Estrela do mar escrita por Cherrys moon


Capítulo 9
Capitulo 9




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Dormi como um anjo, tive sonhos lindos, embora não consiga me lembrar dos detalhe. Acordei me sentindo nas nuvens. Catarina já foi pra escola e eu não tenho ideia de que horas são, acho que estou me acostumando a acordar tarde. Eu me troco, lavo o rosto e penteio o cabelo de forma bem caprichosa. Saio do quarto torcendo para encontrar Danilo em casa, mas assim que chego na sala e pergunto por ele, Malena me diz que ele já saiu. Também já são nove e meia, eu realmente dormi demais, acho que os sonhos estavam realmente bons. Malena está arrumada e mexendo na bolsa, acho que vai sair também.

__ O Dr. Diogo está na cidade hoje __ diz Malena __ vou até lá ver se seus exames ficaram prontos?

__ Preciso ir também? __ pergunto.

Eu realmente não queria ter que voltar lá. O Dr. Diogo é legal, mas ficar naquela fila de novo com todo mundo olhando pra mim não é legal.

__ Precisar não precisa, mas eu não queria te deixar aqui sozinha __ diz Malena

__ Eu vou me comportar __ digo

__ Eu sei, é só que.... não quero te deixar sozinha

__ Eu não sou criança. E não quero ter que ficar naquela fila de novo com todos me olhando.

Malena solta um suspiro

__ Está bem __ diz ela com preocupação __ Você vai se comportar direitinho?

Balanço a cabeça afirmativamente. Malena me dá um beijo na testa, coloca a bolsa no ombro e sai fechando a porta. Em meio segundo ela volta

__ Não abra a porta pra ninguém

__ Sim __ digo, embora não entenda o porque disso

Malena fecha a porta novamente e sai. Em meio segundo ela volta novamente

__ E tome seu café da manhã. A mesa ainda está posta

__ Vou tomar __ digo rindo

Ela fecha a porta pela terceira vez e sai. Fico esperando ela voltar com mais alguma recomendação, mas dessa vez ela não volta, então sigo pra cozinha, estou morrendo de fome.

A mesa do café da manhã está posta, tem pão, manteiga e queijo branco, o meu preferido. Vejo a garrafa térmica com café e meu estômago reclama. No meu primeiro dia aqui fui apresentada a essa bebida que se chama café e até que gostei, só que depois senti meu estômago queimando. No dia seguinte Malena em ensinou a misturar leite no café e a queimação diminuiu, mas não gostei muito de como ficou, é como se o leite levasse embora a queimação, mas levasse junto todo o sabor. Então alguns dias atrás Danilo me apresentou a um pó com sabor de chocolate pra misturar no leite, e o sabor é simplesmente fantástico. Eu me apaixonei pelo chocolate desde que fui apresentada a ele, e não sabia que além de comer chocolate eu também podia beber chocolate. É simplesmente divido, e é isso o que eu quero tomar no meu café da manhã, ou será que eu devia dizer no meu chocolate da manhã? Não sei, mas também não importa, eu quero chocolate.

Abro a geladeira e vejo uma jarra de suco de laranja.

__ Hmm! Suco é bom, mas não é isso o que eu quero __ digo

Pego o leite e o levo até a mesa, mas vejo que tenho um problema: quero meu chocolate quentinho, igual ao que o Danilo faz.

Fico na duvida se devo tentar esquentar o leite ou não. Eu já vi a Malena usar o fogão milhares de vezes e sei o que fazer. Bom, sei na teoria, porque na prática eu nunca tentei.

__ Não é difícil __ digo para mim mesma, mas me lembro de que estou sozinha em casa e se fizer besteira não vou ter ajuda.

Meu estômago ronca, já são quase dez horas e eu estou morrendo de fome. Pego minha xícara e a encho de leite, depois despejo o leite na panela e a coloco no fogão. Estou nervosa, nunca fiz isso antes. Respiro fundo e mentalizo tudo o que Malena faz. Primeiro ligo o gás, depois com uma mão giro um botão do fogão e com a outra aperto um outro botão, escuto um barulhinho e o fogo se acende.

