

— Eldrwin! Kairou! Fui admitido! Vou poder fazer o teste da rosa azul em breve!

— Nossa Kahlil, meus parabéns! - Disse Eldrwin animado.

— Às vezes eu nem consigo acreditar. Faz exatamente um ano desde que nós dois fizemos o teste – Disse Kairou coçando o queixo em atitude de triunfo.

— Sim! E agora será a minha vez! Tem alguma dica que vocês possam me dar? Eu sei que já perguntei isso à vocês, mas será que poderiam?

Eldrwin e Kairou se entreolharam e sorriram.

— Sabe Kahlil. Só podemos dizer a você para ter coragem e... Continuar até o final. Não se pode prever o que acontece durante o teste já que tudo pode acontecer – Disse Eldrwin tentando dar o mínimo de informações possíveis.

— Ah! Que pena. Bom, de qualquer forma, obrigado pela dica mesmo assim! Tenho que ir até Villian, ele irá me entregar o pergaminho de liberação para o treinamento hoje. Até mais!

E se virou saindo correndo em disparada em meio à multidão. Eldrwin e Kairou se puseram a caminhar novamente em direção ao castelo e retomaram o assunto.

— Dmitri havia dito que o pergaminho abria espaço para o mundo dos mortos. Seja lá o que esse medalhão faça, provavelmente existe alguma coisa relacionada. – Disse Eldrwin fitando Kairou enquanto a cavalaria passava por ele.

— Quanto mais penso nesse medalhão, mais penso que poderíamos ir até Betta para investigar. Queria saber por que Villian sempre atrapalha nossos planos! – Kairou protestou e ergueu os olhos – Falando nele.

Eldrwin observou atravessar o portão das muralhas do castelo nada mais nada menos que Villian montado em seu cavalo e ao seu lado, mais quatro cavaleiros que seguravam em uma das mãos uma espécie de trompa. Pôde notar também que, parados em frente à porta do castelo, se encontrava Jedah, o rei Gallic, a rainha e, com um vestido branco de seda completamente fora dos padrões habituais, se encontrava Anya. Todos parados em frente à porta do castelo. Provavelmente iriam receber a visita de alguém importante.

— Definitivamente isto não é comum! – Disse Eldrwin e, quando notou, Kahlil voltava um tanto triste. Aparentemente não teria seu pergaminho de liberação entregue naquele dia.

— Droga! Terei de esperar. Parece que alguém muito importante está chegando ao reino de Orion hoje e Villian irá receber essa pessoa no portão principal do reino.

Eldrwin e Kairou se entreolharam com os olhos esbugalhados por alguns segundos e sem dizer uma única palavra, saíram correndo em direção ao portão principal.

— Ei! O que aconteceu!? – Gritou o jovem chocado, apenas observando os dois amigos correndo como loucos no sentido contrário atravessando a grande aglomeração de pessoas do reino.

— Só pode ser o rei de Betta! Ele veio até aqui pedindo ajuda ou coisa do tipo! – Disse Eldrwin ofegante enquanto corria desesperadamente.

— Temos que contar à Villian o que aconteceu conosco na noite anterior! Ele precisa saber! – Disse Kairou acompanhando os passos do amigo.

Talvez aquela fosse a grande chance. Talvez fosse a oportunidade perfeita para enfim convencer Villian de que tinham que ir ao reino vizinho e investigar o que estaria acontecendo. Tinham todos os motivos para isso e toda a experiência necessária para lidar com o caso. Ouviram barulho de cascos se aproximaram e como um raio, Villian e a cavalaria que estava com ele os ultrapassaram e continuaram a seguir galopando rapidamente rumo ao portão principal.

Eldrwin já começava a sentir as pernas cansarem e vacilarem. Estavam correndo há alguns minutos e o fôlego do inicio da disparada já não era mais o mesmo. Percebendo que estava se aproximando, diminuiu a velocidade e se pôs a caminhar, ainda ofegante. Kairou fez o mesmo e quando pararam, ouviram o som das trompas ecoarem. Provavelmente era o rei de Betta.

Os portões se abriram e uma carruagem magnifica entrou. Era esverdeada com detalhes dourados e era puxada por dois cavalos brancos lindíssimos. Logo atrás da carruagem seguiam-se cinco cavaleiros montados em cavalos cinzentos. A frente da carruagem, Villian conduzia todo o grupo. As pessoas pararam o que estavam fazendo para admirar a bela carruagem passando e cumprimentavam Villian freneticamente. Eldrwin e Kairou estavam parados em uma esquina quando a carruagem passou por eles. As janelas do carro estavam fechadas e não havia como ver quem estava lá dentro.

— Vamos! Temos que ver quem é! – Disse Eldrwin agora com o folego renovado e, junto de Kairou, seguiu a carruagem durante todo o caminho. A multidão que se aglomerava pelas ruas para ver o veículo passar era imensa, afinal, não era nada comum ver aquilo acontecendo. A carruagem se aproximava do castelo e então, em frente à muralha, soldados com lanças se enfileiraram para saudar quem quer que fosse. Ainda forçando as vistas para ver quem era, Eldrwin observou a carruagem parar bem em frente ao portão que dava acesso ao jardim do castelo. Ele esperava que fosse o rei, mas quando a pessoa que saiu da carruagem se revelou, ele franziu a testa em total dúvida.

O fato é que um homem trajando uma túnica verde escura desceu da carruagem e, a julgar pela ausência de uma coroa na cabeça, ele não era o rei.  Cabelos longos, negros e ondulados lhe desciam pelos ombros até quase as costas, e uma barba longa se estendia até a altura do peito. Ele caminhou até Villian que, ao descer do cavalo, lhe fez uma reverencia. O homem então se aproximou de Jedah e, igual ao guardião do reino, fez um gesto com a mão seguida de uma reverencia e, logo após, se curvou diante da família real.

— Eldrwin! Aquele homem – Começou á dizer Kairou em tom de surpresa – Eu sei quem ele é! Pelo menos, pelo que papai me disse uma vez, parece ser!

— Não é o rei? – Disse Eldrwin confuso.

— Não. Aquele é Suhoz, Eldrwin. Suhoz! O guardião do reino de Betta. Mais conhecido como o guardião esmeralda.


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