__ Ufa! Acendeu

O fogo que se acendeu não foi o de onde eu tinha colocado a panela, mas não faz mal, é só trocar a panela de lugar e em alguns minutos vou ter meu chocolate quente.

Me mantenho atenta a panela, eu sei que quando ferve o leite sobe, já vi o Danilo derrubar leite assim no outro dia e faz a maior bagunça. Assim que o leite começa a borbulhar e giro o botão novamente e o fogo se apaga. Depois desligo o gás e com cuidado despejo o leite na xicara. “É isso aí, não derramei nenhuma gota” digo mentalmente, me sentindo o máximo

Tomo um café (ou chocolate) da manhã delicioso. Estava com tanta fome que devorei dois pães com um pouquinho de manteiga e muito queijo. Quando termino meu estômago parece que vai explodir. Guardo o queijo e a manteiga na geladeira e coloco minha xicara na pia. Sei que devia lavar a louça, mas decido deixar pra depois, meu estômago está pesado demais, eu acho que realmente exagerei na comida. Sigo pra sala, ligo a tv e me jogo no sofá.

Olho no relógio e já são 11:30. Malena ainda não voltou, acho que ela deve estar esperando a Catarina sair da escola. Estou entediada, queria que o Danilo estivesse aqui. Não estou mais me sentindo com o estômago pesado, mas sinto sede e acho que aquele suco de laranja vai cair bem agora. Vou na cozinha, pego o suco na geladeira e o coloco num copo, mas antes mesmo que eu possa tomar um gole escuto alguém batendo na porta.

Malena disse pra eu não abrir pra nenhum estranho. Caminho até a sala, com o copo de suco na mão e eu pergunto quem é.

__ Sou eu. A Larissa. __ diz uma voz irritante

Droga. O que essa garota quer? Bom, ela não é um estranho então acho que posso abrir a porta.

__ O Danilo está? __ diz ela entrando sem ser convidada

__ Não. Ele saiu com o pai e só deve voltar a noite __ digo

Larissa se senta no sofá e coloca os pés na mesinha de centro. Onde ela pensa que está?

__ A Malena e a Catarina também não estão __ digo pra ver se ela se toca e vai embora

__ Sei...

Ela fica lá, esparramada no sofá como se estivesse em casa e me fuzilando com os olhos

__ Qual é sua heim garota? __ diz ela rispidamente

__ Qual é a minha? __ digo sem entender o que ela está falando __ Acho que não entendi a sua pergunta

Larissa se levanta jogando uma almofada violentamente no chão

__ Não se faz de boba comigo não __ diz ela me encarando. __ Eu sei que você está dando em cima do Danilo, eu tenho visto vocês juntos e vejo o jeito como você se joga pra cima dele

Sinto um frio da barriga, mas não é o tipo de frio que sinto quando estou com o Danilo, é um frio ruim, de medo.

__ Eu não fiz nada, eu...

__ Cala a boca e me escuta __ diz ela apontando um dedo na minha cara __ quero que você fique longe do Danilo entendeu?

__ Por que __ meus olhos estão ardendo, eu não quero chorar, mas acho que vou chorar

__ Se afasta dele, ou vai ser pior pra você

Fico muda, não sei o que dizer, não sei por que ela me trata assim. Quer dizer, eu sei sim, ela é namorada do Danilo, e no fundo eu é que quero ser a namorada dele. Não sei muita coisa sobre isso, mas sei que não dá, ou pelo não é certo, namorar duas pessoas ao mesmo tempo, então o Danilo teria que escolher uma de nós. É por isso que ela está com raiva, é por isso que ela me odeia. Não aguento segurar e deixo as lagrimas rolarem, e elas rolam como uma cachoeira.

__ Você é tão patética __ diz ela.

Eu não sei o que significa essa palavra, mas não deve ser coisa boa.

__ Você acha mesmo que o Danilo vai se interessar por alguém igual você? Esquisita, mal formada, burra, feia...

Meu coração está sendo esmagado. Cada uma dessas palavras me atinge como se fosse uma facada no peito. Sou mesmo tão horrível do jeito que ela diz? Uma parte de mim sabe que sim, eu sou estranha, vejo que todo mundo fica olhando pra mim quando saio. Larissa continua seus insultos e mesmo não sabendo o significado de muitas das palavras que ela usa, sei que são palavras cruéis, e me magoam. Quero que ela pare, preciso que ela pare de falar essas coisas, mas ela não para. Então vejo que ainda estou com o copo de suco nas mãos e sem pensar eu jogo o liquido na cara dela

__ Cala a boca __ digo dando um banho de suco de laranja em Larissa.

Olho pra ela assustada com o que acabei de fazer. Ela está sem fôlego na minha frente, toda amarela e lambuzada de suco

__ Como você se atreve? __ diz ela aos berros, enquanto se sacode e respinga suco para todos os lados.

__ Desculpa, eu não sei o que me deu __ digo envergonhada.

Eu não sei por que fiz isso, foi um impulso que não consegui evitar, mas pelo menos a fez calar a boca e tenho que confessar que adorei ver ela toda melecada de suco.

__ Isso não vai ficar assim __ diz ela enquanto segue para o banheiro.

Tem um nó na minha garganta, mas não quero mais chorar na frente dela. Preciso aguentar até que ela vá embora. Olho pra sala e vejo a poça de suco no chão e os respingos no sofá. Vou até a cozinha e pego alguns panos de prato. A porta do banheiro está fechada, mas escuto um soluçar. Será que ela está chorando? Será que é pelo o que eu fiz? O nó na minha garganta se comprime, e eu corro pra sala tentando engolir o choro. Começo a passar os panos no chão até secar a poça. Depois limpo o sofá, mas acho isso vai dar mais trabalho do que o chão.

Me sento no sofá, e tento me concentrar em não chorar. Me lembro da imagem de Larissa com a cara cheia de suco e um discreto sorriso brota no meu rosto. O que estou fazendo? Isso é errado. Eu não devia rir dela. Eu não devia ter jogado suco na cara dela.

Escuto um barulho na cozinha e de repente vejo Larissa vindo pelo corredor. Ela limpou o rosto e está com os cabelos molhados. A blusa também está molhada e ainda amarela e cheirando a laranja

__ Quer uma blusa minha emprestada? __ pergunto tentando reparar o estrago que fiz

__ Até parece que essas suas blusinhas de criança iam servir no meu corpo de mulher __ diz ela passando por mim sem me olhar.

Ela sai batendo a porta com força, eu me jogo no sofá e desabo em choro. Choro pelo o que eu fiz, pelo o que a Larissa me disse, pelo meus sentimentos, por tudo.

O nó na minha garganta vai se desfazendo a medida que minhas lagrimas vão caindo. Eu me encolho no sofá, ainda sujo de suco, e me agarro a uma almofada. Não consigo esquecer as palavras de Larissa, sei que fundo elas tem um pouco de verdade, eu sou esquisita e o Danilo não vai me escolher como namorada dele. Mas lembro do nosso beijo de ontem, ele disse que gosta de mim, mas será que gosta de verdade? E será que só gostar basta?

Enterro meu rosto na almofada tentando abafar meu choro, tentando sufocar todo esse sentimento ruim. Penso nos momentos bons que tive com o Danilo. Ele me levou para passear em vários lugares desde que cheguei aqui, ele não faria isso se tivesse vergonha de mim. E ele me ensinou muitas coisas, e nunca disse que eu era burra nem mal formada. E ele disse que gosta de mim. Disse que eu sou especial, como uma estrela cadente.

Esses pensamentos começam a me acalmar e consigo parar de chorar. Ainda estou com o rosto enterrado na almofada e começo a ficar sem ar, então eu ergo a cabeça me afastando na almofada e inspiro profundamente em busca de ar puro, mas o que respiro é fumaça.


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